Resenhas - Rituais de Sofrimento

Felipe.Camargo 19/02/2022

Ótima tese!
31º Livro do ano: Rituais de sofrimento, Silvia Viana

Ao ver flashs do Big Brother, que minha mãe fica tão entusiasmada assistindo, sempre me perguntei o quão torturante são as técnicas utilizadas para manter os participantes em constante guerra e por sua vez, aumentas as polêmicas e o IBOPE.
Nesta maravilhosa tese de doutorado, a antropóloga Silvia Viana, faz uma análise profunda, com muita influência da psicanálise e dos pensadores de Frankfurt, visando compreender por que realities shows fazem tanto sucesso.
A autora explora desde o sucesso de franquias como Jogos Mortais até realities mais alternativos, que tem como prioridade uma lógica profundamente meritocrática, mascarada pelo sadismo com aqueles que fraquejam, o que de certa forma, não deixa de ser o sintoma de uma sociedade que vive na pele tal perversidade.

Daniel1906 13/01/2023

Rituais
Rituais de Sofrimento de Silvia Viana é tudo o que eu pensei dele: reflexivo, profundo e impactante. A tese da Silvia traz ao leitor uma reflexão sociológica sobre os tratamentos conferidos às pessoas, sobretudo nos reallity shows. Os pontos debatidos pela autora extrapolam o superficial, apontando similaridades dos tais ditos rituais com os tratamentos recibidos pelo trabalhador assalariado ou pelo profissional liberal, dentro desse nosso atual modelo de desenvolvimento econômico e cultural.
A leitura não é tão simples, tem muitas referências, afinal o livro é baseado na tese de doutorado da autora. Feita essa ressalva, pra mimo livro funcionou demais, e me deu ainda mais razões pra não gostar muito desse formato de programa.

Carol 13/10/2020

Impressões da Carol
E-book: Rituais de sofrimento {2013}
Autora: Silvia Viana {Brasil}
Editora: Boitempo
192p.

Disponível no Unlimited

Em "Rituais de Sofrimento", a socióloga e professora da FGV escreve sobre o quanto programas de reality shows degradam, no âmbito da dignidade da pessoa humana, seus participantes e, por derivação, seus espectadores.

Para tanto, a autora se utiliza do termo, cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, de 'indústria cultural', do conceito de gozo, da psicanálise lacaniana e de escritos do filósofo esloveno Slavoj ?i?ek para criticar, sob um viés marxista, a proliferação de programas, desse estilo, na televisão.

"O ibope não a deixa mentir; se há algo que gera angústia na audiência é um reality show no qual as pessoas parecem 'samambaias'. Essa imensa mentira real é apenas uma entre as tantas que proliferam em um mundo 'proativo', um mundo no qual a timidez, silêncio e introspeção são burrice ou doença, pois 'não rendem'. Apontar essa mentira, entretanto, não significa afirmar que tímidos podem sim ser produtivos; essa falsa recusa apenas corrobora o fato de que gente é para render - eis a fantasia de ambas as realidades. Reality shows não simulam o mundo vivido, eles o repõem."

Escrito em 2013, "Rituais de Sofrimento" acertou em seu diagnóstico. É ligar a televisão e ter contato com todo tipo de reality show que se possa imaginar. E mesmo que você não os acompanhe, diretamente, estão aí as redes sociais para não deixá-lo em sua doce ignorância.

"Rituais do sofrimento" é um ensaio bem embasado teoricamente. Minha discordância reside no campo metodológico, explico: quando Silvia Viana analisa os programas em si, não tenho reparos, porém quando extrapola essa análise para o mercado de trabalho, creio, não delineia claramente o nexo de causalidade entre um fenômeno e outro.

No entanto, nada que desabone esta leitura, que fiz por indicação da @literatamy. A Tamy possui um vídeo-resenha bem completo sobre "Rituais de Sofrimento", em seu canal no YouTube.? Assistam lá!

