Em busca de um final feliz

Em busca de um final feliz Katherine Boo




Resenhas - Em Busca de um Final Feliz


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MárciaDesirée 21/07/2013

“Foi um período tão cheio de esperanças como qualquer outro, desde que uma pequena favela surgiu na maior cidade do país que abrigava um terço da poplação mais pobre do planeta. Um país atordoado com o desenvolvimento e a quantidade de dinheiro circulando no momento.” (Pág. 29).

Este é não é um livro que nos conta uma história de ficção e que tem um final maravilhoso. Pelo menos, não para nós meros expectadores, e protagonistas de nossas próprias histórias. Este é um livro que deve ser lido com uma visão diferente. Este livro não pode ser avaliado pela história narrada. Nunca! Pois a história narrada foge da nossa realidade. Como você pode avaliar dois mundos? Comparar dois mundos, onde um é real, o nosso e o outro existe somente em livros para nós, mas que se trata de uma realidade forjada com muitas dores e sofrimento.
Abdul é um rapaz que sequer sabe a idade que tem. Ele é o filho homem mais velho e vive com sua numerosa família na maior favela da Índia, onde a corrupção é a ordem predominante. Seu pai é vitima de uma tuberculose e não pode trabalhar, sua mãe é uma mulher valente que tenta fazer pela família, o que o marido não pode fazer. A astúcia de Abdul o ajuda nas tarefas diárias de seleção do lixo que ele recolhe para comercializar, e revender, por isso ele acaba sendo o arrimo desta família que é considerada bem sucedida nesta imensidão de miséria e alvo para os invejosos. A vida desta família progredia dentro do possível diante de tantas dificuldades até o dia que, por uma infeliz discursão, Abdul, seu pai Karam, e sua irmã Kehkashan foram acusados injustamente por um crime. A vida desta família vira do avesso e eles se tornam alvos fáceis para extorsão de todos os espertos imagináveis. Fica claro o quanto é difícil de provar a inocência quando não tem dinheiro para se pagar pela verdade.

Quando eu recebi o livro, inadvertidamente eu achei que era um romance. Mas quando comecei a ler o livro, percebi que se tratava de uma “não ficção” e que os fatos narrados se tratavam do cotidiano em uma imensa favela na Índia. Eu que já li muitos fatos de pobreza extrema, mas que evita o assunto, me deparei com a realidade cruel, nua e crua de uma pobreza sem limites. Imaginar a cena das pessoas utilizando banheiros públicos, não tomando banho, bebendo água suja, caçando sapos e ratos para se alimentarem, é um soco na cara. Logo no primeiro capítulo e deixei o livro para ler outro, mais “agradável” e voltei nele com o psicológico mais “preparado”. A cada capítulo eu pensava, “nossa que maçante.” Mas ia de encontro ao meu objetivo que era concluir o livro. Mas, um pouco antes do final do livro, me peguei refletindo em como, mesmo diante de todas as minhas dificuldades, a minha vida é rica. Acho que o livro tem este papel, de nos mostrar o que não enxergamos por nós mesmos. Não posso avaliar o livro pelas histórias narradas, pelas vidas ali expostas, pelos finais que não são felizes. Mas avalio pelo papel jornalístico de contar a história de seres humanos que lutam contra uma série de abusos de uma minoria mais privilegiada.

site: http://www.tesouroliterario.com/2013/06/em-busca-de-um-final-feliz-katherine-boo.html
Kizzy 28/08/2013minha estante
Eu terminei de ler e fiquei pensando: será que eu gostei do livro? Eu estava tão confusa que sinceramente não conseguia responder. Você respondeu para mim, realmente "este livro não pode ser avaliado pela história narrada", você está repleta de razão. O livro é bom, tenebrosa é a realidade dessas pessoas.




Fun's Hunter 11/07/2013

Em Busca de um Final Feliz
Qualquer obra que tenha como proposta mostrar a realidade de alguma pessoa ou de um grupo de pessoas tem uma difícil missão pela frente. Não se pode exagerar no melodramático para a obra não parecer forçada, também não se pode apenas contar os fatos de uma forma crua, sem demonstrar nada; isso sem contar que é necessário escolher muito bem o que vai entrar ou não na obra, escolhendo o que realmente importa na história central. É levando esses quesitos (entre muitos outros) em consideração que podemos ver a maestria de Katherine Boo para escrever sobre a difícil realidade de favelados na Índia em Em Busca de um Final Feliz.

