Ana Luiza 07/04/2013
Resenha do blog Mademoiselle Love Books - http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br
Acordar em uma cela suja é assustador, ainda mais quando você não se lembra de nada, do motivo de estar ali, de onde exatamente está ou mesmo do seu nome. Foi assim com certa jovem, que acorda em um castelo em Landara, que ela descobre ser uma misteriosa ilha que se move pelos mares, mas que não é presa a nenhum continente. Como o lugar em que está, os presos também são incomuns. Cada um ali tem um poder, inclusive a misteriosa garota sem nome, apesar de ela não saber exatamente qual, mas há algo ali que anula os poderes de todos.
“-Olha só – ele virou, veio andando ajoelhado até a grade e olhou para mim -, você não vai encontrar ninguém normal aqui, viu. Todos nós estamos aqui por um motivo, um motivo que ninguém sabe, mas todo mundo quer saber, alguma coisa estranha, porque é o que nós somos, tá acompanhando?" (Pág. 15)
A garota é levada por guardas até Patrick, o homem que comanda a prisão. Lá ela descobre que é colega de um genial cientista e que são as invenções dos dois que permitem a Patrick, por exemplo, controlar os excêntricos animais que estão no castelo. Patrick vem roubando há anos as invenções do tal cientista e é graças a uma delas que ele sequestrou a garota. Mas ela não se lembra de nada, inclusive da invenção. Logo no primeiro contato com Patrick a garota toma uma decisão, ela fugirá da prisão e arranjará um jeito de destruir o vilão.
E assim acontece, com ajuda de Thomas, um belo homem que é capaz de se transformar em qualquer criatura que já tenha visto. A garota foge do castelo, levando consigo James, o preso da cela vizinha que é dono de um poder mental incrível. Longe da prisão e do controle de Patrick, James consegue entrar na mente da garota e descobrir um pouco sobre ela. Seu nome é Laura e ela trabalha mesmo com Klaus Leone, o tal cientista. Laura também descobre seu poder: ela é capaz de controlar tudo o que toca, seja humano, criatura ou elemento (como água, terra, etc.).
“Tenho duas vidas... Uma que deixei para trás e uma que recomecei em Landara. Mas não me lembro de nenhuma das duas. Agora estou perdida no meio delas, sem saber que o que esperar, sem saber o que buscar. A única coisa que sei é que tenho uma dívida com os prisioneiros de Patrick, eu prometi que os traria liberdade.” (Pág. 203)
Apesar de começar aos poucos recuperar sua memória, Laura sabe que precisa encontrar Leone e, principalmente, descobrir qual é essa invenção que Patrick tanto deseja. Mas essa não será uma tarefa fácil, perseguidos pelos homens de Patrick, o grupo acaba também ficando na mira de um grupo de criaturas do deserto, já que Laura é aparentemente humana e seu sangue seria a chave para um baú que guardaria um enorme poder.
Conforme viajam, o pequeno grupo começa a se conhecer melhor, mas também a conhecer outros lugares, criaturas e pessoas. Para Laura, cuja memória foi apagada, redescobrir todo um universo e um modo de vida será, ao mesmo tempo, maravilhoso e assustador. Entre perigosas batalhas, belas paisagens, poderosas pessoas, fiéis amigos e inimigos cruéis, Laura terá que decidir entre amor e missão, entre o bem e o mal. Se Laura pudesse ser a dona de todos os poderes de todas as criaturas de Landara, ela aceitaria tal responsabilidade? E se esse poder caísse em mãos erradas, Laura daria sua vida pela ilha onde não nasceu, mas onde encontrou sua felicidade? O futuro de Landara está nas mãos dessa garota humana e esse é apenas o começo da aventura.
