Licor de Dente-de-Leão

Licor de Dente-de-Leão Ray Bradbury




Resenhas - Licor de Dente-de-Leão


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Luiz 30/11/2009

O livro que viajou no tempo para ser meu
Eu sempre quis lê-lo, mas há muito tempo não era publicado no Brasil. Só consegui comprar esse livro através de um sebo virtual que não disponibilizava fotos dos produtos no site. Fiz a compra às cegas, sem ao menos saber de qual editora era ou em que estado se encontrava. Mesmo assim foi um grande lance de sorte encontrá-lo, e não desperdicei a oportunidade. Quando abri a caixa do correio, me deparei com um livrinho pequeno, extremamente antigo (coleção Argonauta, editada nos anos 50 e 60), já amarelado, mas ainda assim em bom estado. Para minha decepção, as páginas estavam coladas, e tive que usar uma régua para poder abri-lo (paguei quase R$ 30,00 por um livrinho velho e com as páginas grudadas. Isso é o que dá!, pensei). Tive vontade de reclamar no site da loja, mas imaginei que era uma peça rara, e por isso é que venderam daquele jeito e com um preço relativamente salgado.

Mas uma surpresa me aguardava: logo na contra-capa havia um aviso, dizendo o seguinte: NO SEU PRÓPRIO INTERESSE, PREZADO LEITOR, VERIFIQUE SE ESTE LIVRO MANTÉM O LACRE BRANCO QUE SELA ALGUMAS DE SUAS PÁGINAS; NESTE CASO, ABRA-O, POR FAVOR, COMO ABRIRIA UM LIVRO NÃO GUILHOTINADO, ISTO É, COM UMA FACA, ATÉ COM UM SIMPLES CARTÃO, E ASSIM NÃO RASGARÁ AS FOLHAS. SE O LIVRO ESTIVER TODO ABERTO, REJEITE-O, POIS É INDÍCIO DE QUE JÁ FOI LIDO. DEFENDA SUA SAÚDE NÃO MANUSEANDO LIVROS USADOS.

Percebi que essa edição do livro estava destinada a ser somente minha, e ficou uns cinquenta anos sem ser lida, sem ser ao menos aberta por ninguém desde impressa, esperando que minhas mãos fossem as primeiras a tocar e meus olhos os primeiros a ler aquelas páginas já amarelas, mas cheias de fantasia e mágica, capazes de me transformar em uma criança novamente.

Cidade Fantástica (título que recebeu em Porugal) é sobre o verão de 1928 na vida de um menino de 12 anos. Suas descobertas sobre a vida e a morte tornaram essa leitura uma das minhas melhores experiências de todos os tempos. O título nacional do livro veio bem a calhar, porque aqui em terras tupiniquins pouca gente conhece o vinho de dente-de-leão, do título original, e também porque Bradbury descreve apaixonadamente pequenas coisas da vida, elevando-as ao patamar do fantástico.

Alguns até classificam o romance de ficção científica, apesar de se passar em uma cidadezinha americana qualquer dos anos 20, sem nenhum acontecimento extraordinário para os padrões adultos. O olhar infantil do autor sobre a vida é que remete as páginas do livro aos contos fantásticos. É sobre um verão de maçãs verdes, gramas cortadas e tênis novos. De fogos de artifício, de dentes-de-leão e da barriga da vovó esquentando no fogão. É sobre um verão de tristezas e maravilhas e abelhas douradas. Um mágico verão na vida de um menino chamado Douglas Spaulding. O leitor se sente rodeado pelo ar quente, pelos cheiros florais e pela brisa noturna durante a leitura.

Já li Dandelion Wine várias vezes e pretendo repetir a experiência em todos os verões. E de jeito nenhum empresto para alguém!

