Leitora Viciada 02/04/2013A capa desse livro se enquadra muito bem no enredo base do mesmo: O símbolo do infinito é essencial na história, o fundo com visual antigo e desgastado e a bússola formam um conjunto perfeito de elementos diretamente ligados a Um Motim no Tempo.
Embora à primeira vista possa parecer do estilo steampunk por causa da capa, o livro é de Ficção Científica infantojuvenil, mas seu foco está mesmo em uma mistura de características que traz uma difícil classificação.
O título é indubitavelmente um acerto e possui duplo sentido: É referente a um motim ocorrido na história do mundo, um marco poderoso, e ao mesmo tempo significa que a história foi burlada. Não ocorreu como deveria!
Recebi o livro de prova da Editora Seguinte, ainda em fase de revisão, e já considero esta edição muito bem finalizada e nem percebi que lia um exemplar ainda em acabamento. A diferença é que na edição final existe o Guia do Guardião da História além do prólogo e os trinta e seis capítulos.
São capítulos rápidos e de narrativa empolgante, leve e dinâmica. Embora possa parecer complexa a premissa, esse é um livro de fácil compreensão, por ser juvenil. No entanto, aborda diversos itens muito bem desenvolvidos para agradar aos leitores de qualquer idade. É um livro divertido demais, porque mesmo carregando uma enorme responsabilidade e enfrentando diversos perigos e uma viagem ao total desconhecido, os protagonistas mantêm a ironia e as brincadeiras do início ao fim.
A apresentação do mundo é feita de forma natural, sem a preocupação de sair jogando informações diretas em cima do leitor. De início pensamos ser um futuro distópico e ficamos com uma enorme curiosidade sobre tudo.
O autor mostra, não explica. E isso é excelente. Ele apresenta tudo de forma rápida, para já entrar na ação que se segue em todas as páginas, não se perde em explicações sobre o que é o quê, o leitor vai simplesmente descobrindo. Gostei muito dessa característica.
Outro acerto é o fato de possuir muitos diálogos sem monotonia e descrições na medida certa: Nada cansativo ou chato, pelo contrário. É o tipo de livro que o leitor agarra e lê sem perceber o tempo passar.
A melhor parte é que vamos descobrindo tudo sob a visão de dois pré-adolescentes: Dak e Sera. A narrativa é em terceira pessoa, envolvendo os pontos de vista de ambos os amigos.
Os dois são peculiares, não apenas na personalidade, mas nos gostos e qualidades (e defeitos também!). São geniais. Não típicos nerds, são realmente super gênios e cada um se interessa por uma área diferente.
Enquanto o menino Dak é apaixonado por história, ao ponto de não conseguir largar livros velhos e discursar sempre sobre curiosidades das épocas mais diversas; Sera, sua melhor amiga, é uma menina que domina a área tecnológica, principalmente a física. Ela acha maravilhoso estudar e observar partículas e tudo que um laboratório científico pode englobar.
Os dois são diferentes na aparência e nas áreas em que são especialistas. Desgostam das paixões um do outro: Sera acha estudar o passado entediante e sem propósito e museus locais sem atrativos enquanto Dak pensa que partículas são como um idioma indecifrável e laboratórios locais sem graça.
O legal dos dois é que embora pareçam diferentes, são na verdade idênticos. Iguais na paixão pelo estudo e em serem incompreendidos pelos outros pré-adolescentes e pela sociedade de uma forma geral.
Eles debocham do conhecimento um do outro, mas é apenas fachada. Eles são os melhores amigos, apoiam um ao outro e se admiram mutualmente.
Outra diferença é que Sera sofre Reminiscências. Dak não sabe a sensação que esses momentos provocam, mas ampara Sera como pode. É um mal estar incompreensível seguido de visões estranhas e sem sentido aparente. Algumas pessoas sofrem disso devido às Grande Fraturas, que logo Dak e Sera descobrem o que são verdadeiramente e se ligam a isso para sempre.
O que aconteceria se nossa realidade fosse alterada através de fatos passados terem ocorrido de outra forma? E se nosso presente (e futuro) estivesse todo errado? E se os acontecimentos tivessem sido burlados por uma organização poderosa que mudou o mundo para poder controlá-lo?
É exatamente isso que ocorre na série Infinity Ring - ou Anel do Infinito.
Porém os Guardiões da História estão há séculos e séculos tentando proteger o curso natural dos fatos. Tentam impedir as Grandes Fraturas. E na época de Dak e Sera, esse grupo secreto planeja retornar ao passado para corrigir todas as falhas. Eles querem impedir a SQ de dominar o Novo Mundo e mudar a história para pior, para o que não deveria ser. Para o que é: O mundo que Dak e Sera conhecem.
E exatamente onde eles dois entram nisso? Inesperadamente, eles serão os responsáveis pela viagem no tempo, utilizando um artefato tecnológico único!
Os dois pré-adolescentes se metem em uma grande enrascada e a partir daí enfrentam problemas e perigos, cada vez mais complicados e caóticos. Suas habilidades e conhecimentos são extremamente necessários para o cumprimento de uma missão impossível: Impedir um motim sofrido por Cristóvão Colombo em 1492. Embora sejam gênios e levem jeito para serem aventureiros, eles são apenas pré-adolescentes!
O autor acrescentou três detalhes especiais: Uma motivação pessoal, o porquê dos dois serem os viajantes do tempo e um companheiro singular.
Se não existisse um motivo verdadeiramente pessoal, por mais importante e empolgante que fosse a missão, os dois dificilmente iriam entrar de corpo e alma nessa missão. Mesmo sendo muito atraente salvar o mundo, viajar no tempo e fazer parte de uma sociedade secreta, eles não enfrentariam todo o perigo e incerteza, e até mesmo risco de morte caso não houvesse algo particular e íntimo os interligando a tudo.
E os Guardiões da História não dariam essa responsabilidade e fardo para duas crianças se não existisse outro modo. Não tem outra possibilidade: Apenas Dak e Sera são capazes de voltar ao passado! E o autor explica isso muito bem. É uma aventura espetacular.
Riq, o companheiro de Dak e Sera agrega mais diversão. É um adolescente perito em idiomas e também um super gênio.
Eles têm seus atritos. Afinal três jovens geniais e cheios de personalidade, com o peso de salvar literalmente a História da humanidade, se estranham e discutem muito. Mas o autor encaixa tudo com muito bom humor, fator essencial, além da aventura, em um livro infantojuvenil.
Eles precisam valorizar e respeitar essas diferenças, porque unindo suas habilidades é que eles resolverão os quebra-cabeças e enigmas ao longo do caminho.
O livro possui final satisfatório para quem lê apenas o primeiro volume, mas deixa o leitor muito empolgado para continuar a saga. Creio que serão mantidas as principais características, mesmo os próximos cinco volumes sendo escritos por um autor diferente cada. Acho que essa manobra trará ainda mais dinamismo à trama e proposta centrais. Depois no sétimo e último volume, o autor do primeiro retornará para finalizar Infinity Ring.
Acho que ao final será uma série diversificada, engraçada e com diversos cenários e épocas diferentes. O conjunto da obra certamente trará a evolução dos protagonistas e uma sequência alucinante de ação e mistérios!
Uma série infantojuvenil feita para sacudir a literatura jovem. Uma viagem pela história, ficção e entretenimento. Um motim inteligente que ensina os adolescentes sem chatice. Uma série promissora. Possuo expectativas altas sobre o restante de Infinity Ring.
+ detalhes sobre a série?
+ resenhas?
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