Mayombe

Mayombe Pepetela




Resenhas - Mayombe


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Bookster Pedro Pacifico 25/05/2022

Mayombe, de Pepetela
Escritor angolano, vencedor de vários prêmios literários, Pepetela foi o escolhido para representar o seu país no Bookster pelo Mundo! Mayombe é um de seus livros mais importantes, tendo sido incluído por vários anos em listas de vestibulares aqui no Brasil.

Publicado em 1979, a obra narra a luta dos combatentes do MPLA pela libertação de seu país contra as tropas portuguesas. O cenário principal é Mayombe, uma floresta tropical em que soldados de diferentes tribos da Angola passam um longo período à espera de um conflito armado contra o inimigo comum. A floresta e a guerra são personagens importantíssimos da narrativa e estão presentes ao longo de toda a leitura.

Ao mesmo tempo, há diversos personagens humanos que compartilham a tarefa de narrar a história. São vozes de diferentes tribos angolanas e que mostram a diversidade cultural e social no país. É uma Angola que busca não só a libertação do colonizador, mas também uma identidade e união interna. O autor ainda consegue mostrar o lado humano daqueles que vivem a guerra na linha de frente. E os próprios apelidos dos personagens são capazes de revelar suas características.

Confesso que, inicialmente, a leitura não foi das mais fáceis. Tive dificuldade de identificar os personagens nas cenas iniciais e diálogos construídos pelo autor - e acho que os apelidos pouco comum dos combatentes possa ter contribuído para isso. Mas a partir da segunda parte do livro, consegui me envolver mais com a história e entender melhor a dinâmica de conflitos que preenchem a obra. Para finalizar, a live que fizemos no Clube do livro com uma especialista no tema foi essencial para enriquecer a experiência da leitura!

Um livro denso que reune de forma muito interessante os conflitos armados que marcaram a história da Angola com os aspectos humanos, mais profundos, que compunham a sociedade daquela época! Recomendo uma leitura sem pressa e com atenção aos detalhes e à escrita poética do autor.

Nota 8,5/10


site: http://instagram.com/book.ster
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Matheus 15/08/2020

Uma história de contradições e de lutas
Mayombe não é só romance ficcional, também é registro histórico. É uma história de guerra, de amizade e de amor.

O livro mostra a luta dos guerrilheiros para a independência de Angola, então colônia portuguesa. E o faz não somente contando os fatos da guerra, mas transportando o leitor ao momento.

Ao mesmo tempo que há conflito armado, existe paixão e ciúmes, ternura e traição, amizade e desconfiança.

Passamos a conhecer o íntimo de cada personagem, sua história, suas motivações, seus traumas, medos e sonhos.

A narrativa permite, através da ótica de cada personagem e das atitudes tomadas por cada um, compreender as dificuldades enfrentadas pelo movimento, como o tribalismo e a corrupção agem como impedimentos ao progresso da luta.

O livro também instiga várias outras reflexões sobre a exploração imperialista contra o povo angolano, sobre desigualdades sociais e de gênero e sobre os terrores da guerra.

Vale salientar o papel da floresta tropical que dá nome ao livro. Mayombe, além de principal cenário, é personagem. Onipresente, austera e ao mesmo tempo dádiva.

Mayombe é uma história de contradições e de lutas porque é marcado por elas: luta por independência, luta de classes, luta pela sobrevivência e luta por um sonho, seja esse um amor ou de se encontrar no mundo.
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dani 30/12/2021

" - Todos nós somos uns solitários - disse Sem Medo. - Os solitários do Mayombe!"
O livro acompanha um grupo de guerrilheiros contra a opressão portuguesa na Angola. Partindo dessa premissa, não esperava encontrar uma narrativa tão emocionante e delicada.

A escrita de Pepetela me encantou desde o primeiro parágrafo. As motivações dos personagens e a diversidade de vozes narrativas foram elementos cativantes. A cereja do bolo é o Sem Medo, todas as falas dele são maravilhosas.

