Emperor of Thorns

Emperor of Thorns Mark Lawrence




Resenhas - Emperor of Thorns


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Newton Nitro 24/09/2013

Breaking Bad Medieval! - Resenha de Toda a Trilogia, sem Spoilers!
Imagine uma série de fantasia onde o protagonista é um sociopata, capaz de fazer qualquer coisa para realizar suas ambições. Qualquer coisa mesmo, seja matar inocentes, estuprar, cometer os mais diversos tipos de icídios, parricídio, fraticídio, infanticídio, etc. Imagine que isso tudo acontece em um mundo medieval brutal que esconde um grande mistério para explicar sua própria existência. Esse é um resumo do que encontrei na trilogia Broken Empire: Prince of Thorns, King of Thorns e Emperor of Thorns. Thorns é espinho em inglês, e resume bem a saga, um caminhar entre os espinhos, a jornada de um anti-herói. Ou melhor, uma inversão da jornada do herói, uma espécie de jornada do vilão. Um Breaking Bad medieval.


A trilogia Broken Empire começou com o livro de estreia de Mark Lawrence, Prince of Thorns, que causou um grande furor na comunidade de fãs de fantasia. O livro foi até mesmo oferecido pela editora com uma promoção para quem comprasse o último livro do George R.R. Martin, o Dance of Dragons. Uma das promoções dizia que Mark Lawrence seria a resposta britânica para Martin, comparando o Prince of Thorns com a saga Ice and Fire.


Apesar das duas sagas seguirem a linha da fantasia medieval suja, realista e brutal, os livros são muito diferentes entre si. Ao invés dos múltiplos protagonistas da saga de Martin, na trilogia Broken Empire seguimos apenas Jorg, um príncipe amoral, sociopata, e que, graças a maestria da narrativa de Mark Lawrence, se torna um personagem muito interessante e completo. Mark segue de perto a frase máxima do mestre Larry Elmore, homens maus não são maus o tempo todo.


A narrativa é feita em primeira pessoa, colocando o leitor dentro da mente de um monstro.
Junto com Jorg, nos aliamos a um bando de mercenários, cometemos os mais horrendos crimes e nos justificamos por um desejo de vingança e uma sensação de superioridade intelectual frente a seres humanos que consideramos limitados por se aterem as convenções morais, éticas e de tradição. Ou seja, não é uma história para qualquer leitor.


Eu achei doidimais!


Os três livros colocam Jorg em uma jornada de amadurecimento, porém um amadurecimento completamente amoral e irregular, e que acompanha a degeneração do mundo em sua volta com um fortalecimento de suas convicções e autoconfiança. Enquanto em outros romances de fantasia, heróis e anti-heróis são traídos, na trilogia Broken Empire é Jorg quem pratica atos de traição.


As resenhas que encontrei na internet mostram como a obra é controversa. Apesar de a maioria exaltar a obra, muitos leitores rejeitaram completamente o protagonista, que é mais vilão do que um anti-herói, principalmente no primeiro livro. Fica então o aviso para quem for ler, pegue uma amostra na Amazon, leia as primeiras páginas (que já são chocantes) e veja se você quer seguir nessa jornada sombria.


A medida que a história segue o universo medieval da narrativa vai revelando seus mistérios. Esse é um dos pontos que mais curti do cenário da narrativa, existe um segredo por trás de tudo que acontece. Eu fiquei completamente perdido em alguns momentos, mas ao chegar ao terceiro livro, muita coisa se encaixa e me surpreendi com a complexidade e a capacidade de criação de mundos do Mark Lawrence. O cenário da trama é muito detalhado, um mundo fascinante que não vou descrever muito para não dar spoilers. E pelo título do próximo livro do Mark Lawrence, The Red Queens War, imagino que ele vai continuar a escrever nesse cenário.


