O Caçador de Andróides

O Caçador de Andróides Philip K. Dick




Resenhas - O Caçador de Andróides


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Danny 17/02/2014

Andróides desservindo a humanidade
2021. A Terra está em ruínas, porém ainda é habitada. Muitos humanos migram para uma colônia em marte e androides são a sua mão-de-obra. Alguns Nexus-6 - inteligentíssimos, de última geração - se rebelam e fogem para a Terra. Rick Deckard, um caçador de androides, tem a missão de recuperar 6 deles, inclusive o perigoso líder da rebelião. Mas como Deckard poderá completar sua missão quando passa a sentir empatia pelos droides? E mais uma vez a obra de PKD questiona o que é real e como a tecnologia pode desservir a humanidade.
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Carlozandre 20/01/2014

A réplica dos androides
São significativas as diferenças de superfície e forma que separam O Caçador de Androides (Do Androids Dream of Electric Sheep?), o romance de Philip K. Dick, de O Caçador de Androides, o filme de Ridley Scott que está completando 30 anos hoje (a morte de Dick também ocorreu em 1982, no mês de março, antes de a obra estrear. Leia mais sobre ele no próximo post). No livro, que teve uma reedição no Brasil pela Rocco em 2007, com 256 páginas e tradução de Ryta Vinagre, a história se passa não em um futuro decadente, superpopuloso e coberto de neon, e sim um mundo sombrio assolado por uma permanente chuva de pó radiativo, resultado de guerras atômicas recentes.

O planeta Terra de K. Dick é uma espécie de gueto reservado aos pobres e aos perdedores, poucos são os que ainda vivem no planeta radioativo e com a fauna quase extinta razão por que a posse de animais de verdade é um luxo caro, algo também mencionado no filme. Na edição original do livro, em 1968 (traduzida no Brasil pela Francisco Alves), a história se passava, textualmente, em 1992. Como 1992 chegou e se foi, as filhas de Dick, responsáveis pelo seu espólio, decidiram alterar o ano para 2021 (desta vez apenas no material paratextual, como orelha e contracapa) para que o livro não parecesse datado ou, pior, ultrapassado.

O número de fugitivos caçados por Rick Deckard também não é o mesmo. O caçador recebe a incumbência de recapturar seis de um grupo de oito androides replicantes é um termo criado para o filme fugitivos de Marte que já mataram um policial. No roteiro do filme, o número foi reduzido para cinco, um deles já neutralizado quando Deckard entra na história e quando as câmeras começaram a rodar, pressões de orçamento limaram ainda mais um dos androides, ficando o número final em quatro: Roy (Rutger Hauer), Leon (Brion James), Pris (Darryl Hannah) e Zhora (Joanna Cassidy). Ainda assim, na edição original do filme, lançada há 30 anos, o letreiro inicial permanecia com a informação de que SEIS androides haviam fugido e que um havia sido destruído na chegada à Terra.

Os androides são escravizados em trabalhos que os humanos não poderiam realizar, como mineração em planetas de gravidade proibitiva para os terráqueos, e portanto a fuga não é injustificada, mas os humanoides do livro são mais frios, com menos grandeza de alma, digamos, do que os interpretados por Darryl Hannah, Sean Young e, principalmente, Rutger Hauer. São mais truculentos e, por não entenderem os processos que regem as emoções humanas, não são hábeis em imitá-las essa diferença é responsável, também, por um dos elementos de aparência mais aleatória do filme: o teste que determina se uma pessoa é ou não replicante. Chamado de Voight-Kampff no livro (não me lembro se também no filme), o teste funciona com base em reações emocionais automáticas visíveis na dilatação da pupila. Certas perguntas do exame (tiradas literalmente do livro) são de tal sorte que provocariam horror em um humano, mas não em um androide.

Por isso, inclusive, as perguntas parecem tão exóticas fora do contexto construído por K. Dick em seu mundo ficcional: no futuro de O Caçador de Androides, o romance, os animais quase desapareceram do planeta Terra, como já dissemos. Ao mesmo tempo, houve a ascensão do Mercerismo, uma nova religião que substituiu o cristianismo. Em vez de Cristo, no futuro de Dick as pessoas cultuam o sacrifício de William Mercer, martirizado por motivos não muito claros, apedrejado enquanto tentava subir uma colina. Em vez de rezar, os terráqueos conectam-se a uma caixa de empatia, um dispositivo de realidade virtual no qual o fiel vivencia em primeira pessoa o martírio de Mercer, sofrendo na carne as pedras jogadas contra o homem santo.

