spoiler visualizarBarbara857 27/02/2024
O livro começa com uma frase bem marcante: "Todas as famílias felizes se parecem, a infelizes não.".
Talvez por ter achado essa primeira frase tão emblemática, eu tenha criado uma expectativa grande demais (reforçada pelas positivíssimas avaliações e pela fama do livro).
O fato é que a leitura se mostrou cansativa em diversos momentos. Talvez porque eu não consegui entender o motivo de certas cenas, descritas tão extensamente, com tantos detalhes, como por exemplo a cena da caçada com Levine, Stephane e o outro menino que esqueci o nome (acho que Velovski). A cena é gigantesca, e não agregou absolutamente nada para o enredo. Na verdade, também não sei se consegui entender bem o objetivo do enredo, ou até mesmo se havia de fato um enredo.
Enfim, talvez eu goste e esteja mais acostumada a coisas mais objetivas.
Dito isso, eu me irritei com absolutamente todos os personagens (mais com alguns que com outros), principalmente com Levine (que pelo que vi é um dos queridinhos dos leitores). Muito dramático, reações desproporcionais, linhas de raciocínio confusas.. Também achei curioso o "homem do campo filosófico", é um personagem bem diferente do habitual.
A (teoricamente) personagem principal, Ana, de início é muito interessante. Mas com o passar do tempo, ela vai entrando numa neura que eu sinceramente não entendi e achei muito desproporcional. Como no enredo todo os personagens são muito dramáticos, confesso que fiquei chocada com o desfecho dela, pois não estava levando a sério. E depois, fiquei decepcionada com o fato de isso mal ser abordado posteriormente pelos demais. Ana é uma mulher encantadora, tanto fisicamente quanto intelectualmente, tem um magnetismo sobre todos os que com ela convivem, e sua morte repentina e trágica aparentemente trouxe pouquíssimo impacto.
O livro retrata muito bem a hipocrisia da elite russa, principalmente na sua relação com a riqueza, e em alguns momentos inclusive me arrancou risadas.
E apesar de eu ficar entediadíssima com os devaneios do Levine, lá no finalzinho consegui destacar duas sitações que me fizeram refletir bastante:
"Continuara sua vida, continuara a pensar e a sentir. Casara-se, também, nessa altura, e tivera muitas alegrias, sentindo-se feliz sempre que não pensava na vida. Que queria isso dizer? Que vivia bem, mas pensava mal."
Isso aqui resume muito bem esse personagem, sempre aflito, sempre incomodado, mas visivelmente feliz em levar a vida que leva. A carapuça serviu bem bonita pra mim, e acredito que serviria também à maioria das pessoas. Vivemos bem, mas pensamos mal.
"Esta dedução do raciocínio, que não pode descobrir que se deve amar o próximo, pois amar o próximo não é razoável."
Aqui ele estava refletindo sobre como era possível que ele fosse uma pessoa boa e correta, já que não acreditava em Deus. E pôs-se a pensar, buscando lembrar quando aprendera os princípios da religião, que segundo seu raciocínio (e o meu também em grande parte), "domam" a má natureza humana.