Henderson, o Rei da Chuva

Henderson, o Rei da Chuva Saul Bellow




Resenhas - Henderson, o Rei da Chuva


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Marcos606 09/10/2023

A história diz respeito à busca por significado de Henderson, homem de 55 anos, grandioso, que acumulou dinheiro, posição e uma família numerosa, mas, ainda assim se sente insatisfeito. Ele faz uma viagem espiritual à África, onde obtém elevação emocional em seus encontros com uma variedade de tribos africanas.

Usando o amor e a morte tematicamente, trata da busca geral de um homem pelo sentido da vida, em grande parte no espírito de Dom Quixote. Henderson adquire Romilayu como ajudante, assim como Quixote fez com Sancho Pança. Os principais protagonistas dos dois textos têm ambos cerca de cinquenta anos de idade quando se iniciam e ambos, por vezes, procuram conectar-se com a sua herança. Detalhes comparáveis ​​aparecem ao longo dos dois livros, como Henderson encontrando um cadáver na cabana em que fica na aldeia da tribo Wariri, e Quixote encontrando um grupo apresentando “O Parlamento da Morte”. Tanto Henderson quanto Quixote adquirem novos nomes durante suas missões. Henderson se torna o Rei da Chuva enquanto Quixote se torna o Cavaleiro dos Leões após um encontro com dois dos animais. O uso de leões é outro ponto de semelhança.

Meu livro favorito do século XX.
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Marcos Aurélio 06/05/2021

Eugene Henderson, inquieto e determinado.
Este foi meu primeiro encontro com Saul Bellow, sim, quando leio é como estivéssemos sentados frente a frente, eu a ouvir, e o escritor a contar sua história.

Eugene Henderson é um protagonista controverso. Suas atitudes despertam paixão, e ódio, enquanto "a voz interior o fustiga cobrando-lhe a missão "eu quero, eu quero, eu quero".

Desde a saída de casa, os problemas de relacionamento com a atual e a ex-esposa, e os filhos, a consciência é sua algoz. Henderson não tem trégua, cobra-se sistematicamente fazer algo que justifique sua existência.

Quando conhece Itelo, o reio da tribo dos Arnewi, tem a chance de "salvá-los", livrando a cisterna que abastece os africanos, de indesejados sapos. "E desse modo, pensei, este poderá ser um desses socorros mútuos; onde os Arnerwi são irracionais e eu os ajudarei, e onde sou irracional eles me ajudarão".

Henderson, sob os olhares atentos e incrédulos de Romilayu, falha miseravelmente. A uma bomba construída com base em sua experiência militar, mata os sapos, mas explode o reservatório e Henderson foge envergonhado.

Junto aos Wariri é colocado a prova desde o primeiro contato. Da emboscada na chegada, a demonstração de força que o torna Sungo, O Rei da Chuva. Por outro lado, o rei da tribo, Dahfu, não cansa de fazer Henderson pensar e por vezes parece disposto a enlouquecê-lo, ou, testar se há no forasteiro sanidade: "é tudo uma questão de ter o modelo agradável no córtex. Pois autoestima é tudo. Pois tal concepção, tal indivíduo. Dito de outro modo, o senhor é na carne o que é na sua alma".

O apaixonante rei revela desde o início o segredo, talvez para disfarçar a angústia, baseado nos costumes da tribo. Sua sorte está lançada. Ciente de que um rei entre os Wariri não envelhece, Dahfu faz Henderson reviver seus medos. "O mundo deve ser estranho para uma criança, mas ela não teme da mesma maneira de um adulto. Ela se maravilha com ele. Mas o homem adulto, principalmente, se aterroriza. E por quê? Por causa da morte".

E quando Dahfu vai a luta para cumprir sua missão, Sungo deve acompanhá-lo sem saber que testemunhará uma batalha mortal.
Vinicius.Zwarg 31/12/2023minha estante
Linda resenha. Parabéns.


Marcos Aurélio 31/12/2023minha estante
Obrigado!!!




