Claudius 11/06/2012
A fragmentação impressionista na poética de Cesário Verde
Os signos poéticos, na obra poética de Cesário Verde, isolam-se e agrupam-se num movimento pendular em busca do significante. É por meio de um dançar paralelo espacial no poema, que as imagens se chocam e (re)apresentam-se em um novo valor expressivo.A metáfora basilar é a cidade-mulher, que o poeta cria em imagens da cidade antropomorfizando-a e desnudando-a em jogo erótico(hierogamos).
O hiato artístico da arte pictórico-impressionista lusitana proporcionou a Cesário Verde um processo lúdico-sugestivo da palavra-poética. Em uma escrita imagética de flashes que se acoplam, o legado cesarino de cunho impressionista, será uma expressão de substituição psíquica pela ausência pictórica em Portugal. Primordialmente sob influência parnasiana, Cesário Verde logo converteu-se por um realismo dialético e visual, que registra imagens do cotidiano citadino contraposto ao campo.
Maior espírito poético-impressionita de Portugal e uma das figuras mais latentes da literatura de língua portuguesa, Cesário Verde, desvairadamente, abalou com suas estrofes os pergaminhos canônicos do século XIX. Em áureos tempos de prosa realista, o poeta ousou e em um estilo singular, demonstrando à elite literária que o marginalizava, que a ruptura poética era o modo de fazer-se ouvir.