Kindred

Kindred Octavia E. Butler




Resenhas - Kindred


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Lauraa Machado 29/12/2020

Tinha altas expectativas e elas ainda foram superadas
Eu esperava amar este livro. Esperava algo incrível, excelente, bem desenvolvido e intrigante. Não esperava o soco na boca do estômago que levei várias vezes durante a leitura, mas definitivamente recebi todo o resto que queria. Amei este livro, mas foi bem mais do que eu esperava, logo no começo, de um jeito que não imaginava que um livro escrito na década de 70 conseguiria me conquistar.

O fato é que este livro foi para mim o que eu queria que Outlander tivesse sido. Uma mulher inteligente e generosa no passado, casada, que viaja no tempo para um passado mais distante ainda. Diferente de Outlander, esse livro foi mais intrigante, a relação entre as pessoas mais bem explorada e mais complexa também. Além disso, nada aqui é desperdiçado, nenhuma cena é inútil, repetitiva ou enrolada. A história flui extremamente bem.

Gostei muito da relação da Dana com seu marido, Kevin. Gostei mesmo dele, apesar de ainda achar que ela discutiu pouco com ele. Talvez nem fizesse tão sentido, já que eles já se conheciam claramente, mas senti um pouco de falta de atrito entre eles, principalmente no passado, que tenho certeza de que só melhoraria ainda mais as partes de cumplicidade implícita e absoluta dos dois.

A relação da Dana com o Rufus é mesmo o ponto alto da história, me surpreendeu de verdade, mas confesso que queria que tivesse sido mais desenvolvida ainda. Queria que esse livro tivesse umas setecentas páginas, com mais cenas, mais detalhes. Ele está ótimo como está, mas eu gostei tanto que queria mais, oras. E o Rufus, que me deu ódio, esperança, mais ódio ainda, foi excepcional, não por ter sido uma pessoa excepcional, mas por tudo que ele significou. Gostei muito de todos os personagens secundários, até os ruins, por várias razões. E gostei bastante que, em meio a tanta questão complexa e humana e impossível de definir, fiquei com a forte impressão de que, quando uma pessoa é um produto de seu tempo, seu privilégio e sua influência, não dá para a mudar do nada, por boas intenções. Não dá para perdoar quem aceita escravidão e nem dá para mudar a visão que a pessoa tem quando ela realmente acredita em escravidão.

Realmente, gostei de tudo nesse livro, vou fazer questão de comprar e dar de presente para muita gente, mas acho que é válido avisar sobre algo que pode ser gatilho para algumas pessoas. É um livro que se passa na grande maior parte nos Estados Unidos do século dezenove, numa plantação com pessoas escravizadas. Ou seja, tem violências absurdas e cruéis. Imagino que, para pessoas negras, não seja nem um pouco confortável ler sobre esse tipo de coisa. Não é nada super descrito, mas tenho uma imaginação boa demais para certas coisas e eu mesma precisei tirar alguns segundos para absorver algumas cenas.

Afinal, eu amei o livro, só queria mais. Certamente vou atrás de todos os livros da autora depois desse, porque a escrita dela, além de interessante e inteligente, é super gostosa de ler. Acabei em menos de dois dias (já que o livro não tem as setecentas páginas que eu queria que tivesse) e fiquei super impressionada com o final. Vou reler algum dia, queria reler logo. Super recomendo!
Sandro118 24/09/2023minha estante
Final supreendentemente eu nunca imaginei esse final. Melhor livro que já li na minha vida, muito bom, muito bom mesmo. Super recomendo, temos suspense, mini terror, amor, abuso sexual, violência, morte e etc?. MUITO BOMMM




Bia 13/11/2015

um lugar não tão distante
Já li inúmeros livros sobre escravidão (inclusive, acho que todos passados nos EUA. Curioso), mas cada um deles me trouxe uma forma de ver a situação. Nesse livro vemos uma pessoa, assim como em Doze Anos de Escravidão, do Solomon Northup, livre e obrigada a se render a escravidão por estar no lugar errado na hora errada.