Paulo Sousa 21/10/2020

Leitura 46/2020
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Henderson, o rei da chuva [1959]
Orig. Henderson, the Rain King
Saul Bellow (Canadá, 1915-2005)
Companhia das Letras, 2010, 416 p.
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?Ser. Outros se deixam levar pelo vir a ser. As pessoas do ser desfrutam todas as pausas. As do vir a ser são muito infelizes, estão sempre agitadas. As pessoas do vir a ser estão sempre tendo que dar explicações ou oferecer justificativas às pessoas do ser? (pág 195).
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Ninguém pode negar que a literatura tem na essência humana um de seus mais importantes nascedouros. Retratando as camadas da psiquê, ela é capaz de fazer frutificar o imaginário de tal forma palpável, como se estivéssemos tendo uma conversa com tal personagem, tamanha sua semelhança às pessoas reais.
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Essa ideia sempre me veio ao pensar a narrativa machadiana, cheia de vieses e meandros obscuros, onde o autor tem liberdade para dissecar a mais profunda das essências. O Rodrigo Cambará, da super saga ?O tempo e O vento? (salve, Erico Veríssimo!) é outro que me fascina até hoje. Também o Coelho Angstrom, de Updike, um personagem tão complexo e completo como nunca havia visto antes na alta quilometragem de páginas que já li.
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Hoje, mais um desses fenômenos literários se juntam a essa plêiada de meio-homens-meio-personagens: Eugene Henderson, o tragicômico personagem do escritor canadense Saul Bellow. É ele que povoa as páginas de ?Henderson, o rei da chuva?, um livro que mistura drama, algumas pitadas de comédia, suspense e algum teor épico mas que pode ser classificado como um romance de formação, ainda que para um personagem já mais velho. Henderson, um quase sexagenário, milionário americano, herói de guerra, cansado da sua vida de confusões, problemas de saúde, dois casamentos, vários filhos, decide que é hora de dar uma guinada em sua existência, a fim de buscar algum sentido à sua vida. Parte para os rincões da África onde vive algum tempo em duas tribos, os Arnewi, engraçados e simpáticos, e os Wariri, uma tribo estranha, que cultuam deuses bizarros e mantém uma aura de mistério, a começar por seu rei.
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É nelas que Henderson buscar por em prática seu plano de fazer o bem ao mundo. Se, na primeira, ele acaba desastrosamente, devido a uma barbeiragem, aumentando o sofrimento de um povo já arruinado, entre os Wariri, Henderson é cooptado pela estranha organização política do local: uma cerimônia o condecora como ?Rei da Chuva?, e a partir de então, ele ganha as graças do rei, que inicia um nada comum treinamento (vocês terão de ler o livro! :p).
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É nessa parte do livro que de fato vamos adentrando ao drama existencial de Henderson. Se, por um lado, temos um rei que, apesar das conspirações contra seu governo, não se abalar com o estado de perigo que corre, por outro, vemos um Henderson que perde a cabeça por qualquer coisa, um homenzarrão de quase dois metros de altura destilando suas inquietações que não o deixam em paz em nenhum momento. Um evento trágico abala ainda mais as emoções fragilizadas do nosso personagem, vindo a tomar a decisão de que, então, era hora de voltar para casa. No retorno tumultuado ao Ocidente, Henderson percebe que não é mais o mesmo homem que abriu mão de tudo em busca de significados: ele se vê renovado, uma espécie de halo de esperança parece o rodear e é então que aquela voz que o perseguia incessantemente, que o tirava a paz e o sentido de tudo, se cala e ele pode ver o belo no simples...
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Fazia tempo que eu queria ler algo do Bellow, um dos autores mais importantes da literatura do século XX, ao lado de Bernard Mallamud, Philip Roth e Norman Mailer. Henderson, o gigante em frangalhos, nascido da cinza e da chuva, não poderia ter sido melhor escolha! Vale!
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Deghety 07/04/2019

Henderson
Henderson, O Rei da Chuva
Saul Bellow
Canadá/Estados Unidos
Companhia das Letras
2010
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Henderson é o personagem que traz à tona o nosso prejulgamento. De início o encaramos como um cara bruto e insensível, chegando até mesmo a pensar:
"Vai ser difícil aguentar esse sujeito até o fim do livro"
No entanto, com o passar das páginas percebemos que ele é só mais um ser humano complexado querendo se encontrar, como ele mesmo diz várias vezes, tem o anseio de "ser" e o que possui é sempre o "vir a ser" .
Henderson, farto da sociedade em vive e do seu vazio interior, parte para uma aventura na África, entre tribos praticamente selvagens . A partir daí que a história vira o personagem ao avesso. A simplicidade, cultura e a condição espiritual das tribos Arnewi e Wariri faz com que Henderson comece a entender o buraco negro da sua existência em relação a si mesmo e aos seus próximos.
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"...devo me deslocar dos estados que eu mesmo crio para os estados que existem por si. Como se eu, parando de fazer tanto barulho o tempo todo, pusesse escutar alguma coisa bela."
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Dois personagens foram essenciais no desenvolver do protagonista, o guia Romilayu, com sua amizade e fidelidade e o rei dos Wariri, Dahfu, também com amizade, mas com extrema sabedoria filosófica e espiritual. Em relação a esse segundo, a leitura dá uma encalhada devido à ares de mistérios que antecede grandes acontecimentos, excedeu o necessário ao meu ver. No mais o livro é muito bom e gostoso de ler.
Um trecho que gostei pra caramba foi da carta que Henderson escreve a sua esposa, contando os acontecimentos, ainda em território selvagem, e expondo de forma lírica, não na carta, em "pensamento" , o que ocorria internamente em si nas ocasiões.
Recomendo.
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Fabiana.Amorim 16/01/2019

