Padre Sérgio

Padre Sérgio Leon Tolstói




Resenhas - Padre Sérgio


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Arsenio Meira 14/05/2014

Entre a Carne e a Cruz : o embate entre a Fé e a vaidade

Padre Sérgio (1890) resulta da crise (chamada grande crise, de tão famosa que ficou) por que passou Tolstói nos anos anteriores ao lançamento desta pequena obra-prima. Nesse período, o velho Leon condenou toda a sua obra pretérita, cujo acento misógino é nitidamente visível. Essa novela realça um tema que há muito vinha angustiando o genial escritor russo: o amor carnal, visto como nocivo pelo protagonista, porquanto surge como entrave para consumar a necessidade de se reprimir as tentações da carne em prol da força moral existente no homem.

E o Padre reflete: seu impulso de aderir a uma vida monástica teria sido resultado de uma desilusão amorosa. É neste ponto, em particular e sob minha ótica, que Tolstói construiu magnificamente o dilema da vaidade. O padre só tornara-se padre para corroborar uma falsa altivez, uma superioridade inexistente perante os seus iguais. Como se a renúncia se prestasse a diminuir as outras pessoas. Não é por aí, e Tolstói dinamitou esse prurido que até hoje, acho, acomete vários homens voltados diretamente para o Sacerdócio. Não é à toa a analogia tecida e que antagoniza a mulher fatal à imagem do diabo, sempre que o pobre Padre Sérgio se confronta com a tentação. E mais: não deixa de ser um romance de tiro curto a serviço de um grande ajuste de contas com a Igreja ortodoxa; Tolstói já havia denunciado as iniquidades do Templo Ortodoxo, e em Padre Sérgio desmistifica a vida monacal, e expõe com destreza a mercantilização da fé, a ideia cartesiana e castradora incutida pela Igreja ortodoxa segundo a qual o homem pode salvar-se das tentações da vida renunciando a tudo, mediante o ato de confinar-se em um mosteiro. De que adianta a clausura, se o pensamento não permite a morte do desejo sexual?

Padre Sérgio é um personagem do nosso tempo. No livro, ele percebe um profundo elo paradoxal entre a pregação da fé e da moral cristã e os atos reais e sub-reptícios de alguns pregadores. Além de não conseguir fugir a tais tentações, ele acaba fugindo mesmo é do mosteiro por não suportar a hipocrisia dos stáriets; passa, então, a descrer totalmente dos ensinamentos e da prática da Igreja e até a duvidar da existência de Deus. Não foge da religião em si mas daquela religião timbrada, oficial. Termina por buscar a resposta às suas torturantes dúvidas na religião do povo, em quem, segundo Tolstói, está o sentido da própria vida. Procura a prima Máchenka, que já foi rica, sofreu, e agora vive numa pobreza quase extrema. Ela é o elo que o liga ao povo, à sua experiência, e após o encontro com ela Padre Sérgio assume definitivamente a vida de peregrino entre outros miseráveis, consumando na prática a condição tolstoiana para alcançar a salvação da alma.

Padre Sérgio sente todo o sangue do corpo estancando no coração, perde a respiração, mas acaba abrindo a porta, ou pelo menos, deixa uma fresta aberta, e fresta ou não, já não há mais muro ou porta capaz de estancar o sangue que escorre da artéria amorosa da luxúria, essa velha senhora assanhada e sagaz...
pamella 30/01/2015minha estante
Que resenha sensacional! nao tem como não ter vontade de ler o livro depois das suas palavras.


Arsenio Meira 04/02/2015minha estante
Oi Pamella,
Obrigado, Tolstói é gênio, sempre. Espero que que você goste tanto quanto eu.
Abraços.
Arsenio


Alexandre.Domingues 07/02/2015minha estante
Arsenio, muit boa sua resenha. Tive a oportunidade de ler este livro pouco depois de seu lançamento pela Cosac e me surpreendi demais, um grande livro.


