spoiler visualizarVictor Leonardo 11/07/2017
Não se deixe levar pelo título (equivalente ao original em inglês). Esse livro não é uma descrição biográfica dos puritanos, mas sim palestras proferidas por Lloyd-Jones nas Conferência Puritana e de Westminster, que se realizavam anualmente e ocorreram por vários anos. Um título talvez mais adequados seria a "Reflexões evangélicas às luz da experiência puritana". Obviamente, o autor cita a história de várias personalidades da época do puritanismo, como John Owen, porém vai muito além disso. Os avivamentos do século XVIII, a temática do pietismo alemão, as visões de santidade do século XVIII-XIX, a questão da igreja e o estado, todos esses assuntos estão presentes neste livro.
Lloyd-Jones cita personalidades um tanto quanto "periféricas" para muitos reformados, como o congregacional Henry Jacob, o Metodista-calvinista William Williams e o anglicano Howell Harris. Extraindo da vida e teologia desses homens lições profundas para a igreja contemporânea.
Embora se note em alguns momentos um forte tom calvinista nas declarações de Jones, é impressionante seu desejo por uma comunhão mais ampla dentro do evangelicalismo e até mesmo forte elogios a homens que possuíam visões evangélicas bastante distintas das dele. Não poupa críticas também a certos elementos do mundo reformado, como o sectarismo, a ênfase exagerada à Confissão de Fé de Westminster, a falta de espiritualidade no meio reformado e a necessidade do Batismo com o Espírito Santo na vida a igreja.
Nessa obra, Lloyd-Jones se revela um pensador firme, evangélico, sensato, que luta pela comunhão na igreja entre os cristãos evangélicos de qualquer denominação genuinamente evangélica (excluindo-se, obviamente, os romanistas); suavizando ao máximo as diferenças denominacionais não sendo, é claro, um anti-denominacional ou anti-congregacional (ele mesmo sendo um firme metodista-calvinista, como gostava de ser chamado). Um ponto interessante no livro é ver a defesa velada de Lloyd-Jones do congregacionalismo, e sua clara afirmação do Batismo com o Espírito como algo posterior à conversão e a defesa do livro de Atos como um livro doutrinário.
Obra recomendadíssima para todo leitor cristão!