Temor e Tremor

Temor e Tremor Søren Kierkegaard




Resenhas - Temor e Tremor


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Daniele 31/01/2022

A fé começa precisamente onde acaba a razão (S. Kierkegaard)
Em tremor e temor, Søren Kierkegaard discorre sobre a história de Abraão e Isaac e seu paradoxo; como pode um pecado se tornar símbolo de fé e ser santificado?
Abraão, como pai, entende que um de seus maiores deveres morais é o de cuidar e amar o seu filho, mas o que fazer quando Deus pede que mate esse seu filho em sacrifício? Esse duro dilema é esmiuçado durante o livro, estaria Abraão livre da moral ou não passa de um assassino?
Kierkegaard então diz que há 3 estágios, o estético, do indivíduo, o geral, onde se vive pela moral, e o religioso. Abraão não está no individual pois não faz algo pra si, tão pouco no geral, pois sua atitude vai contra a moral, a única solução é o religioso, onde, pela fé, se torna cavaleiro solitário. Um ser carregado de angústia e que faz algo carregando dentro de si esperança.

" Estamos então em presença do paradoxo. Ou o Indivíduo pode, como tal, estar em relação absoluta com o absoluto, e nesse caso a moralidade não é o supremo estádio, ou então Abraão está perdido; não é um herói nem trágico nem estético.
Nestas condições pode parecer que nada é mais fácil do que o paradoxo. Torna-se-me então necessário repetir que, se cremos nisso firmemente, não se é cavaleiro da fé, porque a única legitimação concebível é a tribulação e a angústia, ainda que não se lhe possa dar uma acepção geral, porque então suprime-se o paradoxo."

Gostei muito desse livro, mas já adianto, não é uma leitura fácil é fluída, principalmente pra quem não é acostumado a leituras mais rebuscadas.(Li em média 3 vezes cada página hehe)
Não é um livro que trata do ponto de vista de Isaac (o trauma que esse menino deve ter ficado), nem do próprio absurdo de um ser dito perfeito exigir um sacrifício de uma criança (é..., isso já fica pra outro livro). Mas trata unicamente do dilema do próprio Abraão. Gostei demais e me apresentou um ponto de vista que eu ainda não tinha visto.
Leitura mais que proveitosa e boa!
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Nandprogger 06/11/2011

Este livro foi um divisor de águas na minha vida cristã. Kierkegaard coloca através do exemplo de Abraão como a fé cristã não busca resposta que justifica a fé; pois a fé ( maior paixao do ser humano) justifica qualquer atitude. A maneira como ele nos faz sentir a expêrincia de Abraão é linda e ao mesmo tempo chocante
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Paulo Silas 26/10/2013

A base dos primórdios de o que viria a se consolidar como o existencialismo popularizado por Sarte um século depois da publicação desta obra.

Tomando como exemplo a narrativa de Abraão, quando levou Isaac para o sacrifício pleiteado por Deus, o autor aborda e analisa as questões intrínsecas da intimidade do ser humano, sopesando os aspectos envolventes quando de decisões delicadas (principalmente quando conflitantes ou paradoxas), como tal história contida no Gênesis.

A partir de tal exemplo, o autor propõe e discorre sobre três questões filosóficas: A ordem moral pode ser suspensa pela vontade de Deus? Existe um dever absoluto do homem para com Deus? Pode moralmente justificar-se o silêncio de Abraão perante Sara, Eliezer e Isaac?

Linguagem um pouco complicada (fácil de se confundir) em algumas passagens.
Recomendo!
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Dan 30/09/2019

A fé começa precisamente onde se perde a razão
Todo mundo acha que tem fé. Virou até moda falar "eu consegui/fiz isso aquilo por causa da minha fé"; parece até que a fé está sendo vendida na esquina a preço acessível a todos. Mas o que a bíblia mostra é que abraão pagou um preço caro para se tornar o pai da fé.

