Samara MaiMa 20/08/2013Design
Mais um livro digital, portanto, sem avaliação de design.
Apesar disso gostaria de fazer uma sugestão. Acho que o livro teria muito mais presença se a ilustração tomasse toda a frente da capa ou até mesmo que fosse mais fotográfica. Normalmente, quando estou olhando os e-books na Amazon o que me ganha no primeiro segundo são os thumbnails das capas. Só depois eu paro para ler a sinopse, ou nem leio. Confesso que não acharia a capa muito atrativa em uma primeira passada de olhos.
História
Sabem aqueles livros que quando você termina quer gritar para todo mundo o quanto você gostou e o quanto você quer que todo mundo leia também? Quando terminei A Herdeira do Mar entendi porque a Verônica Mesquita entrou em contato comigo aqui no Parafraseando sugerindo que eu deveria ler. Ela tinha sido mordida pelo mesmo bichinho de compartilhamento que eu fui. Vamos ver se convenço vocês a conhecer o livro também!
Obra de estreia da autora Ize Chi Kiohaan, o livro me impressionou com a qualidade da narrativa, os clímax corretamente colocados, as viradas da história interessantes e um tema que eu não vi bombar tanto: sereias. Okei, surgiram uns livros lançados pela Planeta, iD e Verus (que eu li), mas AHdM foi bem mais do que esperava.
A princípio as 556 páginas me assustaram! Cheguei a pensar que pudesse ter sido por dificuldade de "refiles" na história, já que é uma autora jovem, primeira obra, e coisa e tal. Mas acreditem, 95% das páginas são preenchidas com informação relevante e de extrema qualidade. No começo estranhei um pouco o estilo literário e fiquei receosa de que fosse muito rebuscado, coisa que costuma acontecer com alguns autores brasileiros, que confundem escrever bem, com escrever enfadonhamente. Fora o excesso de "sobremaneira" depois dá para notar que a narrativa fica mais jovem.
A autora me conquistou de verdade quando começou a justificar a existência de uma sociedade de sereias e tritões. Quando ela misturou Atlântida, com mitologia grega e ainda criou sereias extremamente invejáveis em todos os níveis, mas principalmente no quesito fisiológico (meninas entendam: beleza, depilação e ciclos menstruais definem), eu já estava completamente envolvida e vendida. Ize fez uma boa pesquisa e conseguiu criar uma mitologia própria crível e interessante.
A história de Cordélia Dolphin é contada em terceira pessoa, o que acaba permitindo que a autora mostre um pouco o PoV (ponto de vista) de outros personagens. Incrivelmente, eu gostei muito da personagem. A princípio achei que a autora iria partir para uma linha perigosa de protagonista extremamente consciente da própria beleza e que acaba se tornando chato e raso. Mas isso não acontece com a Délia. Ela é o que é por ser uma sereia, mas em nenhum momento realmente abusa de suas características para meios escusos. Ela até é um pouco solitária por ter vivido sempre viajando com o pai, mudando sempre de cidade até fixar moradia na praia de Tamarama, na Austrália.
O que deveriam ser os últimos meses do colegial, acaba se tornando uma descoberta da verdadeira natureza de Cordélia e seu real papel no mundo marinho. E a descoberta de (yuhuu me abana) Morgan. O tritão. O guardião. O lindo de morrer tudo de bom. E o melhor: ele é o único gatinho. Indo um pouco na contramão de praticamente todos os livros young adults por aí, Ize não cria um triângulo amoroso. Ela sabe que seus personagens se amam e vai desenvolvendo os sentimentos deles, e só deles, ao longo de toda a história.
Neste primeiro livro, o foco é todo em Cordélia descobrindo sua natureza de sereia, e aprendendo sua posição dentro da hierarquia dos seres marinhos. É mais um romance e uma história de auto-conhecimento e evolução da personagem do que realmente uma aventura. Existem sim lutas muito bem descritas, e situação de utilização de magia bem aplicadas e críveis, mas o foco é com certeza no romance. Por mim posso dizer que foi ótimo. Estou totalmente em um momento "romanciiiinho" e acompanhar as idas e vindas de Cordélia e Morgan foi uma montanha russa para o meu coração.
Me identifiquei muito com os dois personagens. Várias passagens do relacionamento dos dois consigo refletir na minha própria experiência de vida e em como eu sou apaixonada pelo meu marido. A sensação de vazio quando não se está junto da pessoa que a gente ama e quer sempre por perto... Então, todas as vezes em que eu lia uma passagem mais emotiva, lembrava do que eu também sinto e vivo diariamente.
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