Só acabei confundindo um pouco os personagens (por serem muitos!), deveria ter feito anotações para servir de guia ao longo da leitura. Outro fator que também teria melhorado minha experiência, seria conhecer mais a história da Angola.
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Elisa.Aguiar 12/10/2020

Confesso que só li Mayombe por causa da fuvest, mais me surpreendi com um livro incrível com uma história forte, humanizada que tem muito à nos ensinar. É um livro realmente incrível que todos deveriam ler um dia.
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Rosa Santana 19/06/2014

MAYOMBE - Pepetela, Dom Quixote, 290 páginas

Esse é o terceiro livro do autor que leio. O primeiro, O Cão e os Caluandas, me deixou encantada com a forma com que o autor montou a narrativa. Fui ao segundo - A Sul. O Sombreiro - que, por outros motivos, tb me encantou. E, agora, vamos a Moyombe! De conteúdo histórico e revolucionário, o romance conta a história da luta do MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola contra os dominadores, portugueses.
Apesar de seu conteúdo um tanto "político", o livro não se encaixa na chamada literatura engajada, aquela panfletária, porque traz valores universais para a discussão. Como por exemplo, as reflexões de Sem Medo, um dos personagens que assume o comando do grupo. Elas são de uma coerência e de uma lucidez que me encantaram. O personagem vive, realmente, o que prega acerca do socialismo, não medindo esforços para demonstrar isso. Gosto muito de personagens assim. São difíceis de ser construídos porque lógicos e, conseqüentemente, necessitam de muito estudo por parte de quem os constrói. O nome dele (ou apelido de guerrilheiro) já diz: o que não teme a opinião dos outros, as convenções sociais que estão cristalizadas no inconsciente coletivo! E essa ausência de temor se revela claramente no final da história, na íntegra.
Outra característica do autor de que gosto muito é a variação do foco narrativo. Aqui várias personagens se colocam como narrador, "revezando-se" nesse papel. E isso fornece ao leitor um leque mais amplo, dado serem as análises e ponderações provindas ora de um, ora de outro, e tendo cada um suas peculiaridades, uns mais práticos, outros mais sensitivos e idealistas. Parece-me, na prática, o socialismo que o autor prega: todos tem os mesmos direitos, inclusive o de se constituírem narradores de sua história e da de seus companheiros!
Os nomes que os guerrilheiros recebem quando são aprovados no MPLA tem carga semântica reveladora, já que, por si só, apresentam dados importantes à caracterização dos seus donos, ganhando, assim, bastante relevo. Como o Sem Medo, há o Teoria, o Novo Mundo, entre tantos outros a desfilar diante de nós, com seus conflitos internos, suas carga de humanidade e sua adesão a um movimento que lhes dará um poder muitas vezes questionado.
O romance faz, principalmente, a análise do tribalismo e da diversidade de mundos o do intelectual, o do homem do povo, o de seres humanos tão distintos, por valores tribais - que fazem uma revolução...

Trechos que destaco:

"Trago em mim o inconciliável e é este o meu motor. Num universo de sim ou não, branco ou negro, eu represento o talvez. Talvez é não para quem quer ouvir sim e significa sim para quem esperava ouvir um não. A culpa será minha se os homens exigem pureza e recusam as combinações? Sou eu que devo tornar-me em sim ou em não? Ou são os homens que devem aceitar o talvez? Face a este problema capital, as pessoas dividem-se aos meus olhos em dois grupos: os maniqueístas e os outros. É bom esclarecer que raros são os outros; o mundo é geralmente maniqueísta." - 07

"...A certeza de que estava perdido foi tão grande que decidi que o inferno não existia, não podia existir, senão eu estaria condenado. Ou negava, matava o que me perseguia, ou endoidecia de medo. Matei Deus, matei o Inferno e matei o medo do Inferno. Aí aprendi que se devem enfrentar os inimigos, é a única maneira de se encontrar a paz interior." - 37

"Ele tem uma Bíblia... Toda a verdade está escrita, gravada em pedra, nem dois mil anos de história poderão adulterá-la. Felizes os que creem no absoluto, é deles a tranquilidade de espírito! Não queres ser feliz, seguríssimo de ti mesmo? Arranja um catecismo..." - 141

"Tornar-se homem é criar uma casa à volta, cheia de picos que protejam, uma casca cada vez mais dura, impenetrável. Ela endurece com os golpes sofridos." - 153

"Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios. Queremos ser livres, fazer a nossa vontade, e a todo momento arranjamos desculpas para reprimir nossos desejos. E o pior é que nos convencemos com as nossas próprias desculpas, deixamos de ser lúcidos. Só covardia. É medo de nos enfrentarmos, é um medo que nos ficou dos tempos do em que temíamos a Deus, ou o pai, ou o professor, é sempre o mesmo agente repressivo. Somos uns alienados. O escravo era totalmente alienado. Nós somos piores, porque nos alienamos a nós próprios. Há correntes que já se quebraram mas continuamos a transportá-las conosco, por medo de as deitarmos fora e depois nos sentirmos nus." - 208