Como Mercer ama tudo o que é vivo, os animais, cada vez mais raros, tornaram-se sagrados. Ter um animal em casa é essencial para o mercerismo, mas a maioria deles não existe mais, logo, os mais pobres fazem o que podem com réplicas robóticas de animais de verdade. Animais vivos são símbolos de status. Um dos motivos que levam Deckard, no livro, a aceitar a contragosto a missão de eliminar os replicantes fugitivos é justamente o valor da recompensa, que ele pretende usar para realizar o desejo de sua mulher (sim, ele é casado no livro, voltaremos a isso) de ter uma ovelha de verdade (com a recompensa ele acaba comprando um bode). Portanto, no universo do livro O Caçador de Androides, as perguntas reveladoras têm a ver com animais, e foram transplantadas para o filme: o questionário sobre se Leon ajudaria um cágado virado com o casco para baixo no deserto, a questão que Deckard formula a Rachael sobre a posse de uma carteira de couro de crocodilo legítimo. Isso nunca comprometeu o entendimento do filme, claro, é apenas uma amostra de o quanto o enredo do livro é mais complexo e cheio de camadas.

E sim, há Rachael (Sean Young), e a sua linha narrativa é mais ou menos a mesma do filme: ela trabalha na poderosa corporação Tyrell e ela é uma replicante. Mas o fato de ela não saber de sua condição de replicante é uma sacada que aumenta a dramaticidade do filme, mas não existe no livro. Rachael sabe o que é: uma androide feminina atraente anteriormente usada como escrava sexual e enviada a Deckard com um propósito obscuro que está longe da atração que ela sente pelo detetive no filme. O Deckard do livro é um homem derrotado de meia idade, sem o glamour jovem do galã Harrison Ford. Se o filme se encerrava com um tom otimista (que, depois veio-se a saber, era imposição dos produtores, e não de Ridley Scott, cuja versão autoral interrompe a história uma cena antes), o livro é melancólico, triste e desencantado, investigando por que o avanço tecnológico do tempo descrito não ajuda os homens a desenvolverem a empatia que é justamente a mais humana das características (uma das androides no livro chega a dizer que considera a compaixão humana a característica mais misteriosa e interessante da espécie).

Em uma coisa, no entanto, tanto o filme quanto o livro se assemelham: no olhar original que lançam aos clichês da história de mistério. O personagem de Dick é um ex-policial e caçador de recompensas empenhado na busca de um grupo de fugitivos. Como outros detetives dos livros do autor, contudo, as investigações de Deckard não revelam uma verdade que restabelece a ordem, como nos policiais convencionais, e sim algo que expõe as entranhas de uma realidade torta ou manipulada. Dick permanece atual no mundo contemporâneo porque sua ficção é visionária e seu texto tem o dom de mergulhar o leitor na atmosfera peculiar de cada livro. E talvez porque, ao contrário de grandes humanistas da ficção científica como Júlio Verne ou Isaac Asimov, Dick era um distópico. Onde Verne via progresso, ele via decadência. Onde Asimov via humanidade, ele vê paranóia e uma progressiva desumanização dos indivíduos.

site: http://wp.clicrbs.com.br/mundolivro/2012/06/25/a-replica-dos-androides
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sp00kyCarlos 30/04/2013

Afinal, andróides sonham com ovelhas elétricas?
O filme Blade Runner é um clássico da Ficção Científica e, como todas obras do gênero, foi inspirada em algum livro. Neste caso, Philip Dick escreveu um conto chamado Do Androids Dream of Electric Sheep (Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas?) e Ridley Scott adaptou boa parte dessa obra e criou o filme.

Falando sobre o livro, a história é semelhante àquela apresentada no filme, mas não igual. No livro, temos a inclusão de alguns personagens que não existem no filme, como o "especial" Isidore, que é um co-protagonista e fundamental para o andamento da história.

Sobre a parte técnica, a leitura às vezes foi meio travada, não fluindo natualmente e me fazendo voltar algumas páginas para me situar, nas nada que prejudicasse a experiência de leitura.

