A Marcha

A Marcha E. L. Doctorow




Resenhas - A Marcha


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Higor 16/03/2023

"LENDO PULITZER": sobre a Guerra Civil Americana e suas marcas
Foi com receio e um tanto de credulidade que eu encarei o comentário da crítica literária Michiko Kakutani, para o The New York Times, que este "A marcha" se assemelha a "Ilíada"; talvez o temor fosse pela pela menção a um clássico universal tão potente como o de Homero, ou pelo medo de a crítica querer, de alguma forma, transformar o livro de E. L. Doctorow em algo épico e grandioso quando o próprio não pretendia nada disso. E não é que eu me curvei às palavras de Kakutani?

"A marcha" carrega consigo, de fato, muito de "Ilíada", não pela grandiosidade, história monumental ou épica, embora também, mas sim por detalhes mais simples: o recorte dos mais diversos personagens e seus problemas pessoais ante o cenário emblemático de uma guerra que em seus momentos finais - e bastante tensos.

Em 1865, perto da conclusão da Guerra Civil Americana, o general William Sherman marcha com seus 60.000 soldados rumo ao sul do país, de Atlanta a Savannah, deixando uma cicatriz severa de destruição em seus 96 km de distância. Enquanto percorrem as cidades e vilarejos, os soldados aproveitam para saquear casas, roubar gado, queimar colheitas e instaurar o caos, o que faz com que uma população imensa de escravos libertos e refugiados não tenha para onde ir, passando a segui-los em troca de mão-de-obra gratuita por alimentação.

Se "Ilíada" tem Aquiles e sua ira incontrolável como protagonista, "A marcha" não se propõe a intitular um personagem maior, afinal, a guerra por si só é a protagonista, e o autor procura retratá-la com muita eficiência, escancarando as causas e consequências do conflito, desde invasões a casas de inocentes e cidades, como a calamidade sanitária neste cenário hostil para os soldados abatidos, sem deixar de poupar como é doloroso para tantos inocentes ter de recomeçar a vida do zero, quando não tá alternativas ou plano B para tal reconstrução.

É certo que o próprio general pode ser o cabeça de todo o livro, mas ainda assim, há situações e personagens muito mais interessantes de se acompanhar, todos com problemas graves a resolver, enquanto tentam sobreviver naquelas condições precárias: a escrava abandonada pela família que fugiu da cidade antes da guerra eclodir; a governanta que ficou desempregada - e livre - depois que seu senhor faleceu; o pastor responsável por cuidar, em plena guerra, de um garotinho órfão; a garota, filha de pais importantes em determinada cidade, que abre mão de regalias e segurança para enfrentar os horrores da guerra; a dupla atrapalhada de amigos que pretende, ao final da guerra, conseguir algum dinheiro e viver longe dali… enfim, personagens sinceros, embora alguns estereotipados, é preciso confessar, mas que têm um objetivo em comum: sobreviver.

Não por acaso, "A marcha" esteve presente nos mais diversos prêmios e honrarias literárias do ano. Doctorow foi muito feliz em abordar o assunto, um recorte sinceramente pouco conhecido pelos leitores fora dos EUA, mas ainda assim, de maneira tão dinâmica, fluida e bastante respeitosa sobre as mais diversas tragédias dentro daquele cenário trágico.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Pulitzer".
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Thiago 05/09/2021

Crueza da guerra
Um livro fenomenal sobre a guerra. Doctorow, com sua habilidade ímpar para escrever ficção histórica (Ragtime e O Livro de Daniel vêm à mente), faz este belo relato sobre o fim da Guerra da Secessão dos EUA. A narrativa apresenta diversos personagens cujas vidas se cruzam durante o conflito, sendo até mesmo difícil de definir um principal. Os relatos são duros e mostram os aspectos menos glamourosos de uma guerra, mas a escrita é sensacional e envolvente, nos prendendo a cada linha do início ao fim.
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Ortiz 29/12/2014

Boa leitura
É realmente uma leitura em movimento, onde algumas histórias se cruzam e que pode ficar meio confuso nas primeiras páginas. Mas com o decorrer da história as coisas vão se organizando e a leitura se torna bem interessante.
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