Lina DC 07/07/2013Mais uma vez a autora Glaucia Santos conseguiu me emocionar com a sua obra. O livro "Luz da minha vida" possuí uma trama marcante, com personagens com personalidades fortes e alguns deles com caráter duvidosos.
Ana Maria, ou Ann, é uma jovem de 24 anos e uma talentosa violinista, que perdeu a visão em um acidente aos 5 anos de idade e tornou-se cega. Sua família é financeiramente abastada, mas emocionalmente vazia. Seu pai era um maestro mundialmente famoso, bem mais velho que a sua mãe Eva, que tratava Ann com indiferença e os únicos momentos que dava atenção a filha era quando ela tocava. Mas não pensem que eram elogios, e sim críticas nada construtivas e repletas de amargura.
"Ele era um homem duro e sempre deixou claro que nunca quisera de verdade ter um filho, principalmente uma filha "defeituosa"". (p.28)
Sua mãe Eva, é uma mulher da alta sociedade, movida pela aparência e status, e está sempre reprimindo a filha, não deixando Ann ganhar asas, apontando sempre a sua "deficiência". Ann é mais forte do que imagina, é caridosa, amorosa, simpática. É uma personagem que faz com que o leitor fique torcendo por um final feliz para ela o tempo todo.
A salvação na criação de Ann é Zefa, uma mulher que teve uma vida sofrida, mas que soube aproveitar o melhor dela e é parte o núcleo hilário do livro. As tiradas mais engraçadas da trama saem da boca da Zefa!
"Ela teve uma vida sofrida, pois, como muitos imigrantes nordestinos, viera para São Paulo ainda adolescente em busca de uma vida melhor. Chegou a viver na rua por algum tempo e, em dado momento, teve a sorte de ser recolhida por uma instituição filantrópica, da qual a mãe fazia parte. Ali recebeu educação e treinamento, além de se alfabetizar. Com vinte anos foi escolhida por Eva para trabalhar como faxineira em sua casa. Logo depois, se encantou com Anna Maria, que era uma criança cheia de energia, cujas babás eram impacientes e por isso sempre acabava sobrando para Zefa. Muito apegada à menina, seus patrões a empregaram em tempo integral, já que não possuía uma casa e família. Assim, ela - que vivia com a ajuda da instituição e morava em uma pensão - passou a viver e a viajar com os Smiths para outros países". (p. 26)
Zefa é segura da sua sexualidade. Sente-se confortável consigo mesma e tem momentos muitos divertidos em seus encontros.
"Um orgasmo é fundamental na relação. Se você arruma um homem muito ruim de cama, ficará difícil de levar o resto. Acredite em mim, querida, amor não é tudo. O sexo ajuda um bocado nessa hora". (p.34)
Saindo do Teatro Municipal de São Paulo, Ann foi aprovada em um teste para fazer parte da equipe sob a direção do maestro Derrier em Nova York. Então Ann, Zefa e Dinho (seu cão-guia fofo) fazem as malas e mudam para a movimentada cidade.
Um dos traços interessantes dessa obra, é que ela obriga o leitor a refletir sobre alguns aspectos diários da vida de um deficiente visual. A dificuldade de se conseguir um táxi que aceite cão-guia, por exemplo, a ida a locais como restaurantes e outras ações que consideramos comuns, não são tão fáceis para Ann. E é claro, que também é abordado o lado emocional, pois Ann sente que algumas pessoas a tratam com "pena" ou com descaso.
Ao mudar para NY Ann precisa de um médico para uma situação inusitada. Zefa agenda uma consulta para ela e ela conhece Richard Doyle. Richard... o que falar desse homem? A autora criou o homem perfeito! Suspirei o livro todo rs
Richard já está com 30 e poucos anos, é bem sucedido na profissão e o primeiro encontro entre os dois deixa tanto Richard quanto Ann totalmente atordoados.
"Eu nasci na Inglaterra, em uma cidade ao norte chamada Yorkshire, e vim para os Estados Unidos com dez anos. Meu pai era economista e comprou algumas ações de uma empresa de pescado de Washington. Logo nos estabelecemos e eu morei em Seattle por oito anos. Mudei-me quando comecei a estudar medicina em Harvard, onde depois fiz especialização e residência em Nova York. Cinco anos depois, montei o meu próprio consultório, em sociedade com a Dr. Brennan". (p. 62)
Zefa é quem descreve o Dr. Richard perfeitamente:
"Ele parece aquele ator... Aquele que interpreta um vigarista brilhante e charmoso - ... - na série White Collar. Qual é mesmo o nome dele? Ah, sim, lembrei! Matt Bomer. .. Como uma criatura tão tapada como você foi fisgar um gato desses, entendedor de vaginas e ainda um lord inglês?" (p. 77)
Meninas, e que Lord! Além de charmoso, gentil e apaixonado, o homem é "habilidoso". As cenas hots descritas no livro deixam as leitoras com invejinha branca da Ann. É impossível ler "Luz da minha vida” e não se apaixonar por esse homem!
O livro é romântico, mas também tem um lado mais investigativo (esse eu não vou comentar para não estragar a trama). É hot e sexy, mas sem ser vulgar. Tem a quantidade perfeita de sensualidade. A escrita da autora vicia o leitor, tornando impossível largar o livro até chegar ao último ponto. Sem dúvida é um dos meus livros favoritos em 2013.
Em relação a revisão, diagramação e layout é um trabalho primoroso. Os detalhes na numeração das páginas, a escolha da fonte, o cuidado na revisão, tudo isso acrescenta ainda mais valor a uma obra tão especial.
"Serei a luz dos seus olhos, um clarão no meio da escuridão". (p.16)
Essa resenha foi publicada no blog Mix Literário.