A Ilha (Island)

A Ilha (Island) Aldous Huxley




Resenhas - A Ilha


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Andre.28 24/03/2020

Uma distopia idílica
A utilização da filosofia como premissa para criar mundos diversos dotados de significados, símbolos e formas de organização diferentes são para um autor exercício muito difícil e complexo. “A Ilha” é um romance de caráter distópico escrito e publicado em 1962, pelo aclamado autor inglês Aldous Huxley. A história se passa nos anos 60, quando o jornalista e escritor Will Farnaby é mandado a navegar até Ilha de Pala, local fictício que fica situado entre a Índia e o Ceilão, para fazer uma reportagem e descobrir o modo de vida da sociedade local. Nessa viagem ele acaba naufragando e é resgatado pelos habitantes da Ilha/Estado. A ilha de Pala é um local idílico, sem muitas modernidades e voltado para uma ideia de cooperativismo mutuo em prol do desenvolvimento do ser humano sem amarras, ou seja, liberdade no paraíso e educação do amor e da compaixão.

Com uma sociedade baseada numa mistura de budismo/hinduísmo/agnosticismo a Ilha de Pala se vê livre da ganância do poder, da busca desenfreada de uma sociedade de consumo e dos “desejos supérfluos”. Will, atormentado por seu passado de marido infiel e filho de um mundo moderno fica surpreso ao ser recebido pelo velho neto dos fundadores da Ilha, Robert MacPhail e a sua nora Sisula MacPhail. Todos os personagens mostram ao jornalista Will o modo de vida e a filosofia da ilha. Para experimentarem a completa experiência de desapego, os habitantes se valem de um entorpecente chamado Moskha, uma pílula amarela da verdade e da beleza.

O apetite do “mundo moderno” é apresentado pela monarca da ilha, a rainha Rani e o seu filho herdeiro do trono, o aprendiz de rajá Murugan. Murugan e Rani, aliados ao governante da Ilha vizinha de Pala, Ilha de Rendang-Lobo, quem tem o Coronel Dipa e o seu embaixador Mr. Bahu como líderes de um complô para se explorar Pala. Eles são o oposto da filosofia idílica da maioria dos habitantes da Ilha de Pala. Esses personagens aceitam o e também estimulam o militarismo, a ganância, a superficialidade do materialismo, a exploração desenfreada dos recursos naturais. A ambição de Murugan e Rani representa o lado autodestrutivo da história.

Abordando especificamente os aspectos da narrativa, tem-se clara ideia de que o autor tentou colocar pitadas de escrita uma alegórica e surrealista. Temas como controle populacional, numa sociedade protegida dos “males do mundo moderno”. A ilha de Pala é formada por uma sociedade idílica, com áurea de perfeito paraíso. Em muitos momentos a narrativa passa a sensação de pedantismo. Um ataque dos males do mundo moderno em contraposição a uma sociedade feliz que trabalha e se esforça cooperativamente em prol do bem dos seres humanos. O típico argumento: “somos imperfeitos, mas o mundo exterior é mau e nos somos melhores”. Esse tipo de coisa é chamada de falsa modéstia. Sem falar que todos os habitantes da ilha são “intelectuais”. (PQP! Esse lugar deveria ser um “inferno” ao invés de um paraíso intocado. Imagina um monte de gente enchendo a paciência do leitor com explicações sobre ABSILUTAMENTE TUDO. Soa pedante demais).

Outro ponto que eu tenho que ressaltar é: as explicações já na metade da narrativa, ou seja, com a história já andando. Esse é um dos problemas de muitas distopias; no começo as ideias são jogadas, para quando se chegar à metade da história se ter uma “explicação detalhada”, e até certo ponto, demasiadamente complexa do universo criado. O começo é jogado, deixa confuso, e prejudica o entendimento sistemático da narrativa. Você se sente perdido, e quando se realmente encontra na leitura, já tá na metade da história. É como se os autores tentassem “trocar o pneu com o carro já andando”. Honestamente, em minha opinião, soaria mais coerente e fluido o enredo que consegue ambientar e explicar à medida que história se desenvolve. O livro é a típica narrativa de uma distopia que representa um mosaico de filosofias, às vezes pedante, mas que discorre de forma coerente na maior parte do tempo. Uma leitura que exige calma e atenção
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Erica 08/02/2022

