amorime_ 30/08/2021
Mais ou menos...
Neste segundo volume, temos a introdução de novos personagens importantes para o desenvolvimento da história, e, principalmente, para o desenvolvimento de Philip Blake. Aqui, já com o nome de Governador, Philip comanda Woodbury da maneira mais tosca e macabra possível, a tensão entre os personagens é palpável e é perceptível que Blake não inspira respeito, mas sim desperta o pior dos moradores da cidade, que, anestesiados pelo apocalipse zumbi, se mostram tão insensíveis quanto seu governante.
Se, no final do primeiro livro, ele podia ser considerado como o herói que salvaria a cidade dos antigos comandantes, agora o leitor possui apenas uma certeza: Philip Blake enlouqueceu. Nesse livro, a dinâmica da cidade mudou drasticamente, onde os shows de horrores envolvendo humanos e zumbis passaram a ser considerados lazer - sendo, inclusive, incentivadas e organizadas pelo Governador.
Antes disso, é necessário retomar os novos personagens que foram introduzidos, dando destaque aqui a personagem principal desse livro, Lilly Caul. Ela faz o típico estereótipo de mocinha que tenta sobreviver ao apocalipse zumbi: a menina pequena, franzina, frágil, que precisa ser salva a todo momento. Esse não seria o problema, se a personagem tivesse sido desenvolvida de uma maneira bem construída, mas isso não acontece: as coisas magicamente acontecem para salva-lá. Independente da situação, a solução para o problema cai do céu, e a adorável menina Lilly fica sã e salva.
Sem contar que, de uma hora para outra, a personagem muda completamente de personalidade. Acontece um evento que poderia ter contribuído pra isso, mas tudo aconteceu de uma maneira tão rápida que, a sensação que causa é que Lilly estava ali apenas para ocupar o lugar de “adversário” de Philip no livro. Parece que tentaram fazer com ela o mesmo que fizeram com a Carol (da série e das HQs), transformar uma personagem frágil e dependente em uma personagem forte, independente e influente no grupo: mas ao contrário de Carol, Lilly só aparece em horas convenientes com o Universo ao seu favor, para impedir que ela morra ou se machuque.
Voltando ao Philip, observar como os horrores do apocalipse, os traumas de perder quem se ama e a “responsabilidade de manter as pessoas vivas” é, ainda, muito interessante. Philip não é apenas um personagem macabro, é um personagem que mostra como a incapacidade de lidar com nossos problemas podem nos enlouquecer. Para fugir de tudo o que aconteceu nos últimos anos, ele monta esse personagem, o “Governador”, e passa a tratar isso como seu propósito de vida, utilizando o mundo ao seu redor e seus traumas para justificar os horrores que ele comete.
Apesar dos pontos positivos, esse livro não atendeu as expectativas. Como dito anteriormente, a personagem principal não foi bem construída, a história possui alguns furos e acaba ficando repetitiva, ficamos o livro todo lendo sobre Woodbury, e no final, parece que não sabemos nada sobre a cidade… Deixou a desejar, mas ainda tenho expectativas para o terceiro livro.