@livreirofabio 04/03/2015minha estante
Arsenio, resenha excepcional! Me ajudou a enxergar melhor a "mensagem" do Tolstói, que me parece ter sido um pregador nato, entranhado em suas histórias. Porém, confesso que mais do que a história a carta ao sínodo no final dessa edição me empolgou mais, ali consegui sentir a clareza e a honestidade intelectual do Tolsta.


Thiago 19/02/2017minha estante
Grande Arsenio. Que análise perfeita da obra. Grande leitor. Grande pessoa. Deixou saudades.




Luiz Souza 26/08/2023

Eita Brasil
O livro é um conto do grande autor de Anna Karenina , nele vamos acompanhar a saga de Kassátski um jovem capitão que estava de noivado com a jovem Mary mas acabou o noivado depois de descobrir a traição da moça.

Diante disso ele resolve virar padre vira o padre Sérgio um homem muito religioso e com vários dogmas.

O livro é bem curto de se ler , mas bastante reflexivo pois conta a vida desse homem que tomou uma atitude bastante radical diante da notícia que foi traído.

Ótima leitura.
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jota 03/11/2023

MUITO BOM: tentação, misoginia, orgulho e epifania são os destaques desta novela do mestre russo
Que Padre Sérgio (1898) era uma história curta, maior do que um conto, uma novela, eu já sabia, porém desconhecia que terminasse de modo abrupto, que fosse tão breve. Penso que daí foi que a Companhia das Letras, além da narrativa de Tolstoi (1828-1910), incluiu também no exemplar alguns textos, dois deles trazendo interessantes reflexões sobre a obra, além de um terceiro, do próprio autor defendendo suas posições sobre fé, religião, igreja (ortodoxa russa, no caso), moral etc. Eles são: O brilho da contradição, por Samuel Titan Jr., Uma novela a ferro e fogo, por Boris Schnaiderman e o último, de Tolstoi, Resposta à resolução do Sínodo de 20-22 de fevereiro de 1901 e às cartas recebidas nessa ocasião. Há ainda uma nota Sobre o Autor e várias sugestões de leitura finalizando o volume.

Da importância de Tolstoi na literatura russa e universal não é necessário falar nada. Quanto a Padre Sérgio, obra do final da vida, que tem muito a ver com o que Tolstoi pensava no momento sobre diversas coisas, muitas delas que diziam respeito à religião, a sinopse da Companhia das Letras esclarece bem o que o leitor terá pela frente ao lê-la. O personagem, um membro da nobreza russa abandona tudo depois de uma decepção amorosa, tornando-se então um religioso – o que, no caso não parece ser e de fato não é uma boa decisão –, luta ferozmente contra o desejo da carne (decepa um dedo para não cair em tentação), torna-se misógino por fim. Também, aos poucos vai ficando bastante popular (milagreiro) e acaba se descobrindo bastante insatisfeito com sua vida.

Pois embora acredite estar servindo a Deus, na verdade o que ele faz é servir as outras pessoas, aquelas que o procuram em busca de cura, de conforto para suas dores, problemas etc. A partir de certo momento, por conta de seu orgulho ferido, começa a sentir repulsa por elas, torna-se um eremita, tal como vai acontecer de verdade no final da vida de Tolstoi. Mas nas derradeiras paginas padre Sérgio encontra a segunda personagem mais importante do livro, Páchenka, uma velha conhecida que não via há mais de trinta anos, a quem, junto com os coleguinhas de escola, havia maltratado em criança.

Páchenka vive na pobreza com sua família, mas trabalha, luta para sobreviver e pratica a caridade: faz o bem sem olhar a quem. Encontrá-la agora, conhecê-la melhor, ficar na companhia dela por algumas horas produz nele uma epifania. Padre Sérgio reflete então: “Páchenka é o que eu deveria ser e não fui. Vivi para os homens a pretexto de viver para Deus; ela vive para Deus achando que vive para as pessoas.” Esta revelação vai lhe permitir sair pelo mundo, caminhar livremente como um andarilho, até ser parado pela polícia. Sentenciado como vagabundo, é enviado para a Sibéria e lá vive agora. Mas isso não é exatamente o fim.