Reflexões
Confesso que não me atraiu tanto.
Não achei uma leitura incrível!
Parece mais um manual de como é Pala. Um estudo.
Cansativo, porém não deixa de ser interessante e com muitas, muitas reflexões.
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Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

A ilha, de Aldous Huxley - Nota 9/10
Após sofrer um naufrágio, Will Farnaby acaba sendo arrastado para a costa de Pala, uma ilha por ele totalmente desconhecida. Aos poucos, o personagem vai descobrindo que os habitantes da ilha vivem guiados por regras que fogem muito da realidade em que vivemos. O objetivo é comum: a busca pela felicidade plena, abrindo mão do consumismo, da exploração predatória dos recursos naturais e do sucesso unicamente individual.

Último romance de um autor conhecido por seus romances distópicos, como “Admirável mundo novo”, “A ilha” também é ambientada em uma sociedade fictícia. No entanto, diferentemente de suas obras anteriores, Huxley apresenta ao leitor um cenário utópico, em que os valores coletivos estão à frente da individualidade.

É ao longo do desenvolver da obra que vamos, junto com Will, descobrindo as peculiaridades de Pala: desde um sistema educacional que foca no autoconhecimento do indivíduo, passando por conceitos de unidade familiar totalmente amplos, até uma valorização da genuína natureza sexual de cada um.

A premissa desse livro é surpreendente, mas para quem se interessar pela leitura, já deixo alguns avisos importantes (e que em nada buscam desestimular a leitura, pelo contrário: a ideia é que vocês embarquem nessa aventura preparados). Em primeiro lugar, esse livro pede uma leitura sem pressa. As passagens acontecem aos poucos, são detalhadas e nos levam para dentro de Pala. Por isso, escolham algum outro livro menos profundo para ler em paralelo. Isso vai permitir um ritmo bom de leitura, sem que vocês cansem de “A ilha”. Em segundo lugar, aproveitem as mensagens e questionamentos trazidos pelo autor. A gente reflete ao longo da obra que passamos a duvidar da possibilidade de uma sociedade realmente perfeita.

Por fim, a obra é bem filosófica. Um livro que mistura romance com desenvolvimento pessoal, mas fiquem tranquilos porque a linguagem é bem acessível e de fácil compreensão.

Foram cerca de 3 meses para terminar o livro. Ao final, a sensação é apenas uma: Aldous Huxley é um gênio, uma escritor à frente de seu tempo. Ler “A ilha” foi uma experiência incrível e marcante!

site: https://www.instagram.com/book.ster/
LeandroCastro88 04/06/2020minha estante
Terminei de ler ontem! Cara... Realmente por vezes ele é bem cansativo. Segui sua recomendação de ler junto com outro. Foi ótimo!


Débborah 16/04/2021minha estante
Eu demorei 1 ano e 4 meses lendo a Ilha, e lendo sua resenha agora vi que (apesar do meu exagero) é normal ter esse tempo a mais mesmo




Fabio Shiva 14/04/2011

Este livro foi publicado em 1962, a última obra que o autor viu ser publicada.
Pode ser considerado o testamento de Aldous Huxley, o seu legado para a humanidade. Em minha opinião, a sua obra-prima e um dos melhores livros já escritos!

Li pela primeira vez em português, durante a adolescência. Ficou a lembrança de um livro muito bom, que eu deveria ler novamente algum dia. E agora tive a oportunidade de ler no original (“Island”), e a segunda leitura foi muito mais proveitosa que a primeira! É que eu mesmo avancei como leitor, e pude compreender melhor a profundidade da visão de Huxley.

Will Farnaby, um jornalista cético e aventureiro, que “não aceita um sim como resposta”, consegue vencer mil perigos e aportar em uma praia de Pala, a ilha proibida. É acordado pelo som de pássaros (mynah birds no original, creio que são parentes da gralha ou do corvo), que repetem sem cessar as seguintes palavras: “atenção” e “aqui e agora, rapazes”. Quando algumas adoráveis crianças encontram o náufrago Will, explicam para ele que os pássaros são ensinados a repetir essas palavras, para benefício dos habitantes humanos da ilha. “Mas por que?”, quer saber Will. Uma das crianças responde: “É que essas são as coisas mais fáceis de esquecer, ora!”