Todos em Annawadi queriam ser um daqueles milagres, cujas vidas eram transformadas nesta nova Índia. Eles queriam passar de um zé-ninguém para um herói, como diz o ditado, e queriam isso muito rápido.
Pág. 55

Katherine Boo mostra nesse livro a realidade dos diversos habitantes de Annawadi, uma pequena (e miserável) favela em Mumbai, Índia, sob os olhares de diversos moradores, cada um deles com seus medos, peculiaridades, esperanças e sonhos. Há Sunil, um jovem catador de lixo com medo de não crescer mais e que sonha em ter um futuro melhor e assim não acabar como muitos de seus amigos: mortos ou vivendo miseravelmente na favela. Também há Asha, uma mulher determinada a enriquecer e tirar sua família da miséria, mesmo que para isso ela tenha que entrar na corrupção da política indiana. Manju, sua filha, não concorda com os meios de sua mãe ganhar dinheiro, e, pensando num futuro mais digno para si mesma, ela sonha em se tornar professora.
Mas ainda assim a história gira em torno de Abdul Husain e sua família. Abdul é um jovem revendedor de lixo em Annawadi. Com esse simples negócio ele e o restante de sua família, que inclui sua mãe, seu pai e seus muitos irmãos, conseguiram sair da zona de extrema pobreza, e até ter algumas regalias, como uma televisão comprada a prestações. Fátima mora num barraco ao lado do deles, e volta e meia arranja confusão. A Perna Só, como comumente é chamada devido a ter apenas uma perna, vive traindo seu marido, e para muitos essa é apenas mais uma forma dela querer chamar atenção. Um dia, durante a reforma da casa de Abdul, da qual Zehruniza (sua mãe) ficou enormemente feliz, uma parede que também fazia parte da casa de Fátima caiu, começando assim uma discussão. Fátima nunca se deu bem com a família de Zehrunisa, e com isso ela arranjou um bom motivo para começar a discussão, discussão essa que foi parar na delegacia. Voltando da delegacia Fátima discute mais uma vez, agora com Karam (pai de Abdul), e essa discussão foi ainda mais longe, com Karam ameaçando bater nela. Num ato de egoísmo, Fátima ateia fogo em si mesma durante a noite, sabendo que assim ela poderia abrir um processo contra os Husain por imolação, levando-a a cometer o suicídio. O processo, para desespero dos Husain, segue em frente, e ao fim Abdul, Karam e Kehkashan (irmã de Abdul) são processados. E é através deles que descobrimos o Estado corrupto e repugnante da Índia, onde tribunais julgam seus casos rapidamente sem prestar a devida atenção a eles e onde subornos policiais são mais importantes que a verdade eminente. A triste realidade de um país que poucos realmente conhecem...

Embora Abdul tivesse medo de fantasmas, [...] essas histórias não o assustavam mais. Ser aterrorizado por seres vivos parecia ter diminuído seu pavor pelos mortos.
Pág. 154

O jeito com que Katherine Boo nos conta a história dessas pessoas é de uma incredibilidade ímpar. Ela consegue misturar tudo o que é necessário para que o livro fique bom, emocionante, mas ainda assim imparcial. Ela nunca pende para o lado de ninguém, e essa era a grande meta dela. Ela queria mostrar o porquê das pessoas fazerem o que fazem, mostrar que o contexto em que moravam era o que causava tudo aquilo; ou alguém iria beber veneno de rato apenas por diversão? Até mesmo a tresloucada Fátima não é acusada de nada nas suaves e ao mesmo tempo cruéis palavras de Katherine.
Mesmo não incriminando ninguém é facilmente perceptível a repugnância com que Katherine Boo se refere ao Estado indiano. Essa sua repugnância não é escancarada, mas ela mostra os “bastidores” do governo indiano com seus detalhes mais instigantes que é impossível não pensar que ela não concorda muito com isso. Entre todos esses fatos políticos dos quais ela nos mostra o que mais nos comove é a remoção dos favelados de Annawadi por causa da expansão do luxuoso aeroporto que fica ao lado, sendo que utilizando desse fato a Katherine nos mostra uma das passagens mais emocionantes do livro, que mesmo sendo curtíssima (e dizendo respeito a uma personagem não antes mencionada) nos comove profundamente devido ao detalhismo certeiro de Boo e ao grandíssimo senso humano presente em suas palavras.