Misturando ficção científica com um fato histórico, temos um livro que envolve e faz você querer terminar aquilo logo para saber porque, como, onde, quando. Porém nem todas as respostas são dadas.
Como essa viagem no tempo acontece? Não é respondido, a autora apenas descreve como Dana se sente a cada passagem e que ela é capaz de levar objetos ou pessoas que estiver em contato. Onde é possível que a viagem aconteça, há um “portal”, só acontece na casa dela mesmo, ela poderia estar dirigindo e sumir do nada? Outra incógnita. Só temos uma Dana com medo do que pode acontecer caso ela saia de casa, então a mesma fica trancafiada esperando o próximo momento. Porque e quando? Rufus é um tataratatarataravô dela, portanto toda vez que a vida dele corre risco, e consequentemente a dela, Dana aparece para salvá-lo e a si mesmo. O retorno para o tempo presente se dá quando a vida dela está em perigo de novo, ou seja, quando ela toma muitas chicotadas, quase toma um tiro e outras situações. Esse motivo é quase implícito e bem fácil de descobrir, na verdade, no inicio e na primeira viagem no tempo, Dana e o marido já descobrem subitamente tudo.

Esse foi um fator para eu ter ficado um pouco chateada com o final e com o desenvolvimento da história, uma explicação. Mas a autora não pecou quando descreveu toda a situação vivida pelos negros em 1816 e, como Dana, negra livre vivendo mais de 150 anos depois, diverge da situação e da postura dos negros escravos. Umas passagens maravilhosas me levaram a querer fazer marcação o tempo todo. Dana era considerada negra abusada, metida a inteligente, desaforada. Não muito diferente quando nós negros, hoje em dia, queremos tomar frente ou nos emponderar e impor em relação a funções de trabalho e beleza, por exemplo, né? Kevin, o marido, é branco, então imagina a crise quando os dois voltam ao passado juntos e dizem que são casados. Brancos não casam com negros!

“Era perigoso educar escravos, eles alertavam. Educação deixava os negros insatisfeitos com a escravidão. Ela não funcionava no trabalho braçal.” (Tradução livre)

Coisa muito recorrente no livro eram as críticas e brigas entre os próprios escravos, um achar que o outro se vendeu fácil para o senhor branco, virando o “negro da casa grande”, sendo que geralmente é só é uma questão de sobrevivência e segurança. A relação entre os personagens é muito boa, as conversas, os questionamentos, o sofrimento quando um parente e um filho recém nascido é vendido. Muita tristeza.

Outro fator decepcionante: Rufus. Garoto chato, mimado, insuportável. Louco e bipolar, ele toma decisões achando que está fazendo o bem, tanto para Dana, quanto para Alice, a escrava por quem é apaixonado. Ele, ao mesmo tempo que ama, acha super razoável infligir sofrimento e dor, pois no fundo é mais um sinhôzinho dono delas.

Me prendeu, o plot é ótimo, assim como a escrita da autora. Mas pra mim faltaram algumas explicações. o foco do livro pode até ter sido os relatos da forma decadente que os negros/escravos viviam no século XIX, porém acho que uma pessoa que viaja no tempo deveria ter a situação explicada, ainda mais a autora sendo classificada como autora de ficção científica. Leitura mais que válida, mesmo com a minha dor permanente no coração, porque o maior pavor da minha vida é saber que eu seria escrava numa época não tão muito distante. Não possuir liberdade é desesperador. Ainda bem que não é possível que essa viagem no tempo ocorra. Ou é?!

site: https://livredujour.wordpress.com/2015/11/09/kindred-por-octavia-e-butler/
Maria Ferreira / @impressoesdemaria 19/09/2017minha estante
Bia, finalmente o livro foi traduzido para o Brasil e poderei lê-lo!




Matheus656 24/07/2020

Emocionante
Uma obra espetacular, eletrizante e crua. Sem dúvida deve ser incluído na sua lista de livros para ler antes de morrer.
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Fernando Lafaiete 27/04/2018

Kindred: Ficção-científica?
*** NÃO possui Spoiler***
Nota final: 4.5

O que dizer de um livro sobre viagem no tempo protagonizado por uma personagem negra e que se passa em uma triste época de nossa história? Octavia E. Butler me surpreendeu com uma narrativa incomoda, mas que é necessária. A narrativa já se inicia com uma frase chocante que instigou minha curiosidade desde o início. Uma frase que já prepara o leitor para o que ele irá encontrar.

É uma narrativa chocante com cenas explícitas de violência que incomoda pela situação exposta e pela inanição da protagonista diante de várias situações. A autora utiliza da metáfora viagem no tempo para expor aos leitores uma crítica bastante dramatizada (no quesito narrativo) sobre a opressão de uma raça sobre outra.

Com "Kindred", a autora colaborou significativamente com um gênero denonimado "Neo-Slave Narrative" que tem como principal proposta ,como o própria nome já indica, situar a narrativa em um contexto onde o pano de fundo seja a escravidão.