Sobre a história, o autor cria um futuro distópico, com uma Terra devastada pela guerra nuclear, uma população emigrando para outros planetas e ganhando de presente um andróide, e os poucos que ainda ficam aqui sofrendo de degeneração radioativa e vendo um mundo sendo reduzido a poeira, literalmente. Neste contexto, acompanhamos a história de alguns andróides que fugiram cá e são caçados por Rick Deckard, um caçador de cabeças cujo maior sonho é comprar animal de verdade, substituindo sua ovelha elétrica. Paralelo a isso, conhecemos um deficiente mental chamado Isidore

Uma característica interessante do autor é que ele eleva os andróides a um patamar quase humano, diferenciando-os dos robôs tradicionais. Como eles são biologicamente semelhantes a nós, somos apresentados ao famoso teste psicológico Void-Kampf, numa tentativa de identificá-los.

Pontos positivos: universo visualmente impactante; bons personagens; conceitos interessantes como a Caixa de Empatia, os testes psicológicos e os animais elétricos.

Pontos negativos: leitura algumas vezes difícil; personagens emocional e psicologicamente pouco desenvolvidos, especialmente os andróides.

É uma boa leitura para quem gosta de Ficção Científica e altamente recomendável para quem é fã do filme.
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Escriba 19/04/2013

Mais denso que o filme.
OBS.: esta resenha também foi postada em meu blog, onde listo referências (links) interessantes a respeito da obra e do autor.

Confira em: http://escribaencapuzado.wordpress.com


Escrito pelo americano Philip K. Dick, O Caçador de Androides* é uma ficção científica indicada ao Prêmio Nebula de 1968, ano de sua publicação. Foi editado no Brasil somente em 1983, um ano após o lançamento de Blade Runner: O Caçador de Androides, adaptação cinematográfica dirigida por Ridley Scott e estrelada por Harrison Ford. A despeito do lapso temporal, a obra se mantém atual nas reflexões que propõe, mas pode não agradar aos fãs do filme.


O cenário é a Terra do futuro**, arruinada por uma guerra sobre a qual restam pouquíssimos registros. Suas consequências, porém, estão presentes no cotidiano: a radioatividade impregna o planeta; flora e fauna praticamente extintas dão lugar a réplicas artificiais. Os incapazes de se refugiar nas colônias marcianas estão fadados à sobrevivência num ambiente miserável, inóspito e repudiado.


Insuflada pela necessidade e pela monstruosa engenhosidade humana, a tecnologia evoluiu e atingiu o zênite com o advento dos androides orgânicos. Feitos à imagem e semelhança do ser humano, eles somente podem ser distinguidos por intermédio de testes especiais de empatia, faculdade que mal podem emular; isto representa uma ameaça, pois os androides, tidos como mão-de-obra escrava, acabam por revoltar-se contra sua condição.


Nesta distopia tétrica vive Rick Deckard, caçador de recompensas de meia-idade a serviço da polícia que é convocado para localizar e “aposentar” androides rebeldes fugitivos de Marte. Vivendo uma crise matrimonial e de consciência, Deckard busca conforto na aquisição de uma ovelha legítima, um artigo de luxo. Envolvido na caçada contra sua vontade está J.R. Isidore, um “especial” cuja vida é a própria representação da realidade sinistra desta sociedade pós-apocalíptica.


Ainda que livro e filme se fundamentem na mesma premissa, há diferenças consideráveis, a começar pela caracterização do ambiente. A película apresenta uma Terra superpopulosa, com arranha-céus decadentes, carros voadores, e letreiros luminosos bombardeando propagandas a todo instante. A combinação de sombra e luz traduz um clima decante e sujo, mas ao mesmo tempo fascinante e brilhante.


No romance, impera a sensação de desolação. O mundo é um lugar escuro, silencioso, vazio; a visão de Dick é soturna, desesperadora, e sobressai-se à de Scott. Este aspecto é nítido nas cenas protagonizadas pelo marginalizado Isidore, responsável por expor o horror e a penúria de sua subsistência ao leitor.


Duas particularidades instigantes do cenário que foram ignoradas no cinema se destacam: a existência de uma tecnorreligião – que, infelizmente, surge envolta numa aura de confusão, o que talvez justifique não ter sido abordada no filme – e a possibilidade de manipulação das emoções humanas via estímulos elétricos.


