Resenhas - Dois Irmãos

Mc Brendinha Carvalhão 31/03/2024

Dois irmãos, não dois amigos
Amei muito, uma história forte e bem contada, não dá pra ficar do lado de nenhum dos irmãos, um é frio e tem suas razões pra ser, o outro um mimado inconsequente, quem se destaca é mesmo o contador da história. O tempo todo vinha a minha memória uma novela, na verdade minissérie, que passou há um bom tempo na Globo com o Cauã Reymond de protagonista, mas ficava na dúvida se era ou não baseada no livro, só quando acabei que fui pesquisar e sim era a adaptação, o curioso é que não lembro de exatamente assistir, pelo menos não acompanhar assiduamente, mas tem coisas que impregnam de qualquer maneira. Ótima leitura.

laviniax 30/03/2024

Que potência
Que potência, que força, que história. ela bate na sua cara e te faz sentir, pelo menos eu me senti, lá dentro daquela casa, subindo aquelas ruas, andando naquele quintal, tudo tão palpável, tão sentido. se talvez essas pessoas sentissem menos elas não fossem tão sofredoras, nada ali não é intenso e visceral. zana é uma mulher fascinante e detestável ao mesmo tempo, halim muitas vezes me irritou e sinceramente achei muito justo o final dos gêmeos, eles não podiam coexistir nessa vida. a adaptação da tv globo fez muito jus ao que essa trama desperta.

rayssadioli 29/03/2024

Não é o tipo de livro que eu costumo procurar para ler, mas me surpreendeu bastante, já que eu não estava esperando muito. Apesar de ser basicamente uma história sobre uma família (que, nesse caso, é bem problemática), a forma que o autor a conta torna tudo muito interessante, de maneira que envolve facilmente o leitor na narrativa.

O foco do livro é nos dois gêmeos univitelinos que pertencem à família (Omar e Yaqub), que, embora iguais em aparência, possuem personalidades bastante distintas, de modo que entram em conflito várias vezes, e eu não consegui identificar um momento em que eles foram amigos, havia sempre certa tensão entre os dois.

Uma personagem que deixa o leitor pensando bastante sobre o mesmo (principalmente no final) é o próprio narrador, Nael. Ele é filho da empregada, Domingas, que o teve com um dos gêmeos, sendo, portanto, alguém da família. No entanto, não o tratam como se fosse da família (apenas Halim, pai dos gêmeos e de Rânia, e Yaqub em certos momentos). A mãe dele é indígena e foi privada de sua liberdade, sendo levada para um orfanato, onde foi encontrada por Zana e seu marido, Halim, e levada para trabalhar na casa deles. Assim, a mãe e o filho são duas personagens que são tratadas com desprezo o livro todo, o que me enfureceu bastante durante a leitura, o que provavelmente era a intenção do autor, causar incômodo.

A escrita de Hatoum é muito ?gostosinha? de se ler, o que torna a leitura fluida e frenética, ficando difícil de interromper. Como eu já disse, mesmo sendo um drama familiar, a história é inovadora à sua maneira. A tensão entre as personagens, o ódio presente, a ambientação, as memórias, as relações que foram estabelecidas, tudo torna o livro único, e, depois de lê-lo, consegui entender o motivo de ser um clássico da Literatura brasileira.

É interessante fazer a leitura com o contexto histórico da época em mente, já que, dessa forma, se torna possível relacionar vários acontecimentos, até mesmo o livro como um todo, a fim de enriquecer a experiência com essa história incrível.

Larissavmelo 27/03/2024

Conta historia de uma família de origem libanesa, composta de pai, mãe e de dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar e uma irmã. Além da empregada e seu filho, que é o observador e narrador dessa história que se passa em Manaus. A trama envolve a rivalidade/inimizade entre os irmãos gêmeos.

vAnicius0 24/03/2024

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Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderam em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras

lina 24/03/2024

Nael
Um narrador que a princípio não tem nome e não participa da história.
Único sobrevivente, o que restou da transição de uma geração para outra, de uma Manaus para outra?
O livro segue um ritmo que sutilmente transita para o melancólico, fazendo uma alegoria à modernização de Manaus

Lu 23/03/2024

Confusão, dedo no c e gritaria
Esse livro é o puro suco de Casos de Família do SBT, é uma farofada só, e é isso que faz ele valer a pena. Apesar de ser uma leitura de vestibular, eu gostei

regueira0 22/03/2024

Dois Irmãos, de Milton Hatoum
"Cedo ou tarde, o tempo e o acaso acabam por alcançar a todos."