Luiz Fernando Riesemberg
Katz 21/11/2012minha estante
Lindo o seu relato, eu também me emociono quando o destino intercede a meu favor e um livro pelo qual esperei a vida inteira vem parar nas minhas mãos. Essa é a beleza de amar os livros, cada nova descoberta, cada surpresa, cada história de amor. Ray Bradbury é um dos meus favoritos. Parabéns pela sua relíquia :)


Natana 27/03/2013minha estante
Uauu que história bacana! Fiquei com vontade de ler o livro!!


Aline L Ramalho 05/09/2013minha estante
Estou prestes a comprar esse livro. Gostaria imensamente que fosse lacrado como o seu volume, mas duvido muito.


Cleidiana 14/02/2024minha estante
Amei conhecer essa história.




Agnaldo 18/12/2021

Descobrir a vida é descobrir o esquecimento
Sensacional, é mais um dos grandes livros Ray. E foi muito impressionante pra mim esse livro, eu estava querendo ler ele desde o começo do ano mas só consegui ele agora no finalzinho do ano, e fiquei muito conectado com o história. Pois o livro trata das pequenas coisas que vamos esquecendo depois de virarmos adultos e ficarmos cheio de estresse, compromisso, cansaço e tudo mais que acaba nós desgastando no dia a dia. Foi uma das minhas melhores leituras desse ano e casou certinho com o encerramento de mais um ano. E vamos com tudo pra 2022, pois a vida é feita de aventuras diárias que esquecemos de viver.
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Karina_ 12/05/2020

Péssimo
Só li o livro todo por ser insistente e não conseguir deixar nenhum livro pela metade. Houveram poucas "lembranças" na obra que realmente apreciei, finalizei a leitura com muito custo.
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Coruja 21/12/2017

Nos primeiros dias do verão de 1928, o jovem Douglas Spaulding se dá conta de que está vivo. É uma descoberta curiosa, especialmente a se considerar que Douglas tem 12 anos, uma idade em que (supõe-se) as pessoas não se perdem muito em devaneios filosóficos ou crises de identidade. Mas esse é um verão especial, um verão em que a vida de Douglas e das pessoas que vivem em Green Town, passarão por grandes mudanças.

Máquinas do Tempo e de produzir felicidade, amigos que partem, amigos que chegam, assassinos à solta, bruxas do tarô, velhas senhoras que talvez nunca tenham chegado a ser jovens… O fantástico, o absurdo, o estranho e o belo se alternam ou dividem a cena ao longo de todo o volume. Bradbury tem uma forma de contar histórias que é única; de transformar o prosaico em mágica, e o medo, em lirismo. Fico impressionada com cada novo título dele que termino, porque, ao chegar à última página, sempre tenho a impressão de que meu mundo real também se tornou um lugar em que tudo torna-se possível.

O estilo fragmentário, característico do autor, pode torná-lo um pouco difícil de acompanhar - os capítulos não seguem uma narrativa linear, são episódicos, como folhear um álbum de retratos e ir recordando o que aconteceu em cada imagem. Embora Douglas seja uma figura proeminente, e sirva como uma espécie de fio condutor, não é o protagonista de todos eles: muitos funcionam tranquilamente como contos independentes (e pelo menos um dos capítulos eu reconheci de A Cidade Inteira Dorme e outros contos) e têm seus próprios personagens centrais. Mas, ainda que pareça algo confuso de princípio, há um ponto em que você começa a entender do que Bradbury está falando e a perceber os temas com que ele permeia todo o livro.

De tudo o que li do autor até o momento, Licor de Dente-de-Leão talvez seja o mais reflexivo. Douglas, seu irmão Tom e os outros meninos da turma vivem várias aventuras de verão, situações típicas de uma cidade de interior; mas há uma abundância de momentos introspectivos - sutis, como nos questionamentos decorrentes das tentativas de Leo Auffmann de construir uma ‘máquina da felicidade’ ou na figura de Jonas, o lixeiro que pode ser um ex-executivos; ou bastante explícitas, como nas anotações de Douglas em seu bloco amarelo. As questões do envelhecimento e da mortalidade são quase onipresentes, nos contrastes entre os personagens idosos e jovens (incluindo um repórter que se apaixonou pela jovem de uma fotografia que é agora uma senhora de mais de noventa anos) bem como nos mortos que vão se somando com o passar do verão.

