Coronelismo, enxada e voto

Coronelismo, enxada e voto Victor Nunes Leal
Victor Nunes Leal
Victor Nunes Leal




Resenhas - Coronelismo, enxada e voto


9 encontrados | exibindo 1 a 9


ToniBooks 31/01/2022

Êêêêêê... Ôôooo... Vida de gado...????
A frase acima foi retirada da letra de "Admirável gado novo" - alusão à Aldous Huxley -, canção do paraibano Zé Ramalho, mas bem que poderia ter sido o subtítulo de "Coronelismo, enxada e voto", livro escrito pelo mineiro Victor Nunes Leal. Ambas, música e livro, são obras que nos remetem a um status social opressor, onde o Coronel exerce o poder absoluto, sendo, verdadeiramente um ser onipotente. A obra de Nunes Leal, mesmo que tenha sido escrita nos anos quarenta do século passado, ainda traduz o nefasto controle dos "caciques" politiqueiros, das cidades do interior brasileiro sobre a grande massa de trabalhadores rurais sujeitos a um regime de controle político, eleitoral, judicial e econômico. Quem nasceu nessas cidadezinhas sabe do que Victor Nunes está falando. Eu nasci.
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Igor13 16/04/2018

Tese de doutorado que virou livro
Como é possível ler em outras avaliações, o livro é bom. Mas em que sentido?

1. Bom destacar que era uma tese de doutorado que virou livro. E isso é importante, pois ele pode parecer muito técnico para muitos;

2. Muito bem escrito e com ótimo raciocínio lógico e argumentativo (por ser uma tese);

3. Apesar de parecer, e ter um semblante de atualidade, o livro atende mais a historiadores/acadêmicos que ao público generalista [minha opinião];

4. Sim, é incrível como o sistema de 'coronelismo' do início do século passado descrito pelo autor lembra nossa realidade atual. Mas cuidado para não simplificar excessivamente esse raciocínio. Como o autor mesmo diz em suas considerações finais: "conquanto suas consequências se projetem sobre toda a vida política do país, o “coronelismo” atua no reduzido cenário do governo local. Seu habitat são os municípios do interior, o que equivale a dizer os municípios rurais, ou predominantemente rurais; sua vitalidade é inversamente proporcional ao desenvolvimento das atividades urbanas, como sejam o comércio e a indústria. Consequentemente, o isolamento é fator importante na formação e manutenção do fenômeno." => Assim, por mais que muito do que foi descrito aplica-se atualmente, a expansão das cidades e grupos industriais alteraram a dinâmica política.

5. Aos interessados em geral no assunto, penso que, dos 6 capítulos, somente o primeiro será mais útil: "1. Indicações sobre a estrutura e o processo do “coronelismo”".
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TalesVR 08/08/2019

Coronelismo no interior do Brasil
''Coronelismo, enxada e voto'' é originalmente uma tese de Victor Nunes Leal para o seu ingresso na docência da atual UFRJ que posteriormente virou livro, por isso a linguagem é técnica na maior parte das vezes e dados são apresentados ao longo dos capítulos, o que em 2019 pode ser ou não um problema, vejamos:

O livro é ESSENCIAL até hoje para se entender o processo de formação e manutenção do poder político na esfera municipal, principalmente em cidades do interior. O autor utiliza-se do realismo político para chegar a seguinte conclusão prévia: em política é ganhar ou perder, perder em política é a pior coisa que pode acontecer. Sendo assim, quase inexiste oposição crítica nos municípios brasileiros, visto que somente em última instância uma facção irá realmente ficar contra a situação, é uma situação ilusória de alternância do poder que passa de dedo em dedo da mesma mão. Os donos do poder municipal do interior do Brasil são parceiros econômicos e morai. Vejamos o PT e MDB que mesmo após o golpe de Dilma no plano nacional continuam ''amigos'' nas esferas regionais. Essa situação impede o conflito de ideias, crucial para o amadurecimento de uma democracia. O município não consegue se desvencilhar da lógica dos poderes estaduais/federais, mesmo que em teoria (e certa prática) tenha autogoverno, auto-administração e auto-organização, é sempre refém do investimento dos governadores e presidentes, fazendo com que o status quo quase sempre se mantenha, criando uma rede de amizades: aos amigos tudo, aos inimigos a lei. Essa lógica impede que facções municipais queiram estar na posição de ''inimigos'' do prefeito e do governador, por exemplo. Escrito em 1947, plenamente aplicável no Brasil de 2019.

Parte ruim, e não é culpa do texto, é que ele é datado. Nunes Leal parte por uma revisitação histórica que começa no Brasil colonial e para na Constituição de 1946, passando pelo período Imperial e Republicano. O texto instiga a buscar respostas sobre a situação do município na atual ordem vigente, a Constituição de 1988, o que obviamente seria impossível ser feito naquele momento.

Fato é que a dissertação de Nunes Leal nos incomoda. Na escola aprendemos que o coronelismo foi um modelo político típico da República Velha, o que é um engano, o coronelismo é extremamente atual na esfera municipal, tanto antes quanto agora.
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Paulo 12/03/2023

Publicado pela primeira vez em 1948, este livro se tornou um clássico. Uma obra que, apesar de diversas avaliações críticas que recebeu ao longo dos anos, segue fundamental para se compreender o Brasil nas primeiras décadas do século XX.

