Cristiano Rosa 30/11/2012
Diário CT: A FLQueer – Volume Verde
Com muito prazer – e no sentido mais literal da palavra – li o quarto livro da série A Fantástica Literatura Queer. O volume Verde contém 7 novos contos e é organizado por Cristina Lasaitis e Rober Pinheiro, publicado pela Tarja Editorial. A obra, que volta às suas 178 páginas dos dois volumes iniciais, segue a linha dos anteriores em conteúdo e diagramação, mas ainda surpreende e envolve o leitor.
Desta vez os autores são Amanda Marchioreto, Celeste Baumann, Lorena de Carvalho Oliveira, Fernando Salvaterra, Lucas Simões Zavagli, Maurício Lopes Júnior e Osíris Reis, que em suas tramas exploram o amor entre iguais.
Novamente o preconceito, a insegurança, a solidão, os medos, os estilos, os abusos, as provações, as descobertas, os pensamentos, as aceitações e os repúdios vêm à tona nas tramas.
Ficção e mitologia, lendas e relatos se misturam e compõem um panorama diversificado de situações envolvendo o público LGBT e suas relações internas e externas, sempre fazendo quem lê pensar sobre a sua leitura.
“Sai do Banheiro!” narra, sob a ótica da lenda urbana Loira do Banheiro, a relação entre dois adolescentes gays pelos banheiros de uma escola. “Ema Villari” é sobre uma cantora famosa que namora com uma senhora e é confundida com uma sapatão que querem assassinar. “Morte na Linha Vermelha” conta a trajetória de um personagem narrado em segunda pessoa que mora com o namorado e sai busca de emprego, enquanto é vigiado por cinco rapazes misteriosos.
“Chuva Ácida” apresenta um jovem que é sequestrado para um mundo atemporal onde aprende que se deve lutar pela vida e pela liberdade. “O Príncipe dos Rios” narra um jovem filho de um deus com uma ninfa que sai em busca do seu amor em meio a desafios e descobertas. “Companheiros de Armas” é sobre um humano que está numa nau com demônios insetoides que discutem o gostar e o sexo entre fêmeas e machos. “Clausura” conta a tragédia vivida por um príncipe pintor que se apaixona por um prisioneiro do rei e ambos acabam tendo o mesmo destino.
As tramas apresentadas nesse quarto volume – narradas em 1ª e 3ª pessoas -, continuam mostrando aos leitores aventuras e dramas daqueles que são julgados por muitos como diferentes, mas que na realidade são mais iguais do que se pode pensar. Ao contrário do que alguns imaginam, a fantasia aqui não é usada de modo a deixar as histórias inverossímeis, os autores se usam dela para mostrar, sob vários ângulos, as atitudes dos seres humanos em relação à diversidade.
Ao terminar de ler a obra, repensei sobre a série A Fantástica Literatura Queer de uma maneira mais ampla, tendo como base todos os 29 contos já publicados. Eu ri, me emocionei, me envolvi, fiquei triste, com raiva, com medo, viajei a outros mundos e culturas, conheci novas criaturas e conceitos. O teor das histórias – ora mais explícitos, ora não -, demonstra que não importa a cor, a origem, a crença, a missão: se há amor e respeito, se tem tudo.
Acredito que esse quarto volume – mesmo sendo uma opinião estritamente pessoal – tenha sido o melhor dentre os lançados até agora. Mas isso é até complicado de afirmar, visto que em todos temos alguns contos que nos chamam mais a atenção do que outros, porém o Verde me atraiu com maior intensidade de uma forma geral. Tendo lido os 4, indico para leitura cada um dos 4, pois um livro completa o outro e, juntos, dizem o que todos precisam ouvir e parar para refletir.
Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=19812