Nostalgia é também um forte fator dentro da história: embora eu não tenha crescido no interior, passei muitos verões na casa da minha avó e há qualquer coisa aqui que me faz pensar naquelas temporadas - em ir dormir na casa da fazenda, sem energia elétrica, na noite mais verdadeira que já conheci; em ouvir histórias de trancoso sentada na calçada, capturando besouros; mexer na arca de vestidos de tia Socorro e passar tardes tecendo fantasias; comer queijo quente saindo do forno, declarar guerra contra os primos, mergulhar no açude da Quixabeira e andar de trator. São os relacionamentos humanos que são trazidos aqui, as amizades, os amores, as rivalidades: Green Town é uma cidade de antes da internet, dos celulares, até antes da popularização da TV; uma cidade de uma época em que as pessoas tinham tempo de sentar-se no alpendre em cadeiras de balançar e conversar com os vizinhos.

É esse indefinível sentimento dos verões de uma infância ideal - que muitos, hoje em dia, não conhecem nem cogitam; nascidos em cidades, criados em apartamentos e incapazes de se desconectar - que Bradbury captura em seu livro e que o avô de Douglas captura na colheita dos dentes-de-leão, preparando o licor que, nos meses de inverno, trará à lembrança aqueles dias quentes e fantásticos. O licor de dente-de-leão - e falo aqui tanto da bebida quanto do próprio livro - é a própria memória destilada de todas as experiências trazidas pelo verão; a memória de uma época em que tudo parece possível e mágico; que em anos vindouros poderá ser saboreada, aquecendo por um momento corações insensíveis pelo inverno e pela idade.

Um brinde então, senhor Bradbury, um brinde de licor por ter me devolvido a recordação daqueles dias e noites de verão; pela pausa que me fez refletir, como Douglas, sobre o fato de estar viva; e sobre como temos um longo verão pela frente, pronto para embarcarmos em novas aventuras, para novos amigos e despedidas, para sabores diferentes de sorvete e temperos mágicos, para viagens no tempo e pela felicidade. Um brinde, senhor Bradbury! À Green Town!

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2017/12/licor-de-dente-de-leao-e-memoria.html
Samuel 31/12/2017minha estante
O livro fala muito sobre a vida e a morte, sobre a velhice, os costumes e tradições... Sua resenha consegue traduzir bem o que eu senti lendo as aventuras de Douglas e dos outros personagens. Foi minha primeira leitura do autor, estou curioso pelos outros livros.




Patricia 11/01/2023

Foi muito gostoso ler esse livro, ele me levou de volta para as minhas férias de verão de quando era criança. Não por ter as mesmas aventuras das personagens, mas sim porque me identifiquei com a relativamente da duração do verão dependendo da sua idade. Sempre comentei que quando era criança, as férias demoravam uma eternidade para passar, que em único dia eu conseguia fazer milhares de coisas. Hoje, como adulta, os dias realmente parecem todos se misturarem em um grande borrão indefinido. Sinto saudades da simplicidade da infância e esse livro me levou temporariamente para esses tempos novamente.
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Daniele.Couto 20/01/2021

Depois de acabar uma leitura tão pesada, foi reconfortante mergulhar nessas páginas tão aconchegante. Amei cada página desse livro, um livro que me trouxe boas lembranças... Um leitura prazerosa e cativante.
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Rub.88 04/01/2023