Esse é apenas o começo da história. No fundo, “A Ilha” é uma obra de filosofia disfarçada em romance. Apresenta a visão de um mundo ideal, tal como concebido por Huxley, talvez uma antítese à apavorante civilização descrita em “Admirável Mundo Novo”, sua obra mais conhecida. Escritor malandríssimo, para evitar que a descrição de uma sociedade perfeita fique tediosa, Huxley nos apresenta o paraíso na Terra justamente quando ele está para ser destruído. É que as tropas de Rendang, país vizinho de Pala, já estão se movimentando para invadir a ilha e tomar conta do precioso petróleo que jaz ali.

Poderia falar muito ainda, e ainda assim dizer muito pouco sobre essa obra, que só lendo para conhecer. Posso dizer apenas que, dos mundos perfeitos que já visitei graças aos livros (a República de Platão, a Utopia de Thomas More, a Nova Atlântida de Francis Bacon), foi em Pala que eu mais me senti em casa.

(12.04.11)



Comunidade Resenhas Literárias

Aproveito para convidar todos a conhecerem a comunidade Resenhas Literárias no Orkut, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
.
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
Edméia 10/09/2018minha estante
*Confesso que ainda não li nenhum livro desse autor e ... acho que este será o primeiro ! Obrigada pela sua resenha ! Boas leituras . Um abraço. P.S. - O Orkut não existe mais e faz tempo ! Você tem canal no YouTube ?!




natália rocha 05/04/2021

Infinitamente aqui e atemporalmente agora.
??A ilha?? foi o último romance escrito por Aldous Huxley, autor inglês conhecido principalmente pela sua distopia ??Admirável mundo novo??. Ao contrário de sua obra mais famosa, aqui somos imersos em uma utopia.

A história se passa em uma ilha fictícia chamada Pala, isolada do resto do mundo e com um funcionamento totalmente utópico. Nesse lugar, o consumismo não é incentivado e a busca pelo autoconhecimento é constante.

A narrativa é guiada pelo jornalista Will Farnaby, que vai parar acidentalmente na ilha após um naufrágio. Ao se deparar com uma sociedade completamente diferente da sua, ele passa a viver entre os habitantes da ilha e é guiado em uma jornada não só para conhecer o lugar e suas particularidades, mas também para conhecer a si. É incrível acompanhar essa jornada e sentir ao longo do livro Will se encantar com esse novo modo de viver.

Quem conhece um pouco a obra do autor sabe que ele costuma trazer reflexões sobre diversos temas, o que torna a experiência de lê-lo ainda mais rica. Aqui nesse romance não é diferente, em cada capítulo nos deparamos com um debate diferente entre Will ? o representante do nosso mundo ? e algum nativo da ilha de Pala. São inúmeros os temas dessas discussões, como religião e fé, o processo de morrer, núcleo familiar exclusivo e inclusivo, medicina não tradicional, criação de vínculos afetivos saudáveis, entre outros vários.

Um aspecto, no mínimo, curioso é que há uma família de grande importância em Pala que vai contra esse sistema sereno de civilização, defendendo o progresso tecnológico e o consumo desenfreado; e conforme a narrativa avança, nós, leitores, passamos a enxergá-los como vilões. Ou seja, enxergamos o nosso modo de vida atual como algo vil, detestável (!)

O livro é repleto de trechos muito bonitos e de grande profundidade, é o tipo de leitura que tu não sai ileso, algum aprendizado tu vai levar contigo.

Escrever sobre meu livro favorito foi um desafio, há muitos pontos que gostaria de desenvolver, mas fico por aqui. Espero ter te deixado com vontade de conhecer a ilha de Pala :)
Alê | @alexandrejjr 05/04/2021minha estante
Baita texto, Natália! Curtido aqui e no Instagram. ???




Evy 04/12/2021

Surpreendente
Eu já admirava demais a narrativa de Aldous Huxley depois de ler Admirável Mundo Novo e Contraponto. Ele já se encaminhava pra se tornar um dos meus autores favoritos quando comecei a ler A Ilha para uma LC com o Grupo de Leituras Entre Nós. Agora é oficial, Aldous Huxley é fantástico e eu leria até a lista de compras dele!

