Sergio Y. vai à América

Sergio Y. vai à América Alexandre Vidal Porto
Alexandre Vidal Porto




Resenhas - Sergio Y. vai à América


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Arsenio Meira 15/05/2014

Enfrentamento

Aqui, tenho que ser breve para não incorrer em spoiler. A narrativa corre. Literalmente. É predicado de maestria, e paradoxalmente, um prejuízo ao leitor.

Sergio Y, classe média alta, jovem, encontra-se perdido. Vai tratar-se com o renomado psiquiatra Armando. Ambos personagens mereciam um enfoque bem maior. Mas o enfrentamento a respeito de um tema delicado para um jovem, é tecido com exatidão e economia pelo escritor paulista Alexandre Vidal.

Armando é viúvo, e Sérgio é um ser humano à procura de si mesmo. A despeito da cátedra e das décadas de clínica psiquiátrica, Drº Armando sente-se vulnerável a respeito de um fato crucial que ocorre no romance.

A partir daí, Vidal teria que dar um alongamento na história, para não truncar um enredo que fluiu tão bem, que nem mesmo o mais cruel dos leitores sente o tempo passar. Há uma pitada leve de suspense, o que comprova a teoria de que é desnecessário canhões e tiroteios para prender o leitor. Enfim, havia um caminho para trilhar bem maior do que as 180 páginas do romance.

Mas eu indico, sim. Não senti o tempo passar, e o romance deixa ao leitor o sabor de uma realização, ainda que incompleta. É complicado isso, mas não dá pra escrever a respeito do porque, pois seria matar e entregar de bandeja a essência do livro. Sergio Y encontrou no divã de um psicanalista uma razão para não andar mais perdido em si mesmo como em deserto. E o renomado médico aprendeu a necessidade de lutar diariamente contra a vaidade.

Um e outro são dois emblemas do tempo pretérito, presente e futuro. Um dado positivo foi a ausência completa de sensacionalismo, ou desgraceira (para tomar emprestada a palavra usada por um amigo) em determinadas passagens difíceis do romance. A comedimento de Vidal funciona sem petrificar esses momentos. Não há indiferença, mas tampouco o mundo se acaba. As pessoas também reagem, lutam, para superar a escuridão da dor.

Daniel 23/01/2015minha estante
Gostei muito deste livro. Leitura agradável e elegante, senti falta apenas de um final mais impactante, talvez.


Arsenio Meira 23/01/2015minha estante
Também senti um final mais impactante, ou melhor, o Vidal poderia dar uma breve alongada no enredo (cabia isso) e aí sim ele encontraria espaço para caprichar mais no desfecho.


Pri.Naca 23/02/2015minha estante
A leitura flui de maneira agradável. Li resenhas muito boas e acredito que criei muitas espectativas pois me decepcionei um pouco com o livro.


Arsenio Meira 24/02/2015minha estante
Olá Priscilla,
De um modo geral, gostei bastante do romance. Não gosto de hipervalorizar a concisão, mas - ás vezes - ela é bem-vinda. Acho que o Vidal soube tratar bem esses dois atributos: fluidez e concisão. O desfecho do romance é que deixou a desejar, (acho que que sobre este ponto concordamos todos). E o desfecho costuma ser um elemento crucial para a avaliação, quando na verdade, acho que crítica preferiu (no que concordo) analisar a obra como um todo. Obrigado pelo comentário, e um abraço do Arsenio.




joaoggur 22/02/2024

Sergio na América; nós em Sérgio.
Mesmo seguindo inúmeros protocolos processuais e métodos de diagnóstico/epistemológicos, é inegável que a psiquiatria, dentre as ciências médicas, é a mais influenciável pela subjetividade; não há imparcialidade ou inexistência afetiva quando nosso trabalho é adentrar a mente de um indivíduo.

Partindo deste pressuposto, Armando ficara completamente obcecado por seu paciente, o adolescente Sérgio Y. Aliás, perdão o equívoco, seu ex-paciente; após o repentino fim das consultas, o jovem partira para os Estados Unidos.

