Camila 15/06/2022
Não queria ter gostado.
"A vida não te pertence,
Não é teu, teu coração"
A história se passa no Brasil (Rio de Janeiro e Recife) durante o Segundo Reinado, o cenário é a fazenda que fica no município de Campos de Goitacases.
Isaura teve o azar de nascer escrava, tão boa e interessante criatura não merece isso (contém ironia). Sua mãe faleceu quando ela ainda era bebê, Isaura foi criada por sua senhora como se fosse uma filha (exceto que não lhe concedeu a liberdade) e seu último desejo era que sua protegida fosse libertada após sua morte, pois queria o passarinho somente para si enquanto fosse viva.
Ela é descrita dentre outras coisas, como a perfeita brasileira, praticamente a personificação da Afrodite já que quem a vê se encanta e apaixona.
Com a morte da senhora, a posse da fazenda e dos escravos passa a Leôncio, o único filho, que por sinal é um ser ganancioso e sem escrúpulos, que foi mimado e se tornou irresponsável, e nutre uma paixão latente pela escrava. Entretanto ele é casado com Malvina, que trata Isaura como sua companheira, até presenciar Leôncio se atirando para ela.
A pobre Isaura não aguenta mais gente chata no seu pé, diz que preferia ser a moça mais feia e desengonçada se a deixassem em paz, apesar de ter consciência de sua beleza sabe que de nada adianta se não tiver a liberdade, mas isso não a impede de assim como os outros, destratar o jardineiro que tem uma aparência deformada. Cadê toda a bondade e elevação de espírito?
Como Leôncio não quer alforriar Isaura nem por todo o dinheiro da Terra, ela foge com seu pai, indo do Rio de Janeiro para o Recife, e lá vivem escondidos, até que um jovem rapaz a avista enquanto passa pela chácara e fica encantado pela beleza daquela fada mística.
Quando Álvaro descobre da condição de Isaura, ele quer fazer de tudo para libertar seu amor, se prestando ao que quer que seja, enquanto seu amigo Geraldo, o aconselha para que pare de passar vergonha.
O desfecho é abrupto, encerrando de maneira dramática essa narrativa que para dizer O MÍNIMO, envelheceu mal, ainda assim não achei de todo ruim exclusivamente porque gostei da escrita, a temática é problemática e romantizada ao extremo, Isaura é fruto da idealização masculina e objeto de desejo, estereótipos de raça são reforçados e o conceito que gritou na minha mente durante toda a narrativa foi COLORISMO; Isaura é tratada de melhor maneira por aparentar ser branca.
"És formosa, e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano".
Gostaria de poder dizer que representa apenas a sociedade daquela época.