_owlways 22/03/2021

Gatilho: falo de bar
Acabo de acabar de ler, e estou mobilizada. Foi uma leitura demorada, tentando assimilar cada trecho. Silvia Viana traz questionamentos realmente pertinentes; a atualidade e urgência dos pontos que traz pra discussão fazem desse livro um dos melhores que li nos últimos meses. E é tudo muito bem embasadinho, com suporte teórico atual sem esquecer a importância dos classicos, o que me rendeu uma nova lista enorme de livros pra ler. Ainda assim, fundamentada em referenciais de política, história, sociologia, antropologia, publicidade, psicologia, comunicação e economia, a leitura nao é pesada, nao é dificultosa - Viana tem um papo gostoso, fala com quem ta lendo como quem tá na mesa do bar batendo o copo americano cheio pela metade gritando É ISSOOOOO!!!!!
Enfim, que experiência!

Sidney 10/10/2021

Para entender a banalização da humilhação
Comecei a ler durante o Big Brother, um dos assuntos mais comentados neste ano no Brasil. Ao invés de usar meu tempo no programa quis entender o que levava tanta gente a assisti-lo. Eu já fui telespectador assíduo.

As relações que a autora faz com o capitalismo, exploração e submissão são excelentes. Acabei entendendo que essa imposição de humilhações faz parte de nosso dia a dia, não apenas dos realities.

Um livro super recomendado!

Pâmela Cristina 22/08/2022

Rituais de sofrimento, é um daqueles livros que te abre o entendimento para questões que ate antes, acreditava não existir em mim. Silvia Viana expõe o prazer que indivíduos possuem de visualizar o sofrimento alheio. Os realites são provas claras dessa construção masoquista. Muito boa a leitura, super indico!

Ge Ribeiro 25/08/2023

Indicação da Rita
Fiquei interessada nesse livro depois de ver um vídeo sobre ele no canal da Rita Von Hunty (recomendo muito).
Esse livro se trata de um estudo sobre a nossa relação com os Reality shows que assistimos, onde só mostram pessoas sofrendo e o porquê de gostarmos disso.
Lendo a obra e pensando sobre, só me resta pensar que reality show só faz sentido num regime capitalista, pois já estamos acostumados a normalizar o sofrimento no dia a dia.
É bem interessante e nada maçante, vale a leitura.

PH 30/01/2019

Um altar para o gozo
Levando em consideração o fato da nova edição do BBB ter estreado há pouco tempo resolvi resenhar esse livro da professora de sociologia Silvia Viana, que explora de forma bastante interessante o nosso fascínio pelos reality shows.

Rituais de sofrimento, nesse sentido, me parece um bom título para o livro. Por que? Porque há um elemento de repetição elementar no processo de exposição e consumo desse tipo de conteúdo na internet ou na tv. O que está em jogo é essa a dimensão ritualística do programa, que de certa forma convoca uma espécie de religiosidade profana dos produtores, participantes e espectadores: faça um altar para tudo aquilo que é obsceno, para tudo que diz respeito ao campo do gozo, do sofrimento. É isso que vemos nos programas.

As referências que a autora utiliza para dar conta da problemática dos realitys é diversa. Silvia passeia pela filosofia de Adorno com o conceito de indústria cultural, flerta com a psicanálise lacaniana e suas dimensões do gozo, trabalha com as análises acuradas de Zizek sobre a ideologia e arremata as discussões através de um intenso diálogo com as características da racionalidade liberal e do nosso atual mundo do trabalho.

Seus achados, portanto, estão em intensa relação com o mundo concreto, não se restringindo às casas cuidadosamente planejadas pelos estúdios de TV para abrigar toda sorte de pessoas que serão posteriormente confinadas. O que é real? Onde começa e onde termina o show? Há verdade no reality? Todas essas questões são cuidadosamente exploradas pela autora, que constrói um livro bastante rigoroso conceitualmente, sem no entanto perder de vista certa dimensão poética em seu estilo.

Bea 13/01/2021

Pessoas se debatendo para sobreviver em um show de horrores
Em Rituais de Sofrimento, Silvia aborda sobre o espetáculo de confinar e monitorar pessoas 24h para o entrendimento alheio, demonstrando como esses programas utilizam e manipulam comandos sociais para que a sociedade se envolva e consuma sem pensar sobre um show de horrores, exclusões e torturas como se fosse a coisa mais natural do mundo.