“-Você sabe que essa história não deveria ser de amor, mas de coragem, de salvamento. Você está aqui para trazer esperança para os outros. Você está aqui para impedir um homem de maltratar outros. Não para se apaixonar.” (Pág. 317)
“Redescobrindo o passado” é o primeiro volume da trilogia “Os Segredos de Landara”. Tinha boas expectativas para o livro, que foram supridas, mas não superadas. A história me conquistou logo no início, graças ao seu ar de mistério e fantasia. Confesso que narração em primeira pessoa não me conquistou, achei-a muito informal, com expressões que não estamos acostumados a ver nos livros, e muito fragmentada. A cada poucos parágrafos a narração era interrompida por “***” (três asteriscos, em outros livros são três pontinhos), que normalmente dão ideia de passagem de tempo ou de interrupção de pensamentos, mas que aqui foi usada de forma exagerada e desnecessária, o que não deixou a narrativa fluir muito bem e acabou deixando o livro um pouco mais longo do que ele é (essa edição tem 440 páginas). Essas interrupções constantes me irritaram, assim como a narrativa em geral. Por mais que eu tenha gostado da Laura, simplesmente não consegui gostar da narrativa em primeira pessoa.
Apesar de não ter simpatizado com a narração, adorei a trama que a autora criou. Sou simplesmente apaixonada por mitologia, e a que foi criada em “Os Segredos de Landara” é simplesmente fascinante. Apesar de claramente ter se baseado na mitologia já existente, a autora conseguiu criar algo completamente novo, tornando Landara a ilha dos sonhos para qualquer apaixonado por criaturas mágicas. Achei superinteressante como aqui as criaturas se misturam com as pessoas, ganhando personalidades e sentimentos como qualquer uma deles. Cada um, seja criatura ou não, tem personalidade e traços marcantes, além de um papel na trama.
Por mais que eu tenha gostado de Laura, James, Thomas e os outros personagens humanos – aqui, humanos no sentido de que tem aparência humana e não necessariamente descendência, como Laura – as criaturas foram as minhas favoritas, com suas diferentes formas e poderes. Entre as criaturas, Dylin (uma criaturinha fofa que se liga a Laura) foi o meu favorito. Apesar de ser na maioria do tempo um amor de criaturinha, ele me conquistou ao ser tão focado na missão e tão poderoso (ele “aprende” o poder de todos que estão por perto, exceto o de Laura). Já entre os “humanos”, James foi o meu favorito, porque, além de se parecer com Jack Sparrow, ele é bem divertido e fiel a sua amiga Laura. Laura também foi uma personagem cativante, graças a sua coragem, mas como ela é a narradora e a narração não me agradou, acabei não gostando tanto dela quanto dos outros personagens. Outros personagens que me chamaram bastante atenção foram Karler (amei sua personalidade e poder) e Patrick, já que volta e meia sempre acabo preferindo os vilões. Patrick ainda não me conquistou como vilão, nesse primeiro livro ele foi apresentado de forma um pouco clichê, do tipo “sou mal, quero conquistar o mundo, vou te matar e etc.”, mas o personagem tem muito potencial e espero que a autora o explore de forma mais completa nos próximos volumes.
Quanto a edição, a editora fez um bom trabalho. Surpreendente, não encontrei nenhum erro gritante como em outros livros do selo, apenas frases sem ponto final e palavras sem acento, e a diagramação estava perfeita. A capa do livro não expressa a beleza que Laura vê na ilha de Landara, mas acho que caiu perfeitamente para esse primeiro livro, já que ele começa no castelo/prisão de Patrick, que eu imaginei de forma muito similar a qual foi representada.
“Os Segredos de Landara - Redescobrindo o passado” foi no geral um bom livro e só não gostei mais dele por causa da narração e leitura extensa. Apesar de ter achado o livro longo, não acho que nada deveria ser diferente quanto à ordem e duração dos acontecimentos, a autora soube mesclar com destreza as cenas de luta, de romance, de reflexão da protagonista, etc. Estou curiosa pelos próximos dois volumes da trilogia e por mais da incrível mitologia de Landara. Recomendo o livro para quem gosta de histórias cheias de aventuras e seres mágicos, mas que não se importa com uma leitura um pouco demorada e cansativa. Agradeço a autora pela oportunidade de ler o livro e me encantar com a mitologia de seu mundo.
“Derick me deixou e levou com ele parte do meu coração. Mas não preciso de coração para lutar. É até melhor ir sem ter um para lamentar, para ter piedade.” (Pág. 438)
Autora da resenha: La Mademoiselle
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