On Grief and Reason

On Grief and Reason Joseph Brodsky




Resenhas - On Grief and Reason


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Aguinaldo 31/01/2013

on grief and reason
Esse livro encontrou-me no 12/12/12 e o encantamento provocado pelas idéias de Joseph Brodsky me manteve, até há bem poucos minutos, nesta manhã vagabunda de domingo, penúltimo dia deste 2012, absolutamente "stingless, drowning in honey", imerso em delícias sem fim. "On Grief and Reason" foi publicado em 1995 e reúne 21 ensaios muito bons. Um é de 1978, oito deles são dos anos 1980, doze dos anos 1990. Dois dos ensaios são abertamente nostálgicos. O que abre o livro reúne memórias esparas dos dias de infância e juventude no pós guerra (Brodsky nasceu em São Petesburgo/Leningrado, em 1940). Ele fala de seus primeiros contatos com a lingua inglesa (e com a literatura, cinema e cultura dos não russos), no início da guerra fria. O que encerra é um texto em homenagem a um grande amigo (o poeta e ativista inglês Stephen Spender), escrito uns poucos dias após sua morte. Os demais são ensaios convencionais na forma, transbordantes de erudição, mas escritos também com alguma ironia e bom humor (num inglês que eu não consigo avaliar completamente - menor dos anões que sou - mas que pareceu-me mais que exótico, certamente exuberante, diferente, algo latinizado). Neste conjunto encontramos seu discurso de aceitação do prêmio Nobel (de 1987), assim como textos dirigidos a alunos em cerimônias de formatura (Brodsky foi professor universitário por muitos anos) e aulas magnas de poesia, onde Brodsky discute detalhadamente - linha a linha, palavra a palavra, poemas (de Robert Frost, Rainer Maria Rilke, Thomas Hardy); vários textos longos sobre a experiência de ser poeta, sobre poesia, linguagem, o treinamento desejável à esse ofício e a existência ou não de talento natural (ou de musas inspiradoras); textos políticos - de intervenção política -, nos quais Brodsky reflete sobre o valor intrínsico da liberdade e se contrapõe a opressão. O ensaio que mais gostei é uma espécie de carta, dirigida ao poeta e filósofo Romano Horácio (Quintus Horatius Flaccus). Nele Brodsky explica - ao leitor afinal de contas - as afinidades entre seu estilo e o de Horácio. O texto mais divertido (e cruel) é o de 1978, onde ele conta experiências de uma viagem que fez ao Brasil. Toda vez que eu voltar a encontrar um ufanista delirante, daqueles orgulhosos das singularidades brasileiras, arautos de nossa provável transcendência sobre os demais povos da terra (e como brotam ufanistas assim nestes últimos tempos) lembrarei dos comentários de Brodsky sobre o Rio de Janeiro e sobre o que ele lá viu. Todas as lembranças que tenho de Brodsky são boas. Lembro-me das maravilhas de um outro livro de ensaios seu ("Menos que um", publicado no Brasil em meados dos 1990); de ter encontrado sua casa em Veneza (mas não pude ir a San Michele ver seu túmulo, paciência); de ter conhecido a poesia de Anna Akhmatova, Osip Mandelstam e Marina Tsvetáyeva atráves dele. Enfim, terminar o ano com um livro tão bom foi um presente insuspeitado.
[início 12/12/2012 - fim 30/12/2012]
"On Grief and Reason: Essays", Joseph Brodsky, Londres: Penguin Books (modern classics), 1a. edição (2011) brochura 13x19,5 cm, 422 págs. ISBN: 978-0-241-95271-9 [edição original: (New York: Farrar Straus Giroux) 1995]
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