Aline Marques
13/02/2017Desabafo como prova de amor! [IG @ousejalivros]Politicamente correto é a neutralidade na linguagem/atitude a fim de evitar ofensas e discriminação. É o respeito em seu estado primordial.
Com isso em mente, saiba que essa história é o mais 'incorreta' possível, mas não ofensiva. Ao menos eu espero que não.
Jean-Louis, autor e protagonista, teve três filhos. Dois deles com deficiências graves que o impediram de ser o pai que ele estava disposto a ser. O pai que ele desejava se tornar.
Mathieu e Thomas ousaram nascer "não como os outros", diferentes. Incapazes de entender quem eram e quem jamais seriam.
Aos olhos do pai, viveram uma vida de sofrimentos e injustiças, que por vezes ele cogitou encurtar. Sim, você entendeu corretamente, ele imaginava acidentes fatais como solução para suas aflições.
Já deu para perceber que 'Aonde a gente vai, papai' não é uma leitura fácil, né?
O autor, além de mestre do humor negro, não está preocupado com a opinião de terceiros sobre suas emoções e certezas, tão pouco deseja 'poetizar' as lutas diárias. A dor é como é, e sua intensidade é de conhecimento particular. Assim como o amor.
Independente de concordar ou não com os termos utilizados ou com o modo de pensar e agir de Jean-Louis, enxergo essa narrativa como uma declaração de amor incondicional, desprendido de arrependimentos e preocupações, de um pai imperfeito, que pouco pôde fazer por seus filhos, mas que jamais parou de tentar.
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Notas: 3.75 / 5.00
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