Will Farnaby sobre um naufrágio e se depara em um lugar misterioso chamado Pala, uma ilha totalmente desconhecida por ele. Aos poucos, Will vai descobrindo que a Ilha é diferente de tudo que já conheceu, e que seus habitantes são guiados por um desejo comum: a busca pela felicidade plena. Para isso, abrem mão do consumismo, da exploração da natureza, e do sucesso individual, o que foge demais do que estamos acostumados a viver em nossa realidade.

Obviamente que há alguns indivíduos na Ilha, levados pela ambição, que estão começando a questionar essa forma de vida e o que estão perdendo com ela. Conversando com vários habitantes, Will nos faz adentrar em Pala, um cenário utópio e onde os interesses coletivos estão à frente dos individuais. Aprendemos junto com ele sobre o sistema educacional de Pala, um dos capítulos mais fantásticos na minha opinião, que foca no autoconhecimento e nas diversas formas de aprendizado de um indivíduo, também sobre conceitos peculiares de unidade familiar que causa estranhamento mas nos faz refletir, e até mesmo a forma como encaram a sexualidade.

A Ilha é um livro filosófico, vai nos trazer reflexões abrangentes sobre a forma como vivemos e sobre como poderíamos nos relacionar não só com outros seres humanos, mas com os animais, a natureza e nossos próprios sentimentos. Um livro que merece uma leitura mais lenta e atenta, para que seja possível absorver todas as informações extremamente interessantes.

A densidade do tema é completamente amenizada pela narrativa de Huxley que é muito envolvente, acessível e de fácil compreensão. Uma experiência incrível de leitura e super marcante. Daquelas que a gente não termina do mesmo jeito que começou.

Super recomendo a leitura!
Tabata.Vieira 04/12/2021minha estante
Adorei! Adicionado na lista


Evy 04/12/2021minha estante
Ahhh que bom Tabata, fico muito feliz! Espero que goste da leitura!


Tabata.Vieira 04/12/2021minha estante
Acabei de comprar ele na Amazon.


Tabata.Vieira 04/12/2021minha estante
Vai ser meu livro de Dezembro


Evy 04/12/2021minha estante
Que legal, amei!!! Depois me conta o que achou!! Ah eu tenho um instagram literário, se quiser dar uma olhada e interagimos por lá também: @blog_entreaspas!


Tabata.Vieira 06/12/2021minha estante
Legal. Vou olhar




spoiler visualizar
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Luis.Sola 19/05/2021

O poder da consciência
Pra mim, o livro é uma aula de consciência em todos os sentidos. Confrontando o pensamento simples e, paralelamente, sofisticado da Ilha de Pala com as baboseiras que acreditamos e vivemos, aprendemos muito sobre como podemos rever nossas crenças e enxergar o mundo de outra forma.
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Sammy 17/10/2021

Perene e efêmero
Mais um livrão do Huxley. Eu só tinha lido um livro dele e já lhe considerava uma das minhas principais bases literárias e intelectuais. Se tivesse de escolher um estilo de escrita e literatura, unilateralmente seria o Huxley.
Mais um livro dele só reforça o quão eminente e fértil é a literatura desse cara.

Como sempre, os protagonistas de distopias inigualávelmente se revelam proeminentes em sua autenticidade e humanidade. Parece que eles carregam todo o sofrimento, desespero e solidão que o mundo pode oferecer, somado a eternidade que acompanha o pequeno coágulo do ser em constante e inexorável estado dantesco.
Eles marcam. Posso até me esquecer de seus nomes, mas nunca esquecerei de suas histórias e do sofrimento que os acompanhei trilhar irremediavelmente em direção a catástrofe do turbilhão que governa esse cosmos de caos e entropia.

"A consciência de que existimos era uma consciência de que sempre estávamos sozinhos."
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Joao.Paulo 26/12/2020

a
Obra totalmente utilitarista, Huxley parece um adolescente que acabou de se iniciar espiritualmente tentando transmitir isso da forma mais burra e funcionalista possível. O livro é repleto por parágrafos gigantes seguidos de uma linha do personagem estrangeiro perguntando ''e tal conceito? o que é isso?'' e coisas do tipo; só isso já demonstra uma ineficiência dramática e mecânica, é basicamente um movimento de pergunta e resposta com personagens que estão mais para seres vazios e funcionais do que para personagens em si.

