Leonardo.Heffer 16/01/2021É preciso saber o que esperar de bachmanBachman talvez não seja um alter ego, um id ou um pseudônimo do qual vc gostaria de tomar uma cerveja no bar - dependendo do quão vc goste ou não do King, pode ser que o mesmo valha pra ele.
O fato eh que Bachman é o lado obscuro de Stephen King, como ele mesmo gosta de contar. É aquele autor onde todo o lado sombrio do autor pode ser extravasado.
Se vc leu Revival, assim como eu, e achou o tom do livro pra baixo, meio down, talvez o Bachman não seja pra vc. Em A Autoestrada, bachman cria um personagem do qual tudo de ruim possível e inimaginável aconteceu com ele, então ele meio que está no fundo do poço e o fato de quererem derrubar sua casa para a construção de uma Autoestrada foi a gota d'água pro seu surto.
Com essa premissa, estava eu preparado pra algo ao melhor estilo Michael Douglas em "Um Dia De Fúria". E com isso em mente comecei a devorar as primeiras páginas. E os pontos desenhados inicialmente por ele, que prometiam conformr os pontos iam se ligando, foram criando uma expectativa que infelizmente nunca chegou lá!
De uma.premissa interessante que poderia prometer tantas cenas boas, o livro caiu numa espécie de melodrama que infelizmente não se conseguia explicar. Por mais que eu tentasse me colocar na pele da personagem, entender o que realmente motivava a cometer erro atrás de erro, não conseguia chegar lá.
Fatos do passado que nunca foram suficientemente explicados ou relatados, narrados como King costuma fazer para dar força às suas personagens nunca apareceram. E isso acabou minando a própria força e motivação de George, o personagem principal.
Resultado, quando o livro constrói cenas para chegar ao seu clímax, vc já está querendo é que o livro termine logo. Mas daí vem a parte final, aquilo que vc sempre quis, estava a 250 páginas esperando, e ela simplesmente não acontece. Aliás, até acontece, mas tudo de forma tão rápida, tão apressada que vc não consegue nem ter tempo para saborear. As frases estão ali, mas a profundidade do negócio não.
No fim, tudo segue, a vida continua e nada do que for relatado gera um eco. Mas é como King disse: o King acredita que o amor sempre vence, já o bachman, é apenas um sujeito desiludido pela vida real, onde as grandes mensagens não existem. Poderia ser a vida real, mas até mesmo na vida real as ações ecoam, como dia no filme "O Gladiador".