Resenhas - Do Cidadão

TalesVR 18/06/2020

Tratado filosófico, político e religioso
Thomas Hobbes teve muitos interesses na vida, em especial o apreço pela Geometria e pela Física, mas o momento conturbado do seu país natal - a Inglaterra - o levou a escrever sobre Política, assunto pelo qual ele é mais conhecido. A teoria hobbesiana se centra basicamente na ideia de que o homem é egoísta e mau por natureza, vivendo em uma guerra de todos contra todos, e para preservar a própria vida assinou um contrato de formação da sociedade civil e cedeu a sua liberdade a essa sociedade, que pode ser conhecida como Estado, ou por um termo mais hobbesiano ainda: o Leviatã. Porém o termo Leviatã ainda não foi cunhado aqui no ''Do Cidadão'', obra lançada originalmente em latim na França e que teve repercussão no continente, enquanto o Leviatã é uma obra posterior lançada em inglês na Inglaterra.

A função da sociedade civil é primordialmente garantir a segurança dos indivíduos, sendo esse o motivo da sua constituição. É somente na sociedade civil que as pessoas podem usufruir de um desenvolvimento completo de suas vidas. Sem a sociedade, o homem vive desconfiado de tudo e todos, tendo que garantir pela força a sua posição.

Em uma visão voltada para as Relações Internacionais, é fácil perceber porque Hobbes é um dos pilares do Realismo: a sociedade internacional é anárquica e cada Estado deve fazer o máximo possível para garantir a sua sobrevivência, e para isso deve disputar o jogo de poder econômico, militar e político; pois a sua não participação poderá resultar na sua derrota. A teoria hobbesiana é um grande campo de guerra teórico.


Parte que me surpreendi e isso por total desconhecimento prévio da minha parte é que o conteúdo em si do livro pelo qual Hobbes é conhecido não passa de 1/4 da obra. A maior parte do livro é uma justificativa pautada na Bíblia sobre o que está sendo escrito. O prefácio do próprio Hobbes já contem tudo que é estudado dele até hoje. Boa parte do livro, portanto, é ''pulavel''.

Bringel 31/07/2016

Hobbes inicia a sua obra mostrando que os homens nasceram livres, tendo o direito a tudo, o que se opunha ao direito dos outros, daí surgindo a necessidade de um pacto que assegurasse a convivência pacífica, evitando-se, assim, o permanente estado de guerra, dada à própria natureza humana, o que, aliás, o levou a dizer que o homem é o lobo do homem, sendo ser mau por natureza. Indispensável, assim, a pacto social, inclusive com a formação da cidade, constituída de um chefe, escolhido pelos súditos e ao deveriam obediência, somente não estando obrigado a fazer aquilo que fosse desautorizado pelas leis de natureza.

Na segunda parte do livro o autor apresenta suas idéias sobre o direito divino, tema que desenvolve com maestria, fundamentando suas afirmações em passagens contidas no velho e novo testamento.

Romeu Felix 23/02/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
"Do Cidadão" é um livro escrito pelo filósofo inglês Thomas Hobbes e publicado originalmente em 1642. A obra apresenta uma teoria sobre o Estado, o contrato social e a natureza humana, que influenciou profundamente a filosofia política moderna. A edição em português mais recente é de 2002, publicada pela editora Martins Fontes.

O livro é dividido em três partes. Na primeira parte, Hobbes apresenta sua teoria sobre a natureza humana, argumentando que os homens são, por natureza, egoístas e competitivos, e que essa competição leva à guerra de todos contra todos. Ele usa essa teoria para justificar a necessidade de um Estado forte e centralizado, capaz de manter a ordem e a paz na sociedade.

Na segunda parte, Hobbes apresenta sua teoria do contrato social, argumentando que os homens abrem mão de sua liberdade natural em troca de segurança e proteção, que o Estado é capaz de oferecer. Ele defende a ideia de que o Estado é criado por um acordo entre os indivíduos, que cedem parte de seus direitos em troca de proteção.

Na terceira parte, Hobbes apresenta sua visão sobre o papel do cidadão na sociedade, argumentando que a obediência às leis e ao Estado é fundamental para a manutenção da ordem social. Ele defende a ideia de que o cidadão deve ser leal ao Estado e cumprir suas obrigações civis, em troca da proteção oferecida pelo Estado.

Ao longo do livro, Hobbes apresenta também uma teoria sobre a linguagem e a razão, argumentando que a linguagem é essencial para a criação de conceitos abstratos e que a razão é o instrumento que permite ao homem compreender o mundo ao seu redor e agir de forma racional.

Em resumo, "Do Cidadão" é uma obra fundamental da filosofia política moderna, que apresenta uma teoria sobre a natureza humana, o Estado e o contrato social. A obra de Hobbes é uma das principais bases do pensamento político liberal e do Estado moderno, e suas ideias continuam sendo debatidas e discutidas até os dias de hoje.
Por. Romeu Felix Menin Junior.