No Meu Tempo...
A infância é um período magico. E a mágica é a percepção fantasiosa da realidade. Se vê o que se quer ver, o que está preparado para aceitar. Acreditar no que gostaria que tivesse acontecido. Muitos eventos que marcaram nossa primeira parte da vida fomos apenas testemunhas sem participar realmente dos fatos, mas construímos a nossa memória como personagem importante, as vezes indispensável, para o ocorrido a muito tempo. E isso criar a tendencia de embelezar, dramatizar, idealizar um passado onde na verdade nada de grande aconteceu e o que se passou não é digno de guarda na lembrança. Não do jeito que foi.
O livro Licor de Dente-de-Leão escrito pelo lendário Ray Bradbury foi publicado em 1957. Aqui o gênio da ficção cientifica exerce sua veia poética e narra com forte lirismo sobre o verão de 1928 na pequena cidade, fictícia, Green Town, Illinois, onde dois irmãos, Douglas e Tom, estão percebendo as verdades da vida em meio aos sábios familiares e a vizinhos peculiares. Encarando pequenas aventuras, inventado brincadeiras, inquirido os adultos com perguntas complicadas e ouvindo estórias antigas e longas que lhe parecem invenção, correndo pela cidade nos dias quentes, indo ao cinema, admirando a natureza, se preocupando com o fim do verão.
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kalb 15/09/2010

O livro todo é como um grande poema. Um poema nostalgico. Que trata sobre o verão, velhice, morte, sorvete e bobagens de crianças. Muito belo. Bradbury me surpreende a cada livro. "Viva, experimentei todos os licores, dancei todas as danças; agora só resta uma torta cujo sabor não conheço, uma unica canção que jamais cantarolei. Mas não tenho medo. Estou apenas curiosa. Vou saborear a morte até o ultimo farelo.
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Rodrigo 27/07/2011

Pura Poesia em forma de prosa......(e vice-versa)
Se o que nosso mestre da literatura colombiana Gabriel Garcia Marquez escrevia era nomeado "Realismo Fantástico",com certeza Ray Bradbury bem que pode ser considerado o mestre da "Fantasia Realista".
O Vinho da alegria é uma narrativa especialmente tocante,abordando temas tão ingenuos como a transição de um garoto da infância á adolescencia e consequentemente aos temores a vida adulta em uma narrativa cheia de poesia.
O livro conta a história de Douglas Spaulding um menino de 12 anos que em um verão magico e inesquecivel,descobre entre outras coisas,mistérios sobre a vida,a mortalidade e outros medos que surgem nessa transição rumo á vida adulta.
Até aí nada demais,só um tema explorado á exaustão por varios e varios autores,Mas com Bradbury o buraco é mais embaixo,a forma e as técnicas usadas pelo autor fazem de uma cena prosaica de uma garoto que deseja um par de tenis novos numa verdadeira sinfonia de emoçoes e sentimentos. Uma verdadeira viagem de volta a nossa infancia e a todos nossos temores,descobertas e feridas esquecidas no vazio de nossa mente e coração.
Ray Bradbury conduz a historia com toda sua maestria e talento que o tornaram um dos maiores autores de nossa geração,e o "vinho da alegria" com certeza é um de seus maiores clássicos e incrivelmente inspirador.

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Ademar Jr 13/11/2013

Licor de Dente-de-Leão
Sou assumidamente um fã de ficção científica. Nomes como Philip K. Dick, Aldous Huxley, Isaac Asimov, Edgar Rice Burroughs e William Gibson me animam instantaneamente. Não incluído nessa lista por ser o destaque desse texto, outro nome cuja simples menção me passa confiança e curiosidade é Ray Bradbury, um dos maiores escritores de ficção científica. Bradbury é uma figura bem conhecida pelos amantes de sci-fi, principalmente no subgênero distopia, afinal é de autoria dele os clássicos Fahrenheit 451 e As Crônicas Marcianas, ambos publicados pela editora Globo. Mas não foi só na ficção científica que Bradbury foi feliz como escritor, e Licor de Dente-de-Leão (Dandelion Wine) é a prova cabal disso.

O título nacional talvez seja novo para quem já acompanha o trabalho do autor, ou ainda para os leitores mais velhos que já se depararam com outros livros dele anteriormente (me referindo a década de 1990). Isso se dá pelo fato de que o livro já foi publicado aqui no Brasil sob o título de O Vinho da Alegria, título esse que se encontrava esgotado até a metade desse ano, quando a editora Bertrand Brasil resolveu publicá-lo em uma bela edição com tudo novo – capa, título e tradução, esta creditada a Ryta Vinagre, uma das melhores que conheço.