"Acho que o que nos separa é a linguagem. Não temos a mesma linguagem. " - 235

"Raciocinamos em função da cultura judaico-cristã europeia,em que o homem tem de ser ciumento, porque é o bode do rebanho, e a mulher, sua propriedade." - 212

"Sempre quis ultrapassar o meu lado humano. Ser Deus ou um herói mítico." - 253

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Nicolas388 26/05/2023

"Vou contar a história de Ogun, o Prometeu africano"
Mayombe é um livro interessante, com uma narrativa um tanto diferente. Não no sentido de que seja uma história cheia de experimentalismos, mas há muitas digressões, além de ser é um relato que intercala entre primeira e terceira pessoa de uma forma singular. Há o narrador onisciente, que descreve os cenários e se chega até os sentimentos de seus personagens, entremeados, de vez em quando, com pequenos relatos pessoais dos muito personagens dessa história (e como são muitos). É difícil escolher um único protagonista, mas o personagem que mais se aproxima disso é o Comandante, ou como é conhecido por seu nome de guerra: Sem Medo.

O autor examina não apenas a luta contra a ocupação colonial, mas também as tensões internas entre os guerrilheiros, as divisões ideológicas e os desafios logísticos que enfrentam. Essa abordagem multifacetada proporciona uma compreensão mais profunda do contexto histórico e das complexidades da luta pela independência. As descrições que Pepetela faz das paisagens do Mayombe são evocativas, belíssimas, quase palpáveis. No entanto, apesar de tantos elogios, senti falta de alguma coisa, um aprofundamento em seus personagens, que muitas vezes parecem o mesmo ser. Ou talvez faça parte das intenções do autor, querer representar esse organismo coletivo, diferente e ainda tão parecido do povo angolano, algo que, ainda que intencional, não os impede de parecer unidimensionais.

É uma leitura essencial para aqueles interessados na história e cultura de Angola, além de ser uma obra literária notável em si mesma, o que torna este romance uma contribuição significativa para a literatura angolana e africana como um todo.
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Reiko 16/01/2021

Super Indico
É maravilhoso, ele acaba e você continua na história. Ele é aquele que te deixa na ressaca literária!! Vale muito ler essa obra, ensina um pouco sobre os conflitos que houve na África, de um jeito que ninguém conta. Tem um ar feminista, porém não é algo que fica preso. A forma escrita, as "brincadeiras" em sua estrutura, uma leitura linear... Perfeito!!
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Lorena 24/05/2020

Apesar de ser um livro de vestibular, muitas vezes considerado massante, Mayombe nos ensina muitas lições importantes e tem um final emocionante.
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Mari 18/07/2020

Lista de livros- FUVEST 2021
Uau!! Achei que nenhum livro seria tão bom quanto Nove Noites, mas me enganei!
Mayombe realmente me surpreendeu. A história é extremamente envolvente, principalmente na segunda metade do livro.
Alguns personagens realmente me cativaram... o autor soube retratar bem a humanidade de cada um, com as qualidades e os defeitos dos principais guerrilheiros.
A linguagem mais fácil do livro deixou a leitura ainda mais fluida - mas destaco que o glossário foi essencial; sem ele eu nunca entenderia algumas palavras de línguas africanas.
Gostei demais!!
Vitoria 19/07/2020minha estante
Nossa eu lembro que no começo era tanto nome que eu ficava perdida, não conseguia decorar nenhum




FM 07/01/2021

Uma visita a história de nossos irmãos angolanos.
Teoria, Sem medo, ingratidão, milagre ( da Bazuka ), lutamos, mundo novo,
Comissário....
Todos lutando contra o " imperialismo''
Tribos. Kikongos, Kimbundos, Dembos, umbundos, Combos, Nambuangongos
Ao mesmo tempo existe uma luta interna... Até onde a ideologia consegue superar o tribalismo, em uma luta que busca unificar o soldados em prol de uma única causa ?
A obra mais contuada , do mais famoso dos escritores angolanos - Mayombi , publicado em 1980 - narra , com alguns afagos e críticas, a luta pela independência de Angola durante a década de 1970.
Pepetela é um dos autores , de língua portuguesa, mais aclamados da contemporaneidade.
Sua obra, se debruça sobre os fatores e consequências , desse conflito, com a premissa de quem teve um papel de codjuvante, nos acontecimentos, já que Artur Carlos Maurício Pestana - Pepetela- lutou junto ao MPLA ( Movento Popular de Libertação de Angola), essa experiência é narrada pelo próprio autor, em diversas entrevistas e textos , disponíveis na internet.
É fabulosa sua descrição sobre como ocorreu o processo de escrita de Mayombi.
O personagem de " Sem Medo", parece ter saído da celebre frase atribuída ao Guerrilheiro Ernesto Che Guevara " hay que endurecerse, Pero sim perder lá ternura jamás" ( não existem.evidencias que Che Guevara realmente tenha dito está frase, mas foi por conta dele que ficou famosa).
Seu português, carrega a elegância da língua mãe, sem perder o desejo de emancipação.
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JAlia 12/04/2021

