Geórgea 28/07/2016Série A Torre Negra1) O Pistoleiro (1982) – “O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás”. Com essa frase somos levados ao Mundo Médio, um universo paralelo ao nosso. Nesse lugar tudo está desmoronando e o caos reina. Em meio aos destroços conhecemos Roland Deschain, o último pistoleiro da linhagem de Arthur Eld. Ele está em busca da Torre Negra que é sustentada pelos feixes de luz e une todos os eixos da terra, mantendo todos os “mundos” unidos e em harmonia. Para alcançar o seu objetivo, o pistoleiro não medirá esforços, mesmo que para isso ele precise abandonar Jake Chambers, um menino de 11 anos que está perdido no mundo médio e que não sabe como foi parar lá. Em certo momento, Jake usa uma frase que passa a fazer sentido com o progresso da história: “Vá, então. Existem outros mundos além deste.”
2) A escolha dos três (1987) – No segundo livro da série, o ka-tet (conjunto de seres ligados pelo mesmo ka, que é o mesmo que destino, segundo King: o ka é a grande roda que move todas as coisas e seres, como uma energia de vida) começa a tomar forma. Conhecemos Eddie Dean um viciado de Nova York que vive no ano de 1987, Odetta Holmes do ano de 1960 que é uma jovem negra, rica e deficiente física, que possui outra personalidade: Detta Walker, que acaba trazendo alguns inconvenientes para eles e Jack Mort de 1977, um assassino sorrateiro que possui ligação com dois membros do ka-tet. Todos eles são resgatados através de portas que aparecem no mundo médio com inscrições e que podem atravessar mundos em diferentes épocas. Dentre as inscrições temos: O Prisioneiro, A Dama das Sombras e A Morte. Após diversas revelações, o ka-tet acaba formado com o retorno de Jake Chambers e o nascimento de uma nova pessoa: Susannah (uma mistura das personalidades de Odetta e Detta).
3) As terras devastadas (1991) – Aqui temos o livro divisor de águas. Após o ka-tet estar formado, todos decidem seguir Roland na sua busca, mesmo que não entendam ao certo a importância da Torre Negra e os motivos que levam o pistoleiro até ela. Ele vira o dihn do seu ka-tet, que seria o equivalente a líder. Com isso prosseguem a sua busca, indo parar na cidade de Lud que está sendo destruída e conhecem o último integrante do time: Oi. Um zé-trapalhão (que é uma raça fictícia do mundo médio) que seria uma mistura entre cachorro e guaxinim e que possui uma particularidade: são capazes de proferir algumas palavras. Após uma guerra entre as gangues rivais da cidade de Lud, os Pubes e Grays, todos partem para o monotrilho Blaine, uma máquina com inteligência própria e que é viciada em adivinhações. Assim, Blaine faz a proposta de levá-los até o seu destino, a cidade de Topeka, com uma condição: se eles conseguirem prendar a sua atenção com adivinhações. Caso contrário, irá se suicidar levando todos juntos com ele.
4) Mago e Vidro (1997) – O quarto livro retoma a narrativa que foi interrompida no terceiro (sinto pena de quem precisou esperar 6 anos por essa continuação, pois o terceiro livro termina no ápice da narrativa) que já começa de forma dinâmica. Após conseguirem se libertar do louco monotrilho Blaine, o ka-tet chega a Topeka, Kansas, cidade dizimada por uma praga. Nesse livro conhecemos a triste história de Roland Deschain da sua infância até o momento que sai em busca da Torre Negra, desvendamos o seu passado, conhecemos a história do seu grande amor Susan Delgado, presenciamos a força da amizade com os seus antigos companheiros e vemos o triste fim da sua família. Além de entendermos a sua ligação com o Homem de Preto (que possui diversas faces) e finalmente compreendermos o motivo da sua procura pela Torre Negra, descobrimos, principalmente, o motivo da tristeza no seu olhar. Após uma noite cheia de revelações, eles encontram o “Palácio Verde” e dentro dele um inimigo que eles acreditavam ter se livrado.
5) Lobos de Calla (2003) – Após saírem do Palácio Verde, eles seguem a sua jornada e encontram o Padre Callahan, personagem conhecido de outra história de King: A Hora do Vampiro (Salem’s Lot), não será a única vez que encontraremos personagens que já existiram em outras histórias. Uma das propostas do King é de inserir personagens já conhecidos na Torre Negra e, em outros dos seus livros, sempre citar alguma referência da série, eu já encontrei em vários outros livros dele citações que remetem a ela. Isso acaba virando uma obsessão para os fãs, pois acabamos ficando na dúvida se aquilo foi realmente uma referência ou se apenas estamos tão focados em achar algo que acabamos vendo coisas onde não existem. O padre intercepta os pistoleiros e pede para que eles defendam a cidade dos Lobos, cavaleiros mascarados que surgem uma vez a cada geração para roubar metade das crianças do local e devolvê-las semanas depois, física e mentalmente incapacitadas. Enquanto isso, na Nova York de 1977, a Corporação Sombra planeja atacar o terreno baldio onde floresce a Rosa, manifestação da Torre Negra no mundo atual. No quinto livro temos muitas reviravoltas e um final surpreendente.
