O último dia de um condenado à morte

O último dia de um condenado à morte Victor Hugo




Resenhas - O último dia de um condenado à morte


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Carolina2545 30/12/2023

Incrível
Esse livro mexeu tanto comigo, Vitor Hugo foi incrível em demonstrar pros leitores o sentimento do protagonista, parecia que eu estava lá com ele, senti toda a esperança dele do seu destino mudar de alguma forma.
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Leonardo.Antonio 27/08/2020

Contra a pena de morte
Victor Hugo põe em pauta a pena de morte, fazendo uma dura crítica, ao mesmo tempo que invoca um nível de humanismo para provar seus argumentos
Paulo Leitor Cósmico 30/08/2023minha estante
Estou gostando desse livro. Interessante a reflexão.




Lígia Guedes 04/09/2010

O último dia de um condenado à morte - Victor Hugo
Por que não?
Os homens... são todos
condenados à morte
sem apelação.


"Condenado à morte!
Há cinco semanas que estou vivendo com este pensamento, sempre sozinho com ele, sempre félido com a sua presença, sempre encurvado sob o seu peso!
Outrora, pois parece-me que são anos e não semanas, era um homem como qualquer outro. Cada dia, cada hora, cada minuto trazia uma idéia própria. Meu espírito, jovem e rico, era cheio de fantasias. Divertia-se fazendo-as desfilaem uma atrás da outra, sem ordem nem fim, bordando com inesgotáveis arabescos esse rude e fino tecido da vida. Eram donzelas, esplêndidas capas de bispos, batalhas ganhas, teatros cheios de barulho e de luzes, e mais donzelas e passeios noturnos sob a ampla copa dos castanheiros. Era sempre festa na minha imaginação. Podia pensar no que eu quisesse, era livre.
Agora estou preso. Meu corpo está acorrentado num calabouço, meu espírito está aprisionado numa idéia. Uma horrível, sangrenta, implacável idéia! Só tenho agora um pensamento, uma convicção, uma certeza: condenado à morte!
O que quer que eu faça, ele está sempre lá, este pensamento infernal, qual espectro de chumbo ao meu lado, só e ciumento, afastando qualquer distração, face a face comigo, infleiz, e sacudindo-me com suas duas mãos gélidas quando quero desviar a cabeça ou fechar os olhos. Insinua-se sob todas as formas lá onde meu espírito queria fugir dele, mistura-se como um estribilho horrível a todas as palavras que me são ditas, gruda comigo nas grades hediondas do meu calabouço; obceca-me quando acordado, espia meu sono convulsivo e reaparece nos meus sonhos sob a forma de uma faca."


Ganhei este livro de presente de uma amiga no SKOOB para doação, entre outros. Ao observar melhor a imagem da capa, acabei por associar a imagem da cena de um outro livro, A FERA DE MACABU, livro raro, do jornalista de Campos dos Goitacazes (RJ), Márcio (pesquisar depois), que relata a história de vida de Motta Coqueiro, o último condenado à morte no Brasil e que teve enforcamento em praça pública, na cidade de Macaé. Observar a história na posição dos condenados, um com uma guilhotina no pescoço sabendo-se inocente, outro na posição angustiante e dolorosa espera de ser mutilado em praça pública , de ser privado de seu único bem, de sua própria vida, se consumindo lenta e inexoravelmente, em ritmo obsessivo, martelante dos últimos e penosíssimos pensamentos e dos delirantes fantasmas de uma mente incrédula e aterrorizada.

Pena de morte sendo discutida em claro discurso literário em favor da abolição da pena de morte, publicado no último ano da monarquia dos que Victor Hugo, na idade de 27 anos, tomou posição em defesa dos direitos inalienáveis do homem e, sobretudo, do direito à vida. Hoje inicio esta dolorosa leitura, em que a mutilação de corpos são expostos, onde o condenado, em silêncio, sem direito a fala, vê-se mutilado publicamente onde muitos gozam a cena, sem alcançá-la visualmente, outros, jogam, leem, conversam enquanto se desenrola a mutilação, cena exposta a público.

Vale observar que na época em que o livro foi publicado, a ideia do livro foi lançada para ser absorvida pelo público, entretanto, o autor já divisava um objetivo maior, ou seja, atingir o senso comum de que não somente aquela mutilação específica, mas colocar o condenado na posição de ator principal de um palco onde teria direito a absorvição definitiva daquela angústia a público, onde não somente um corpo mutilado era exposto, mas a semente lançada, já naquele tempo histórico. Bem, vamos lentamente narrar esta mutilação de corpos a público, lentamente, assim para que o prazer de ver um corpo mutilado, esquartejado, chegue aos olhos de todos, socialmente. Retorno com as partes a medida que o livro for sendo dissecado. Apesar de conter apenas cem páginas, podendo ser leitura rápida, prefiro explorar cada parte deste corpo vivo, lentamente, demoradamente, bem desencaixando cada parte para somente depois de toda sua leitura vê-lo inteiro, por completo.

