Tayane Cristie
09/01/2014 Na Londres do século XVIII, mulheres ainda são acusadas e perseguidas por bruxaria. É por esse motivo que Evangeline Bennett tem de esconder seus poderes – ela é capaz de controlar os quatro elementos -, aguentando os maus-tratos do pai e tendo de aceitar um casamento forçado com o primo do rei, Hector Callum. Mas Evangeline é uma mulher decidida e audaciosa de mais para a época, e ela faria de tudo para fugir desse casamento. Quando um atentado contra o rei acontece, ela percebe que há algo de muito errado e que há outros usando seus talentos para algo ruim.
Não posso dizer que adorei o livro, mas também não o odiei. A trama criada por Camila Dornas foi bem pensada, mas a autora se deixou cair em alguns clichês que tornou a leitura um pouco repetitiva (como se eu já tivesse lido aquela história antes, sabem como é?). Logo no início ela já insere quatro personagens masculinos que eu tive a sensação de que viria mais uma daquelas protagonistas que fica indecisa entre dois ou mais homens. Mas pelo menos desse clichê ela conseguiu fugir (se bem que ela tentou me enganar com a possível iniciação de um triângulo amoroso que, felizmente, não chegou a acontecer). Um desses personagens é Hector, que nem de longe é um interesse amoroso da protagonista, mesmo sendo seu noivo. O cara é odioso que só! O segundo é Albert, melhor amigo de Evangeline desde que eles eram crianças. Felizmente essa amizade e até irmandade ficou bem clara, deixando Albert longe de ser um possível pretendente. E depois vieram Henry e Dorian.
Dorian é aquele personagem misterioso, que parece envolto em sombras, que, pelo o que eu percebi, tem sempre de ter um nos livros de romance paranormal (não que eu não goste desse tipo de personagem, eles geralmente são os badboys, e eu tenho um queda pelos badboys literários). Com seus olhos cor de tempestade, Dorian foi misterioso desde o início, mas foi ele quem contou a Evangeline que existiam outros como ela (e ele) e que eles se denominavam “talentos” (um termo mais brando que “bruxos”). Já Henry era um empregado da família Bennett, trabalhando com os cavalos e como cocheiro. A protagonista se sentiu atraída por ele desde o momento em que o viu. Só achei que o romance aconteceu abrupto de mais, rápido de mais. Num dia eles estavam se conhecendo, no outro ela estava contando segredos e quase se entregando pra ele. O.O Foi bonitinho o romance dos dois? Foi sim, mas mais sutileza, não é? Ainda mais para época, que mesmo uma garota “pra frente” como a Eva deveria ter seus limites, certo recato.
Desde o momento que Evangeline descobre que existem outros como ela é que começa a busca por aquele que está tentando contra a vida do rei. Não sei se foi meu ritmo de leitura ou o quê, mas a partir daí tudo começou a acontecer rápido de mais. Todo mundo gosta de uma leitura rápida, mas aqui eu achei que ficou faltando partes da história que poderiam ser melhor exploradas, as cenas de ação (que eu gostei, sim, mas) poderiam ter sido mais duradouras e melhor desenvolvidas.
Mas vamos dar créditos à autora estreante. A Camila tem uma narrativa bem gostosa e que flui facilmente (como eu disse, minha leitura foi bem rápida). Apesar da época em que se passa o livro exigir uma narrativa mais formal (tá, não precisava ser algo Emily Brönte, mas também nada século XXI, né), dá pra perceber o talento e a facilidade que a autora tem com as palavras. E, no geral, eu acho que ela soube desenvolver bem a trama, faltando uma coisinha aqui e outra ali, mas o livro cumpriu com a trama que prometeu e eu gostei bastante do final. Não sei se haverá uma continuação, mas o final do livro permite as duas possibilidades (de final, “final” mesmo, pois teve um fim satisfatório; ou de que alguma outra trama se forme, já que esse mundo dos talentos que a Camila criou dá para abranger bastante coisa).
Eu gostei do livro, gostei da personagem da Evangeline (apesar de ter me irritado em certos pontos) e dos amigos dela (principalmente a Genevieve, que é uma peça rara, hahaha, momentos hilários com essa garota). O Henry não foi muito do meu gosto, já que ele era um pouco perfeito de mais, mas fez um belo par com a protagonista, defendendo-a e sempre estando ali quando ela precisava.
É um livro nacional bem bacana (só um aviso para quem ainda tem certo preconceito com literatura nacional). Atualmente a literatura nacional tem lançado coisas bem bacanas e em nível de literatura estrangeira (para você que quando entra numa livraria, online ou física, e vai direto pra esse setor). Eu recomendo o livro, é um bom passatempo pro seu fim-de-semana ou pra esse período de férias que tem muita gente com as pernas pra cima.
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http://lereaminhapraia.blogspot.com.br/