Lido entre 30 de outubro e 02 de novembro de 2023.
Paulo Sousa 04/02/2024minha estante
grande Jota: achei fraco o livro. tomei por base outros do russo, o Ivan Ilicht, o A sonata a Kreutzer, o Anna Kariênina, o Guerra e paz??????




spoiler visualizar
Steffany4 04/03/2024minha estante
Resenha impecável como sempre, amor! ? ????




Georgeton.Leal 05/05/2021

Da queda ao renascimento
Pra mim, Tolstói sempre foi cirúrgico em suas narrativas, ainda que algumas tragam certos aspectos questionáveis que reflitam sua fase mais radical.
"Padre Sérgio" não é uma de suas melhores obras, mas acerta em cheio na crítica contra o institucionalismo religioso da época e mostra no desfecho da história a simplicidade prática que o autor enxergava nos Evangelhos.
No final das contas, uma resignação meramente legalista jamais irá substituir o propósito genuíno de uma vida justa e humilde que encontra no amor ao próximo o cumprimento da vontade divina.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2022/03/da-queda-ao-renascimento.html
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Emily977 11/07/2023

No final do século XIX, o autor russo Liev Tolstói principia a redigir a novela denominada ?Padre Sérgio?, a qual é deixada de lado durante dezoito anos, até que, em 1898 o mesmo debruça-se novamente sobre seu projeto e o finaliza. Tal criação é iniciada com o objetivo de patrocinar a migração de um grupo perseguido ? o qual o autor afeiçoava-se ? para o Canadá. Aqui, entende-se por grupo, o tolstoísmo. Tal termo configura-se como uma corrente de pensamento referida a um movimento social que seguia os princípios filosóficos e religiosos do autor. No entanto, após a finalização de sua obra, o mesmo percebe que ela não será suficiente para concluir seu objetivo e, então, redige o romance ?Ressurreição?. Sendo assim, ?Padre Sérgio? é encontrado em meio ao emaranhado de papéis espalhados pela casa de Tolstói e publicado postumamente.

O príncipe Stiepán Kassátski protagoniza a trama e surpreende a sociedade russa ao abandonar seu cargo, enjeitar seu noivado e embarcar em uma viagem a certo monastério com finalidade de tornar-se monge e, futuramente, percebe-se sua adoção ao nome Padre Sérgio. O enfoque da mulher como obstáculo principal contra a busca da santidade do homem é salientada pelo autor, sendo a figura feminina comparada a imagem do diabo, que apresenta-se ao Padres Sérgio batendo em sua porta.

Sabe-se que Tolstói possuiu certo papel como líder religioso, sendo considerado por muitos como um profeta. No entanto, o mesmo travara uma briga pública com a Igreja ortodoxa a ponto dela excomungá-lo e condená-lo ao fogo do Inferno ? percebe-se que a novela fora redigida antes de tal condenação, mas é possível identificar que o autor já criticava o sistema religioso a que era cabível na sociedade da época, acusando-a de escravizar e lucrar sobre a fé cega de seus fiéis. Na novela, Padre Sérgio torna-se nacionalmente conhecido por operar milagres e, com tal perspectiva, a igreja passa a explorá-lo e a seus fiéis com intuito de receber mais donativos.

Cada personagem criado por Tolstói age como um duplo de seu criador. Na obra, é possível identificar fortes traços autobiográficos ? o final da trama fez-me recordar particularmente de quando o autor, ao fim da vida, sai vagando sem rumo. Analisa-se que a narrativa é recheada por questões acerca da moralidade, fé e o sentido da vida. O quebra-cabeça da vida de Tolstói vai se formando à medida que lemos suas obras, onde criador e criatura confundem-se na mesma história.
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@blogcoisasdepaloma 04/06/2022

Aquele livro que foi uma surpresa boa
Um mês antes de se casar, Stiepán Kassátski abandona tudo para se tornar padre. O livro, então, reflete sobre as motivações que levaram o personagem a desistir da sua carreira militar, do seu objetivo de se destacar na sociedade e de ter um casamento modelo.