Com uma escrita fluida, detalhada (mas sem exageros) e brutal, Hatoum cria uma narrativa elaborada, com diversas nuances de diferentes temas a serem analisadas. O crescimento de Manaus e a comparação deste com o resto do país, os imigrantes e estrangeiros que preenchem a cidade e a cultura libanesa que, mesmo longe de sua terra, se mantém presente no seio familiar. Tudo isso tratando, ainda, do principal tema da obra: a relação familiar entre Halim, o pai, Zana, a mãe, Rânia, a caçula e os dois irmãos, obviamente, Yaqub e Omar.

Com vidas, valores e ideais opostos, a trama cerca a relação dos irmãos (ou a falta dela) e como essa afeta a família como um todo por anos e anos. Esse detalhe torna a obra de Milton extremamente satisfatória de ler: dias, meses e anos se passam sem que o leitor perceba, contribuindo para o dinamismo da história. Em capítulos relativamente extensos, são narrados uma série de fatos sem que sua coerência seja perdida.

Outro grande foco do enredo, também, é o tratamento recebido pelo filho da empregada Domingas e sua relação com a família empregadora de sua mãe. É perceptível, em toda a narração, a forma que o personagem é tratado e como isso impactou seu dia a dia, seus estudos e sua vida como um todo. Em minha opinião, a escolha deste como narrador foi crucial para a construção da narrativa. Um ponto de vista "externo", que tudo viu e em tudo participou, questionou e afetou-se.

De maneira geral, "Dois Irmãos" é uma obra que vale a pena ser lida com calma, olhar atento e paciente para que todos os mínimos detalhes adicionados sejam percebidos.

Gabi.Camile 20/03/2024

Hmmm
Bom, achei um livro muito reflexivo, porém muito lento e difícil de compreender quem está escrevendo no começo, a história em si é boa, porém não prende muito por conta do ritmo, eu li para fazer um vestibular, sinceramente se não tivesse esse intuito não sei se terminaria a leitura.
Conta a história de uma família, promove muitas reflexões acerca da dinâmica familiar, emoções.

Carolina Lima 19/03/2024

Um clássico brasileiro
Li esse livro através de audiobook e mesmo assim precisei retornar alguns trechos pois a narração é um pouco confusa quanto ao que é passado e presente, mas esse é o único ponto ?negativo? dele. A história se passa num momento específico da história brasileira e num ambiente acredito que pouco explorado na literatura, pois não conhecia a história do desenvolvimento de Manaus ou das comunidades que lá habitavam. Mas a história principal não é sobre a região, é sobre uma família disfuncional cujo eixo principal são os irmãos gêmeos Yakub e Omar, narrado por um personagem que só se apresenta perto do final da história. Em vários momentos você se pega odiando um dos irmãos, mas isso não quer dizer que exista um bom e um mau, afinal assim como na vida real, ninguém é perfeito.

vanalysm 19/03/2024

Dois irmãos
Esse livro é tipo um casos de família, só que com quase 300 páginas, é desentendimento que não acaba mds. Ele começou bem, eu gostei, mas depois achei que foi ficando arrastado...

João 19/03/2024

Excelente. Apesar de o meio ser meio arrastado, o final é muito envolvente e com certeza compensa.
O autor é muito habilidoso e a maneira que ele traz os acontecimentos é muito boa

Tati 17/03/2024

Uma família nem problemática
O livro tem como centro dois irmãos gêmeos, mas ao redor deles uma família bem problemática existe.
A história é interessante, mas o desenvolvimento é um pouco cansativo.

Brunopm 17/03/2024

Construtivo como toda grande obra literária. A retratação de uma realidade ordinária, pode parecer, a princípio, desinteressante, contudo a riqueza descritiva na variedade de cenas torna o romance verossímil e instrutivo. A obra destrincha uma realidade vil, viciosa de personagens passionais, doentios e descomedidos, pertencentes a uma estrutura familiar de imigrantes, que durante o enredo percorre as mudanças ocorridas no século XX, tais como a ditadura militar e o desenvolvimento econômico com o projeto da Zona Franca de Manaus, entre outros.

Sem mais rodeios e com spoilers, minha concepção sobre o drama familiar entre os dois irmãos é que ele é, por óbvio, resultante da indolência e libertinagem de Halim e obsessão de Zana. Durante todo o romance se o leitor não se conformar com isso a compreensão será impossível, pois absoluta é a irreflexão e imutabilidade dos personagens, que passam a vida, estendendo até ao fantasioso seus orgulhos e vezos. O narrador por exemplo, igualmente afetado por paixões e afeições, julga Yaqub vingativo e diz ser ele mais sórdido que Omar, o que literalmente estuprou sua mãe, em razão do desejo por Rânia e influência da posição servil da mãe, o que qualquer leitor sensato concluiu é que o ato de Yaqub para com o irmão foi justo na medida em que recorrera aos meios legais para a agressão sofrida, e que o único personagem do qual pode fiar é Yaqub.