Até existe um leve escape disso nos capítulos finais, mas que não chega a dar cócegas até voltar em sua narrativa infantil, com um moralismo disfarçado de tragédia. Para uma obra que tenta fundar uma sociedade diferente da capitalista ou comunista, focando em um humanismo e espiritualismo, ela não parece se preocupar em fugir de toda uma forma repressiva, talvez até mesmo reacionária, implícita em sua linguagem dura. Acaba dando mais a impressão de ser um livro de adolescente recém espiritualizado, que acha que consegue mudar o mundo só com suas ideias, esvaziando todo um agir (linguagem). Mesmo que as ideias da Ilha possam ser levadas em conta, antes precisariam ser retiradas desse ambiente juvenil, moralista e da pretenciosa e vergonhosa tragédia que ocorre nas últimas páginas.
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juliapassos14 31/03/2021

Nesse romance de Aldous Huxley, Will Farnaby amanhece na ilha Pala, após naufragar com seu barco em um período difícil de sua vida. Esta ilha foi fundada pelo velho Rajá e aparenta ser uma utopia realizada. Will permanece na ilha, conhecendo seu povo, suas crenças, sua educação, suas famílias etc.

Leitura bastante interessada, mas densa, sendo necessário ir com calma.
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Lis 10/07/2021

Chato demais
Sinceramente, me dói dar nota baixa pra Aldous Huxley, mas esse livro é horrível. Entendi que é um contraponto ao Admirável Mundo Novo: em ambos as pessoas buscam prazer e felicidade, mas em A Ilha há o livre arbítrio, a autodisciplina e consciência social e no Admirável Mundo Novo isto provém com o controle e manipulação por parte do estado.

Mas para expor esse raciocínio, Huxley usa uma história muito sem graça, um protagonista chato, um enredo que não chega em lugar nenhum, pra tentar ilustrar a utopia. Fora a viagem psicodélica em luz e cores... Acho que seria muito melhor um texto discursivo do que os intermináveis diálogos (quase monólogos) expositivos sobre a filosofia de vida proposta. Parecia uma espécie de O Monge e o Executivo. Decepcionante.
Pedro Possidonio 10/07/2021minha estante
Aldous Huxley e nota baixa = justiça sendo feita xD


Lis 10/07/2021minha estante
Pior q eu acho q vc vai gostar do livro kkkkkk




giani.romao 16/02/2023

LIVRO DIFÍCIL
A leitura é maravilhosa sem dúvida, mas o entendimento profundo da obra e da verdadeira proposta do autor é bastante difícil.

Ao ler fiquei bastante incomodada com os personagens, principalmente Will Farnaby, pois apesar de vivenciar os dramas dele não consegui me identificar com ele, depois pude entender esse meu sentimento ao ler ?Dois estudos sobre Aldous Huxley? do Olavo de Carvalho.

Aproveitando que estou citando este estudo há uma definição do Olavo sobre o livro que resume bem a obra ?a Ilha é o mundo criado pelas utopias psicoterapêuticas e orientalistas dos anos 50-60?, ou seja, ?A Ilha não é a tragédia de um paraíso de liberdade destruído pela invasão de militares malvados: é a tragédia da autodestruição de uma utopia intrinsecamente má e mentirosa envolta em belas palavras?.

E conclui ?Aldous Huxley escreveu este livro para nos advertir da culpa monstruosa que se oculta por trás da inocência dos idealistas. ?

Enfim fui eu batida de frente com essas sedutoras mentiras durante esta leitura.
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desto_beßer 23/11/2009

Delírios tropicais
Este livro é ruim, pavorosamente ruim. O que poderia ser mais enfadonho do que uma longa tagarelice contra o modo de vida Ocidental, o capitalismo, a sociedade de consumo, a massificação da cultura e todos estes tópicos extasiantes das aulas de iniciação revolucionária do proletariado unido? Resposta: “A Ilha”, que tenta mostrar um mundo além do Ocidente baseando-se no criativo budismo de Estado, uma mistureba de ideologias totalitárias e pseudociência tosquíssima. Todos –absolutamente todos- os moradores da ilha de Pala, a “New Harmony” de Robert Owen tropical e picante, são excepcionais oradores e proselitistas do sistema social e de governo da ilha, aspergindo destramente toda a verborréia metafísica do lugar em qualquer incauto que passar pela frente. Aliás, não só os homens e mulheres poderiam cada um abrir sua seita: até os passarinhos piam auto-ajuda (sério!) e palavras de ordem. O herói do romance, fosse o livro mais realista, de tanta doutrinação que ouviu em sua curta estadia no local, certamente seguiria a deixa de van Gogh: acaba-se a leitura sabendo-se desde a maneira certa de criar uma criança até como se faz sexo tântrico, passando por outros temas empolgantes como o sistema educacional e os ritos mortuários dos palaneses.

