Carla 06/08/2012
De pernas pro ar – A escola do mundo ao avesso, Eduardo Galeano
Tenho que ficar feliz quando esse tipo de livro ‘cai do céu’. Eu nunca tinha ouvido falar do senhor Galeano, nem de suas ideias, foi numa noite trabalhando como recepcionista num hotel que meu colega numa troca de turno me disse que tinha esse livro para me emprestar.
Sempre fico com um ‘pé atrás’ mas fui em frente, adorei!!!
Não sei como esse tipo de livro não está em nossas leituras obrigatórias do colégio, tá certo ele é de 1998, e eu terminei o Ensino Médio em 1999, mas ainda assim. Eu sempre bato nesta tecla, eu queria ter lido esses livros antes. Já vou dizer o porque.
Eduardo Galeano é provavelmente comunista, se não for, leva todo o jeito (não eu não fiz o tema de casa, ainda não pesquisei o autor na internet. O motivo? Preguiça, sim eu assumo meus erros). Ele não é daqueles ‘marxistas violentos’... nossa como é difícil ser politicamente correta nos dias de hoje.
O autor fez um apanhado geral do retrato politico da américa latina, juntou fatos com poesia e nos apresenta tudo que encontrou para comparar e mostrar que sim, nós américa-latina estamos sempre baixando a cabeça para as grandes potências econômicas, e ele não soa como um antiamericano, sua escrita parece bem objetiva.
Ai você vai pensar, - “bah a Carla é comunista!” - mas não.
Eu gostaria que o Comunismo fosse algo bom, assim como o Capitalismo também poderia ser, mas os ‘ismos’ normalmente só são bons para aquela mesma ‘meia-dúzia’ que está no poder. Figuras como Hugo Chavez que é a favor de todos receberem o mesmo salário de fome, mas ele pode ter uma comitiva de 40 empregados, desde o engraxate, até seu cabelereiro pessoal. Mas talvez e só talvez essa seja a ideia dele de gerar emprego, e não, de forma nenhum na Venezuela alguém mais deveria viver como ele, pois em seu próprio discurso isso é absurdo.
É assim que a massa acaba ficando no limbo, enquanto os grandes assumem a nossa conta bancária.
De pernas pro ar fala da crise econômica que quebrou a Argentina, do único presidente comunista eleito pelo povo, assassinado pelo exercito (e não isso eles não assumem que ocorreu no Chile em 1973 - falei disso na resenha do livro da Isabel Alende, Meu país inventado), quanto ao Brasil ele conta sobre nossa politica de assassinar crianças de rua, quando poderíamos gastar algum dinheiro para ensinar a prevenir a gravidez, ou ainda como último recurso ensinar e criar esses pequenos para serem humanos.
Creio que tudo nos remete a educação, sempre que leio um livro sobre politica isso vem, está lá. Como seria lindo ter educação, ler por prazer, entender que a televisão sim nos dá as opiniões prontas, e fim de papo, quando nos dão a notícia verdadeira, é bem desgastante prestar atenção na TV e ver que cada canal da a sua versão de um mesmo acontecimento. Claro que não há porque ser extremista gosto de acreditar que ainda há meios de comunicação livres para se expressarem, a internet é atualmente o melhor deles.
Ler esse livro mesmo que seja para dizer que odiou e discorda de absolutamente tudo já é um ato de ousadia, e ousadia para pensar é algo que sinto falta quase todos os dias.
Recomendadíssimo, e parabéns a L&PM por publicar os impublicáveis.
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