Fico em um certo dilema; é quase impossível falar da obra sem despejar spoilers. Entretanto, tenho certeza em dizer como Alexandre Vidal Porto foi cirúrgico com as palavras, com o vocabulário, com o respeito a seu personagem homônimo ao título. A relação obsessiva, por vezes, não é em razão de uma mórbida curiosidade do psiquiatra; e sim uma grande busca de si mesmo. O enfoque em Sérgio Y. (e seus desdobramentos nas terras ianques) é, sumariamente, uma forma do narrador-protagonista (Armando) entender a si mesmo.

Paradoxalmente, o autor peca ao criar uma obra que consegue ser fluida e maçante, mesmo sendo termos contraditórios. Indubitavelmente há mais páginas que o necessário, - tal como, em certos momentos, a narrativa dá uma guinada para pontos desnecessários na conjuntura dos fatos.

No mais, está longe de ser uma escrita preguiçosa. Vale a pena.
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Elo 12/08/2020

Eu não dava nada pelo livro, adquiri ele porque vi num bazar bem baratinho, mas que leitura... o livro trata de possibilidade existencial a todo momento, acompanhando as mudanças que nos são permitidas ao longo da vida por meio do inesperado. Excelente leitura.
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Rodrigo 12/08/2020

SERGIO Y VAI À AMERICA
Segundo livro que leio do autor, e gosto muito. Leitura fácil, fluída, e no entanto, uma análise profunda sobre nossas identidades.
Recomendo
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Yago.CamurAa 24/08/2020

conheci o autor com o livro "Cloro" e venho procurando outras obras do mesmo. esse livro foi uma ótima surpresa. o autor tem uma habilidade com as palavras e uma forma de contar uma história de forma direta que vi poucos conseguirem fazer isso.
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Euler 06/05/2020

Sandra Y
O livro Sérgio Y vai à América do escritor Alexandre Vidal Porto é a narrativa de um psicanalista que não se conforma com o cancelamento do acompanhamento de um paciente, o Sérgio Y e passa a ficar obcecado por ele. Em sua investigação, o psicanalista descobre que na verdade Sérgio é Sandra que em sua existência transexual vive feliz em Nova York. Se por um lado é inédito essa personagem trans riquíssima e feliz, a narrativa perde boa oportunidade de travar um aprofundamento do debate das vidas trans e travestis que em sua maioria vivem numa zona à margem do que vive Sandra. O narrador-psicanalista consegue mascarar essa falta de aprofundamento por se colocar na condição de quem tenta entender mais sobre o tema, o que dá ar de boas intenções ao percurso do tema na narrativa. O que acontece com Sandra - não darei spoiler, - acaba centrando o enredo em como reagem as pessoas ao entorno de uma jovem em transição e por mais que isso seja o objetivo da obra eu fico querendo saber mais da Sandra. Durante todo o texto, a linguagem crua - que eu inclusive adoro- me causou distância. Mas é um ótimo livro para perceber como temas atuais se atualizam a todo tempo.
BetoOliveira_autor 04/07/2020minha estante
Concordo com você, o tema é muito relevante, e ao terminar a leitura conclui que a obra deixou muito a desejar. Sinceramente, considerando o grande porte da Editora Companhia das Letras, fiquei até surpreso por publicarem uma obra mediana para baixo. É uma narrativa bem escrita, segue o modelo bonitinho, não arrisca muita coisa. Mas em termos de enredo, de profundidade, ficou devendo muito.
Vale a sua leitura pela representatividade.


Euler 04/07/2020minha estante
Minha questão é exatamente essa. Deve ter outras obras que tocam nessa representatividade e que mereciam ser publicadas pela Cia das letras


BetoOliveira_autor 04/07/2020minha estante
Ler a sua resenha até me tranquilizou. Eu achei que estava sendo exigente demais e que não peguei o fio da meada do livro. Nossas impressões são semelhantes, e com certeza deve ter muitos outros que não curtiram o todo da obra, embora tenha algumas coisas bacaninhas. A referência ao Fernando Pessoa é um ponto positivo. Não sei se você concorda, mas achei meio inverossími um renomado psiquiatra e terapeuta deixar passar batido e nem sequer suspeitar das preocupações sexuais do paciente. E o sumiço sem dar uma clara satisfação, a despeito de o Sérgio, depois Sandra reputar ao narrador ter salvado, mudado a sua vida. Mas é apenas um detalhe, nada que fosse impossível de fato acontecer.