"A janela dava para um pátio quadrado bastante amplo e ao redor do qual erguiam-se nos quatro lados, como uma muralha, um grande edifício de pedras talhadas de seis andares. Nada mais arruinado, mais nu, mais miserável para os olhos que aquela fachada quádruple esburacada por um sem número de janelas gradeadas às quais estavam grudados, de cima a baixo, uma multidão de rostos magros lívidos, imprensados uns em cima dos outros, como as pedr5as de uma parede, e todos por assim dizer emoldurados nos entrecruzamentos das grades de ferro. Eram os prisioneiros, espectadores da cerimônia esperando o dia deles serem os atores. Pareciam almas penadas nos respiradouros do purgatório que dão para o inferno.
Todos olhavam em silêncio o pátio ainda vazio. Estavam esperando. Entre essas figuras apagadas e sombrias, brilhavam aqui e ali alguns olhos penetrantes e vivos como línguas de fogo."

O condenado ainda não rumou a mutilação pública, apenas observa o triste cenário a que está inserido.

"Tocou meio-dia. Um grande portão, escondido num nicho, abriu-se de repente. Uma charrete, escoltada por umas espécies de soldados sujos e envergonhados, de uniforme azul com dragonas vermelhas e bandoleiras amarelas, entrou pesadamente no pátio com o barulho de sucata. Era os forçados e as correntes.
No mesmo instante, como se o barulho despertasse todo o barulho da prisão, os espectadores das janelas, até então silenciosos e imóveis, explodiram em gritos de alegria, músicas, ameaças, imprecações misturadas a gargalhadas pungentes de ouvir. Pareciam máscaras de demônios. Cada rosto mostrou uma careta, todos os punhos saíram das grades, todas as vozes uivaram, todos os olhos flamejaram e fiquei apavorado ao ver tantas centelhas reaparecerem nessas cinzas.

Nota do prefácio: "Existem duas maneiras de constatar a existência deste livro. Ou bem houve, de fato, uma pilha de folhas amareladas e desiguais sobre as quais foram achadas, registradas uma a uma, as últimas reflexões de um pobretão; ou bem houve um homem, um sonhador ocupado em observar a natureza em proveito da arte, um filósofo, um poeta, talvez, que fez dessa idéia sua fantasia, que a tomou ou, melhor dizendo, foi tomado por ela, e que só conseguiu livrar-se dela jogando-a num livro.
Das duas explicações, o leitor escolherá a que melhor lhe convier."

O livro vem declarar e repetir que está pleiteando, em nome de todos os possíveis réus, inocentes ou culpados, perante todas as Cortes, todos os pretórios, todos os júris, todas as injustiças. O presente livro está endereçado a quem quer que julgue. E, para que a defesa seja tão abrangente quanto a causa, foi-lhe preciso - e é por esta razão qu 'O último dia de um condenado' é assim feito - podar onde quer que fosse necessário o seu objeto, o contingente, o acidental, o peculiar, o especial, o relativo, o modificável, o episódio, a anedota, o acontecimento, o nome próprio, e limitar-se a defesa da causa de um condenado qualquer, executado num dia qualquer, por um crime qualquer. Feliz se, sme outra ferramenta que não o pensamento, conseguiu vasculhar o bastante para fazer um coração sangrar sob aes triplex do magistrado! Feliz, se ele fez com que os que se acreditam justos tenham se tornado piedosos! Feliz se, de tanto fustigar o juiz, conseguiu vez por outra, encontrar nele um homem!

"Estava passando pela Praça de Grève, de carro, um dia, por volta das onze da manhã. De repente, o carro parou.
havia muita gente na praça e no cais, mulhres, homens, crianças, estavam de pé no parapeito. Acima das cabeças, via-se uma espécie de palanque de madeira vermelha que três homens estavam montando.
Um condenado ia ser executado naquele mesmo dia e estavam construindo a máquina.
Virei a cabeça antes de ser visto. Ao lado do carro, havia uma mulher que dizia para uma criança:
"Olhe, está vendo? A faca não está descendo direito, vão passar um pedaço de vela nos montantes para facilitar."
É provavelmente o que eles estão fazendo agora. Onze horas acabam de tocar. Devem estar passando vela nos montantes.
Desta vez, infeliz, não virarei a cabeça.

