O voo da guará vermelha

O voo da guará vermelha Maria Valéria Rezende




Resenhas - O Voo da Guará Vermelha


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Shirley :) 12/07/2023

A escrita de Maria Valéria Rezende é tão encantadora. Ela é aquela autora que eu diria "leio até a lista de compras". E mais uma vez, consigo relacionar sua obra com uma música de Belchior, dessa vez, Pequeno Perfil de um Cidadão Comum.
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Luciana 25/06/2023

Poético
A escrita poética e sofisticada de Maria Valéria Rezende é fluida e intensa, envolve o leitor ao narrar o encontro de duas pessoas invisibilizadas na sociedade. A autora faz da sua criação literária um claro diálogo entre Sherazade e Dom Quixote. Aqui, a prostituta Irene conhece o pedreiro Rosálio e seus encontros são momentos de muito carinho e companheirismo.

Rosálio tem o sonho de aprender a ler e escrever e, depois de muitas andanças à procura de alguém que pudesse ajudá-lo, conhece Irene, que ensina de pouquinho em pouquinho, em troca das histórias que Rosálio narra com gosto para ela.

Todos os capítulos são nomeados com cores, e o cotidiano cinza de Rosálio ganha mais vida em tons encarnados logo no primeiro capítulo, ao conhecer Irene. Ele tinha muitas histórias para contar, mas o cinza dos prédios e ruas, a correria urbanizada, não permitiam que ele encontrasse alguém que parasse para ouvi-lo. Irene, por sua vez, queria uma companhia.

Ensiná-lo a ler e a escrever foi um processo lento e demorado, pois Irene queria que ele voltasse sempre. Aos modos de Sherazade (em mil e uma noites): no dia seguinte continuamos, estarei te esperando. E Rosálio voltava com mais histórias, tal qual Dom Quixote, para colorir a vida de Irene.

E nas histórias contadas há uma descoberta sobre como foi a vida sofrida de Rosálio, os trabalhos pesados por onde passou e muitos análogo a escravidão, que conseguiu escapar de cada um, até chegar na cidade grande. Irene também tem um passado doloroso e conhecemos um pouquinho das dores de cada um.

Um livro com uma prosa incrível ao usar muito do vocabulário brasileiro, a cultura popular, as expressões regionalistas e, com tudo costurado, tecendo um texto belíssimo.
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Helô 23/04/2023

Maria Valéria nos apresenta uma história terna, intensa e que a cada palavra tão bem escrita nos faz recordar o quanto a literatura é linda e libertadora.

O livro conta a história de Irene, prostituta e Rosário, pedreiro.
Irene, portadora de HIV, tem o coração quebrado pela vida tão dura...
Rosário, analfabeto, carrega consigo livros de histórias como seu bem mais precioso, apesar de não saber distinguir aquele amontoado de letras.

Se encontram e deste encontro, unem as dores, Irene apresenta as letras para Rosário, Rosário (re) apresenta os sonhos à Irene.

E assim vão trazendo acalento e esperança um ao outro, um refúgio apesar de tanta dor.

De escrita intensa, somos convidados a partilhar dos momentos junto com Irene e Rosário, a viver com eles cada história e também sonhar dias melhores.

Leitura obrigatória para todos aqueles em que a leitura traz acalanto e que assim como Irene e Rosário, sabem que as palavras são um oásis em meio ao caos da vida.

Esse livro foi o meu!
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Gabriella.Gardin 18/04/2023

A vida que sobrevive
Que narrativa linda. Em um livro sobre as palavras, Rezende usa suas palavras como passos de dança na perfeita sintonia, com a melodia certa e no tom que alcança o coração. Fazia tempo que um amor não era transpassado de forma tão honesta pra mim, e construído de forma tão íntima, mesmo no afastamento. Amei cada detalhe dessa história e me emocionei muito com a leitura. Que riqueza.
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Lurdes 08/04/2023

Melhor livro do ano.
Ok. Pode ser que me depare com outro tão bom quanto, mas não melhor.