Continue lendo a resenha em:

site: http://coolturalblog.wordpress.com/2013/11/06/licor-de-dente-de-leao-de-ray-bradbury/
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Camila0831 19/05/2022

Verão de 1928 e, no auge de sua infância, um garoto percebe que está vivo.
Verão de 1928 e, no auge de sua infância, um garoto percebe que está vivo.
Bradbury nos leva a observar uma cidadezinha e seus habitantes através de um verão ordinário que se mostra especial ao se deter nas experiências de cada um e no Sabor sem igual sintetizado em garrafas que, assim como Douglas e Tom, são os únicos e diáfanos registros daquelas vidas.
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IvaldoRocha 23/03/2020

Ficção com uma sensibilidade impressionante.
Ray Bradbury é considerado o maior autor de ficção do século XX, como prova disso temos, “Fahrenheit 451” um marco no gênero das distopias, “Crônicas Marcianas” imperdível, “Algo Sinistro Vem por Ai” e muitos outros.
Tudo se passa no verão de 1928 em Green Town, cidade pequena no interior dos Estados Unidos, mas poderia ser qualquer pequena cidade da época. Quem de nós, na infância não aguardávamos com ansiedade a chegada das férias? E sempre haverá uma em que será marcada pela nossa saída da infância. A partir dai tudo será diferente, não necessariamente melhor ou pior, apenas diferente. Esse é o pano de fundo do livro. História de uma sensibilidade impressionante, rara de se ver em um livro de ficção.
Doug Spaulding é o menino de 12 anos que anseia pelo verão e o tênis novo que precisa comprar para poder corrê-lo todo, não dá pra usar o tênis do verão passado, ele já não é mais tão veloz como o verão que se aproxima exige. Mora em uma antiga casa que abriga uma grande família, pai, mãe irmão mais novo, avô, avó e bisavó, além de alguns pensionistas, entre eles um jornalista de 35 que se envolve com uma mulher muito especial, ainda sobra espaço para receber a breve visita de uma Tia que vem trazendo mudanças para a casa.
É um desfile de personagem muito peculiares, que ao longo da história acabam tento um capitulo quase que só pra si, onde sua história será contada e onde quase sempre haverá o imprevisto e o impensável.
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euschnaider 01/05/2021

Foi uma leitura demorada. Um pouco maçante. E não consegui me envolver tanto na história. No entanto, não posso deixar de mencionar o quanto apreciei alguns capítulos. O autor retrata algumas coisas lindamente realmente parece uma poesia em prosa. Mas acho que não leria de novo.
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Luara Cardoso 01/10/2013

Embarque nessa obra saudosista!
Existem livros que te encantam em qualquer situação em que você estiver. Normalmente esses livros são aqueles famosos chick-lits. Quando você está acostumado com livros nesse estilo, é complicado quando você pega um livro como Licor de dente-de-leão. Tanto que, enquanto eu não consegui atender aos pedidos do livro, não consegui aproveitá-lo da melhor forma possível. E, quando eu finalmente consegui, me deparei com uma verdadeira obra de arte saudosista.

É verão na cidade de Green Town e essa é a estação favorita de Douglas Spaulding, um garoto de 12 anos. A cada ano, tudo se renova em um ciclo que ele considera ser o mais mágico da vida. E a vida, essa ele ainda vai descobrir o que é e quais são seus desafios, certezas e incertezas. Licor de dente-de-leão é uma viagem no passado do autor Ray Bradbury, passando por todos os acontecimentos daquele que fizeram daquele verão algo totalmente único na vida de Douglas.