Muito bom!
Superou minhas expectativas, pesquisar pela vida de Pepetela é ótimo! O entendimento da história se torna mais incrível ainda! Vale a pena ler
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Phelipe Guilherme Maciel 05/06/2018

Este livro conta a história de Ogum. O Prometeu Africano. Será?
"O Mayombe começa com um comunicado de guerra. Eu escrevi o comunicado e...o comunicado pareceu-me muito frio, coisa para jornalista, e eu continuei o comunicado de guerra para mim, assim nasceu o livro." - Pepetela.

Mayombe é o primeiro romance de Pepetela, nome de guerra de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos. Pepetela foi guerrilheiro do MPLA (Movimento Pela Libertação de Angola). É curioso o fato deste livro se chamar MAYOMBE.... Poderia ter um nome muito mais revolucionário, idealista, que traduzisse o esforço de guerra, a bravura dos guerrilheiros, ou o mote da revolução. Porque este livro se chama Mayombe, e não: Morte aos Tugas!?
Acredito que o principal motivo seja que a Mayombe, a grande floresta onde boa parte da trama acontece, é o personagem principal do livro, e a força de onde tudo nasce. E também é importante citar que este é um livro sobre guerrilha que não fala de guerrilha.

Neste livro veremos principalmente a relação dos personagens com a floresta e seus dilemas pessoais, tribais, e a luta dos intelectuais para se encaixar aos ideais revolucionários comunistas. Ações de guerra são raras, Os portugueses e angolanos se enfrentam em duas batalhas durante todo o livro, e os Angolanos fazem algumas poucas ações de guerrilha para desmoralizar o inimigo em outros episódios. Eles estão muito mais em guerra com seus interiores do que com o inimigo.

O foco desse livro é desnudar os personagens. E o mais cômico é que os personagens são desnudados até a alma, e não sabemos o nome real da maioria deles. Todos são apresentados com seus nomes de guerra. Sem Medo, Muatiânvua, Comissário, Das Operações, Teoria, etc. Raros são os personagens que saem do nome de guerrilha e sabemos seus nomes reais. Mas através de um narrador onisciente e de pontos de vista em Primeira pessoa onde o escritor dá voz aos principais personagens, saberemos o mais profundo da alma de cada um deles. Por isso acredito que a guerra pela libertação de Angola contra Portugal é apenas um cenário, e como disse o próprio Pepetela, o livro surgiu de uma obrigação sua de passar um telegrama de guerra. É apenas o rastilho de pólvora que deu origem a tudo. Pepetela atuou na guerra como Comissário, era um dos Intelectuais.