Há três anos, quando da publicação deste livro, alguns pensaram que valia a pena contestar que a idéia fosse do autor. Uns imaginaram um livro inglês; outros, um livro americano. Estranha mania essa de procurar a mil léguas as origens das coisas, e querer que a água do regato que lava sua rua venha do rio Nilo! Infelizmente não temos aqui nenhum livro inglês, nem americano, nem chinês. O autor tirou a idéia de 'O Último Dia de um Condenado", não de um livro, não tendo o costume de ir buscar suas idéias tão longe, mas sim lá onde todos podemos pegá-la, onde talvez a tenhamos pego (pois quem não fez ou sonhou na própria mente "O Último Dia de um Condenado'?), simpelsmente na praça pública, na praça de Grève. Foi aí que um dia, passando por lá, ele apanhou essa idéia fatal, que jazia numa poça de sangue debaixo dos cotos vermelhos da guilhotina.

Uma comédia a propósito de uma tragédia, isto é 'O último dia de um condenado à morte'.

Título original: Le dernier jour d´un condamné
Tradução: Annie Paulette Marie Cambê
Revisão: Taísa Lucchesi

Ilustração da capa: Aligi Sassu, Fucilazione nelle Asturie, 1935
Design: Alessandro Conti
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Thereza 30/03/2020

Reflexões sobre a pena de morte
Vocês sabiam que a última execução na guilhotina na França foi em 1977? Sendo que a última execução pública foi em 1939 e a abolição da pena de morte ocorreu somente em 1981. Mais de 180 anos de mortes usando esse aparelho asqueroso. Porém, antes da revolução de 1830, alguém pensava à frente e escreveu o absurdo que era um país continuar cortando cabeças em praça pública. Victor Hugo utiliza o romance para denunciar a atrocidade da prática e como a mesma tinha apenas efeitos negativos sobre a sociedade.

“Senhor gordo: A pena de morte! Para que falar nisso agora? O que lhe importa a pena de morte? Este autor tem que ser muito mal nascido para dar-nos pesadelos sobre esse assunto com seu livro!”.
A população não queria falar sobre o assunto, era mais fácil pensar que os condenados não serviam para viver em sociedade, não poderiam se redimir por seus crimes. Sendo impossível reeducar, era mais lógico eliminar.

No livro, acompanharemos um homem comum, sem saber seu nome, sua posição social, sua história ou mesmo o crime que cometeu, sabe-se apenas que vai morrer.
“Condenado à morte! Pois bem, por que não? Os homens, lembro-me de tê-lo lido em não sei qual livro (...), os homens são todos condenados à morte com sursis indefinidos. Então, será que a minha situação mudou tanto assim?”.

A narração em primeira pessoa nos leva do julgamento ao último momento em que o homem consegue escrever. E esses relatos não focam tanto nos processos ou no ambiente, falam mais sobre o que ele sente, suas angústias, sobre como passa mal quando dizem que chegou a hora. Imagine como a sociedade que negava a necessidade de se pensar sobre a pena capital ficou quando alguém ousou humanizar um condenado.

“E depois, será que a vida me deixaria alguma saudade? Na verdade, o sombrio e o pão da prisão, a porção de lavagem tirada do panelão dos forçados, ser maltratado (...), ser brutalizado por carcereiros e guardas, não encontrar nenhum humano que me ache digno de uma palavra (...), estar sempre estremecendo pelo que fiz e pelo que farão comigo: esses são mais ou menos os únicos bens que o carrasco pode me tirar.”.


site: https://www.instagram.com/p/B-YYc1_hR6S/?utm_source=ig_web_copy_link
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Rebeca 31/12/2020

Angustiante
É um diário dos ultimos, quase 20 dias de um condenado à guilhotina. O que Victor Hugo quer nesse livro e explicar para as pessoas da época (da dele e da nossa) que a pena de morte não é solução pra nada. Passamos todo o livro sem saber o crime que foi cometido e quando ele fala de arrependimento é mais por talvez nao ter aproveotado tao bem à vida do que por ter cometido o crime em si. Mas o autor vai além, como é típico dele, e fala de como ficaria a mãe, a filha, a família depois da morte do homem. Impossivel nao ser tocado pela escrita do Victor Hugo.
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Leonardo 06/11/2021

Lei miserável e homens miseráveis
Só o fato do livro ser de autoria de Victor Hugo já nos autoriza obrigatoriamente a lê-lo. Seus romances são únicos e ninguém escreve histórias com tantas reflexões como ele. Vc literalmente sente todas as emoções do personagem e passa a vivenciar seus passos e sentimentos. Quem finaliza um livro de Victor Hugo certamente é premiado com sua sabedoria e humanidade.


