Filhos da esperança

Filhos da esperança P. D. James...




Resenhas - The Children Of Men


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Thiago662 10/07/2023

Filhos da esperança Um mundo sem crianças...
"Não conseguimos vivenciar nada além do momento presente, vivido em nenhum outro segundo de vida, e entender que isso é o mais perto que podemos chegar da vida eterna". 


Um mundo em que as crianças não nascem mais! Os homens se tornaram inférteis, não há como fazer inseminação artificial. Ausência de futuro. O que faríamos? Para uma sociedade que está envelhecendo e que encara a extinção a partir da infertilidade como tratar os idosos? O que priorizar? O que preservar? É uma boa premissa, mas achei meio decepcionante. É um livro mais reflexivo (reflexões sobre personalidades, sobre Deus, sobre eugenia, sobre poder). O filme, logicamente, aborda a ação e, talvez por isso, acabe sendo mais interessante. 


Numa sociedade em que não nascem mais crianças tudo se torna decadência, vazio, morte. É um aspecto que nos leva a refletir sobre o futuro e sobre a importância das gerações por vir.


Os personagens principais são cansativos, a começar pelo narrador: Theo. Traumatizado, egoísta, solitário, chato mesmo. A primeira parte do livro é toda dedicada, ou quase toda, dedicada a ele narrando os seus traumas, por meio de um diário, como surgiu a questão da infertilidade e seus efeitos sobre a sociedade e sua proximidade como o ditador da distopia: Xan, o Administrador da Inglaterra. Uma relação complicada, marcada por momentos de carinhos e tensões. Pena que Xan apareça pouco e sempre sobre o olhar do primo, talvez o personagem mais interessante, juntamente com os membros do Conselho que governam a Inglaterra. Estariam seus motivos errados? No contexto do livro, não sei. Ainda estou na dúvida?


Os revolucionários fazem o leitor querer apoiar o Conselho kkkkk Na distopia quase sempre ficamos ao lado dos mocinhos, mas aqui, tirando a Miriam, os outros não têm um motivo concreto a não ser uma ideologia que muito provavelmente não se enquadraria numa sociedade fadada a extinção, onde a preocupação é com a segurança e conforto dos idosos que não teriam amparo de uma geração mais jovem. A segunda parte é uma corrida maluca e o final tão pouco plausível que o plot chega sem graça, quase bobo, diante do poder abordado anteriormente. 


Ps: Interessantíssimo o fato de mesmo com a infertilidade, o conselho se preocupar com uma política eugenista. Assim são os que estão no poder. Só testavam a fertilidade dos saudáveis, do perfil ideal. Aí estava o erro?


Ps: Afonso ? #$%!& áron arrasou na adaptação. Comprei o livro pelo interesse que tinha no filme e me decepcionei um pouco. O Jasper do filme, por exemplo, é sensacional! 
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CisoS 18/02/2021

Surpreendente
Todo livro da P.D.James vem recheado de situações em que a sensibilidade dela me surpreende, um diálogo absurdamente profundo, uma análise psicológica estonteante; mas este é particularmente surpreendente.
Ela explora as consequências que um mundo moribundo causaria na política, na religião, na violência...Não fica devendo nada a Margaret Atwood, George Orwell ou Aldous Huxley.
A primeira metade do livro é mais desafiadora, deprimente, mas depois o livro ganha ritmo, talvez num desenrolar mais clichê.
O final vou levar algum tempo para aceitar, me parece, corrido.
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Isabel 07/03/2013

Todas as grandes histórias que já li versam sobre um só tema: esperança.
Seja a falta ou o excesso dela, direta ou indiretamente. É o que mantém os personagens de pé, concretiza amores impossíveis e lhes dá coragem. É o motor da ficção, assim como é o motor da humanidae.

The children of men é, em parte, sobre a falta de esperança. Theo é um professor universitário de meia idade, divorciado, sem filhos e de poucos amigos. A sua apatia quanto a vida exala do seu diário, do qual acompanhamos algumas páginas durante a narrativa, com uma melancolia extrema que salta aos olhos.

Isso poderia ser uma história comum se, vinte e cinco anos antes do início da nossa história, um desastre bem peculiar não houvesse ocorrido: o término da fertilidade humana. Sem nenhuma razão aparente, mulheres pararam de conceber e o caos foi generalizado. Pensem comigo: o quão estranho é um playground sem a risada de crianças? Filhos sem irmãos, escolas sem alunos?

A Inglaterra se manteve de pé nas mãos de ferro de Xan, o Warden of England (algo como Sentinela), primo de Theo. Suas medidas poderiam ser polêmicas se a população não estivesse tão apática: uma ilha-colônia penal desgovernada, teste compulsório de sêmen e ovários, uso de imigrantes em regime de servidão e o Quietus, suicídio em publico e em massa de idosos teoricamente voluntários.

Mas não são todos que não ligam para o que o Warden faz: Theo um dia é abordado por Julian, uma ex-aluna (os cursos para adultos são a única razão para a existência de universidades) que pede que ele use sua suposta influência com o Warden para mudar algumas dessas coisas. Julian é emissária do Five Fishes, um minúsculo grupo de oposição sem organização, dinheiro ou até mesmo ideais em comum.

