Abril Vermelho

Abril Vermelho Santiago Roncagliolo




Resenhas - Abril Vermelho


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Leo 20/10/2009

O promotor distrital adjunto Félix Chacaltana Saldivar é um funcionário simples, quase simplório. Executa suas tarefas com presteza, leva uma vida solitária e sonha com uma promoção que, acredita, poderia redimi-lo aos olhos da ex-mulher. Certamente se daria por satisfeito se tudo seguisse nessa toada, não fosse estar envolvido na investigação de uma série de assassinatos brutais que tem início em sua cidade natal, a pequena Ayacucho, localizada no sul do Peru.

Acreditando estar prestando um serviço aos seus superiores, Chacaltana passa a buscar pistas por conta própria. Todos os indícios levam à conclusão de que a autoria dos crimes se deve ao Sendero Luminoso, fato que chama rapidamente a atenção da polícia e dos militares, que passam a ver no protagonista de “Abril Vermelho” um adversário aos seus próprios interesses.

Não é difícil de entender o porquê. Estamos nas vésperas das eleições presidenciais de 2000. Alberto Fujimori concorre mais uma vez ao pleito, usando como uma de suas principais plataformas a diminuição da violência e a eliminação dos focos terroristas. Qualquer notícia capaz de trazer a insegurança de volta à população é vista com maus olhos por aqueles que estão no poder.

Em sua empreitada quixotesca, Chacaltana irá esbarrar na burocracia dos órgãos envolvidos e no desinteresse dos colegas, que, em busca da ascensão profissional, não temem confundir consentimento com eficiência. Descobrirá matizes, até então por ele desconhecidos, entre as noções de certo e errado. E atravessará um arco narrativo que envolve a perda de sua inocência, a opção ciente pelo cinismo e o enveredamento por um caminho irreversível.

Com um estilo fluído e uma fina ironia, o escritor Santiago Roncagliolo traça um retrato impiedoso da sociedade peruana, que busca por uma purificação que não está na justiça nem na religião. O rancor entre as classes é crescente: a etnia quíchua, que forma o grosso da parcela desfavorecida, é vista pelos personagens como um povo limitado, sem direitos e sem representatividade. A violência impregna todas as esferas e não é à toa que os televisores estão sempre mostrando pessoas se agredindo e disputas familiares no melhor estilo “Márcia”. Os mortos na busca pela paz já são por demais numerosos para se manterem enterrados, e clamam para que se dê um sentido ao seu sacrifício. O resultado é uma guerra na qual não se sabe mais quem é o mocinho e quem é o bandido, porque as forças armadas e os terroristas há muito se confundem nas intenções e nos procedimentos.
Samara @o_gato_leitor 04/10/2019minha estante
Excelente resenha!




Valéria Cristina 17/11/2022

Literatura latino-americana
Eu adoro a literatura latino-americana e adoro conhecer autores novos para mim.

Nunca havia lido nada de Santiago Roncagliolo, auto peruano. Com Abril Vermelho, ele foi vencedor do prêmio Alfaguara de 2006.

A história se passa na cidade de Ayacucho, no Peru. O promotor adjunto Félix Chacaltana Saldívar se vê envolvido em uma investigação tortuosa, depois que um homem queimado é encontrado. Toda a ação ocorre durante as festividades da Semana Santa. Estaria o terrorismo retornando?

Ao acompanharmos a investigação, entramos em contato com a cultura peruana, sua religiosidade, bem como com as ações perpetradas no país pela guerrilha do Sendero Luminoso e com a atuação brutal das forças de segurança. Somos defrontados com a violência, com as fraudes eleitorais, com a apatia do povo.

Chacaltana é uma personagem complexa. Arraigado aos regulamentos, metódico e fixado na imagem mãe, vemos sua relação com as outras figuras da narração e a montanha-russa de suas emoções.

