Blade Runner: Perigo Iminente

Blade Runner: Perigo Iminente Philip K. Dick




Resenhas - Blade Runner


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César Belardi 21/06/2020

Antes e Depois.
É uma linha tênue a que separa um filme ficcional de uma realidade possível.
Blade Runner assumiu posições as mais diversas nos seus quase 40 anos desde a estreia em 1982. De fracasso de bilheteria a Cult, o direito à vida, e à própria identidade, sem discriminações, é um tema permanente. Sob a alegoria de ser possível, graças à tecnologia espetacular do ano de 2019, robôs... androides... pessoas sintéticas... replicantes... poderiam ser criados, para que realizassem tarefas perigosas demais para humanos "originais". Tal qual pessoas, iguais a nós, que tanto no passado quanto em tempos atuais, realizam trabalhos escravos, mantendo sua vida à mercê da vontade do seu superior, independentemente de sua consciência. Os replicantes, tal qual qualquer indivíduo, são conscientes de sua existência, com desejos, esperanças, temores e nenhum direito. Caso questionassem seus "senhores", poderiam ser facilmente eliminados. O prazo de sua existência era de 4 anos, descartáveis depois disso, em troca de uma versão mais atualizada, mais "dócil". A metáfora do replicante é praticamente uma folha em branco, que permite inúmeras associações, desde a criação de uma nova geração sem qualquer certeza sobre a própria identidade até o eterno jogo do homem querer brincar de Deus.
Mesmo quem nunca assistiu a esse filme, o que é uma grave falha de repertório, já viu a cena icônica do discurso final Roy Batty, interpretado por Rutger Hauer.
A sequência, ainda bem recente, e que segue o mesmo cronograma do original (um relativo fracasso, inicial, um potencial Cult no futuro), retoma a questão da presença ilegal dos replicantes, desta vez colocando uns contra os outros, algo como "irmão caçando irmão". Detalhes e spoilers à parte, seria inevitável que esse universo chegasse a tal situação, afinal a humanidade teve sucesso brincado de Deus, às avessas: destruiu boa parte do planeta, extinguiu praticamente toda a vida selvagem, criou um paraíso virtual de ilusões. É nesse contexto que considero a cena que, pessoalmente, representa a essência de Blade Runner 2049.
K (Ryan Gosling) é um replicante policial, com uma certa expectativa de Pinóquio, encarregado de caçar e eliminar os seus irmãos de uma geração anterior que insistem em sobreviver; Joi (Ana de Armas) é a inteligência artificial que serve a ele, prendada, dedicada, apaixonada por seu "mestre" e, frustrantemente, holográfica; Mariette (Mackenzie Davis) é uma replicante, prostituta, sem qualquer perspectiva clara a não ser sobreviver. Esses três desempenham uma das cenas mais significativas de toda a trama, mas que parece ter passado como uma simples curiosidade fetichista para boa parte da audiência. Joi só encontra uma forma de concretizar seu amor por K, e faz isso contratando os serviços de Mariette, porém não para apenas observar como uma voyeur, algo absolutamente humano e mundão. Como um holograma, sem matéria, ela pode ser "vestida" por Mariette, uma segunda pele virtual.
A doçura da cena, que me colocou na beirada da poltrona, e reajo assim todas as vezes que a revejo, foi sua essência, além da plástica.
A consciência está presente neles, sabem o que são de fato, objetos construídos, para uso e consumo, como um eletrodoméstico que poderá ser facilmente descartado depois de algum tempo, são propriedades, até mesmo entre si. São três "coisas", três construções, produtos da indústria, descartáveis, com um número de série, mas absolutamente honestos em suas esperanças, cada um buscando descobrir o divino de existir, de sentir-se vivo, não em um ato automático... autômato..., mas no entendimento de ser. K, sentir amado por aquela a quem não pode tocar, uma Julieta que o acompanhará por toda a existência, em quaisquer situações, mas ainda está fora de seu alcance. Joi, experimentar a sensação se "ser alguém de verdade", completa e plena, dando um passo de maturidade ao assumir e demonstrar seus sentimentos. Mariette, descobrindo que seu motivo de existir não é tão mundano quanto seus clientes podem fazer parecer, entendendo o que é, como é, o sentimento de amar a alguém. Esses personagens transitam entre três conceitos que constituem a identidade, a intimidade, de uma pessoa: forma, conteúdo e essência.
Minha sugestão é a de rever essas obras, com calma (que falta a muitos de nós neste começo de 2020) e com tempo (que assombra a muitos de nós neste começo de 2020), sem pré concepções, de mente aberta, e procure nelas algo que ficou evidente nos faltar neste começo de 2020: a humanidade.
comentários(0)comente



tbmarlo 11/02/2014

Impossível não comparar com o filme
A não ser que vc tenha nascido nos anos 2000, e nunca tenha ouvido falar do filme, é impossível não fazer uma comparação. Resumindo: O livro é BEM mais caótico que o filme, chega até a ser deprimente, vale a leitura.

Aproveita quanto terminar, e me reponde: O caçador é ou não é um androide ???
Orlando 31/12/2016minha estante
cara, acho que todo mundo na terra é androide :P




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