Depois disso, o Padre Sérgio, como passa a ser chamado, aos poucos vai ficando perturbado com as tentações da vida. Com isso, ele decide se isolar num monastério e descobre que se privar não elimina dos dilemas da mente.

O livro traz várias reflexões acerca da complexidade das obrigações e ambições humanas, em como a religião exige obediência, e sobre a moral e aspirações do personagem.

Eu recebi esse livro em parceria com a Companhia das Letras e amei. E agora, depois de ler Anna Kariênina, A morte de Ivan Ilitch e Padre Sérgio, eu já posso dizer que amo a escrita e narrativa do Tolstói. Sem contar que a tradução da Companhia é impecável e a edição desse livro maravilhosa.

O livro tem apenas 80 páginas, então é uma super indicação para quem deseja conhecer a escrita do autor antes de encarar livros maiores.
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Diego Rodrigues 11/05/2022

Tolstói x Igreja Ortodoxa
Um dos maiores escritores não só da literatura russa mas também mundial, Liev Tolstói nasceu em 1828, na propriedade rural de seus pais, em Iasnia Poliana. Ainda jovem, alistou-se no exército russo e serviu no Cáucaso. Publicou sua primeira obra, "Infância", em 1852. Teve sua vida marcada por uma crise moral, seguida de um despertar espiritual, que culminou na sua transformação em uma espécie de anarquista cristão. Suas visões filosóficas e religiosas se tornaram as bases de um movimento social que ficou conhecido como Tolstoísmo, caracterizado pela rejeição da Igreja Ortodoxa, dos métodos tradicionais de ensino, do Estado e de todas as instituições que dele se derivam.

Autor de clássicos como "Guerra e Paz" e "Anna Kariênina", Tolstói também era mestre na arte da narrativa curta. Escrita em 1890, "Padre Sérgio" pode não compartilhar da mesma reputação de "A Morte de Ivan Ilitch" e "Felicidade Conjugal", mas compõe uma importante peça na biografia do Conde. A obra foi concebida logo após seu despertar espiritual e antecede em poucos anos sua excomunhão da Igreja ortodoxa, ocorrida em 1901. Logo, muitos dos conflitos internos do autor aparecem de forma bastante clara aqui, na figura de Stiepán Kassátski.

Kassátski é um jovem ambicioso que tem como filosofia de vida ser o número um em tudo aquilo que se propõe a fazer. Com uma promissora carreira militar pela frente, a única coisa que lhe falta é o ingresso na alta sociedade. Visando essa "promoção", ele trava relações com a condessa Korotkôva, uma beldade da corte. A vida parecia sorrir para o jovem Kassátski quando, às vésperas do casamento, uma revelação abala o mundo do príncipe. Abandonando sua carreira militar, rompendo o noivado e deixando pra trás todas as promessas da nobreza, Kassátski segue para o monastério. A partir desse ponto, vamos acompanhar sua trajetória pelo mundo eclesiástico até ser ordenado padre.

"Padre Sérgio" é uma novela bem curtinha (menos de 80 páginas) e que vai tocar em assuntos bem polêmicos, principalmente no que diz respeito a religião, que é o tema central da obra. Tolstói havia adotado então uma postura de anarquista cristão, atacando a Igreja ortodoxa e acusando-a de deturpar os ensinamentos de Deus, e tudo isso se reflete aqui. Os monólogos do protagonista eremita trazem muito da filosofia de vida que Tolstói defendia e a obra é carregada de críticas ao orgulho, a vaidade, ao materialismo e aos dogmas religiosos. É uma leitura muito rápida de se fazer, mas não desprovida de levantar debates e reflexões.