Com um humor ácido e fina ironia, Santiago nos brinco com um livro excelente!
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Samara @o_gato_leitor 04/10/2019

Leitura muito importante!
Resenha Abril Vermelho
Livro: Abril Vermelho/ Autor: Santiago Roncagliolo/ Editora @editora_alfaguara .
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Uma das impressões mais fortes que esse livro me causou tem relação com o ser latino-americano. Uma história que se passa no Peru do ano 2000, às vésperas da (questionável) eleição que daria a Alberto Fujimori seu terceiro mandato como presidente do país. Abril Vermelho narra uma série de assassinatos que levarão o promotor Félix Chalcatana, recém chegado a Ayacucho (nosso cenário, fortemente relacionado às origens do Sendero Luminoso), ao limite da sanidade: desde a subversão dos valores morais e éticos, a qual rege a política e militarismo na região, até a violência praticada (que não está só nos assassinatos, mas também na relação com a população quíchua), nosso protagonista vê seus valores e crenças afrontados diretamente. Chalcatita acaba pouco a pouco preso a uma investigação cujos principais suspeitos são terroristas ligados ao Sendero Luminoso, mas a burocracia e a falta de vontade dos demais funcionários (excessivamente preocupados com a própria ascensão) o apresentam a uma dinâmica de interesses e cinismo que o corroem internamente. Não demora muito para que, diante do gosto do poder, ele se assemelhe aos colegas de trabalho .
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A despeito de toda a dinâmica do thriller, que se perde em alguns momentos de narrativa mais lenta, existem camadas na composição do romance. Me pega muito a denúncia no que diz respeito às ações militares, o autoritarismo e a violência que imperam no país. E é isso que eu quero dizer com o ser latino-americano. Impossível ser brasileiro e não se enxergar na narrativa: a lentidão das instituições, o jogo de interesse político, a sensação de impotência diante dos abusos, a perspectiva da população como um bando de idiotas que podem ser facilmente manipulados (tudo que acontece sempre fica afastado da opinião pública). No Peru, essa vivência fica subjetivamente ainda mais intensa diante da existência de uma guerra histórica: o enfrentamento de grupos militares de paramilitares (como o Sendero Luminoso), que dizimou milhares de pessoas na década de 80 e cujo fantasma convive diariamente com a população .
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Outra denúncia salta aos olhos reside no sofrimento das populações mais vulneráveis. O massacre da população quíchua (física, cultural e politicamente) é múltiplo e intenso. E não importa de quem sejam as ações: militares ou terroristas (que se confundem em suas motivações e táticas de guerra), sempre as maiores vítimas são os grupos mais pobres e socialmente menos inseridos. Tal relação é personificado na personagem Edith, moça jovem e ingênua que paga o preço de uma guerra que não escolheu para si .
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Um livro interessante, que aborda temas importantes e traz um panorama cultural extremamente rico do Peru. A escolha do gênero thriller faz uma leitura mais leve e dinâmica. Recomendação fortíssima de um livro excelente e pouco falado no Brasil!
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Lima Neto 11/06/2009

"Abril Vermelho" é um livro regular (para não dizer fraco). seus personagens foram mal construidos; não faz com que o leitor se sinta identificado com esse ou aquele personagem, que torça por algum (na verdade, o leitor torce para que livro chegue logo ao fim, pois a narrativa dá sono). mesmo sob o ponto de vista histórico, o livro não foi bem explorado.
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Marct 28/11/2010

Um herói bem diferente
"É sempre interessante quando a gente fica diante de uma narrativa que foge um pouco ao eixo EUA/Europa. Principalmente quando o autor tem uma narrativa fluente e com a exata noção da criação da sensação de suspense. Após lermos um capítulo ficamos com vontade de ler o próximo pra saber em que novas situações complicadas vai se envolver o promotor Chacaltana. Aliás, há muito tempo eu não tomava conhecimento de um "herói" tão diferente em romances policiais."
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Flavia 02/11/2011

Muito interessante! Uma história de assassinatos em série divertida? É um estilo diferente do que os romances policiais costumam ser.
Ainda conta um pouco da história do Peru, da organização terrorista Sendero Luminoso, que, sinceramente, eu desconhecia. Já valeu pelo ganho de cultura geral que eu tive.
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Priscila (@priafonsinha) 30/08/2018

Muito bom!!
Interessantíssimo esse romance policial peruano, ganhador do Prêmio Alfaguara 2006!

Durante a Semana Santa de 2000 uma série de assassinatos macabros acontecem em Ayacucho e o promotor Félix Chacaltana se encarrega de descobrir e ligar os fatos ao famigerado grupo terrorista peruano "Sendero Luminoso". Segundo nota do autor, os métodos de ataque, as torturas, os desaparecimentos são reais, assim como muito dos diálogos, e também os detalhes da comemorações da Semana Santa.

Um livro muito ágil e muito rico sobre a cultura peruana, especialmente na descrição de vários pratos que fiquei babando em cima das páginas rs Gostei muito!
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