Vitor Nunes Leal foi o primeiro intelectual a sistematizar o coronelismo. Tal prática seria o resultado da mescla entre um regime representativo desenvolvido e uma estrutura socioeconômica antiquada. O fenômeno era específico deste período e teria sido desencadeado pelo federalismo característico da Primeira República, que dava ampla autonomia aos estados, em desfavor dos municípios. Assim, os governadores passaram a ser eleitos por meio do funcionamento de um complexo sistema de compromissos que envolvia o apoio dos chefes políticos locais: estes, enfraquecidos economicamente, passavam a depender cada vez mais do poder do Estado para a manutenção de sua liderança local. Em suma, o poder público se fortalecia ao passo que os coronéis, representantes do poder privado, perdiam influência.
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Adriano 24/07/2009

Um ótimo livro para se compreender o fenômeno do coronelismo. Fenômeno incluvise bastante atual. Um clássico da historiografia brasileira.
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Andrey 10/04/2014

Coronelismo de Victor Nunes Leal
Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil é um livro essencial para compreender a história brasileira, principalmente no que concerne a este fenômeno em específico, o coronelismo, e a projeção histórica do município neste país.

Embora se trate de tese de concurso apresentada à Faculdade Nacional de Filosofia, o texto escapa aos vícios academicistas ao mesmo tempo em que inova os estudos das ciências sociais no Brasil, ao trazer estatísticas e interpretações até então não utilizadas.

O texto é ainda o mesmo daquele original dos anos 40. O mineiro de carangola explora os fatos históricos, oriundos desde o Brasil colonial, passando pelo Império até o locus próprio do coronelismo, a República. Muito além do mandonismo popularmente conhecido, o coronelismo é um fenômeno complexo, contextualizado, dotado de certas particularidades municipais e do próprio sistema federativo que impedem, portanto, o uso indiscriminado desse termo.

O título já revela a ótica sobre o fenômeno, a causa agrária e a consequência política que devem ser cuidadosamente considerados ao se enfrentar o tema.

Enfim, um livro importante na história do Brasil, dos municípios e da própria ciência social brasileira. Essencial para aqueles que se aventuram nos estudos dos municípios e do próprio coronelismo.
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Oct 08/06/2021

Apesar de não ser um livro da área que eu estudo, foi uma leitura bem interessante.

O livro é produzido a partir da dissertação de mestrado do autor, na área do Direito, mas por tratar de algumas questões políticas e organização dos municípios me interessou.

Pro área que me interessava, que é a organização do espaço, os três primeiros capítulos estariam de bom tamanho. Os três foram suficientes pra entender quais as relações entre o Coronelismo e as relações da sociedade brasileira com o espaço.

Foi uma leitura relativamente lenta devido aos termos usados que não eram conhecidos por mim, mas com o uso de um dicionário e das notas do próprio autor o problema foi resolvido.
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Igor Becattini 28/07/2021

Denso e informativo, mas com uma linguagem maçante
O livro é uma tese de doutorado transformada em livro, então é de se esperar que a linguagem técnica e acadêmica não fosse de fácil digestão. Para o leitor em geral que procura saber mais sobre o coronelismo em si, o capítulo 1 e 7 vão se mostrar os mais úteis.
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Mau_Caetano 17/01/2024

Extremamente atual
Victor Nunes Leal foi ministro do STF de 1960 até 1969, quando foi destituído do cargo em face do AI n° 5.

A obra ?Coronelismo, Enxada e Voto? foi escrita como a tese para ingresso na magistratura na, atualmente conhecida como, UFRJ.

Aquela época os can ditados a docentes tinham que apresentar teses, como forma de ingresso na carreira. Foi em uma dessas teses que descobriu-se o infame caso de plágio do jurista Pontes de Miranda.

O livro, a despeito de ter sido publicado em 1948 ainda é extremamente atual. Ele narra como o sistema do ?coronelismo? está enraizado em nossa sociedade, desde a época do Brasil Colônia.

O livro passa por diversas áreas de interesse, como, por exemplo, eleitoral, orçamentária e organização do judiciário. Todas que contribuem para a manutenção do status quo do coronelismo.

Por ser uma tese de ingresso a cadeira catedrática na UFRJ o livro é, por vezes muito denso e, em determinados capítulos, repleto de ?info dumping? com pouca contextualização caso não se olhe as notas de rodapé.

Sigo a filosofia de Antônio Gidi, na qual a escrita tem que ser clara, coesa e ter a capacidade de ser compreendia por todo e qualquer leitor.

Nesse quesito, a obra acaba ficando maçante, como relatado por outras resenhas aqui no app.

Ademais, as notas de rodapé se tornam essencial para contextualização da leitura e, por consequência, acabam virando mais do que somente notas de rodapé e viram parte integral do texto.

Dou, ao fim, 4 estrelas (tendendo ao 4.25), pois a obra aborda um assunto essencial para todos os brasileiros. Além disso, consegue demonstrar o motivo de ainda existirem tantos problemas em relação a política municipal, como visto na Reforma Tributária e em diversas questões de emendas parlamentares e nomeação de cargos.

Contudo, conforme dito, a escrita por vezes deixa a obra maçante e pouco ?digestível?.

4.25/5
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