Sendo essa uma obra que possui forte conexão com a biografia de Tolstói, a Companhia das Letras acertadamente incluiu aqui a carta resposta do Conde à excomunhão da Igreja ortodoxa, o que não só contextualiza a obra como também nos permite compreender um pouco melhor os questionamentos do autor. Com tradução de Beatriz Morabito, a edição também traz posfácios de Samuel Titan Jr. e Boris Schnaiderman. À primeira vista, a novela em si pode até parecer rudimentar, mas as leituras dos textos complementares dão a real dimensão de sua profundidade e complexidade.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 11/05/2022minha estante
esse já vai pra lista dos meus TBR rs


Diego Rodrigues 11/05/2022minha estante
Esse é rapidinho de ler, Dani.. E essencial para entender o despertar de Tolstói!




Carol 02/05/2023

Impressões da Carol
Livro: Padre Sérgio {1898}
Autor: Liev Tolstói {Rússia, 1828-1910}
Tradução: Beatriz Morabito
Editora: Cosac Naify
96p.

"Em Petersburgo, nos anos de 1840, teve lugar um acontecimento dos mais extraordinários: o comandante do esquadrão de honra do regimento de couraceiros, para o qual todos prediziam brilhante carreira como ajudante de campo do imperador Nikolai I, um belo príncipe a um mês do casamento com uma encantadora dama de honra protegida da imperatriz, pediu baixa, rompeu o noivado, entregou seus modestos rendimentos à irmã e partiu para um monastério com a intenção de se tornar monge." p. 7

O primeiro parágrafo de "Padre Sérgio" elucida de maneira notável a escrita de um Tolstói maduro, no auge, um homem cindido entre a "arte pela arte" e a arte doutrinária. Um escritor tão grande quanto o Império Russo, o maior escritor de todos os tempos - bonitas concordam =)

Nele somos apresentados a Stiepán Kassátski, o futuro Padre Sérgio, mais um personagem tolstoiano exuberante, no momento em que toma uma decisão que surpreende a todos e nos deixa, nós leitores, curiosos para saber mais.

Um personagem exuberante em sua força vital, em sua humanidade, Padre Sérgio almeja a santidade, mas tem por motores o orgulho, a vaidade, sentimentos mundanos. Entre altos e baixos, a tragédia se avizinha.

Numa novela de 60 páginas, num estilo conciso, Tolstói consegue nos transtornar (há uma CENA, três parágrafos que não esquecerei tão cedo - quem leu, sabe) e nos transformar. O leitor não sai ileso dessa leitura.

"Padre Sérgio" faz parte da fase "tolstoísmo" do autor, doutrina religiosa própria que, ao mesmo tempo em que preconizava a não-violência, amar ao próximo como a si mesmo e a simplicidade, advogava pela abstenção sexual e nutria uma visão "demonizada" da mulher. É este o contexto aqui.

Li "Padre Sérgio" no clube do livro russo, perfil no instagram: @litrussa; Quanto à edição, a Cosac Naify traz textos de apoio que enriquecem demais a leitura. Saudades, Charles, obrigada por tanto.

Recomendo!
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GG 12/03/2024

Escrito num período de conturbação religiosa do autor, Padre Sérgio é um livro sobre se encontrar com Deus. Onde Ele está, como se conectar com ele?

Além disso, trata da vaidade e das reais motivações pessoais para tomada de decisões de vida, se elas são genuínas ou um pretexto para angariar admiração ou inveja alheia como modo de autopromoção.