O autor expõe as particularidades de sua visão pessimista do futuro com maestria, mas peca ao conduzir a ação em torno da perseguição aos androides. Exceto por dois pontos específicos da trama, é difícil ao leitor preocupar-se com o destino do protagonista – apesar do texto frisar a capacidade superior dos androides, Deckard nunca parece estar verdadeiramente ameaçado por eles.


Fãs da obra de Scott ficarão incomodados também com a frágil descrição do combate final contra o androide Roy, que é descrito como o mais poderoso do grupo caçado: o confronto aqui é patético se comparado a da versão cinematográfica, repleta de energia e poesia.


Contudo, Dick consegue acertar em cheio no tom em alguns pontos, como quando Deckard é confrontado com uma possibilidade aterradora que o leva a questionar a si mesmo, num dos momentos mais bem trabalhados do enredo – este deve ter inspirado a eterna questão acerca da natureza do protagonista no filme, dúvida esta que logo é sanada no livro.


O desfecho deixa a desejar: lento e inesperado, representa um verdadeiro anticlímax, ainda que induza a muitas reflexões. Toda a história ocorre num único dia da vida do protagonista, o que é curioso. Infelizmente, isto reforça a sensação de que Deckard jamais esteve em perigo, tornando-o excessivamente habilidoso e capaz em seu trabalho – e também inverossímil.


O valor da obra de Dick está justamente na proposição de questões filosóficas e sua leitura proporciona um exercício de reflexão, em vista da complexidade dos temas. Quem buscar aqui a grandiosidade cinematográfica do filme de Scott irá se decepcionar. Não é, em absoluto, uma leitura fácil. Pelo contrário, O Caçador de Androides é aquele tipo de livro que requer releituras com um olhar atento, maduro, para lhe decifrar os mistérios. Concedo-lhe, assim, 3 penas-tinteiro (estrelas).


E esta é a humilde opinião de um escriba.


NOTAS:
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* Tradução aberrante do título original, Do Androids Dream With Eletric Sheep

** Na edição original a história era ambientada no ano de 1992, mas esta data foi alterada em edições posteriores para 2021 pelas filhas do autor, detentoras de seu espólio. A intenção era evitar que o livro parecesse datado ou ultrapassado.
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Mima 18/11/2012

Resenha Crítica - O Caçador de Andróides
Em O Caçador de Androides de Phillip Dick, o planeta Terra encontra-se devastado por conta de uma grande Guerra, o autor não especifica exatamente quando e porque se sucedeu, mas sabemos que os efeitos foram drásticos, causando a perda de grande parte da fauna e flora de nosso planeta por conta dos autos índices de radiação. Boa parte da humanidade é aconselhada a migrar para colônias em Marte, entretanto existe uma minoria que decide ficar e sofrer as consequências causadas pela radiatividade. Nessa realidade esta o nosso anti-heroi Rick Deckard, um caçador de recompensas especializado em capturar androides que eventualmente escapam de Marte e fogem para a Terra em busca de liberdade.

Phillip consegue prender a atenção do leitor com sua visão analítica das situações vividas pelos personagens. Assim como muitos autores do gênero ficção da época, Phillip é um visionário. Consegue descrever um cenário nitidamente evoluído em termos tecnológicos, entretanto há aspectos muito antiquados a serem analisados no livro. Em certo ponto encontro uma palavra que faz referência à técnica da datilografia. Pensei, datilografia? Mal sabia Dick que alguns anos mais tarde viria a ascensão da informática e com ela os primeiros computadores pessoais que, de certa forma, possibilitaram toda a tecnologia que usufruímos hoje em dia. Ainda assim ele conseguiu “prever” as chamadas de vídeo, que embora tenham sido capazes de serem realizadas há apenas alguns anos atrás, já eram imaginadas em narrativas como essa.

Ao ler este livro percebo como nossos passos até o grande avanço tecnológico ocorreram devagar. O autor “previu” toda uma mudança, em diferentes sentidos, emocional, comportamental, tecnológico em menos de 30 anos, claro tudo isso devido à ocorrência de uma grande Guerra. Mas ao ler essa narrativa hoje, 2012, percebo que a humanidade evolui a passos lentos. Na nossa atmosfera atual tudo parece tão extremo, rápido. Compramos um aparelho hoje e amanhã ele já não nos serve e não existem mais peças para consertá-lo porque já saiu de circulação comercial. Entretanto, desde o ano em que a história foi escrita, entre 1966 e 1968, levamos mais de 40 anos para chegarmos a esse nível tecnológico e ainda não alcançamos todo o nosso potencial, digamos assim.