O paradoxo da fé - e só ela pode fazer isso - foi transformar um crime num ato sacrossanto (o sacrifício de isaac); o verdadeiro peso dessa força movedora de montanhas está, conforme nos mostra Kierkegaard, no passo infinito de resignação absoluta, coisa que nem eu nem vc estamos preparados.
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Andre Luiz 19/12/2012

Algumas passagens marcantes do livro: "Temor e Tremor" 1

"E houve grandes homens pela sua energia, sabedoria, esperança ou amor - mas Abraão foi o maior de todos: grande pela sua energia cuja força é fraqueza, grande pelo saber cujo segredo é loucura, pela esperança cuja forma é demência, pelo amor que é ódio a si próprio 202/450

"Amar à Deus sem fé é refletir-se sobre si mesmo, mas amar à Deus com fé é refletir-se no próprio Deus". 220/450

"A perspectiva trabalhada em Temor e Tremor é de cunho religioso e, na dialética existencial de Kierkegaard apresenta o homem ético representado pela figura bíblica de Abraão que a medida que se coloca a acreditar no em Deus, dá o salto de fé, onde vivencia o crer sem ver, e o viver pela experiência de com o próprio Deus".

"Abraão creu na palavra divina de que todas as nações seriam abençoadas em sua posteridade, e continuou a crer nela ainda quando, após ser pai na velhice, lhe foi exigido o sacrifício de seu único filho, Isaac, ora tal sacrifício, que tirava todo sentido racional à promessa, significou, para Abraão, a fé no absurdo, a certeza de que Deus o estava provando e a sua disposição de sacrificar, se necessário, Isaac (com certeza de que este lhe seria restituído), realiza-se, assim, o movimento que parte da resignação infinita (pela qual renuncia a Isaac), em que se adquire a consciência do seu próprio valor eterno, e chega-se, pelo absurdo, à fé, em que se readquire o finito (a retomada de Isaac); Tal movimento implica a angústia e o paradoxo pois, se é preciso coragem puramente humana para renunciar a toda a temporalidade a fim de obter a eternidade, é preciso a coragem da fé para, em razão do absurdo, encontrar a alegria na temporalidade finita e transformar assim, um crime moral em algo santo e agradável".



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João Victor 27/09/2016

Temor e Tremor
As descrições feitas por Kierkegaard de possíveis cenários para a história de Abraão no prelúdio da obra trazem a carga dramática do evento ao leitor, algo que talvez tenha sido perdido pelo conhecimento do enredo. Kierkegaard faz isso com maestria:

"voltando para casa depois do quase-sacrifício, pai e filho, rumando ao reencontro com a mãe Sarah, estão caminhando lado a lado, mas separados por um intransponível abismo. Isaac, escreve Kierkegaard, “tinha perdido a fé.” Para Isaac, não houve final feliz coisa nenhuma, apenas a vivência traumática de uma tortura absurda; para Isaac, o episódio com certeza fez com que se rompesse a confiança que um filho deposita na boa vontade de seu pai, e é de se suspeitar que nunca mais, depois daquilo, Isaac conseguirá permanecer na presença de Abraão sem o temor e tremor que sente alguém diante de um psicopata perigoso."

Explorando o paradoxo da história, ficam algumas lacunas não desenvolvidas, como o fato de Abraão estar simplesmente alucinando. Não me pareceu suficiente usar a fé para justificar o paradoxo, apesar do autor ter consciência disso.
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Ellen 11/05/2020

Sim, é essa coca-cola toda!
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Gabriel.Diniz 10/01/2024

O Akedah como paradigma existencial.
Lembro de estar lendo esse livro encarando uma imagem do Cristo, em um silencioso diálogo, dentro de uma pequena paróquia do interior paulista onde fiz o teste e positivei pra Covid-19, e vendo aquela casa de DEUS servindo a saúde da população carente.
Ainda falando sobre dever cristão de questionar a entidade ?cristianismo", preciso falar de Kierkegaard.

Pra quem me conhece sabe que tenho uma paixão por filosofia, mas tenho preguiça de textos que não se propõe a serem didáticos e que se tornam inacessíveis a muitos.
Kierkegaard em Temor e Tremor me surpreendeu. Foi uma jornada sobre a existência, e sobre a intensidade absoluta que o "salto no escuro" da fé propõe.

Tenho um enfado gigantesco a teologia sistemática, pelo seu grandíssimo abandono ou pura instrumentalização da teologia bíblica para cumprir vontades culturais e filosóficas (salvo exceções como Karl Barth, Paul Tillich, James Cone, Ronilso Pacheco, Leonardo Boft).

Mas o modo como Kierkegaard navega pela experiência de Abraão no capítulo 22 é algo que preciso revisitar constantemente pois fiquei maravilhado, e prostrado a grandiosidade e emblematicidade dessa cena.
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