Tami 26/03/2013Uma aventura juvenilResenha publicada em: http://gavetaabandonada.blogspot.com.br/2013/03/resenha-garota-que-podia-voar.html
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Sabe aquele livro que é completamente diferente do que a gente imagina? Pois esse é um deles. Imaginava um livro infantil, simples e singelo sobre uma menina que podia voar. Talvez algo no estilo de uma fábula. Não podia estar mais enganada.
Piper McCloud é uma menina especial: ela pode voar. Seus pais (Betty e Joe) são fazendeiros e muito apegados aos costumes, dificilmente precisam lidar com mudanças na vida. Além disso, sempre foram muito religiosos então não conseguem compreender o dom da filha. Piper normalmente voa escondido por medo do que as outras pessoas irão pensar, porém um dia as coisas escapam de seu controle e ela acaba voando na frente de toda a comunidade. Esse dia vira a vida dela de ponta-cabeça, com ela acordando no outro dia com a casa cheia de repórteres e os vizinhos com medo de que seus filhos brinquem com a menina.
"Piper decidiu pular do telhado. Não foi uma decisão precipitada.Este era seu plano - subir até o alto do telhado, correr de uma ponta à outra para ganhar velocidade. Pular.Finalmente, e o mais importante, não cair." (pág. 1, primeiras linhas)
A Doutora Hellion é diretora do I.N.S.A.N.O, um instituto para pessoas com dons especiais. Ela vai até a casa de Piper após saber sobre o incidente e resolve ajudá-la levando a menina para o instituto. Seus pais ficam um pouco relutantes, mas como querem o melhor para a filha a deixam ir. O instituto aparentemente perfeito, e todos os alunos tem algum dom, o que deixa Piper muito feliz. Conrad é um desses alunos, um menino muito inteligente, até mais do que os seus pais gostariam (motivo pelo qual ele foi mandado para lá). Praticamente todos os alunos tem medo dele. Porém o que parecia perfeito no início começa a dar sinais de problema, e Piper precisa pensar rápido em como ajudar seus colegas.
Definitivamente, não é um livro para crianças. Tem um tamanho bem razoável, sem imagens e com uma trama relativamente complexa. É um livro bem juvenil e com o foco na aceitação das diferenças. Piper é uma menina adorável e muito sincera. Ela argumenta com seus pais sobre Deus, liberdade e seu dom. Tudo do ponto de vista de uma criança que não consegue entender como as coisas funcionam no mundo ainda. Aliás, o livro traz muitos questionamentos e reflexões, em especial sobre o que devemos fazer com as nossas diferenças: escondemos ou é algo que podemos usar com orgulho?
Confesso que no início a narrativa não me chamou muito a atenção. O livro parecia um pouco enrolado, demorado para engrenar. Porém depois que Piper vai para o instituto a história se torna muito atraente. Todos os personagens e os cenários são bem explicados, e a emoção da história começa. Bastante aventura e suspense juvenil, tudo em um clima de escola. Tem uma parte do desfecho que para mim se desenrolou de forma rápida demais, porém é apenas uma coisa entre tantas interessantes do livro.
Gostei bastante da capa, bem mais bonita que a originial. A fonte é agradável e não notei problemas de português/digitação. Achei as folhas de um papel curioso, são como as de "livros de inglês". Não sei o nome desse tipo de papel, mas é mais grosso e um pouco brilhante. Bonito e de boa qualidade, porém acho que isso deve contribuir para o livro ser um pouco mais caro.
A história de Victoria Forester é bem envolvente e, apesar de fechar a história sem muitas brechas, deixa algumas coisas no ar que poderiam se tornar um próximo livro - apesar de o mesmo não existir. Talvez a escritora ainda esteja pensando na continuação. Para quem gosta de histórias juvenis com aventura, esse é uma boa indicação!
"Eu acho que não machuca ninguém a gente ter um sonho e um plano. Porque se a gente não fizer isso, nunca vai chegar a lugar nenhum." (pág. 52)