Fiz a leitura em uma noite. Não conseguia parar. Depois já reli muitos trechos e li outro livro dela, adaptação desta mesma estória, que trarei amanhã.

Raras vezes me deparei com uma estória tão delicada e sensível.

Eu já tinha vários livros da autora na minha lista mas, sabe-se lá o porquê, ia adiando. Agradeço ao @literatoni por indicá-lo nas leituras coletivas deste ano e por proporcionar um encontro maravilhoso, com a presença de @mariavaleria.rezende ocorrido no último sábado.
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Mas vamos ao livro.

A estória de ROSÁLIO, criado sem pai, nem mãe, nem nome, sonha em conhecer o mundo e aprender a ler e escrever. Mas não imagina que vai enfrentar tantas dificuldades.

Por obra do acaso, ou do destino, ainda menino, salva da morte Pajé.
Este é um grande leitor e contador de estórias que carrega consigo uma caixa de madeira cheia de livros. Pajé está muito velho e praticamente cego, mas mesmo sem enxergar, adora folhear os livros e rememorar as estórias que já sabe de cor. Ele não tem condições de ensinar Rosálio a ler, mas deixa de herança a caixa de livros, que Rosálio vai carregar por toda a vida, como seu maior tesouro, ansiando pelo dia que irá aprender a desvendar todos os mistérios das letras.

Rosálio andará por muitas terras e conhecerá muitas gentes, boas e más. Aprenderá muitos ofícios, será explorado, enganado, mas também ajudado, e seguirá o curso de sua vida, sempre gentil, generoso e esperançoso.

Nossa outra protagonista é IRENE, prostituta soropositiva, a quem falta amor, falta saúde, falta esperança.

Mas Irene sabe ler e quando Irene e Rosálio se conhecem, novas possibilidades de vida e de relacionamento se abrem.

Irene irá alimentar Rosálio com seu conhecimento da escrita e Rosálio irá alimentar Irene de muitas estórias ouvidas ou vividas em suas andanças e, principalmente, de esperança.

Recomendo demais. Uma estória não só de valorização da leitura e da educação, mas de empatia, de amor ao próximo.
Lindo, lindo, lindo.
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Faluz 07/04/2023

O Voo da Guará Vermelha - Maria Valéria Rezende
"para: ... a memória de Dorothy stang, margarida maria Alves e todos os que, por amor, se deixaram semear em nosso chão para um dia germinar em frutos de justiça."

Assim Maria Valéria Rezende nos introduz ao mundo do Voo da Guará Vermelha, com título de fogo e subtítulos antagonizando cores fortes com nuances duras ( cinzento e encarnado/ verde e negro/ ocre e ouro, terminando com azul sem fim) nos transporta a um mundo cuja dura realidade de trabalho e vida não deixa de apresentar um escape (pequenino) de esperança de vida para brilhar nessa dureza.
Pelo seu próprio histórico de vida, a autora ligada a educação apresenta uma possibilidade de caminho onde a vida pode apresentar uma leveza. Diante de cenários duros de vida, garimpo, trabalhos análogos `a escravidão, prostituição e outros a capacidade do ser humano em sonhar quando se apresenta uma brecha. palavras simples com muita erudição. Livro que nos enternece e nos deixa esperançar.
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Leticia 28/03/2023

Impecável.
Escrita poética e tocante de Maria Valéria Rezende. Os personagens vivem as sombras da miséria e da falta de auxílio em todas as áreas da vida.

Nem nome, nem documento, nem moradia, nem dinheiro, nem saúde, nem comida, nem trabalho, nem escola. A realidade de muitos brasileiros e nordestinos.
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fev 28/03/2023

4,25

?Um corpo de homem aguenta mais do que a gente imagina, por vontade de viver, mas a alma é outra coisa, vai morrendo mais depressa quando perde a esperança, quando a maldade é demais??