A personagem J.R Isidore, um especial que vive sozinho em um condomínio que costumava ser habitado antes da grande Guerra, em certa altura da narrativa utiliza a frase “O entulho expulsa o não-entulho” (p.37), referindo-se ao que foi deixado para trás. Os objetos sem utilidade que foram abandonados pelas pessoas e que parecem se multiplicar ao passar dos dias. “Trata-se de um princípio universal, que opera em todo o universo; o universo inteiro está se movendo para um estágio final de entulhamento total, absoluto.” (p.38), uma frase escrita há 40 anos e que faz muito sentido no período que vivemos. Com as inovações tecnológicas a necessidade de adquirir cresceu absurdamente, assim como também aprendemos a nos desfazer muito fácil das coisas. Mas isso também pode ser relacionado aos excessos de informação, tanto do que recebemos, como do que divulgamos. Sentimos uma necessidade enorme de nos tornarmos públicos, de firmarmos nossa identidade como seres únicos não percebendo que agimos todos iguais.

Com personagens como Buster Amigão, o apresentador de TV que fica no ar por 23 horas seguidas ininterruptamente, e Wilbur Mercer, uma espécie de deus, ou até mesmo de “Grande Irmão”, que dita as regras entre os humanos, o autor apresenta essa nossa grande necessidade de dependência e nos mostra como a sociedade vive ao redor de um mesmo pensamento. Precisamos de alguém nos dizendo o que fazer, como fazer, para onde ir. Tanto que quando Buster revela que Mercer é na verdade uma grande farsa, conseguimos notar o caos emocional da personagem Isidore e o vazio deixado pela revelação. Duas épocas totalmente distintas e ao mesmo tempo tão semelhantes, na primeira, segundo Dick, uma sociedade guiada por um único pensamento e na segunda, nossa atual realidade, uma sociedade onde as pessoas precisam se diferenciar, mas que acabam utilizando os mesmos métodos para alcançar tal objetivo. Nas duas um mesmo pensamento movimenta as ações.

Phillip Dick consegue criar um mundo onde realidade e ficção se chocam, como por exemplo, quando cita uma exposição de arte com quadros do pintor expressionista Edvard Munch ao mesmo tempo que Rick Deckard caça o androide Luba Luft, uma famosa cantora de ópera. A união do real e do imaginário se consolida criando assim essa narrativa surpreendente e instigante. Nesse cenário de caos e destruição, onde as emoções são guiadas e compartilhadas, onde os humanos restantes na Terra só esperam ter, criar algo verdadeiro enquanto o fim realmente não chega, o autor consegue deixar várias questões em aberto que, a meu ver, só nos impulsionam a criar pensamentos e explicações diferentes uns dos outros. Uma excelente leitura, capaz de nos explicar melhor as atuais mudanças pelas quais estamos passando.
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Ryllder 08/02/2012

Podem andróides sonhar com ovelhas elétricas?A tradução do título em inglês dessa magistral obra de Philip K. Dick passa a sensação correta do que o autor pretendia ao escrever sobre um cada vez mais possível mundo onde,a despeito de objeções metafísicas ou religiosas,a tecnologia imita o humano.
A obra cinematográfica Blade Runner,que assisti antes de ler o livro,sem dúvidas é um grande filme,mas com espírito bem diverso da obra escrita.O filme é de ação ,com alguns questionamentos filosóficos,enquanto o livro nos apresenta questões morais e existenciais a todo momento,com eventuais passagens de atividade frenética,muito bem construídas,diga-se de passagem.
O caçador de andróides ,Rick Deckard,tem um grande desejo:possuir um animal de verdade.Mas como?Isso é fácil,não é?Não neste mundo construído por K.Dick.Nosso querido planeta está uma confusão só,onde uma guerra quase acabou com todas as espécies animais,e tornou a vida por aqui bem complicada.Assim ,possuir um animal orgânico passa a ser uma condição de status.Quem não consegue ter um de verdade,pois eles são muitos caros,tenta se arranjar com animais eletrônicos,na verdade réplicas quase perfeitas.Para conseguir seu animal Deckard precisará eliminar alguns andróides rebeldes.Esses andróides são os mais avançados criados pela tecnologia,com aparência indistinguivel dos humanos,a não ser por alguns testes bem específicos criados para identificá-los.
Nesse mundo o real está emaranhado com o ilusório.Os andróides são uma forma de vida,pois os mesmos apresentam simulacros de sentimentos e forte apego a existência?Como distinguir o artifiicial do real?Se não conseguirmos mais fazer essas diferenciações,seria legítimo afirmar que existe uma vida tecnológica?Leiam e questionem junto com o autor.
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Gu1lh3rm3-Kun 08/02/2012