Apesar de ser considerado um clássico da ficção-científica, segundo o professor Robert Crossley da Universidade de Massachusetts, esta classificação é uma classificação bastante errônea. "Kindred" não deve ser encarado como ficção-científica porque não possui ciência em seu núcleo de desenvolvimento narrativo. Mesmo que a trama aborde a situação de Dana, uma negra de 1976 que se vê viajando de uma hora para outra de volta a época da escravidão, Kindred não é ficção-científica e sim fantasia especulativa.

A personagem central se vê perdendo sua liberdade de uma hora pra outra. Precisa encarar e se adaptar a uma nova realidade exercendo um papel fundamental para a sua história e existência. Algo semelhante com o que Margaret Atwood faz em "O Conto da Aia."

Com o drama de Dana, a autora força o leitor a refletir sobre condições desumanas e sobre as relações dos personagens. "Kindred" é uma obra que junta ficção especulativa com ficção histórica. Apesar de ser uma trama envolta com viagem no tempo; não há a problematização deste assunto como ocorre normalmente em livros de ficção-científica.

Ter lido "Kindred" depois de ter lido "...E o Vento Levou" fez com que eu colocasse sobre Octavia E. Butler uma visão mais crítica. A obra de Margareth Mitchell é citada por Butler e alguns assuntos são meramente semelhantes. Esperava me deparar com uma disparidade intelectual maior que transbordasse através dos diálogos. Não sei como ficou a tradução, mas no original (em inglês) não há nada que diferencie a maneira de falar dos negros em relação com a dos brancos. Além de eu ter ficado esperando descrições mais minuciosas que reforçassem o período histórico.

O que a autora faz é genial. Ela tece uma narrativa que dá voz à personagens que eram constantemente negligenciados na literatura. Um clássico incrível, mas que pra quem ama o gênero de Isaac Asimov, já fica o aviso. O que você irá encontrar é um drama de fantasia especulativa com um pé no realismo.

Octavia E. Butler é sim considerada a Dama da ficção-científica, mas não por "Kindred" e sim por suas outras obras que possuem uma carga científica muito mais palpável.

Uma leitura recomendável. Reflexiva, irritante e necessária. Uma obra (ou quase) obrigatória!
ROBERTO468 28/04/2018minha estante
Quero muito ler.


Fernando Lafaiete 28/04/2018minha estante
Leia Júnior. Este livro vale toda a hype que tem. :)


Thaís Damasceno 30/04/2018minha estante
Eu adorei esse livro, me lembro que no dia que li até sonhei com a personagem, do tipo ?Fique bem Dana? Ahahahah...Fui em uma feira do livro esses dia que estava a Morro Branco e eles falaram que vão publicar todo a obra dela...vamos esperar


Fernando Lafaiete 30/04/2018minha estante
Eu já tenho toda a obra dela no Kindle... Pretendo ler mais uns 3 livros dela este ano. Espero que sejam bons. Até agora li 2. Gostei de Kindred e achei ruim Bloodchild. :/


Thaís Damasceno 30/04/2018minha estante
A moça da editora me falou que um dos melhors é o A parábola do Semeador, que sai esse ano, acho que é uma série...vou esperar pra ver, fiquei animada com o tema, não sei se conhece...Esse outro que você falou eu vi sua resenha, mas vou ter que esperar a tradução pra ler :(


Fernando Lafaiete 30/04/2018minha estante
Então Thaís... O Parábola do Semeador faz parte de uma duologia. O segundo é Parábola dos talentos. Será o próximo dela que lerei... Espero gostar ainda mais do que gostei de Kindred. :)


Thaís Damasceno 30/04/2018minha estante
Vou ficar de olho quando você começar a ler ;)




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Mila 11/07/2020

Escrava do século 20
Li em inglês mesmo pra me desafiar, mas foi uma leitura difícil, não só pelo idioma. O livro mistura escravidão e viagem no tempo. Ele se apoia no fantasma que assombra todo o povo preto, saber que se tivesse nascido alguns anos antes, teriamos sido escravos. A jornada da Dana é literalmente um pesadelo, acordar (sendo negro) na época da escravidão. O fator complicador e que ela é chamada quando o Rufus, que é um ancestral branco dela, está em risco de vida, e é chamada de volta quando sua própria vida está em jogo. A história está pronta: Dana tem que garantir que Rufus tenha descendência pra que ela própria exista, mas exceto isso, nada que ela faz interfere no futuro.
Vamos aos personagens : O Rufus e belo dum filha da put*, desde cedo, e eu torci várias vezes pra Dana largar ele a própria sorte, no mínimo. A Dana é a narradora e o próprio leitor, ela nos apresenta aquela realidade de maneira brilhante e levanta questionamentos sútis mas bem profundos.
A história tem o objetivo de apresentar e debater a escravidão, mas vem embrulhado numa ficção científica simples (No final ate existe una seção de perguntas pra reflexão).
E uma leitura doída mas muito necessária, pra aproximar essa realidade que vemos como um "outro mundo" mas que aconteceu bem aqui, e a pouquíssimo tempo.
Recomendo! Tanto pra brancos como pra pretos.
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Letícia Lemos 18/01/2023