EduardoCDias 29/01/2022

Uma vida redescoberta
Um psiquiatra começa a crer que que errou com um paciente de anos atrás, apesar de todos falarem que ele, o psiquiatra, foi muito importante na sua vida, mostrando-lhe o caminho para a felicidade. Melhor livro que já li sobre um tema muito espinhoso e difícil. Respeito, compreensão e aceitação.
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Paulo 13/04/2020

Logo que eu comecei a ler o livro, a história me pegou de jeito, e eu fiquei super empolgado com ela. A empolgação durou até o momento em que Armando vai para Nova Iorque, quando eu passei a achar que a história era mais sobre esse personagem e seu ego. Depois disso, acho que eu não consegui recuperar mais a empolgação inicial da leitura, porque me pareceu que o ego do psiquiatra estava sempre ali, esperando para ser massageado.
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Guilherme 07/08/2020

Bela leitura.
Recomendo por ser um livro que me emocionou. E acho que qualquer pessoa empata (ou com o mínimo de empatia pelo próximo) irá se emocionar também. Por mais breve que possa ter sido a emoção, chegou lá.
Bela escrita de Alexandre Vidal, o médico narrador possui uma personalidade muito boa, é interessante de ver as coisas por seus olhos e desvendar a história junto com ele.
Eu recomendo bastante.
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Daniel Andrade 17/01/2022

Alexandre Vidal Porto: te amo
Não é tão incrível quanto Cloro, que é um dos meus livros favoritos da vida, mas é muito bom.
Li em uma sentada, de forma muito rápida e leve. Apesar de o tema parecer pesado pela sinopse, não é. Tudo é tratado de forma natural, sem tabus.
Uma pena que não possui mais páginas, adoraria saber mais sobre e vida do Sérgio e de Sandra em Nova York.
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Renata 18/03/2021

Comecei a leitura desse livro sem expectativas, mas me surpreendi com o desenrolar da história. A cada página o personagem narrador lhe encaminhar com curiosidade para a próxima página e as descobertas são fascinantes. Um livro que emociona!
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Antonio 15/12/2014

Sandra: um Angelus que caiu do céu
Em Sergio Y. vai à América, Armando, um renomado psiquiatra metido a requintado, apresenta-nos Sergio Y., um jovem que, ao não se revelar por inteiro nas sessões de terapia, enfia goela abaixo do médico o reconhecer-se imperfeito.
Inspirado pelo avô que muito admirava, e indireta e inadvertidamente também por seu psiquiatra, Sergio Y., dando-se alta do tratamento de maneira unilateral, decide mover-se em busca da felicidade que sabia não residir perto de si. Encontra-a nos Estados Unidos, país que vê surgirem, com um século de distância, Sandra e Angelus, primeiro este e depois aquela, ambos nascidos do fim de dois seres que os sufocavam: a lituana Adriana Simkevicius e o próprio Sergio.
Elegante tal qual seu autor, o texto de Sergio Y. vai à América é também ágil e econômico: sem suar, mas também sem conseguir parar para respirar, o leitor empreende uma viagem sem volta ao desconhecido e instigante mundo da liberdade, acompanhado do perspicazmente construído Armando – cuja afetação é habilidosamente explicitada no capítulo O que Sergio Y. teria dito se não tivesse caído da janela e quebrado o pescoço.
Humano, terno e inspirador , Sergio Y. vai à América faz jus ao Prêmio Paraná de Literatura, categoria romance, que lhe foi outorgado em 2012.
Trecho do livro:
“‘Ele está feliz. Se mudou para Nova York um mês depois que parou a terapia com o senhor. Mora lá desde essa época. Já faz quase quatro anos. Mudou a vida completamente. Se o senhor o encontrar, não vai nem reconhecer. (...)’” (p.50)


site: leioedoupitaco.blogspot.com.br
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Gláucia 14/04/2015