Rolf, marido de Julian, está nessa por poder e inveja – ele se considera melhor do que o Warden e quer ocupar seu lugar. Gascoine não tem razão aparente para estar lá, e Miriam, uma ex-parteira, quer fazer justiça a seu irmão, vítima física e psicológica das medidas polêmicas do Warden. Já Julian e Luke, um padre, são extremamente religiosos e não concordam com a “falta de amor” com a qual a Inglaterra está sendo gerida. Ou seja, uma mistura pouco fadada ao sucesso. Mesmo sem querer, Theo acaba se envolvendo com os Five Fishes – e quando um acontecimento que pode mudar o futuro de todos é posto em suas mãos, não há como recuar.

Não sei se tenho palavras para falar desse livro. Assisti a versão para o cinema e a achei ótima, e embora continue com essa convicção, não é lá uma boa adaptação. Compreendo porque: a primeira parte de The children of men é propositalmente lenta, para que o leitor sinta e compartilhe o singelo horror de não ouvir um choro de criança há vinte anos.

É comum que distopias (e alguns livros de fantasia também) escorreguem na hora de mostrar os aspectos do mundo onde se passam, mas The children of men passa longe disso: entrei no cotidiano de Theo em uma maneira tão despreocupada que, sem perceber, já estava por dentro das questões políticas e sociais da Inglaterra governada pelo Warden.

Xan é, aliás, um personagem maravilhosamente construído – assim como todos os outros. A narração se alterna entre um narrador em terceira pessoa e o diário de Theo, nos dando uma mistura bem feita de parcialidade completa e imparcialidade na medida do possível. Conhecemos bem até mesmo a ex-esposa de Theo, mesmo que sua aparição se limite a umas dez páginas, uma prova da maravilhosa capacidade narrativa de PD James.

Você já sentiu vontade de se atirar nos pés de um autor, agradecendo pelo milagre que é a sua obra? A vontade maravilhosa, altruísta e arrebatadora de dar um exemplar para todas as pessoas na terra? The children of men fez com que eu me sentisse assim – e bom, acho que isso é o suficiente.

Publicada originalmente em http://distopicamente.blogspot.com.br/
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Lili Machado 28/02/2011

“O mundo dos que estão para morrer é um mundo que não é dos vivos nem dos mortos. Eles se sentam e falam, as pessoas falam com eles, eles ouvem e até sorriem, mas já estão longe de nós em espírito; e não há meio de se entrar em seus mundos sombrios.” P.
A estória de um mundo sem crianças e sem futuro - a raça humana tornou-se infértil nos anos 90 e a última geração a nascer, agora já é adulta (os perfeitos Ômegas) e a civilização se volta para o suicídio e desespero. O último ser humano a nascer, agora com 25 anos, é assassinado numa briga de bar.
As religiões formalmente organizadas são contestadas. A educação é menosprezada.
O historiador inglês Theodore Faron começa a escrever suas memórias até ser confrontado com um grupo de extremistas que almejam depor o governante supremo da Inglaterra – nação dominante nesse mundo de velhos. Um tema diferente a ser abordado pela notável escritora de romances policiais, P. D. James.
Numa forma de continuarem a sentirem vivos e úteis para o resto da população, as pessoas tinham por obrigação, trabalhar, fora de seus horários normais, em alguma outra coisa que lhes chamasse a atenção. A indústria de bonecos de brinquedo, florecia a olhos vistos, juntamente com os acessórios do faz-de-conta da maternidade nunca mais alcançada.
O batismo de gatinhos e cachorrinhos, era uma forma de substituição em busca de sanidade mental, aceita pelo racionalismo cristão. Os homens passavam por testes rigorosos de fertilidade, anualmente, na esperança de ser encontrado, ainda, alguma forma de reversão do quadro que se afigurava no futuro bem próximo.
Num paradoxo total, o sexo sem procriação tornou-se uma forma de libertação para a maioria das mulheres – e a pornografia foi estimulada.
Para os muito velhos ou doentes, a opção do “Quietus” se mostrava promissora – uma forma de suicídio assistido e, por muitas das vezes, encorajado. As pessoas se inscreviam numa espécie de programa de viagem de ida sem volta, em barcos que eram levados ao mar, numa cerimônia de despedida, com cânticos e sem discursos. Nem sempre essas pessoas estavam ali por sua própria vontade, sendo, muitas vezes, drogadas para participarem do evento final, sem causar maiores embaraços a suas famílias que não sabiam mais o que fazer com elas. Algumas mais reticentes eram eliminadas a sangue frio por meio de armas de fogo, antes mesmo de embarcarem.
O grupo de dissidentes que se aproxima de Theodore, no intuito de conseguir seu auxílio na batalha contra o controle exercido pelo governo da nação, o faz sentir-se vivo, novamente. A mulher, Julian, tem papel preponderante nessa missão, e apaixonar-se por ela parecer ser sua única solução. A surpresa que ela carrega muda tudo, na vida e na cabeça do historiador e de quem mais deles se aproxima.
Há uma centelha de esperança e de orgulho a ser defendida. Mas, também, uma ameaça à ordem tão duramente estabelecida, a ser combatida. A que tipo de inferno uma nova criança pode vir a ser condenada?
Da memória de infância, os ritos são recordados. “Pode-se entender a necessidade de se machucar alguém, somente porque não o amamos mais?” P. D. James
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