Renee.Santos 01/01/2016Tá bom, sei que ficou longa... porém vale muito a pena ler esse livro!Divertido e com diagramação diferenciada, destacando conceitos, dados e ideias importantes, Estamos Cegos (Editora Planeta, 2012), enfatiza temas como a busca contínua pela inovação, comportamento do consumidor e suas nuances, a descoberta de deep insights e principalmente, como utilizar de outras áreas da ciência para complementar o marketing e finalmente entender nosso stakeholder.
Klaric tem uma forma peculiar e de certa maneira, concisa de expressar sua opinião sobre o consumidor. Para ele é simples, o consumidor não sabe o que quer! E a pior maneira de descobrir seu desejo é perguntar ao mesmo.
Confuso? Talvez, mas vamos lá, a obra é baseada em relatos científicos e pesquisas realizadas ao longo da vida do autor e de seus colegas de trabalho, todas expressam o que é a inovação e como melhor atender as necessidades de nossos consumidores, no entanto, como destaca Klaric, nós consumidores não sabemos o que queremos, e estamos a cada dia mais ávidos por novidades que possam otimizar nossas tarefas para que seja possível passar mais tempo fazendo o que realmente gostamos.
Na busca pelo conhecimento e entendimento do nosso público, acabamos seguindo os padrões mais óbvios, frisa Jürgen, partindo então de premissas equivocadas e por muitas vezes superficiais sobre a necessidade do meio. Mas engana-se quem ainda pensa que nosso consumidor continua acreditando cegamente na indústria. Afinal, nunca tivemos um consumidor tão inteligente e complexo como o que temos hoje. Pois atualmente ele é hiperinformado e constantemente bombardeado com conteúdos que fornecem a ele um poder de escolha jamais presenciado no mercado.
“Hoje, a fera é mais veloz e inteligente, mas seguimos caçando com lanças antigas e ineficazes” (Trecho do livro)
Então o que fazer para se diferenciar? Pois antigamente, a competição era produto vs produto. Hoje, um produto não compete com outro produto, mas também com outras categorias de forma integrada e simultânea. A segmentação do consumidor tornou-se multidimensional e se transforma constantemente. A cada dia nasce uma tribo urbana diferente, com necessidades e anseios diferentes e essas novas identidades dão mais valor pelo significado que os produtos carregam que por sua materialidade. É onde o papel das marcas entra, afinal sem um intenso estímulo da emoção (elo ou vínculo entre marca e consumidor) as construções racionais caem e se desintegram.
É então que começa o entendimento do consumidor. Klaric acredita que só podemos conhecer nosso público se realmente formos a fundo e entender suas reais necessidades, conversar com mesmo é a melhor opção. Mas não acredite em tudo o que ele diz, afinal ele não sabe o que o diz, ele não sabe o que quer. Quando se fala com o público alvo, o mais importante é prestar atenção naquilo que ele não diz, compreender intimamente as variáveis e os pontos não ditos.
Por isso é necessário estabelecer que não sabemos de nada, pois a bagagem, a segurança de anos de trabalho ou mesmo a arrogância nos fazem desviar e tomar conclusões precipitadas e infundadas. É necessário que se entenda e que assuma que há um problema a ser resolvido e a partir disso estabelecer um objetivo claro, isso ajudará a entender o que você busca e ajudará a encontrar aquilo que você precisa.
A mensagem do livro é clara, é preciso ler nas entrelinhas para entender a real necessidade das pessoas. E ter em mente que para ter sucesso, não é preciso fazer coisas extraordinárias, e sim coisas simples extraordinariamente bem.