Sérgio Y. Vai à América - Alexandre Vidal Porto
O livro é narrado em primeira pessoa por Armando, um renomado psiquiatra de 70 anos relembrando um caso que atendeu no passado. Sérgio Y. é um jovem de seus 23 anos que tem todos os requisitos para a felicidade: beleza, dinheiro, amor e harmonia familiar, inteligência. Porém é tomado por um inexplicável sentimento de tristeza crônica e é busca da origem desse sentimento que busca ajuda do psiquiatra. Após uma viagem à Nova York, volta ao consultório de Armando para se despedir e agradecer a ajuda pois considera-se curado graças a ele mas o psiquiatra fica sem saber o que fez por ele, na cabeça dele nada. Alguns anos depois descobre que o jovem havia sido assassinado em NY e parte em busca das respostas que não conseguiu ter.
O livro é curtinho e bem rápido de ler e o tema pode ser interessante mas não conseguiu me convencer de forma alguma. A disforia descrita no livro, em todos os casos que conheci, não acontece daquela forma. Sem estragar a surpresa, não é verossímil pois uma das características sempre descrita é que a pessoa, antes de se saber uma pessoa, já se reconhece como algo que não é, e às vezes antes dos 3 anos de idade já sabe qual o problema. No livro os dois personagens portadores do problema tem um "click" já adultos e parecem não ter nenhum tipo de conflito com isso.
Wolney Fernandes 14/04/2015minha estante
Bingo! Também achei a narrativa rápida demais, por vezes rasa e repleta de clichês que são desfiados amiúde durante a jornada do psiquiatra. A construção dos personagens não se aprofunda a ponto de entendermos a motivação de cada um deles e, se no começo, mergulhamos nas inquietações do Dr. Armando, elas se dissipam bem rápido sem que entendamos as vias pelas quais ocorreram essas transformações. Uma conversa e pronto! Tudo parece se resolver como num passe de mágica. E assim acontece com todos os coadjuvantes da história, todos muito bem nascidos, resolvidos e articulados. Frente ao drama que se apresenta diante de cada um deles, chegam a refutar alguns sentimentos e encará-los com certa tristeza ou dificuldade que logo são dissipados e superados por um discurso pautado na busca incessante pela felicidade que justifica, inclusive, a morte: Morrer não é nada quando se morre buscando ser feliz. Tsc.. tsc...
Não funcionou pra mim também!


Gláucia 14/04/2015minha estante
Wolney, o que mais me incomodou foi a forma superficial e equivocada com que o problema foi abordado, os transgêneres sabem desde a mais tenra idade qual o problema dele, e esse problema é sempre a estranheza que sentem em ter uma genitália incompatível com seu sexo de identificação. E nesse livro, de repente eles se olharam no espelho e descobriram que seriam felizes apenas mudando de roupa. A partir dai se transformaram nas pessoas mais felizes do mundo, quase de um dia para o outro e sem conflito.


Thiago 14/04/2015minha estante
O cara morre e ele vai tentar bancar o Sherlock, foi mesmo o que eu entendi?


Gláucia 14/04/2015minha estante
Thiago, a morte não é o mistério, mas o psiquiatra que o tratou anos antes quer tentar entender a verdadeira natureza da tristeza dele quando era seu paciente, coisa que ele não conseguiu descobrir durante a análise.




Mari Duarte 09/11/2020

A felicidade vem da coragem de fazer algo novo.
Esse livro é bem diferente dos gêneros que eu costumo ler, de certa forma classifico ele até como um livro de auto-ajuda, pelo que aprendemos ou reforçamos em nossa mente a evolução dos personagens.

No livro mostra vários pontos de vista de quem convive ou conviveu com Sérgio, sentimentos sobre uma realidade, sobre uma escolha de vida e sobre ser alguém.

Sérgio não se via como Sérgio e fica as incógnitas, por que, até onde ele foi influenciado a tomar as atitudes, quando ele teve coragem de recomeçar sua vida e o que motivou ?

O livro pelo ponto de vista de amigos, familiares e médicos que fizeram parte da vida de Sérgio nos faz sentir na pele como é, não se sentir bem com o seu próprio corpo, não é sobre defeitos, mas sim sobre se enxergar como um outro alguém que por um acaso da vida você não nasceu sendo, mas nada lhe impede de se tornar.

É bizarro pra quem não senti isso, eu mesmo não sei falar sobre, escrever sobre, mas ao ler o livro eu vi o quão conflituoso isso é, não só pra quem vive com Sérgio, mas principalmente para o Sérgio.

Eu amei ler um gênero diferente e gostei da forma que o livro nos faz refletir sobre o assunto.
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