Particularmente eu gostei dessa novela, dá pra sentir esse conflito espiritual e as críticas feitas à igreja e, principalmente, aos homens.
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JanaAna90 11/12/2023

Novela escrita por Tolstói que nos apresenta um profundo mergulho na psicologia humana e nas questões morais que permeia a vida do seu personagem principal, o padre Sérgio.
Na história Tolstói explora temas profundos e universais, como a busca da verdadeira felicidade, os conflitos entre as exigências do mundo material e as aspirações espirituais, e a natureza da redenção pessoal. Percebo, que o autor questiona a validade das estruturas sociais, religiosas e morais da época, destacando as contradições existentes entre a religião e a prática genuína da fé.
Em muitos momentos, como leitura, me senti instigada a questionar as minhas escolhas e aspirações, movida pelas dúvidas e inquietações do personagem, muito bem? caracterizado por Tolstói.
Um livro de poucas páginas mas grandioso conteúdo. Um dos livros possíveis de si iniciar a leitura para conhecer a escrita de Tolstói, o único problema será se apaixonar pelo autor. ?
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Carolina 13/12/2022

Tolstói contra a Igreja Ortodoxa.
O livro conta a história do protagonista um jovem e orgulhoso militar Stiepán Kassátski. No começo podemos notar que a sua vida está destinada a uma carreira brilhante no exército, até que sofre uma desilusão amorosa e decide virar padre. Um pouco exagerado? Muito. Mas Tolstói narra então a longa vida religiosa de Stiepán, que passa a atender pelo nome de Padre Sérgio.

Durante toda a leitura podemos notar que o Sergio não possui vocação pra padre, mas, por algum motivo divino, passa a realizar pequenos milagres. E seguindo disso acompanhamos quanto o personagem é sofrido, vivendo sempre em uma grande tortura para se manter na fé e driblar dos desejos da carne.

O livro não foi um absurdo de perfeito, mas foi uma grande alfinetada do escritor contra os muitos religiosos e ortodoxos. Fiquei esperando um final mais interessante, mas nota-se como por muitas vezes nos vemos fazendo grandes coisas mais em prol da humanidade do que para a nossa realização espiritual.
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Livinha 13/06/2023

Apocalíptico
O príncipe Stiepán Kassátski decide, após uma desilusão amorosa, se tornar monge. Um homem vaidoso e que já teve suas experiências vivenciais lidando com a conversão religiosa.

Embate entre a fé e a vaidade. O desejo e a repressão. Um livro escrito em 1890 e traz uma crítica ferrenha sobre a sexualidade humana frente à um sacerdote que deseja, mas se repreende ao próprio desejo. Uma luta dele consigo mesmo.

É uma novela muito bem escrita, mas vale ressaltar que é uma obra polêmica. Tolstoi costuma trazer críticas sobre a moral em basicamente todas as suas obras. Esta não é diferente. Então não esperem uma obra leve e tranquila, pois nunca fora o objetivo do Tolstoi.

Eu só queria que esse livro fosse maior e com maior desenvolvimento dos personagens, mas eu entendo que a ênfase fora nas observações sobre a repressão, não sobre o desenvolvimento.

Simplesmente genial. Simplesmente Tolstoi.
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voandocomlivros 08/05/2022

"O crítico Boris Eikhenbaum formulou, por volta de 1920, uma tese provocativa: as famosas crises de Tolstói, tão alardeadas pelo próprio autor, não seriam de natureza religiosa, mas criativa, nascidas do esgotamento de práticas e gêneros levados à perfeição pelo grande narrador. Isso teria acontecido na década de 1860, quando Tolstói se voltara para a pedagogia e para as histórias infantis; o mesmo valeria para a crise seguinte: Anna Kariênina marcara o ápice do romance familiar, como Guerra e Paz assinalara o ponto alto do romance histórico oitocentista. Essa consumação e esse esgotamento estariam na raiz da crise e o interesse subsequente de Tolstói pela literatura doutrinária, pelas vidas de santos, pela narrativa popular e, de maneira geral, pela narrativa breve..."


Nessas crises criativas citadas por Eikhenbaum, Tolstói conseguia extrair o melhor de seu trabalho literário. "Padre Sérgio" é um desses resultados fenomenais, uma novela curta, mas não corrida. Tem poucas personagens, é fluida e tem uma sutileza escancarada sobre a Igreja e vida monástica que se misturam em críticas e salvação.


