nina | @bookbloomari 22/06/2019Meta: 8/40Esse livro eu acabei comprando de ultimato, além do preço que estava acessível, o resumo e a capa me chamaram bastante atenção. Confesso nunca ter lido qualquer avaliação sobre ele, mas acho que esse quê de suspense é uma emoção a mais para mim, me incita mais a ler e descobrir qual o desenrolar da história.
É um livro sobre uma garota, Sabine, que tinha uma melhor amiga, Isabel, que desapareceu sem deixar vestígios e esta desaparecida há 9 anos. Ao longo da leitura descobrimos que apesar delas terem sido melhores amigas, desde a entrada no ensino médio, a Isabel havia se tornado popular na escola e fazia a vida de Sabine um inferno por ela ser uma "loser". Os fatos vão se desenrolando, porém a Sabine não se lembra de quase nada do desaparecimento de Isabel, nem dos dias que se seguiram após. A história vai misturando o passado com o presente de forma bem natural, como se fossem lembranças que surgem da forma mais espontânea possível, e isso torna o leitor muito próximo da personagem princial, que tenta se lembrar do que houve e apenas de vez em quando tem recortes da memória da época. O nosso desconhecimento sobre os fatos é o mesmo que o dela. Acaba sendo muito envolvente.
Gostei bastante do livro, eu me impressionei com a forma que a autora acaba ligando o leitor com a história, como ela trata as relações dos personagens, que são problematizadas de um jeito mais sutil, do quanto os fatores podem afetar a cada um de nós.
No início, foi um pouco sufocante, tem muitos gatilhos sobre bullying e humilhações públicas que a Sabine, personagem principal, sofre, então foi difícil ler e acabei demorando para ler algumas partes. Mas a construção de personagens foi maravilhosa, ninguém é o que parece, e tive muitas teorias ao longo da leitura, coisas que eram de fato plausíveis. E nesse meio tempo entra o fator que eu não gostei, apesar de pensar na complexidade dos personagens, a autora explorou apenas fatos isolados, o que deixou todos com um ar um pouco "superficial". O único com uma verdadeira linha de complexidade foi o Olaf, ele poderia ser gentil e legal, mas também era o crápula que bate em mulheres, e por isso ele acolhe a ideia de que Sabine é quem é. Isso eu achei genial, a construção dele ao longo da história é muito coerente com quem ela quer mostrar que ele é. O maior pecado foi a construção de Sabine, por ser o centro de tudo, em momento nenhum ela demonstra ter raiva de fato de Isabel, e mesmo que ela sofresse de uma disfunção de memória pela situação traumática, quando colocada sob pressão, não mostrou seu "outro lado", acho que isso deveria ter sido um pouco mais explorado de forma mais minimalista. Mas confesso que perto do final comecei a pensar na real possibilidade dela ser a assassina, porém, isso é algo que deveria ficar evidente desde começo, para um excelente observador (quase um detetive), é essa a "mágica" do suspense. Contudo, o epílogo achei bem construído, o fato dela se admitir ter aquele lado, e da forma como ela coloca, foi um bom final.
E apesar de tudo o que foi falado acima, achei muito interessante ter essa visão ou versão de uma história contada pela assassina. Uma vez ouvindo uma autora brasileira que gosto bastante, ela comentou que a história deve ter um objetivo, e dependendo desse objetivo deve ser escolhido em que pessoa tal enredo vai se desenvolver, e a escolha da 1a pessoa foi muito inteligente, pois tinhamos um delinear da trama do ponto de vista de uma personagem apenas, ou seja, tudo que se passava era tratado da forma como ela via as coisas. E essa subjetividade foi um ponto crucial para o suspense e a adrenalina na história.
"Nós duas confrontamos aquilo que estava na superfície e que permanecera oculto. Não creio que eu possa escondê-la uma segunda vez, na Espanha, na Inglaterra, nem mesmo do outro lado do mundo.
Mas vou tentar."