Lene Colaço 03/02/2022Um Clichê Bem ExecutadoEsse livro está na minha estante há muitos anos. Já nem lembrava do que se tratava e não fiz questão de ler a sinopse. Mas já nas primeiras páginas percebi que se tratava de um romance bem clichê. Aquela história onde o personagem principal está vivendo um drama pessoal e, para se recuperar, decide voltar para o lugar onde viveu quando jovem e guarda boas lembranças. E é nesse lugar que vai viver um novo amor, uma aventura, desvendar um mistério, ou tudo isso junto.
Nossa personagem principal é Emily, uma escritora que não consegue escrever há anos, desde que lançou seu primeiro livro que foi um sucesso, mas não tinha muito a ver com ela. Além disso, ela está enfrentando um divórcio, com seu marido saindo de casa para viver com a mulher com quem a traiu.
Quando vivemos um choque muito grande, é natural querer voltar para casa. E isso pode ser um lugar ou uma pessoa. No caso de Emily, os dois. Ela decidiu passar um tempo com a tia Bee na ilha onde passou muitos verões e viveu um amor na juventude.
Mas assim que chega na ilha, Emily encontra algumas pessoas e um diário da década de 40 escrito por Esther, uma mulher que também viveu na ilha e conta nas páginas desse diário sua história de amor. E, curiosamente, algumas dessas pessoas parecem fazer parte da história de Esther, embora ninguém esteja disposto a falar disso. Então Emily desconfia que todos guardam um segredo que envolve sua família, e decide investigar para obter as respostas que precisa.
A autora conseguiu manter o enredo bem empolgante. Eu desejei devorar esse livro para descobrir logo o segredo. E mesmo com algumas suspeitas, só soube de tudo junto com Emily. Isso me fascinou e me fez querer dar quatro estrelas. Mas não posso ignorar alguns pontos negativos:
? O livro é extremamente descritivo. No início isso é bom para imaginar o lugar e os personagens, mas depois fica cansativo. Todo mundo já sabe que mar tem cheiro de mar;
? Os personagens são rasos. Não consegui sentir suas personalidades, suas motivações, suas relações. Talvez Bee seja a mais "viva". Emily é morna, bem como o romance que desenvolve. O sentimento que a autora tentou imprimir em um casal com tão pouco tempo não convenceu;
? O que também não convenceu foi o desfecho. Achei muito surreal e difícil de acontecer na vida real por vários motivos (que não vou citar para não dar spoiler). Tudo fica muito bem amarrado. A autora fez questão de não deixar dúvidas, mas não convence.
Poderia ter terminado essa leitura com raiva, mas essa é a vantagem de não saber nada sobre o livro e não criar expectativa. No fim só achei engraçado, como se tivesse ouvido alguém contar uma história muito mirabolante insistindo que é verdade, mas que a gente sabe que não é.
Um bom livro para passar o tempo e pôr em teste a veia investigativa.