A narrativa da trilogia não é linear, indo e voltando no tempo. Muitas vezes me perdi no que estava acontecendo, e apesar de não gostar muito de flashbacks, o recurso é bem utilizado nos livros. O mecanismo na narrativa cria um efeito parecido com o filme Memento http://pt.wikipedia.org/wiki/Memento_(filme) . Eu teria preferido algo mais linear, mas, principalmente no segundo livro, existe uma razão narrativa para o uso desse recurso.


Um das partes mais legais da trilogia, e que dá um aspecto mais literário na narrativa, é como os acontecimentos são ligados e observados por dentro da alma de Jorg. O universo de Broken Empire é visto pela visão de Jorg, e como ele é um narrador de primeira pessoa, muito do que é descrito é filtrado pela personalidade arrogante e egoísta do protagonista.


Como mais um exemplo da nova literatura de fantasia (que de nova não tem nada, para mim é apenas uma volta ao experimentalismo da literatura de fantasia e ficção dos anos 60 e 70), a trilogia almeja explorar aspectos mais complexos da psicologia humana. Jorg questiona sua posição dentro do mundo, procurando ver até onde ele consegue ir caminhando contra os ideais morais e éticos da sociedade, fazendo impor sua vontade individual contra a vontade coletiva.


A saga também mostra o preço em humanidade pago por quem trilha um caminho de crueldade, violência e egoísmo. Jorg, assim como Walter White em Breaking Bad, vive no limiar entre o bem e o mal, hora agindo de acordo com seu egoísmo, hora apresentando ainda restos de humanidade. É essa variação, essa ondulação entre humanidade e monstruosidade que o torna um personagem interessante, e responsável por um dos maiores sucessos de vendas dos últimos tempos.


Mesmo mantendo sua brutalidade, Jorg vai progressivamente sendo tocado pelas relações humanas que tem. Mesmo mantendo um grande egoísmo, ele vai progressivamente sofrendo rachaduras em sua armadura egóica. O livro mostra que até mesmo monstros amadurecem, e as motivações da juventude se transformam com o tempo.


Recomendo a trilogia Broken War com reservas. Os temas são muito pesados, Jorg é tão cruel que as vezes eu até mesmo me antipatizei com sua arrogância, mas mesmo assim continuei a ler, para ver até onde iria a narrativa, uma versão sombria da jornada do herói, ou melhor, a jornada de um vilão até se tornar um anti-herói.


Toda a trilogia pode ser resumida nessa frase:
`Dark times call for dark choices. Choose me.' - Tempos sombrio pedem para escolhas sombrias. Escolha-me.


Eu escolhi e não me arrependi!
Diego 11/05/2015minha estante
Acabei de ler ontem e me sinto tragado numa miríade de fantasia e filosofia. Antes de mais nada, ao entrar no reino de Ancrath e ouvir a história de Jorg, saiba que ele não é um personagem típico, e seu caráter é bem duvidoso. Somos inseridos em uma narrativa fantástica, que nos apresenta um mundo pós apocalíptico, onde uma destruição misteriosa em massa, acabou com a terra como conhecemos e a colocou novamente na era medieval. Conhecemos Jorg, um garoto que perde sua família de forma brutal, e é salvo pelos espinhos de uma grande espinheira. Após essa premissa somos levados porJorg de Ancrath e seu bando, por um caminho em busca de vingança pessoal, contra os assassinos de sua família e uma jornada rumo a saciedade do próprio ego de nosso personagem. Em todos os três livros temos referencias e críticas veladas a sociedade atual. Jorg faz analogias filosóficas e temos frases memoráveis. Seu fim, é como ao todo surpreendente e foge do clássico. O que mais me chamou a atenção é que enfim um livro abordou uma linha de pensamento que acho muito correta. Não existem vilões e nem mocinhos no mundo real. Há apenas pontos de vistas que divergem ou convergem. Resumindo, vale muito a pena ler e eu garanto sucesso, numa jornada que muitas vezes nos angustia e nos faz questionar o quão corretos seriamos, ao sermos testados em circunstâncias extremas.




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