Lisa 05/12/2021
A Insustentável falta de sabor
Que homem chato é o Milan Kundera, me lembra o Raskolnikov do Dostoievski. O Rodia que se acha um ser superior, um grande pensador que se sobressai sobre todos os outros, que possui profundidade quando na verdade é tão raso, chato e ordinário no sentido mais básico da palavra quanto o ser inferior que despreza. Não há nada de original em sua prosa,não entendo o apelo. Seus questionamentos são interessantes, mas não saem da superfície, não se desenvolvem e se tornam insignificantes. Sua prosa psicanalítica não é nova, é rasa, genérica, insossa, e embora não seja fã da mesma, pode ser usada com maestria na literatura tal como o fez o Zweig e Schnitzler.
Sua construção de personagem é fraca, sempre o mesmo tipo de homens e mulheres imaturos, dependentes emocionais, irresponsáveis afetivos, com visões de grandeza de um self distorcido, afogando-se num mar que mais é uma poça. Em A Identidade Chantal e Jean Marc tem um fio potencial de construção de personagem que não é alimentada, quase como se o Kundera não fosse capaz de fazer nada além de tocar o pé na agua.
Seu conceito é ainda básico e tedioso, um erotismo velho e decadente. Ora erotiza a tudo com glamour, ora erotiza de um feto a um bocejo. Repelindo ou exaltando-a, ostenta como carro-chefe em suas histórias e isso não é uma critica, em seu caso contudo, tampouco é um elogio. E ainda que a demanda vivida pelos seus personagens sejam reais e relacionaveis, a superficialidade a torna esquecível, irrelevante, a atenção durando o tempo do virar de uma página, sendo obliterada após fechado o livro. Tal como aquele sujeito que para do seu lado no ônibus ou na fila do banco, narra toda sua miscelânea de problema, você não se interessa, não se compadece, não se importa, mas não há nada que possa fazer a não ser ouvir e então esquecer.
Sim, eu não admiro o autor. Mas é o Milan Kundera ruim? Não, acho o insosso até pra isso. Na conjuntura do escrever, ele o consegue fazer, mas lhe falta algo, para mim. Não me inspira ódio, nem piedade, menos ainda empolgação e esse pra mim é o seu crime. Uma leitura que não me toca em nada. É puramente irrisória. Eu posso lidar com o odio, afinal esse também é uma paixão, mas me desculpem, nunca com o insípido.