É maravilhosa a consciência política do autor, escancarada nos debates políticos protagonizados principalmente entre Sem Medo, o líder do grupo guerrilheiro e O Comissário de Guerra, que é o intelectual responsável pela educação política do grupo. Outros grandes embates de opiniões são protagonizadas com personagens secundários da mesma forma.
No decorrer das páginas 110 a 155, percebemos claramente que o autor não estava afogado na cartilha Marxista e conseguiu desenhar muito bem o destino fatídico de todo movimento popular que chega ao poder, e as demagogias e paradoxos no discurso mobilizador.
O livro passa a ideia clara de que o MPLA considerava que o MOVIMENTO suplantaria a CRISE TRIBAL complexa de Angola, que já estava desenhada na época da luta armada contra Portugal e que culminaria na sangrenta Guerra Civil Angolana, logo após sua independência.
Os vários pontos de vista dos guerrilheiros que já citei aqui que desnudam suas almas, também esclarecem que a questão tribal não poderia ser resolvida apenas com discursos sobre União Nacional.
O maior inimigo do povo angolano, portanto, não eram os Tugas, mas sim, o próprio povo, fragilizado por séculos de colonização e catequização depreciativa de sua própria história. Eram vítimas e algozes ao mesmo tempo.
Um ponto marcante a se observar é a deposição de André do posto de Líder geral da região, após a descoberta de seus crimes de desvio de verbas, e sexo com mulheres casadas. Em seus pensamentos, ele confidencia ao leitor que basta fazer uma autocrítica, e tudo se resolveria. Não iriam puni-lo como ele deveria ser punido. Além da firme convicção de seu próprio poder, ao ridicularizar o líder comunista Lênin, ele ridicularizava o próprio MPLA.
Esse flagrante caso de corrupção antes mesmo de o movimento se instalar no poder evidencia que o escritor, Pepetela, já percebia desde cedo que o movimento estava fadado ao fracasso de tentar levar a cabo um projeto utópico. Inclusive, já integrante do governo angolano pós Guerra Civil, Pepetela escreveu outros livros que criticam a fome de poder dos novos comandantes da nação, além de fazer uma autocritica a si próprio e aos intelectuais do povo. Pepetela também acaba por se afastar do poder e se dedicar somente a escrita e a profissão de Professor.
Mayombe é o grande personagem principal pois todos se utilizam dela para tudo. Ela é a maior aliada dos guerrilheiros, mas somente após eles próprios aprenderem a tê-la como aliada. Ela, que fornece abrigo e alimentação, também os maltratava e machucava quando estes eram estranhos. Eles a tratam como divindade: O Deus Mayombe. O Deus das matas para os Iorubás (Nigerianos) é Oxóssi. Para os guerrilheiros Angolanos, era Mayombe.
O narrador nos informa que contará a história de Ogum, outro Deus Iorubá, que é o Deus da Guerra, como se esse fosse o Prometeu Africano. Ogum é claramente sintetizado em Sem Medo, o grande guerrilheiro, mas cabe aqui lembrar que Ogum é um Deus Iorubá, ou seja, Nigeriano. Ogum é Ioruba e foi para o Brasil na rota dos escravos, em Angola não é conhecido. Isso é apenas um modo do escritor criar um legado cultural para a África.

Uma divagação afro-religiosa:
Questiono no título dessa resenha se Ogum seria realmente o prometeu Africano... Talvez não. Ogum pode ser Sem Medo. Mas o Prometeu Africano ao meu ver seria Exu. Este é o Orixá perfeito para desobedecer as ordens de outros deuses, seja em proveito próprio ou proveito da humanidade.
Mayombe seria Oxóssi. Sem Medo seria Ogum. Exu seria o Prometeu Africano.

Mayombe é um livro que deve ser lido. É a primeira obra angolana que dessacraliza os heróis. É também um livro contra o dogmatismo político. 9/10 estrelas.

"Angolano segue em frente o teu caminho é só um...
Se você é branco isto não interessa ninguém...
Se você é mulato isto não interessa a ninguém...
Se você é negro isto não interessa ninguém...
Mas o que interessa é a tua vontade de fazer Angola melhor...
Uma Angola verdadeiramente livre e democrática".
(Teta Lando - Musico Popular Angolano)
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Juliana.Rissardi 28/06/2020

Esse livro, ao mesmo tempo que me aborreceu, explodiu minha cabeça de reflexões. Fala pouco sobre a Independência Angolana e muito sobre a psicologia do homem. Foi uma leitura muito diferente do que eu estava acostumada, ao menos esse ano, então foi difícil virar a chave do meu cérebro. Isso é bom, pois não podemos nos acostumar com um tipo de leitura em específico....
Melhor frase do livro que diz muito sobre mim:
"Queremos ser livres, fazer a nossa vontade, e a todo o momento arranjamos desculpas para reprimir os nossos desejos"

Bem resumidamente, a história nos ensina através das questões do tribalismo, que o homem separado não faz a revolução!!!! O objetivo em comum, deve ser o maior motivo para os homens de diferentes tribos resolverem suas divergências e fazer cair o inimigo!

Sem o povo, e com preguiça intelectual, não se muda nada!

Algo que sempre me incomoda muito é ler em livros relativamente recentes, o papel da mulher tão sexualidado e sempre levado para o lado do aconchego e amoroso... Enquanto os de coragem e os heróis são sempre os homens. Esse é um dos motivos de eu a cada dia me descontruir piscologicamente e fisicamente da forma que a sociedade construiu a mulher. Sei que já conquistamos muito, mas sei que há muito o que lutar.
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Bia 28/12/2021

Segundo contato com literatura africana
O que mais gostei nessa leitura foi a quantidade de informações novas para mim.
Não conhecia nada sobre a luta de Angola pela independência, nem sabia da existência do chamado "tribalismo".
Foi muito interessante também ler as variações do português angolano comparado com o português do Brasil.
Gostei bastante.
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