E tudo, absolutamente tudo, estava ali.
O mundo, como uma grande íris de um olho ainda mais gigantesco que também acabara de se abrir e que se estendia, a tudo abrangendo, e olhava para ele.
E ele sabia que a Coisa pulara nele para ficar e não fugiria mais.
Estou vivo, pensou ele.
p. 23

Quando comecei a ler o livro, não sabia bem sobre o que ele se tratava. A sinopse faz uma abordagem rápida acerca do que vai ser falado, porém não te prepara exatamente para o que vai vir, uma vez que não tem como isso acontecer completamente já que o livro é maravilhoso em suas singularidades. Como eu ainda não sabia disso, demorei um pouco para entender qual era o objetivo do livro e isso tornou a leitura um pouco arrastada no começo.

Porém, quando eu percebi que Licor de dente-de-leão pede do leitor uma imersão quase que completa em uma história que à primeira vista pareceria simples e o fiz, tudo mudou. O enredo toma um rumo totalmente poético e a nostalgia que o cerca faz com que ele se torne doce, sentimental e tudo isso ainda adquire uma aura quase que mágica por ser narrado em sua maioria pela perspectiva de uma criança. Mas, como eu disse, o leitor tem que se entregar para que esses detalhes não passem despercebidos e a história acabe se tornando um simples relato.

O livro não possui um ápice, afinal, são vários núcleos que acabam fazendo parte da vida de Douglas Spaulding durante aquele verão de 1928. Nos deparamos com vários personagens ao longo do enredo e cada um tem uma característica particular que faz com que aquela parte tenha um toque especial. Todos um pouco excêntricos, mas que dão vida para o livro. Há o homem que construiu a Máquina da Felicidade, o homem que é a personificação da Máquina do Tempo, a bruxa do tarô e todos eles conseguem ser bem explorados em suas partes, o que eu achei incrível.

- Tom, diga a verdade.
- Que verdade?
- O que aconteceu com os finais felizes?
- Eles os colocam nos programas das matinês de sábado.
- Claro, mas e na vida?
- Tudo o que eu sei é que me sinto bem por ir dormir à noite, Doug. Este é um final feliz uma vez por dia. Na manhã seguinte, eu me levanto, e talvez as coisas corram mal. Mas tudo o que faço é me lembrar de que vou para cama à noite, e só ficar deitado ali, por um tempo, faz com que tudo fique bem.
p. 175

Licor de dente-de-leão tem o poder de despertar em qualquer um saudades de nossa infância. O sentimento que o autor colocou naquelas páginas transcende, é praticamente palpável. As aventuras de Douglas com seu irmão, a colheita de dentes-de-leão ao lado de seu avô para a produção do licor que relembra os dias de verão encantados são situações que te deixam feliz, é como se aquilo acontecesse com você!

Esse é um daqueles livros que só valem a pena se você realmente estiver na sintonia em que ele pede para lê-lo, tanto que, por conta disso, foi uma leitura lenta em que eu aproveitei cada pedaço. Só fazendo isso você vai tirar o máximo proveito dele e vai fechá-lo assim como eu: com um misto de dever cumprido e saudosismo. Uma delícia, realmente. Embarcar nessa viagem ao passado de Ray Bradbury é fantástico.

site: Blog Estante Vertical - http://www.estantevertical.com.br/
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Udson3 28/12/2023

Bradbury foi um gênio do conto em prosa. Ele escrevia com um lirismo particular tal, que fazia os temas mais absurdos parecerem de uma urgência maior. Além dos clássicos "O homem tatuado", "Fahrenheit 451"ou "Algo sinistro vem por aí", este "Licor de dente de leão" é também uma pérola. Ele se constitui de várias histórias, que se entrelaçam, mas todas ligadas pela nostalgia e tato único dia velhos verões na casa dos avós, em contato com o solo, a natureza e todas as reminiscências do velho mundo de décadas atrás, num EUA mais inocente. Só o sentido do título do livro já é uma gostosura de anedota, e há situações revistas de outros livros, além do sabor de infância raro, que pegará muito mais quem há viveu no campo ou em décadas aquém dos anos 00.
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