A autora não faz a crítica aos programas da mesma forma que os meios de comunicação usualmente fazem, ela traz argumentos atípicos e muito bem fundamentados.

Eu li esse livro mais ou menos na época do BBB20, então foi um momento bem oportuno pra refletir sobre a obra da Silvia. Iniciei a leitura do livro pelo kindle, me cativou tanto que resolvi comprar fisicamente, eu preciva tê-lo, risca-lo e visita-lo de vez em quando.

Durante a leitura, pesquisei sobre vários temas que a autora traz no livro, e ainda assisti vários vídeos dela, gostaria que tivesse mais livros publicados, fiquei em abstinência até hahaha. Sem dúvidas está no top 3 dos meus livros lidos em 2020.

Alguns trechos que gostei muito: "A vida à disposição da produção de entretenimento a que se assiste em reality shows é um índice mais do que transparente de que vivemos em um estado de exceção permanente, pulverizado e onipresente" [...] "O espetáculo da realidade se estrutura como uma selação desprovida de critérios, uma meritocracia sem mérito, uma punição sem aparência de justiça."

fev 13/01/2021

A Silvia Viana traz uma discussão e apontamentos sobre realities shows que eu nunca tinha parado para pensar. A relação de como funciona o reality com a estrutura do mercado de trabalho nunca me apareceu como uma analogia que fizesse sentindo. Provavelmente porque nunca tinha pensado nisso diretamente.

Apesar de ver e ter visto realities shows apenas com entretenimento tenho que concordar com Viana sobre o quão cruel toda a estrutura se dá. Talvez não vemos a crueldade porque muito dela se dá através da movimentação de brigas e outras situações que acontecem para que o programa se torne dinâmico e ganhe necessariamente a nossa atenção. A apatia dos participantes não apetecem em nenhum o momento a produção do programa e o público alvo. Silvia Viana analisa principalmente a Big Brother Brasil, mas também há comentários sobre A Fazenda, Hell's Kitchen, America's Next Top Model entre outros.

É um ótimo livro e que nos repensar a cultura de consumo em massa de produções que perpetuam em larga escala a crueldade sem crítica. No entanto, fica o questionamento: como consumir ou parar de consumir algo que está congruente com a estrutura capitalista vigente e que muitas vezes não há como desassociar? Os realities shows reproduzem tudo aquilo que sofremos e muitas vezes não sentimos ou estamos anestesiados em sentir.

É uma excelente discussão. Recomendo a todos que gostam de assistir realities para possuírem uma nova visão sobre eles.

jonatas 05/05/2021

O livro é muito bom, alguns trechos nos faz pensar e repensar algumas questões relacionadas ao entretenimento dos reality shows, porém achei prolixo em alguns pontos, se alongando demais em algumas questões.

Queila - Meu vício literário 28/02/2022

Importante
Enquanto lia muitas coisas saltaram aos olhos, é como se ao assistir os realities eu já estivesse acostumada com o sofrimento gratuito exposto na TV.
Esse livro me chocou um pouco, porque fatalmente abrimos os olhos pra algo que estava ali o tempo todo, mas seguimos naturalizando ano após ano.

Indicaria pra muito mais gentr a minha volta e acredito que precisarei de releitura, em breve.

Israel 29/03/2022

Muito bom.
Para obter uma leitura satisfatória, acredito que esse livro deve ser lido com bastante atenção, principalmente se, o seu caso for como o meu, que não tenho formação acadêmica.
Suas críticas e observações são totalmente corretas em minha visão.

nandalunac 05/08/2022

Uma reflexão necessária.
Como e por que compactuamos rituais de violência? Por que a violência é tema central de nossa expectativa? Por que táticas violentas estão mascaradas em nosso cotidiano?
Esse livro desperta muitas perguntas e reflexões necessárias.

Gra Cae 07/03/2021

Interessante
Um debate muito bom sobre realities shows. Basicamente esses programas são vistos como entretimento mas são na verdade um terrível show de horror.
As pessoas são manipuladas a assistirem e desejarem participar sem se dar conta do quanto aquilo na verdade é tortura física e psicológica.
Fora o fato que a pessoa que participa está trabalhando para a emissora sem uma remuneração correspondente ao ganho que estão tendo sobre ela como entretimento do público.