O Erro Espírita

O Erro Espírita René Guénon




Resenhas - O Erro Espírita


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caio.lobo. 16/05/2024

O espiritismo é um materialismo
Guénon faz uma crítica retumbante ao espiritismo, além disso denuncia os elementos da modernidade intrínsecos ao fenômeno, sendo então esta pseudo-religião um reflexo e sintoma da degradação intelectual do Ocidente. Nesta obra temos um Guénon mais risonho e sarcástico, mas é claro, pois apresenta trechos de obras de espíritas de sua época, com coisas tão absurdas que até rimos, como a morada de Mozart em outro planeta, os concertos e óperas no além, as peripécias de médiuns zombeteiros e por aí vai. Mas o conteúdo é sério também, pois apresenta os primeiros conteúdos de uma metafísica mais profunda que Guénon vai aprofundar em outras obras posteriores.

 

O espiritismo nada mais é que um materialismo sutil, um materialismo em um nível ?espiritual?, onde o além é uma cópia do mundo terreno, com seus habitantes ?vivendo? em casas, cidades, ocupando funções e até participando de bailes e festas. O erro metafísico do espiritismo é visualizar o pós-morte como um estado no tempo e espaço, sendo que estas duas categorias são limitadoras, mas a essência da pessoa não está limitada a estas categorias materiais, senão matéria seria. Outro ponto é a visão demasiada moderna de progresso e evolução, indo contra toda tradição anterior, se apoiando unicamente em filosofias modernas, como o positivismo, socialismo e em Hegel. Esse ?evoluir ao infinito em além? seria para o quê? Alcançar Deus? Mas não importa se numa escala algo está no ponto 1 ou 1 milhão, pois para alcançar o infinito falta uma distância infinita para ambos e perto do infinito qual quer quantidade, por grande que seja, é igual a zero. Então é impossível alcançar Deus através de uma evolução. Os espíritas então resolveram criar uma solução fenomenal: rebaixar Deus.

 

O Deus que evolui, que se pode rastrear já em Hegel, é amplamente utilizado em meios espíritas. Deus estaria evoluindo, conhecendo a si mesmo, ou seja, Deus também está no tempo. Com isso se nega toda a onisciência e plenitude divina, ainda mais a transcendência, só há imanência, ou seja, tudo é uma escala do material. Não há metafísica alguma no espiritismo, há apenas um interesse por fenômenos, moralismo, bem-estar num lugar além da terra e um apego à manutenção da personalidade. Para essa manutenção e manter a ideia de evolução, os espíritas inventam uma reencarnação que não existe em outras tradições. No hinduísmo, budismo e neoplatonismo a essência nunca retorna como uma personalidade. Quando Guénon morreu deixou de haver Guénon como indivíduo, quando eu morrer não existira mais Caio Lobo, mas se manterá a essência em outros modos que transcendem tempo e espaço. Algumas características da personalidade se dissolvem pela humanidade, então algumas partes da personalidade podem ?grudar? em nossas personalidades, trazendo reminiscências alheias, aquela saudade de um ?tempo em que não viveu?. Esses restos ficam naquele lixão chamado subconsciente (se fosse só coisa boa e que preste se chamaria ?supraconciente?). É desse lixão que os médiuns captam suas psicografias e incorporações.

 

Guénon dá um golpe fatal no espiritismo, mas como o meio ?espirituslista? que não é sério não leva Guénon a sério, então não leem sua obra com o medo de despertá-los de seus sonhos e ilusões. O espiritismo mostra a degradação intelectual e a destruição metafísica no Ocidente moderno, que tem raízes profundas e se manifesta em toda a sociedade.
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