Marcos Aurélio 23/09/2022Ganhei este livro não sei quando, não sei de quem. Estava na minha estante e resolvi cadastrá-lo para troca. Recebi uma solicitação, aceitei. Levei para preparar a embalagem, e como sempre sempre faço escolher um marcador e escrever uma carta que seguiria com o livro.
E, cometi o melhor erro da minha vivência literária. Abri o livro. Folheei e comecei a ler trechos.
Encontrei "O Haver", de Vinicius de Moraes:
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
Perdoai
Eles não têm culpa de ter nascido
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe...
E eu, que amo a nostalgia, e que amo uma vírgula, me apaixonei pelo livro.
Pedi desculpas à Juliana. Mas desculpas não bastariam. Comprei outra edição do mesmo livro e encaminhei para ela. Fiquei sabendo que a troca não era para ela, era para a irmã. Bem, ficamos os três felizes.
A viagem com Rubem Alves é fantástica. Crônicas, divididas em duas partes: "Se eu pudesse"; e, "viver a minha vida novamente".
Rubem Alves começou como F. Scott Fitzgerald, em "O Grande Gatsby". Citando alguém coma uma frase que valeria fechar o livro e escrever a resenha.
Rubem citou Jorge Luis Borges ou Nadine Stair, no poema "Instantes":
"Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas coisas levaria a sério"...
Senti-me conectado com o livro e escritor da primeira, a ultima linha.
Gentil, o autor conta "estórias", as quais magicamente transforma em histórias. Cita poetas, escritoras, pensadores. Ama crianças, entalha a canoa, prepara a viagem.
E no fim revela, o que nós que escrevemos, e por todos os anjos, guardadas as devidas proporções, sabemos. Há uma força desconhecida que nos move a pegar a caneta, acariciar o papel e pintar o quadro... Ou, acariciar o teclado e ver nascer na tela o fruto das nossas dores e amores... Dessas histórias, que nunca existiram, mas que sempre existirão.
Obrigado Juliana. Obrigado Rubem Alves. Obrigado Skoob!