Do Androids dream with a Blade Runner...?
O Livro leva o leitor à um universo muito mais profundo do que o apresentado no filme que ele baseou "Blade Runner", aprofundando muito mais a relação entre Deckard e os replicantes (andróides no livro), e seus questionamentos sobre seu trabalho, religião, a sociedade, seu casamento, chegando até a se questionar se ele é humano ou outro replicante, além disso as cenas que foram representadas no filme ficam muito mais filosóficas e marcantes no livro, como por exemplo o teste de empatia com Rachel Rosen, uma das melhores cenas do filme e do livro, uma ótima indicação para quem gosta de ficção cinetífica de autoreas como assimov, ou pra quem gostou do filme e tem vontade de se aprofundar nesse maravilhoso universo criado por Philip K. Dick
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Camila_Andrade 29/11/2010

A linguagem de todos os livros de ficção científica é sempre um pouco difícil, o que é um bom sinal - descrevendo um mundo que nos é estranho, é natural que não seja possível entender plenamente certas passagens. A sensação de não-pertencimento àquela realidade é um sinal de que o livro cumpre seu papel.

Preciso reler este livro, pensando com mais cuidado desta vez.

De qualquer jeito, acho que ele toca em assuntos importantes: a solidão, a escravidão, o status social, a realidade em si.
Um dos triunfos do livro é justamente distorcer a identidade de todos: Isidore é um debilóide, mas prova ser capaz de tomar as rédeas da própria vida quando quer; Deckard é um anti-herói, está assustado e duvidando de tudo o tempo todo; os andróides não são humanos normais, não sentem empatia (eles arrancam as perninhas da aranha...), mas Roy e Irmgard se amam, e Pris reclama da solidão em Marte.

E você, leitor, passaria em um teste Voight-Kampf? Eu, não. As situações descritas nele não seriam todas estranhas pra mim.


(E eu ADORO o baile que ele toma da Luba Luft! Torci muito - MUITO! - pra ela não ser morta. Acho que o Deckard também torceu...)
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Lili Machado 26/10/2010

Do androids dream on eletric sheep? - O livro que deu origem ao filme Blade Runner – obra prima de Riddley Scott
Rick Deckard é um caçador de andróides, na São Francisco pós guerra atômica, quando a maioria dos humanos já se mudou para o planeta Marte.
Quase todos os animais foram extintos da face da Terra, com exceção de alguns que são vendidos por verdadeiras fortunas no mercado negro. Para suprir essa deficiência, animais andróides são fabricados e também vendidos por grandes quantias. Há, até mesmo, um tipo de guia para controle dos preços.
Que bom seria se eu pudesse, como no livro, encomendar réplicas dos meus gatinhos, quando eles morrerem.
Parece que a religião/filosofia predominante no mundo pós apocalíptico de 2021, o Mercerism, prega que toda família tem de possuir um animal. Como os de verdade são escassos e caríssimos, as pessoas se viram com os falsos, mentindo que são verdadeiros.
A base do Mercerism é a jornada de um homem chamado Wilbur Mercer, subindo uma montanha, caindo e repetindo o processo, cada vez que chega a seu topo (tipo a mitologia grega de Sísifo). Seus praticantes usam da empatia, de forma que consigam se relacionar com os outros indivíduos – a alegria e o sofrimento de um, contribuindo para a alegria e o sofrimento de todos.
Alguns andróides fabricados para auxiliar os humanos em seu trabalho diário, apresentam um “defeito de personalidade” e revoltam-se, tornando-se perigosos – o trabalho de Deckard é eliminá-los, para conseguir dinheiro, para comprar um animal de verdade, em substituição ao seu carneiro elétrico que já está dando defeito.
O que vem a ser uma “mood machine”? Pelo que entendi, é um aparelho em que você programa como quer que seu humor esteja, ao acordar, como se fosse uma espécie de despertador: acordado e feliz; ou acordado e zangado, se tiver que participar de alguma discussão difícil ao longo do dia; ou acordado e depressivo, se desejar continuar na cama absorvendo a ausência de vida (mood 382); ou acordado e com esperanças renovadas (mood 481); acordado e ansioso pelas notícias diárias (mood 888); ou, até mesmo, acordado com interesse no trabalho (mood 594) – creeeeedo! Dial 670 in the Mood Machine for Peace - que legal seria se pudesse acontecer, né? Quero uma máquina dessas!!!
Os andróides não possuem a habilidade da empatia. Para que sejam facilmente diferenciados dos seres humanos, aplica-se o teste Voigt-Kampff, que mede pequenos movimentos dos músculos oculares e faciais, quando as pessoas ficam chocadas com alguma coisa que lhes é dita – uma reação física que não se pode controlar.
“Every creature which lives, sometimes has to do things it doesn´t believe in. We all have to accept that." - Não concordo - e vocês?
Acabou. Esperava mais do livro – gosto tanto desse filme que acho que isso me cegou quanto à estória em si. Contrariamente, à maioria absoluta, dessa vez, prefiro o filme ao livro...
Willian 23/12/2010minha estante
Lili, também gostei mais do filme, mas ficou tão diferente por que até onde eu sei, Ridley scott nunca chegou a ler o livro, apenas utilizou o roteiro como ambientação para o que ele queria contar.
Quanto à frase concordo com ela, menos a parte de aceitar.

