Arthur1247 12/06/2024
Na média.
O final colocou o livro de volta nos trilhos, resgatando uma certa sobriedade e finalizando com uma análise, apesar de confusa, muito válida sobre o fim da URSS, a forma como se deu e suas consequências até o tempo da escrita da obra. Entretanto, há alguns problemas, como a pouca atenção dada a acontecimentos tanto externos quanto internos da URSS, como a Guerra da Coreia, a Guerra Civil Espanhola e o Holodomor.
Além disso, o ensaio da revolução é muito superficial. Revoltas importante como a do encouraçado potemkim são somente mencionadas, e o papel da corrida imperialista na decadência do tsarismo e do império além de seu envolvimento na primeira guerra não recebem a devida atenção. Além disso, apesar de tecer críticas bastante válidas e finalizar algumas análises de forma coesa ao fazer uso relativamente bom dos dados disponíveis com relação ao período tão polêmico do mandato de Stalin, o autor parece destilar bastante de seu ódio à figura durante a leitura de forma exagerada, comprometendo a escrita e sendo prolixo ou se estendo demasiadamente em certos pontos, causando uma experiência levemente maçante e repetitiva, além de diversas incoerências ao decorrer do livro, tirando seu brilho e um pouco do interesse do leitor. Quanto ao período pós Stalin, principalmente no governo de Kruschov e Gorbachev (mais relevantes para entendermos o rumo da URSS), o autor inicialmente faz um balanço interessante da URSS durante a primeira metade do século XX e traz à tona informações e dados relevantes, além de trazer sua visão de forma coesa. Contudo, ao finalizar a "introdução" dessa fase, volta novamente a uma escrita repetitiva em alguns momentos, desta vez tecendo diversos elogios a Kruschov, mas aos poucos deixando de mencionar acontecimentos ou fatos relevantes que embasem o que é dito. Por fim, Gorbachev, com a Perestroika e a glasnost. Nesse ponto, a construção começou a desmoronar. Diversos elogios às políticas que podem ser consideradas revisionistas por alguns e, a princípio, uma omissão de diversas consequências das ações tomadas por Gorbachev. O autor parte para um estilo de argumentação muito mais "isso é bom pois digo que é e apresenta conceitos com que concordo" do que "temos uma ideia de progresso mas que traz consigo diversas problemáticas e um retrocesso na estabilidade do país". Enquanto durante o período Stalin víamos uma escrita apontando quando haviam boas intenções, mas demonstrando através de acontecimentos e dados concretos os erros de execução e políticas problemáticas (em alguns casos criminosas) vindas do governante (apesar de a obra atropelar algumas questões importantes, já mencionadas antes [G. Civil Espanhola, etc.]), aqui vemos elogios infundados e desonestos, como o da suposta transparência do governo no caso Chernobyl, tentativa falha do escritor em defender a figura problemática de Gorbachev. Apesar de ainda omitir vários erros e faltar com um pouco de honestidade, o autor traz algumas problemáticas da Perestroika e da glasnost, mesmo que com uso de eufemismos ao mencionar as mesmas, e, principalmente, das problemáticas profundas e da barbárie que se decorreu no governo de B. Ieltsen e sua liberalização abrupta da Rússia, mesmo que oferecendo resistência em criticar Boris como governante, semelhante ao que ocorre com Gorbachev. Por fim, há um bom balanço do estado da Rússia após ~10 anos da revolução e a ascensão da figura de Putin como novo líder do país, além de suas políticas militaristas e nacionalistas, resgatando de forma perspicaz conceitos antes citados e momentos precedentes ao governo de Vladimir para compreender o que deu fruto ao modelo político e socioeconômico da atual Rússia. No geral, apesar de ter seus defeitos, traz um bom balanço em vários momentos, perspassando, mesmo que de forma "atropelada", a história da Rússia, do Império à República presidencialista. 3/5.