Impagável Rei da Chuva!
Henderson, o Rei da Chuva foi meu primeiro livro de Saul Bellow. A surpresa foi agradabilíssima, a melhor escolha para iniciar os trabalhos literários de 2019. Não por mera coincidência, comecei por este título porque o personagem, o milionário, tragicômico, excêntrico, atormentado e feroz Henderson foi em busca de "despertar o sono do espírito " no meio de uma África tribal não turística, exótica e pagã.

Na companhia do seu fiel escudeiro guia, o Sancho Pança africano Romilayu, ele passa por situações engraçadíssimas e inusitadas no meio de duas tribos repletas de costumes e superstições que nos rendem momentos de pura diversão, tensão e deleite. O mais interessantes é a inteligência e a sutileza de humor de Bellow que deixa o leitor desavisado embasbacado. Você começa um romance cheio de nuances psicológicas e, ainda assim despretensiosamente hilário, curioso e fluído.

A gente vai recebendo essa dádiva em forma de história a cada página e se encantando pelo brilhantismo do escritor. Humor refinado que me lembrou o próprio Woody Allen que era seu amigo. Amei demais. Genial. Deliciiso. Aconselho fortemente. Nota 5/5.
Vinicius.Zwarg 03/01/2024minha estante
Linda resenha. Parabéns.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 06/03/2012

Saul Bellow - Henderson, O Rei da Chuva
Editora Companhia das Letras - Tradução de José Geraldo Couto - Coleção Prêmio Nobel - Lançamento 2011.

A Companhia das Letras lançou no ano passado, em comemoração aos 25 anos da editora, uma coleção composta por doze autores do seu catálogo que receberam o Prêmio Nobel de literatura. Cada volume com acabamento de capa dura e revestimento de tecido além de tiragem única de 3 mil exemplares, sem reimpressões. Projeto gráfico de Raul Loureiro e Claudia Warrak.

Lançado originalmente em 1959, Henderson, o Rei da Chuva é o quinto romance de Saul Bellow (1915 - 2005), um dos mais importantes escritores norte-americanos do século XX e que recebeu o prêmio Nobel em 1976. O protagonista deste romance, Eugene Henderson, é um personagem raro e rico em contrastes, uma personalidade ao mesmo tempo truculenta e sensível, ex-combatente condecorado da Segunda Guerra, sobrevivente de dois casamentos e vários filhos, herdeiro de uma grande fortuna, mas que não se importa de fazer todo o trabalho pesado de sua fazenda de criação de porcos. Henderson decide partir para a África em plena crise existencial de meia-idade em busca de um novo sentido para sua vida.

A narrativa em primeira pessoa de Bellow é um caso à parte, um texto direto e sempre bem-humorado, é impossível não simpatizar com Eugene Henderson no decorrer de suas aventuras, nem sempre politicamente corretas (principalmente considerando o ano de 1959) com os Arnewi e Wariri, dois povos de culturas opostas, lutando pela sobrevivência no ambiente hostil e sem água de localidades remotas do interior da África.

Outros títulos da Coleção Prêmio Nobel:

40 Novelas - Luigi Pirandello
Amada - Toni Morrison
Amor de Novo - Doris Lessing
O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago
Uma Curva No Rio - V. S. Naipaul
Desonra - J. M. Coetzee
Jovens de um Novo Tempo Despertai! - Kenzaburo Oe
A Morte de Matusalém - E Outros Contos - Isaac Bashevis Singer
Neve - Orhan Pamuk
Noites das Mil e Uma Noites - Naguib Mahfouz
Ossos de Sépia - Eugenio Montale
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