Inquietante
Esse livro é daquelas que prende você da primeira a última página. É impossível não se colocar na pele da protagonista, independente da cor da pele de quem está lendo. Dá muita aflição ver a Dana e as outras pessoas sofrendo com a escravidão, principalmente por saber que isso não só é a reconstrução de um passado cruel, como também a lembrança de que existem escravos ainda nos dias de hoje. Recomendo que leiam quando estiverem bem, com a mente tranquila, pois esse livro é de revirar o estômago. A escrita é simplesmente impecável.
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Marina.leituras.da 01/07/2021

Essa foi uma leitura que me fez sentir muitas emoções. Com a difícil jornada e, pode se dizer, missão da Dana fiquei curiosa, apreensiva, senti tristeza, raiva e até decepção, mas não voltada para a escrita, nem pra história, decepção com a atitude de personagens, mas que eu sabia que eu encontraria coisas desse tipo por causa da época em que se passa.

Sempre ouvi que a Octavia foi um nome muito importante no gênero da ficção científica, e com o Kindred sendo o primeiro grande livro desse gênero publicado por uma mulher negra, e sempre ouvi as pessoas reclamarem e/ou avisarem que mesmo com toda essa fama, a ficção científica não é o ponto principal da história.

Por o assunto principal não ser a ficção científica, acredito que foi o motivo de eu ter gostado tanto. Dos livros desse gênero que já li (mesmo não sendo tantos) esse foi o único que chegou mais perto de 5 estrelas. E mesmo que achem que estou sendo contraditória, o que me fez tirar a meia estrela foi que *alerta possível SPOILER* no fim a questão de porque a Dana está fazendo essas viagens no tempo não é explicada, e eu queria que fosse contado um motivo pra ela ter que voltar no tempo. *fim do possível SPOILER*

O livro vai focar mais na questão de como a sociedade era na época em que a Dana vai para um Estados Unidos escravista e como ela vai lidar com tudo que acontece com ela e com as pessoas em sua volta.

É um livro bem pesado, já que vai tratar sobre a escravidão naquela época, e já fique preparado para cenas de violência, apesar de não serem muito descritivas ainda me fizeram eu me sentir mal. Também não são explícitas as cenas de estupro, mas é sempre mencionado que ocorreu.

site: https://leiturasdamarih.blogspot.com/2021/06/resenha-kindred.html
Mateus Sanfer 01/07/2021minha estante
Fiquei muito frustrado com esse livro, passei praticamente o livro todo querendo ela desse um cascudo no garoto!


Marina.leituras.da 01/07/2021minha estante
kkkkkk, eu tbm fiquei com mt raiva dele conforme ele crescia




bendtherules 27/07/2022

bem construido & impossivel de largar
esse livro foi incrível, sério. a octavia usou de elementos que eu nunca tinha visto antes para criar essa história, o que tornou ela ainda mais incrível e única. a mesma mostra elementos muito dolorosos e dificeis de ler, e tem situações que nos fazem pensar muito sobre o mundo antigo e o atual (e suas diferenças). enfim, foi uma ótima leitura e com toda certeza lerei outros livros da autora
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Iago 21/08/2022

"You think you're white but you're not"
A frase de Rufus Weylin na obra de Octavia E. Butler resume o racismo de forma surreal. Ainda que a frase seja de uma pessoa do século XIX, sendo um branco criado em uma sociedade escravocrata, ela demonstra como as situações de alocação da pessoa negra em papéis de subserviência na sociedade são marcantes... Butler usa do sul escravocrata estadunidense para demonstrar como o racismo é atemporal. Os chicotes usados pela família Weylin, ainda que não mais físicos (em sua maioria), estão presentes e flagelam a população negra ainda no século XXI, assim como flagelava no século XX, período de criação da obra. Em suma, é fenomenal para compreender o período e de suma importância para formação intelectual do indivíduo contemporâneo.
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Ricardo Santos 06/09/2016

Sutil e brutal
Este romance é um triunfo, tanto como peça de ficção quanto de reflexão. Butler flerta com a polêmica ao tratar da escravidão nos EUA de maneira complexa, sem ceder a maniqueísmos. Ganha a autora, por elaborar uma narrativa tão madura. Ganha o leitor, ao se deparar com um texto cheio de nuances e ideias desafiadoras.

