Thyeri 06/12/2012www.restaurantedamente.comA morte é a única certeza do ser humano, e por consequência um dos nossos maiores medos; afinal, o que vem depois? Há várias respostas para isso, ou tentativas delas... E cada um de nós nos agarramos ao que mais nos conforta. E o que acontece quando esse medo não existe mais? Ficaríamos bem? Afinal, que problemas não se tornariam pequenos quando se tem toda a eternidade para lidar com eles...
Carissa Vieira se distancia dos vampiros hoje em voga, e volta à falar do vampiro tormentado pela imortalidade. Tal imortalidade traz à tona o que há de mais humano nessas criaturas, seus questionamentos sobre a vida, o que os diferencia dos humanos, e se há alguma diferença. São angústias existenciais que ganham forma quando uma característica dos vampiros se apossa do humano transformado, a intensificação de seus sentimentos e sentidos; tudo é vivenciado de forma mais intensa.
E foram essas questões que eu pude observar nos vampiros presentes na obra, tenha ele acabado de ser transformado, como Charles, o personagem principal, ou os outros, transformados a muito mais tempo, que se envolvem na vida de Charles: Eliza, sua criadora, e Mikhail e Lorenzo, ambos se envolvem na vida de Charles devido ao envolvimento deles com Eliza em seus primeiros tempos de vampira.
Andamos, junto com Charles, pela Inglaterra do começo do século XX, passamos por Veneza, e por Nova York. As andanças dos personagens, sejam elas entendidas literal e metaforicamente, é o que me prendeu ao livro. Gostei da forma com que os relacionamentos foram descritos, e vivenciados pelos personagens. O mistério da vida de Eliza, de antes de Charles à conhecê-la, deixa-o com apenas alguns fragmentos do que outros vampiros falam para ele, e vai modificando a forma com que ele vê sua amada. O que intensifica, assim, uma trama de vingança que o livro tem como plano de fundo.
Eu já estava cansado de histórias de vampiros, principalmente por geralmente terem uma trama que não me agradam, focando excessivamente no romance. Carissa escreveu um livro adulto, um pouco nos moldes de Anne Rice, uma de minhas autoras favoritas. Ela conseguiu dosar o romance, colocando-o na medida certa, não deixando essas passagens cansativas. A trama de vingança foi muito boa, me fazendo construir, junto com Charles, o que estava realmente acontecendo ao seu redor. E o fechamento da história me deixou bem satisfeito, condizendo com a forma que a narrativa foi caminhando.