A vida inteirinha dos ilhéus é regulada por um conjunto de regras e conceitos baseados naqueles fatos factuais que todo Estado totalitário sabe de cor acerca da verdadeira natureza humana e da criação do Homem Novo, e que só dão certo em um povo imbecilizado e entorpecido – e em Pala não é diferente. Desde pequeninos os habitantes são encorajados a refletir sobre a psicologia hare krishna esotérica dominante e só se tornam adultos após uma cerimônia de iniciação regada ao milagroso moksha – o “cachimbo da paz” dos uga-bugas palaneses. Ao longo da vida, quando a realidade esganar os dentes frente às alegrias pululantes da vivência comunal, o auxílio da erva é regra – o que não é de se estranhar. Num mundinho tão chato, forçado, cansativo e idiota, no qual diálogos como este são praxe...

“- A essência da “essência” é atingida quando tiver aprendido a prestar cada vez maior atenção ao não eu que existe no seu próprio organismo (suas sensações gástricas). Subitamente percebe que está prestando atenção ao não eu que existe nos recantos da sua consciência. Talvez seja melhor que inverta inteiramente a ordem do meu raciocínio. O não eu que existe nos recônditos da consciência de cada um achará mais fácil se fazer conhecido por um eu que tenha aprendido a ter maior consciência do seu não eu fisiológico.”

...a taxa de suicídio por qualquer um que tenha um tacape por perto seria elevadíssima, não fossem os ‘tóchicos’ subsidiados pelo próprio governo.

O pior do livro é que Huxley o escreveu a sério, sendo uma síntese de sua visão amalucada de uma sociedade utópica. Coroou, assim, com um tremendo abacaxi o fim de sua carreira literária. Pode-se pensar que, talvez, talvez, o velhinho percebesse que suas doutrinas de Pala são basicamente as mesmas usadas nas sociedades super-controladas de seus outros livros (como em “Admirável Mundo Novo”), porém sob uma camada de açúcar e inventividade new-age, o que tornaria o livro uma sátira modernosa das ditaduras de outrora. Porém, sinceramente, pensar assim requer uma altíssima dose de bondade e wishful thinking palanês: quem define o câncer da maneira seguinte já demonstra a que veio.

“- É o que acontece quando uma parte de você se esquece do todo e começa a agir como as pessoas loucas: vai crescendo, crescendo, como se nada mais existisse no mundo. E esse crescimento geralmente só pára quando a pessoa morre.”

RIP
Marcos 01/05/2010minha estante
Talvez com um pouco menos de agressividade na escrita, sua resenha seria mais bem recebida. Eu procurei abstrair isto e até gostei do que você escreveu, embora eu tenha interpretado de um modo diferente. Acho que sua resenha complementa bem a minha. Porém, penso que deveria dar um pouco mais de valor à tentativa do autor em expor aquilo que ele acredita (e diga-se de passagem, o fez muito bem, descrevendo diferentes aspectos de uma sociedade, o que não é fácil). Huxley morreu na década de 60, sem ter tempo de ver em prática aquilo em que ele acreditou. Penso que A Ilha não mancha sua carreira literária, muito pelo contrário: a enaltece. Um bom escritor também precisa se expor.


Arthur.Valenca 24/09/2010minha estante
Uma resenha medíocre. Muito grande e desrespeitosa. Vc pode ñ gostar de um livro, e expressar seus motivos, mas você se excedeu um pouco...enfim, talvez o monge e o executivo seja mais a sua praia. Se me permite, eu o classificaria no q Schopenhauer veio classificar como "Eruditos de Peruca" - ñ é uma ofensa, apenas um convite a vc tentar rever certos hábitos autodestrutivos q muitas vezes são praticados inconscientemente.


desto_beßer 24/09/2010minha estante
Caro Arthur,
Farei uma resenhas com 140 caracteres e elogiando Huxley da próxima vez.
E, enquanto leio Schopenhauer, procure no Google por "ad hominem", tá bom?