6) Canção para Susannah (2004) – O melhor de todos. King faz nesse livro o que poucos teriam a ousadia de fazer. Misturar a ficção com a realidade. Unir sua vida a dos personagens. Misturar uma pessoa de carne e osso com um personagem que habita o imaginário. A maestria com que King conduz esse livro é magnífica. Ele fez dos seus vícios e obstáculos formas de desenvolver uma união com a história da série que foi a cereja do bolo. Após derrotarem os Lobos, os pistoleiros têm um novo problema para solucionar e o pior, encontram-se divididos. Roland e Eddie acabam indo para o Maine, a fim de conversar com o próprio Stephen King e também para tentar salvar a Rosa. Enquanto isso Jake, Oi e padre Callahan chegam a Nova York, à procura de Susannah, que desaparece no final do quinto livro, e do Treze Preto, um importante artefato, cheio de magia e que nas mãos erradas é muito perigoso. E também, descobre-se a origem sombria da gravidez de Susannah/Mia (Mia é uma demônio que se apossou do corpo de Susannah para gerar uma criança que representa um perigo ao mundo), que está prestes a dar à luz.
7) A Torre Negra (2004) – Finalmente nos aproximamos da tão sonhada Torre Negra, mas agora nossos heróis têm novos obstáculos para enfrentar, Mordred que é filho de pessoas importantes da história e o maior inimigo de todos: o Rei Rubro que está preso no alto da torre negra e que é o responsável pela destruição dos feixes de luz e que controla todo o seu exército mutante de lá, o rei é um lunático que deseja a destruição da torre negra e consequentemente de todos os mundos, para que ele seja o único a reinar em um mundo desolado e sombrio. É impossível contar a história sem dar muitos spoilers, mas o importante é saber que: chegamos ao tão esperado encontro com a Torre Negra, teremos grandes perdas (algumas bem dolorosas) e ficaremos ansiosos a cada página virada, pois a tensão só aumenta conforme nos aproximamos do desfecho.
4,5) O vento pela fechadura (2012) – Depois de alguns anos, King resolveu nos proporcionar um último reencontro com os nossos pistoleiros preferidos. Após saírem do Palácio de Vidro e antes de encontrarem o padre, os pistoleiros precisam se abrigar em uma casa até a passagem da Borrasca, uma terrível tempestade que leva destruição por onde passa. A fim de passar a noite e encarar o frio, o pistoleiro Roland conta uma antiga história sua e que acaba levando a outra história que ele ouvia de sua mãe, Gabrielle Deschain, quando criança: O vento pela fechadura. O que acaba fazendo com que uma história passe dentro da outra, quase um inception. Também descobrimos uma linda carta escrita por Gabrielle para Roland, que nos faz entender os motivos que levaram ela a tomar determinadas decisões, além de chegar a perguntar que nos persegue desde que Roland conta sobre seu passado: Roland perdoou sua mãe? O livro possui um final MUITO emocionante.
Minha Opinião
Quando Stephen King diz que essa é a sua maior obra, como já afirmou diversas vezes, a única coisa que posso fazer é concordar e dizer que nunca imaginei que mais de 4.000 páginas poderiam despertar uma adoração tão grande em mim. Sou suspeita para falar, pois essa série é dona do meu coração, sou fã de carteirinha. A forma como King nos apresenta esse mundo distópico e ao mesmo tempo paralelo ao nosso, é de encantar e deixar qualquer um sonhando com as diversas possibilidades que essa narrativa pode nos oferecer. A história é mágica, cheia de revelações e referências. A cada livro a história faz ainda mais sentido e é possível ligar fatos e desvendar alguns mitos que são apresentados conforme adentramos o Mundo Médio.
A série levou 33 anos para ser concluída, desde 1970 até 2003 e em 2012 ganhou um novo livro, O vento pela fechadura, que como King explica no prefácio: “para os antigos leitores, esse livro deve ser colocado na prateleira entre Mago e Vidro e Lobos de Calla… o que o torna, creio eu. A Torre Negra 4,5″. A série foi inspirada no poema épico do século XIX “Childe Roland à Torre Negra Chegou“ escrito por Robert Browning e que está presente no final do sétimo livro.
Durante a sua construção, a série enfrentou diversos obstáculos, dentre eles os vícios de King que foram os seus maiores inimigos e sua “quase morte” em 1999, quando foi atropelado e sofreu um traumatismo craniano, fraturas múltiplas na perna direita e perfurações em um dos pulmões, felizmente ele conseguiu se recuperar em poucos meses. Vários foram os motivos que tentaram induzir King a não terminar a série e sua genialidade é tão grande, que ele usou desses obstáculos para tornar a história ainda mais interessante. Ele afirma que era como se ele precisasse terminar essa obra, como se a vida dele dependesse disso. E de fato, a série é conhecida como uma das suas maiores obras, é a menina dos olhos dele.
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