Histórias dentro da história. Sobre um amor singelo depois de tanto sofrimento e abandono. A vontade de aprender a ler e compartilhar o mundo. Esse livro é um alento, um carinho. É um exercício para enxergar o outro além do estereótipo que a sociedade insiste impor. Uma leitura incrível. Fica a recomendação.
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Adélia 26/03/2023

Leitura intensa, apesar da escrita delicada. A história de Irene e Rosálio que apesar de tão diferentes, encontram um no outro o alívio dos dias sofridos.
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Toni 16/03/2023

O voo da guará vermelha [2005]
Maria Valéria Rezende (SP, 1942-)
Alfaguara, 2014, 158 p.

Um breve passeio pela obra de Maria Valéria Rezende não deixa dúvida entre seus leitores sobre a existência de um tema central e uma profissão de fé muito marcados em seus livros: o tema diz respeito às vidas “anônimas”, homens e mulheres invisibilizados que habitam as fraturas das grandes cidades, o campo, a periferia, o “Brasil profundo”; já a profissão de fé tem a ver com esses mesmos protagonistas, com a compreensão óbvia mas amiúde pouco lembrada de que todas as pessoas são fontes inesgotáveis de histórias, e de que a capacidade de fabulação nunca foi prerrogativa dos ditos literatos. Ela é gesto fundador na construção do indivíduo e das coletividades: síntese entre memória e fantasia.

"O voo..." é um romance sobre mundos que se ampliam a partir da leitura, sobre a descoberta de sentidos através da contação de histórias, sobre a possibilidade de se enxergar cores quando a vida, tão injusta e acachapante, parece cada dia mais gris. Rosálio é um ajudante de pedreiro que, nascido num lugar chamado Grota dos Crioulos – sem pai, mãe ou mesmo um nome –, corre o mundo em busca de alguém que lhe ensine as letras. Suas andanças levam-no a se deparar com um Brasil absolutamente aterrador, cujos cenários dantescos de escravidão moderna e exploração desumanizadora não são suficientes, no entanto, para apagar-lhe o desejo de aprender a ler e escrever. Irene, trabalhadora sexual com HIV que teve seu sonho de ser professora interrompido, acolhe certo dia em sua cama o rapaz com sua caixa de livros e o sentimento do mundo nas mãos.

Irene e Rosálio alternam-se nos papeis de Sherazade e Quixote – o fabular para sobreviver e o viver para fabular –, fontes explícitas do jogo intertextual que a maestria narrativa de Mª Valéria entrelaça com tanto gosto. Entre um e outro causo tratado com lirismo ou humor, suas personagens enchem de ternura o papel branco, entregando a explosão de cores e histórias anunciada por seu título. Amanhã, dia 04/03, vamos conversar sobre este livro no Círculo de Leituras: Literatura e Sociedade. Sintam-se todas e todos convidades (link na bio).
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Layla.Ribeiro 07/03/2023

Muito raro um livro que consegue contagia-me de início, tanto que fiquei com receio de uma possível decepção futura, mas não ocorreu, o livro tem uma narrativa muito bonita e poética seguida de um enredo delicado e profundo, na qual tomou toda a minha atenção possível, os protagonistas são muito cativantes também, li sem pretensão nenhuma e tive uma agradável surpresa acho uma pena ele ser tão pouco falado, portanto, recomendo essa leitura a todos.
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Camilinha 25/01/2023

História que conta outras histórias
Que assim como Rosário que tem o dom da ?contação?, Maria Valéria faz o mesmo com a gente e nos transporta para um lugar de riso, de sofrimento também, de amor?
Uma simplicidade e delicadeza que envolve.
Sei não, só sei que eu tô toda emocionada com esse livro.
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Janaina 16/01/2023

Rosálio é um sobrevivente. Trabalhador humilde, destituído de pai, de mãe e até de nome, vive como andarilho onde encontra trabalho e guarda uma grande paixão pelas histórias, que alimenta o seu maior desejo, o de aprender a ler.