Keep up the good work!


Lili Machado 23/12/2010minha estante
Obrigada pelo comentário da resenha, William. Volte sempre. Que o velho Mescer nos ajude... eh,eh,eh




Marcos Carvalho 29/03/2010

Empatia pelos animais
Em minha opinião, o tema central do livro não é a religião "Mercerista", e nem a caça dos andróides propriamente dita, mas sim a preocupação do status pós-apocalípticas das pessoas em se ter um animal. Mas a maioria dos disponíveis são animais falsos e se paga uma fortuna para se ter um verdadeiro. Semelhança observada também em outro livro de Dick, em "O Homem do Castelo Alto" em que as pessoas pagam altos valores por antiguidades americanas antes da II Guerra para obter status na sociedade nipo-germânica, mas a maioria disponibilizada no mercado são imitações (falsas).
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Cristiane F. 15/02/2010

Quase cinco...
Ótima leitura... ótimo enredo... belas citações...

Só não foi melhor... porque quando li já estava impregnada de outros elementos (audiovisuais)... e impregnada com tal maravilhamento... que não pude atribuí-los totalmente às palavras proferidas pelo autor...

Mas... sempre vale a conferida... e de mais a mais... acho que isso de atribuir conceitos, depende muito dos "humores do momento"!
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@Agulha3al 15/01/2010

Apesar de ter não gostado do nome que o livro foi publicado aqui no Brasil, subtitulo do filme, e gosta mais do titulo original do romance de Philip K. Dick, "Do Androids Dream of Electric Sheep?",

Se você viu o filme! Não o compare com o livro, mudaram muitas coisas e apesar de sempre defender os livros em comparação com o filme nesse caso ficou com os dois.

Esse livro é fabuloso nos questionamento sobre como definir um androide (ser artificial) e um humano (ser natural?). a ideia do persorgem central ser um androide veio no filme e não no livro, mesmo que o titulo do original seja uma pergunta, Os Androides sonham com ovelha eletrica? E nas palavras de um blogueiro:

"...eu já estava caindo na armadilha de dizer “Ele é, ele é!” quando me dei conta que Sheep é tipo um Dom Casmurro do sci-fi. Da mesma forma que na obra do Machado não importa se Capitu traiu ou não (e nunca teremos respostas sobre isso), o mesmo acontece em Sheep, não importa se Deckard é ou não e nunca teremos uma resposta definitiva. Mais uma obra genial de Dick, até por conseguir deixar esse ponto de interrogação na testa dos leitores (ou mesmo permitindo as diversas interpretações)."

Boa Leitura!

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WallanS 05/11/2009

Um dos melhores livros de ficção-cientifica que ja tive a oportunidade de ler. Agora ja posso assistir o filme.
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