Acompanhamos a história de Dana, uma jovem escritora negra, na Los Angeles de 1976 (o romance foi publicado em 1979). Recém-casada, ao se mudar para a nova casa com o marido, Kevin, um escritor branco, inexplicavelmente, Dana é transportada no tempo e no espaço para a zona rural de Maryland, em 1815, antes da Guerra Civil Americana.

Logo ela entende que ali moram seus ancestrais. Dana é descendente de uma mulher negra, liberta, Hagar, fruto da relação entre um fazendeiro branco, Rufus, e uma escrava negra, Alice. Mas Hagar ainda não nasceu. E Rufus e Alice são apenas crianças.

Em sua primeira viagem no tempo, Dana salva Rufus de morrer afogado num rio. Depois de salvá-lo, Dana é quase morta pelo pai do garoto. O medo de morrer faz com que Dana volte para 1976, para os braços do marido. Passaram-se alguns minutos desde sua partida.

Então, ao longo do romance, Dana sempre retornará ao passado quando a vida de Rufus for ameaçada. Assim como ela retornará ao seu presente quando acontecer o mesmo com sua. Enquanto que Dana quase não muda fisicamente em suas viagens, a cada salto no tempo, ela vê Rufus crescer, torna-se homem, alguém mais e mais violento e manipulador.

Dana não sabe como, mas ela finalmente entende por que está ali. Ela precisa manter Rufus vivo até que ele e Alice tenham Hagar, sua ancestral direta, em nome de sua própria existência; algo no estilo De Volta para o Futuro. Enquanto isso, Dana vivencia toda a brutalidade da escravidão.

Sua narração em primeira pessoa emula os relatos de ex-escravos que se tornaram marcantes na literatura americana pós-Abolição. O recurso da viagem no tempo permite um contraste poderoso. A voz de uma mulher negra contemporânea contando sua experiência como escrava. É um discurso articulado, cheio de insights sobre uma variedade de temas (racismo, poder, sexualidade, dominação, escolha…), sempre fazendo conexão com o que acontece com a mulher negra no passado e no presente.

O texto é fluido, direto e imersivo. Butler soube muito bem equilibrar pesquisa e invenção. A voz de Dana nos passa toda a verossimilhança daqueles EUA do século 19, de como aquela sociedade funcionava, com seu cheiros, gostos e costumes. Principalmente, tomamos conhecimento da mentalidade de posse sobre a população negra.

O elenco de personagens mostra pessoas negras e brancas de maneira complexa, no contexto brutal da escravidão. A relação entre mestres e escravos não é feita entre monstros e pessoas subservientes. E sim entre gente branca comum, que detém o poder sobre os corpos de suas "propriedades", apoiada por toda uma sociedade escravocrata, e gente negra aviltada, que detém apenas o poder de cometer suicídio ou tentar uma difícil fuga para a liberdade, sem nenhuma estrutura com que possa contar.

Kindred é um romance importante por expor, de maneira nada convencional, a desumanidade da escravidão e por reafirmar como esse mal tem tudo a ver com o racismo e as tensões sociais dos últimos duzentos anos nos EUA (mas só por lá?).
Samara 18/02/2017minha estante
Não tem o livro traduzido no Brasil?


Rosane 18/09/2017minha estante
Fui dar uma pesquisada e saiu estes dias a pré-venda da edição em português de Kindred pela Editora Morro Branco. Oficialmente será lançado em outubro/2017.




vahh 14/04/2022

Que final foi este?
Aiii q droga, sabe quando um livro tem de tudo pra ser bom? Pqp Dana, poderia ter sido uma personagem fodona mas não cara, primeiro tem a coisa de viagem no tempo q eu até achei legal mas pensando bem era meio ridículo ? enfim ela está presa a esta pessoa do passado q ela é chamada toda vez quando ele (Rufus) esta morrendo, sim o livro tem escravidão e Dana como uma personagem negra acaba sofrendo pq ela volta no tempo pra salvar este [*****] desse Rufus q é um imbecil e só faz merda!

Enfim ela poderia ter ajudado mais os escravos, poderia ter sido um livro mais heroico sei lá só acho q foi tudo mto rápido e daí no final q foi uma ***, a autora deixou a desejar muitooo!

Acho q sou a única escrevendo uma resenha de q não achou o livro lá aqlas coisas ? mas aí to nem ai! Dei 3 estrelas mas nem merece isso tudo não!
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