Carol 16/12/2013
Atenção: contém spoilers do volume anterior -A ascensão do governador
"Stevens completa o círculo e traz a conversa de volta para as infelizes realidades da praga zumbi e sugere que líderes sanguinários provavelmente são um mal necessário, um efeito colateral da sobrevivência.
[...]
- É só uma desculpa. As pessoas nascem más. Esta merda com a qual estamos lidando agora...É só um gatilho. Traz à tona a pessoa real.
-Então Deus nos ajude -- murmura o médico, mais para si mesmo do que para Lilly."
Em The Walking Dead - O caminho para Woodbury, sequência de "A ascensão do Governador", conhecemos um novo grupo de sobreviventes que, em meio ao caos da praga zumbi, fazem o possível para se manterem vivos. Lilly Caul,protagonista da história, começa sua jornada de sobrevivente em acampamentos improvisados com pouco sistema de defesa contra zumbis, água em escassez e, é claro, sobreviventes com os nervos à flor da pele. Todos estão transbordando de tensão, nervosismo e medo.
A estória então se desenrola até um ponto em que Lilly, Josh, Bob, Megan e Scott - todos sobreviventes do acampamento- acabam se separando do grupo e seguem para o sul, procurando por um lugar seguro e uma forma de sobreviverem ao inverno. Aliás, quando você pensa que não pode piorar, sempre aparece uma nova ameaça ou uma enrascada para colocar em risco a vida dos personagens: uma horda de zumbis aparece, acaba o combustível, começa um frio intenso, falta água potável, acabam as munições, outro grupo de sobreviventes aparece... E assim vai.
Sim, acontecem diversos ataques zumbis, incursões para a busca de armas, munição, água e comida; isso é um prato cheio para quem gosta de histórias de sobrevivência (eu? Magina)
O livro é bom, porém inferior ao primeiro. O primeiro volume é bem carregado de drama, suspense e até uma pitadinha de terror. Já este, apesar das mortes - sim, se prepare, em The Walking Dead é impossível não haver mortes - das enrascadas e do medo que paira sobre os sobreviventes, achei que faltou um pouco de ação e clímax.
Apesar disso, as cenas de ação são bem descritas e conseguem prender o leitor e deixá-lo ansioso pelo próximo passo do personagem ou para ver como o personagem sairá de determinada situação.
O que me decepcionou um pouco foi o final. Esse segundo livro seguiu, mais ou menos, a mesma ordem do primeiro, e esperei que uma reviravolta ou algo surpreendente acontecesse no final. O livro todo vai caminhando para um clímax que não acontece. Além disso, esperei um pouco mais do desenvolvimento da personalidade do Governador, principalmente depois que Brian começou a agir como o falecido irmão, Phillip Blake, a fim de manter a ordem e o controle em Woodbury. No momento em que Brian perde o irmão e os amigos sobreviventes, - primeiro livro - ele faz uma reflexão e passa a ver as coisas sobre outra perspectiva. É nesse ponto que nasce o Governador, é ali que Woodbury começa, e esse desenvolvimento de Brian poderia ter mais espaço na narrativa do segundo livro.
Em determinado ponto do livro, depois de ver algumas atitudes tiranas, extremas e até insanas do Governador, você se pergunta: Por que é que o povo de Woodbury não reage? Não põe as cartas na mesa? Não exige mudança? Então, em meio a um diálogo, surge a seguinte comparação: "...são como os alemães em 1930 quando o desgraçado do Adolf Hitler..."
Embora eu ache que o Governador está longe de ser um Hitler, ele não deixa de ser o governante autoritário que luta pela ordem em meio ao caos. As pessoas estão desesperadas, vivendo em péssimas condições, sob traumas, perdas e medos, e é nesse contexto que surgem os líderes sanguinários e radicais para governar com mãos de ferro e fornecer uma direção aos pobres perdidos.
A partir da dinâmica de Woodbury e do contexto em que as pessoas estão vivendo, algumas atitudes do Governador tornam-se compreensíveis - não justificáveis - mas é possível entender o que impulsiona suas ações.
Quando o grupo - Megan, Lilly, Scott, Bob e Josh - chega a Woodbury, o protagonista, para mim, passa a ser o Governador. Ele ganha espaço e rouba a cena, já que é um vilão de personalidade bem peculiar, marcante e forte.
Os outros personagens também têm seu espaço e evoluem na narrativa, mas para mim o que mais marca é, sem dúvida, a figura do Governador.
"O caminho para Woodbury" é um livro bom que mostra a tensão, insegurança e medo diante de um apocalipse zumbi, onde desde uma faca até uma garrafa de água pode tornar-se questão de vida ou morte.