"QUANTO MENOS IMPORTÂNCIA DAVA À OPINIÃO DAS PESSOAS, MAIS FORTEMENTE SENTIA A PRESENÇA DE DEUS."


O Príncipe Stiepan Kassátski sempre foi determinado e alcançava tudo que almejava, quando, de repente, resolveu abrir mão de tudo e se tornar o padre Sérgio. Enquanto a história vai se desenrolando, vamos refletindo sobre os impasses do protagonista e entendendo seus verdadeiros anseios.


Fazendo um grande contraste da vida em sociedade com o mundo eclesiástico, o Tolstói consegue imprimir nas páginas de "Padre Sérgio" todos seus últimos pensamentos em vida.



Essa foi uma novela que me encantou e muito me fez refletir. Mas não posso deixar de destacar a "Resposta à resolução do Sínodo de 20-22 de fevereiro de 1901 e às cartas recebidas nessa ocasião" que está no final dessa edição, também foi escrita pelo Tolstói e é simplesmente de uma genialidade sem igual. Sério! Só enriqueceu essa edição que já estava impecável.


Deixo aqui um pedacinho da "Resposta à resolução do Sínodo...":


"COMECEI POR AMAR MINHA FÉ ORTODOXA MAIS QUE MINHA TRANQUILIDADE, DEPOIS PASSEI A AMAR O CRISTIANISMO MAIS QUE MINHA IGREJA, AGORA AMO A VERDADE MAIS QUE TUDO NO MUNDO. E ATÉ AQUI A VERDADE PARA MIM COINCIDE COM O CRISTIANISMO, COMO O ENTENDO. PROFESSO ESSE CRISTIANISMO E, À MEDIDA QUE O PROFESSO, VIVO TRANQUILO E FELIZ, E TRANQUILO E FELIZ VOU ME APROXIMANDO DA MORTE."

site: https://www.voandocomlivros.com/post/padre-s%C3%A9rgio-resenha
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Amélia Galvão 03/05/2020

Esse é um livro curtinho do Tolstói na sua fase madura e da grande crise existencial pós Anna Kariênina. É bem próximo de sua morte e foi ele que levou a sua excomunhão pela Igreja Ortodoxa. É uma novela que, como outros escritos seus, apresenta muito do seu entendimento de mundo, principalmente em relação à Igreja e às mulheres.

Achei interessante, mas não me empolgou e nem me sensibilizou como outras leituras que fiz dele, as quais moram no meu coração. Aqui me senti bastante incomodada com o Tolstói pregador, não por discordar ou concordar com ele, mas sim por achar que ele acabou prejudicando o Tolstói romancista. O livro é sim bem escrito, a psique da personagem principal é bem explorada e há muitas críticas à Igreja Ortodoxa e a uma fé de aparências. No entanto, o desenvolvimento das personagens femininas e as interações com elas me incomodaram demais. Elas não possuem a mesma profundidade de outras que ele já nos apresentou, como a maravilhosa Anna Kariênina, e aparecem como um mero instrumento de provação para a personagem principal (com exceção de uma que não deixa de ter também função instrumental, mas de forma diversa).

Essa edição da Cosac traz um escrito de Tolstói em resposta a excomunhão dele, o qual é interessantíssimo para sabermos mais sobre suas convicções. Também recomendo a leitura do livro Uma Confissão.
meriam lazaro 11/05/2020minha estante
Eu li em conjunto com "Sonata.." e "A morte de Ivan..", numa edição que tinha os 3. Como "Padre Sérgio" foi a última leitura, pensei que não havia gostado muito por já estar cansada. Vou reler.


Amélia Galvão 12/05/2020minha estante
Pode ser, hehe. Eu o li logo após ter relido "A morte de Ivan Ilitch", que achei maravilhosa. Confesso que fui com grandes expectativas e acabei me frustrando, haha. Mas também pretendo reler no futuro.




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