Andarilho 18/07/2011minha estante
Gostei da sua resenha, e discordo de tudo que você disse. Acho que parte da chatice que você percebeu no livro é decorrente do objetivo do próprio Huxley, que era realmente fazer uma crítica à sociedade ocidental. Realmente, um lugar onde todas as pessoas sabem de cor e salteado os princípios do governo central, e que não perdem a oportunidade de doutrinar um estrangeiro lembra muito os chamados "comunistas de cartilha", aqueles que entram no PSOL ou PSTU e aprendem Marx lendo o material editado e escrito pelo partido. Entretanto, acho que isso se deve mais à estrutura do livro e da narrativa escrita - seria difícil falar da "sociedade perfeita" sem que no mínimo um personagem ou dois virassem "Os Explicadores da Coisa Toda".

Ao contrário de você, acho que "A Ilha" é o melhor livro de Huxley, por trazer em si idéias que o autor levou uma vida inteira para amadurecer.

Mas, enfim, interpretações divergentes são parte da experiência de ler um livro. Gostei da tua justamente por ser tão diferente da minha.


O Estrangeiro 10/09/2012minha estante
O que poderia ser mais enfadonho do que uma longa tagarelice contra o modo de vida Ocidental, o capitalismo, a sociedade de consumo, a massificação da cultura e todos estes tópicos extasiantes das aulas de iniciação revolucionária do proletariado unido? Resposta: Um pseudo-intelectual de direita.


desto_beßer 10/09/2012minha estante
Ai, que tristeza ler um comentário tão profundo à minha resenha quanto mais um "ad hominem"...

Mentira, esse tipo de atitude é mais do que esperado e não é à toa que se repete!


Renata 25/07/2014minha estante
Que bom que cheguei a esta resenha!! Estava me perguntando qual o meu problema diante de tantas experiências positivas e embevecidas. Achei a história toda muito mais ou menos, e não me refiro nem à politicagem do negócio, mas à improbabilidade de que uma pintura tão dicotômica, tão maniqueísta dos seres humanos e das sociedades possa ser feita a sério.


Debora696 04/12/2014minha estante
Estou lendo esse livro e pensava em fazer uma resenha, mas você já expressou um pensamento parecido com o meu. De fato, "A Ilha" é uma outra faceta do admirável mundo novo, regada a orientalismo e bobajada hippie.


Edgar.Felix 27/03/2015minha estante
Desculpe-me, mas acabei de chegar. Minha pergunta é, tem que ser tão inteligentes quanto vocês para ler um livro e achar bom. Porque pelo o que lí nos comentários desta resenha é que há uma discursão politica incutida em suportar conceitos políticos do livro em questão. Meu repertório de livros é curto, acabei de ler 1984 e achei formidável, leiturá que deveria ser de todo brasileiro comprida, principalmente em nossa época, em que somos tão facilmente manipulados.


Orlando 09/10/2015minha estante
achei um livro fraco, não ruim, só fraco... não diverte, não empolga, não vai pra frente, a narrativa simplesmente não tem fluidez nenhuma, parece tão somente um gui de como construir uma utopia a partir das "lições" dadas pelos moradores de Pala ao visitante e conspirador Will Farbaby... A Ilha é uma manifesto em prol de um mundo melhor, um guia passo-a-passo e detalhadinho para isso...

Sinceramente estava esperando outra coisa, pois o livro começa com ares de que uma boa conspiração irá ser a tônica da narrativa na ilha utópica... a conspiração há, mas ela não acontece como história, como trama ou como fio condutor da narrativa... páginas e páginas "ensinando" nosso protagonista a ser uma pessoa melhor, mas sem ser no curso narrativo. Uma pena...

Talvez ter conhecido Huxley em Admirável Mundo Novo há anos atrás e depois ler A Ilha é uma experiência até frustrante... vale a leitura? sim, se você estiver intercalando com outro livro talvez sinta outra fluidez, mas se você quiser uma boa HISTÓRIA e BEM NARRADA, sinto muito, não é esse o livro.