Bom, o livro nos apresenta a história de um homem sentenciado à morte na guilhotina. Victor Hugo faz da narrativa do livro um diário pessoal do personagem com relatos do seu dia a dia na prisão, o homem que até pouco tempo usufruía da sua liberdade e do convívio com seus familiares, com sua esposa e filhinha. Agora ele se vê em meio a um cárcere, sofrendo humilhações e desprezo. Há muitos reflexões a respeito da vida contada pelo prisioneiro, muito sofrimento e angústia diante da aproximação do seu fim.

Quem não teria o direito de tirar a vida do outro senão Deus? Naqueles tempos sombrios da França do século XVI sob à sombra da guilhotina, alguns populares tomavam a prática como uma atração grotesca, um tribunal horripilante. Quanta falta de empatia!

O livro nos traz muitas reflexões sobre a importância da vida e sobre qual autoridade os homens têm o direito de aplicar uma lei a tirar a vida do outro sem a menor chance de redenção e até em muitos casos, sem provas ou chance de defesa. É uma discussão complexa sobre a pena de morte. Naqueles tempos, muitos foram condenados por muito, muito pouco.

A leitura é rápida e bem fluida. É fácil depreender na leitura o quanto Victor Hugo era contra essa sentença tão cruel e com grande risco a injustiças.
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Ste 26/06/2023

Que agonia!
Sofri junto com o protagonista. E o final é aberto ainda. Ótima introdução a Victor Hugo! Curtinho e rápido de ler
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Geógrafo da Alma (Poeta) 08/06/2009

Bela obra que dentro do contexto em que foi publicada, evidenciava o pensamento do autor em relação a bárbarie da pena de morte. Ainda hoje muitas vezes indignados com alguma situação por um momento tencionamos em deter um poder que não é nosso. Concordo plenamente por mais absurda que seja uma atitude, não podemos respondê-la ceifando uma vida.
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Mimi 19/02/2013

Agoniante
Acredito que essa obra cumpra o que ela promete. Vc realmente se sente na pele do condenado e é totalmente agoniante. Um livro forte e que nos faz pensar. Não aconselho à qualquer um, é, como tudo de Victor Hugo, emocionalmente muito carregado.
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GramoPhoneMan 22/05/2013

Um livro que devia ser lido por todos que meditam sobre a pena de morte.
Este livro narra a trajetória de um condenado à morte desde sua condenação até o dia da execução. Vitor Hugo em sua genialidade consegue transmitir todo o pavor que se apossa do codenado a medida que vai se aproximando a hora fatal. A angústia de saber não haver saída, o medo pelo desconhecido que virá depois. Mostra um lado obscuro e não discutido, o terror pela espera da morte parece ser pior que a própria morte em si. Criminosos que parecem não temer a morte deveriam ler este livro, assim como pessoas que defendem ou condenam a pena de morte. Pois ele leva a discussão a um nível além do simples fato de morrer ou não morrer. A espera da morte certa será o pior castigo? Exceto os suicidas, conseguirá realmente alguem manter a coragem um minuto antes da execução?
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Valeria.Mattioli 06/11/2015

Agoniante!
Eu acho que esse livro retrata muito bem as últimas semanas de uma pessoas condenada a morte, com todos os seus pensamentos, medos e arrependimentos.
O legal é que apesar de tudo, o livro é sobre esperança também, porque até no último minuto o personagem cria várias situações em que ele seria libertado, em que ele não precisaria estar condenado, retratando que realmente a esperança é a última que morre.

Em algumas partes o livro dá muita agonia, realmente o autor conseguiu descrever com precisão o sentimento de estar condenado, e confesso que muitas vezes durante a leitura, acabei me colocando no lugar do personagem.
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Pathi 23/03/2016

Angustiante!
Lindo e extraordinário. Victor Hugo tem o dom de entender os sentimentos mais profundos do ser humano e consegue exteriorizar isso de uma maneira clara e objetiva.
Este livro vai te colocar na mente de um homem que foi sentenciado a morte, e justamente por isso é agoniante. Parece que é você que será enforcado.
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Joao 24/01/2022

Bom
Uma excelente obra, dá pra sentir na pele o que o condenado passa, confesso que a parte da Marie me deixou com o "coração meio mole" kkkk.
Obs: essas letras miúdas dessa edição me incomodou muito, nuassa
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Camila 19/02/2023

Mais que um condenado, um ser humano
O autor retrata a jornada de um condenado a morte desde sua sentença até os últimos minutos.
Nessa história, vemos de forma angustiante as últimas semanas de alguém que é condenando a morte e como o condenado passa por fases.
No seu último momento é desesperador a sua busca por redenção.
Não se comenta o crime, isso não é relevante, vemos de forma nú todos os pecados e angústias dele.
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