Quando se encontra com Irene, uma prostituta em situação de miséria e muito doente, não imagina que aquele encontro de solidões e desesperanças propiciará o terreno fértil para a realização de um sonho que ele nem sequer ousara sonhar.

A intimidade dos dois vai sendo construída aos poucos, enquanto ele oferece a Irene o que tem de melhor, que é o talento para contar histórias, e vai sendo recompensado com a valiosa ajuda ? sempre buscada - para conseguir decifrar o mundo das letras.

E no aconchego da cama, um universo de cores e mundos vai-se descortinando na vida daquelas almas sonhadoras, revelando prazeres que transcendem o corpo, que vão enchendo suas vidas de sentidos e abrindo janelas para ressignificar o amor.

 ?o amor não é assim, o amor é como menino que não sabe fazer contas nem de perda nem de ganho, vive desacautelado, não tem lei, não tem juízo, não se explica nem se entende, é charada e susto, mistério.?

Uma história linda, sensível que, mesmo cercada de tristeza, traz um quentinho para o coração.

?quem é que sabe, afinal, o que há de verdadeiro nas coisas que a gente lembra? E que verdade se esconde nas coisas que a gente pensa que está inventando agora??

Vale a leitura!
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Sofia 28/12/2022

Curto e de simples leitura, "O voo da Guará Vermelha" conta a história de Rosálio e Irene. Ele, vindo de um pequeno povoamento, sem nome registrado, nem pai, nem mãe, foi em busca de ser alfabetizado, passando por diferentes trabalhos - de trabalho escravo a garimpeiro - até chegar na cidade grande, onde passa a trabalhar como pedreiro. Ela, por outro lado, prostituta, soropositiva e com um filho para sustentar, conhece Rosálio primeiramente como cliente. No entanto, passam a se ajudar cada um de sua forma: enquanto o homem conta suas várias experiências para Irene, ela tenta ensiná-lo a ler e escrever, criando uma relação de companheirismo e de trocas entre eles.


Através de uma escrita muito clara e fluida, a autora nos apresenta personagens comuns com suas dificuldades e aprendizados. A vida dura de Rosálio se mostra no seu modo de viver, mas que é minimizada quando relata suas vivências. Já Irene, apesar de sua doença que a enfraquece tanto, mantém sua vontade - ou necessidade - de viver, sempre pensando no seu filho pequeno. O livro parece ser composto por vários contos ligados por uma narrativa maior, trazendo fatos do cotidiano brasileiro de uma forma que desperta o leitor a pequenos detalhes que, muitas vezes, nos passam despercebido.
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Aegla.Benevides 27/12/2022

Singelo e inesperado, ?O voo da guará vermelha? é para quem gosta de histórias. Nessa obra da grandiosa Maria Valéria Rezende, Rosálio é um pedreiro analfabeto, contador de histórias que nunca pôde colocá-las no papel, pois seu maior sonho, ser alfabetizado, não se concretizou. Como co-protagonista, temos Irene, prostituta soropositiva que já não tem mais fôlego para a vida.

O primeiro encontro dos dois é desajeitado, um acaso do destino; mas não é por isso que a mais pura relação deixa de se formar entre eles. Com uma forte referência a ?As mil e uma noites?, onde a protagonista livra-se da morte contando histórias ao seu algoz ao longo de várias noites, aqui, quase num mutualismo, Irene e Rosálio criam seus laços a partir das histórias, faladas por ele e lidas por ela, que abordam o passado e relacionam-se com o presente.

Um dos pontos mais chamativos da obra é a profundidade de Irene, que tem sentimentos tão reais que é difícil enxergá-la como pura ficção. Além disso, a relação é criada de um jeito sutil, de modo que nem notamos quando os dois passam da amizade para o relacionamento amoroso - o que demonstra um grande talento da autora com as palavras.

Maria Valéria foi de uma sensibilidade espetacular nesse livro, um dos mais reconhecidos de sua carreira, e quem se aventurar por ele vai encontrar muita cumplicidade, esperança e respeito.
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