Concordo com o amigo, não nas mesmas palavras, mas concordo


Rafael.Dias 04/10/2018minha estante
Sempre bom poder topar com uma resenha de crítica negativa longa e bem desenvolvida aqui no site; mas a sua se perde em exageros descabidos, tanto e de forma tão tosca, que termina completamente sem credibilidade. A coisa mais óbvia e importante a se depreender da sua crítica é o viés e a enorme má vontade com que você leu um clássico de um dos maiores intelectuais ingleses do século XX, aparentemente por meras discordâncias ideológico/políticas. Ora, não é preciso concordar para apreciar; pelo contrário, é preciso sim colocar certos pré-conceitos em suspensão para se permitir obter aquilo que a literatura tem de melhor a oferecer: uma abertura para a reflexão, para o contato com novas ideias e sensibilidades. Sua crítica é puro lixo... não agrega, apenas tenta destruir com ranço e ressentimento. Lamentável.




Diego Rodrigues 19/11/2021

Seria a utopia alcançável?
Nascido no condado de Surrey, Inglaterra, em 1894, Aldous Huxley foi um dos maiores escritores e pensadores de seu tempo. Antes de se dedicar a escrita formou-se em medicina, curso que quase não concluiu devido ao agravamento de uma doença oftalmológica. O mesmo problema o deixou de fora da Primeira Guerra Mundial, experiência que acabou sendo fundamental para que Huxley desenvolvesse seu senso crítico político e social, enquanto assistia aos horrores da guerra de uma perspectiva mais ampla. Publicou sua primeira obra em 1921, depois vieram inúmeros contos, poesias, ensaios e romances, sendo os mais famosos deles: "Contraponto" (1930) e "Admirável Mundo Novo" (1932). Dono de uma mente questionadora, ao longo de sua vida também se interessou por temas como filosofia, meditação e experiências extrassensoriais, muito disso pode ser conferido em seu ensaio "As Portas da Percepção" (1954). Foi nomeado nove vezes para o Nobel de Literatura, mas não chegou a levar o prêmio. Faleceu em 1963, depois de uma luta contra o câncer. Em sua hora fatal pediu para que a esposa lhe injetasse uma overdose de LSD.

Publicado pela primeira vez em 1962, "A Ilha" é o seu derradeiro romance. Ao contrário do que fez em "Admirável Mundo Novo", aqui Huxley nos apresenta uma utopia. Após sofrer um naufrágio, o jornalista Will Farnaby vai parar na ilha proibida de Pala e lá entra em contato com uma civilização utópica que vive isolada do resto do mundo. Unindo o que há de melhor entre Ocidente e Oriente, ciência e religião, os palaneses levam uma vida bem diferente da nossa, marcada pelo não-consumismo e o não-avanço tecnológico desenfreado, e regada a ioga do amor e ao uso de uma pílula capaz de expandir a consciência. As crianças recebem educação sexual nas escolas, há controle populacional e, consequentemente, não há miséria. Sim, estamos falando de uma sociedade perfeita. Mas que se vê sob a ameaça de um futuro jovem líder reacionário.

Tem muito mais a falar sobre Pala, mas não quero entregar demais, afinal, desvendar os segredos da ilha faz parte da experiência de leitura. Mas esse nem é o principal ponto do romance, a obra propõe tantas discussões que a trama acaba ficando em segundo plano. Eu diria que "A Ilha" é o casamento perfeito entre ensaio e ficção. É como se Huxley não se contentasse apenas em explicar suas teorias e resolvesse demonstrá-las na prática. Ele não apenas critica, por exemplo, os métodos tradicionais de ensino, os dogmas religiosos e a indústria farmacêutica, como propõe alternativas. Cabe até uma reflexão sobre Hitler e Stálin e o que poderíamos fazer para impedir que novos Hitlers e Stálins surjam. E quem já leu "As Portas da Percepção" vai ver o autor revisitando o tema, dessa vez imaginando a droga "reveladora da verdade" aplicada em larga escala. Assim como Will, nós também acabamos sofrendo um choque cultural ao longo da leitura e somos convidados a refletir e a reimaginar a sociedade em que vivemos e questionar seus valores.

Em "A Ilha" você não irá encontrar personagens bem desenvolvidos nem grandes plot twists. Não é o tipo de livro que tenha muita ação, mas que faz pensar. Já mais maduro e com a escrita mais refinada, em seu último romance Huxley propõe debates no campo político, social, filosófico, religioso e até psicológico, e nos deixa com a intrigante pergunta: Seria a utopia alcançável?

site: https://discolivro.blogspot.com/
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