Julio.Argibay 26/10/2018
No fio da suspeita ...
Um livro com uma temática tocante, cercada de mistério e meio que improvável. O romance é a estória de uma vida, ou se preferir, três vidas, como melhor desejar. O enredo é desenvolvido nas entrelinhas, em segredo, aos poucos, com subterfúgios, silenciosamente. Outrossim, há um trecho, que lembra um monólogo filosófico, contado a partir do terço final da obra, através de elucubrações de uma mente inquieta, intranquila e solitária. O velho traz consigo segredos, cumplicidades e ao mesmo tempo ele precisa de respostas, ou não, apenas eh preciso queimar as evidências e manter as aparências. Sendo assim, continuamos com as divagações filosóficas sobre o sentido da vida; sobre as grandes paixões mal resolvidas; antigas e sólidas amizades, traições não reveladas. Mas chegou a hora de fugirmos para os trópicos. Lá eh mais seguro. Nesse momento eh mostrada a vivência do amigo de infância, em terras longínquas: do povo e da forma de viver dessa região, descrita como perigosa. Além, do jeito indolente com que essas populações vivem, nos leva para um cenário muito diferente do mostrado pelo autor até agora e na parte final do livro. Os personagens são bem arredios, misteriosos, talvez inconclusivos, no sentido de que coisas, fatos, estórias são escondidas e ainda não foram reveladas. Há sempre uma dúvida no ar. Algo mal resolvido, algo não contado. Então seguimos a diante. Vamos aos personagens: a ama ? idosa, fiel, dedicada e companheira de uma vida ou mais de uma, com um passado nebuloso e sofrido. Achei mesmo que era a própria mãe do personagem principal, essa é a velha Nini, se não me engano. Bom, com certeza há um mistério ai nessa relação. Vamos a Kristyna - a esposa, sua pessoa não foi tão explorada, como as demais. Aparece mais na parte final e é retratada, apenas, como lembranças de uma mente já idosa e cansada. O que a torna misteriosa e distante, inatingível. Finalmente, o amigo de infância, Konrar, também esqueci a grafia do nome. Eles possuem uma amizade muito próxima, são confidentes desde cedo, em alguns momentos até demais, nem sei... tem coisa ai. Mas pode ser pura maldade dos invejosos de plantão. Porém, mudando de assunto. Há um paradoxo entre os amigos, sempre presente, entre a riqueza de um e a pobreza do outro. Resumindo, caros amigos ... eh um bom livro. Inté mais.