Nath @biscoito.esperto 17/04/2022"We really have to protect people from wrong choices."É uma ideia muito comum que, para superar a dor da existência, o homem deveria se livrar de seus desejos e individualidade, buscando a iluminação através da comunhão com o próximo e da destruição do ego. Quem disse isso foi Jesus, não eu. E Buda. E muitos outros.
Apesar de "The Giver" (ou "O Doador de Memórias", na tradução brasileira) ser um livro infantojuvenil, a autora não teve piedade dos seus jovens leitores.
Jonas, nosso protagonista, vive em uma sociedade perfeita. Toda família tem um pai, uma mãe e um casal de irmãos cuidadosamente escolhidos pelos anciãos. Todas as crianças têm comida, abrigo e acesso à educação, e elas passam por cerimônias anuais para participarem cada vez mais da vida em comunidade. Jonas, prestes a completar 12 anos, descobrirá que profissão lhe será designada para exercer durante toda a sua vida. Ele está muito animado.
Enquanto Jonas espera pela cerimônia dos doze anos, ele conta ao leitor sobre sua vida nesse mundo tão ideal. Conforme o protagonista revela seu universo para o leitor, não podemos deixar de notar duas coisas: 01) tudo realmente é maravilhoso, ninguém sofre e a sociedade funciona perfeitamente; 02) algum preço muito sombrio foi pago para que as coisas pudessem existir dessa forma.
Ao mesmo tempo em que eu ache ótimo que existam livros distópicos e de ficção especulativa escritos para jovens entre 10 e 15 anos, também acho que "The Giver" sofreu um pouco com as limitações da faixa etária dos leitores. O livro nunca se aprofunda em nenhum aspecto, seja na construção do mundo ou no desenvolvimento dos personagens.
O livro tenta disputar a ideia comum de que "a ignorância é uma bênção", revelando aos poucos o preço pago para a obtenção desta sociedade perfeita. Apesar de ter me divertido com a leitura e gostado do livro, também acho que a ideia dele é melhor que a história em si. Os temas da história são fortes e importantes, mas tive a impressão de que não atingiram seu potencial completo. A autoria escreveu mais três livros no mesmo universo, mas acho que vou ficar só no primeiro mesmo.
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