Lygia 27/11/2012Falta de identificação...Meu contato com Zusak foi apenas com A menina que roubava livros, obra emocionante e densa. Já posso falar que não é o mesmo tom que encontrei em O Azarão. Aqui quem dá a voz à narrativa é Cameron, que narra sobre seu cotidiano juvenil bem deprimente. Em cada capítulo, em um total de 14, o garoto narra sobre algum aspecto da sua vida, que geralmente conta com a participação de seus irmãos, Sarah, Rube ou Steve, sendo esse último o mais citado entre eles. E no final de cada capítulo, o leitor conta com a narrativa de um de seus sonhos - ou pesadelos.
Muito é falado também do relacionamento de Cameron com seus pais. Sua mãe, dona de casa que prepara cogumelos todas as noites, tenta manter a família em ordem, enquanto o pai, cabeça da família Wolfe, é encanador, faz do tipo durão e é até certo ponto do tipo agressivo. O garoto, cada dia que passa, enterra-se em amargura e solidão, ao ponto de criar afeto por uma pessoa que nem trocou um 'oi' direito, a filha de um dos clientes de seu pai.
O livro é praticamente isso. Ele é bem curto, para leitura de uma tarde, por exemplo. Confesso que o os sonhos e pesadelos de Cameron que me fizeram prosseguir com a leitura. Neles, muito do que acontece em seu cotidiano é refletido de forma inconsciente. A vida do garoto não é uma das melhores, e o irmão que ele tem mais contato (ou afinidade, se é que posso chamar assim) é Rube, um péssimo exemplo, e cheio das ideias nada ortodoxas.
Somente o estilo de escrita envolvente de Zusak me fez terminar o livro mesmo. Não achei nada de extraordinário que me fizesse criar um grande laço de afeto com o protagonista. Vale a pena lembrar que existem mais livros que narram sobre essa família, When Dogs Cry e Fighting Ruben Wolfe.