Você já pensou quando olha alguém, quando ouve alguém, se essa pessoa realmente tem uma vida?
Pág. 229

Esse luxuoso aeroporto é comumente descrito no livro, e com isso é feito um contraponto com a pobreza da favela que está ao lado, esquecida pelos mais “altos”. É nesse aeroporto que muitos annawadianos ganham a vida, sendo em empregos miseráveis ou catando o lixo que todos jogam e depois o vendendo.
A emoção que sentimos durante as breves 288 páginas é sem igual. Isso não quer dizer que caímos aos prantos em todas as páginas, mas sim que essa emoção é diferente, verdadeira e sem exageros. A comoção pelo modo de vida dos annawadianos só aparece em momentos cruciais da história, no restante tudo o que fazemos é reparar nos mínimos detalhes da vida particular de cada um e ficar pensativo sobre o estado do mundo atual. Ainda que tenha toda essa comoção o livro também nos causa estranhas risadas: uma risada leve, simples, melancólica e nem um pouco exagerada. É impossível se esquecer do icônico e idiota outdoor do aeroporto que dizia que aquele azulejo era “lindo para sempre, lindo para sempre, lindo para sempre”.

A capa desse livro é de uma simbologia única. Essa simples foto de uma menina no meio do esgoto (que corre bem no meio de Annawadi) olhando para cima e com os olhos fechados mostra poeticamente a esperança que ainda resta no coração de todos os annawadianos. Adentrando ao livro, a primeira coisa que vemos é um prefácio do Zeca Camargo, que, na minha opinião, mostrou de uma forma bem “Rede Globo de televisão” a crueza do livro, sendo um tanto sensacionalista demais. Não faria falta se não existisse! Os capítulos do livro são um pouquinho grandes, nada exagerado ou que canse a leitura. A fonte é diferente e ainda assim agradável, igualmente ao seu tamanho. O espaçamento é bom e as margens também. Ou seja, tudo conspira para uma leitura prazerosa e única.

Abdul conseguia controlar muitos de seus desejos, mas não esse. Queria ser identificado como algo melhor que a água suja onde morava.
Pág. 252

Para a grande maioria dos leitores assíduos de hoje em dia, acostumados à ficções emocionantes, a realidade de Em Busca de um Final Feliz pode soar simples e para outros até sem graça. Mas apenas o fato de conhecermos mais sobre a realidade da Índia faz com que a leitura seja essencial à todos.
Esqueça as belezas infindáveis de Caminhos das Índias ou a verdade um tanto amenizada de Quem Quer Ser um Milionário? e se aprofunde nesse livro, pois assim você vai conhecer tudo o que se passa no submundo indiano. Depois dessa leitura eu posso te assegurar que você verá o mundo com outros olhos.

site: http://www.funshunter.com/2013/07/ResenhaEmBuscaDeUmFinalFeliz.html
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Evy 30/06/2016

A Índia nua e crua
Um relato impressionante sobre a vida dos moradores de Annawadi, suas lutas diárias pela sobrevivência em meio à pobreza. Os descasos das autoridades, a corrupção, a ganância, a fome e a miséria que move essas pessoas em busca de um final feliz.
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Oliver 08/06/2013

Em busca e um final feliz
Não é o primeiro livro que me leva a Índia, mas, é o primeiro que me levou a conhecer a realidade de um país em constante crescimento no século 21. EM BUSCA DE UM FINAL FELIZ , não é um livro de auto-ajuda como muitos pensam ao ler o título desse livro, a narrativa é sobre a vida de várias pessoas que moram em uma favela cercada de prédio luxuosos na maior cidade da Índia.

Este é o primeiro livro da escritora Katherine Boo, uma jornalista americana que passou 4 anos na favela anawandi vivenciando o dia-a-dia dos indianos que convivem com esgotos a céu aberto, roubos, ratos , falta de água encanada e sem saneamento básico em uma cidade que a economia cresce a cada dia. Nas 200 e poucas páginas não há nem uma pitada de fantasia, tudo ali em bem real. O livro me despertou sentimentos antagônicos, pois , não gosto muito de ler histórias jornalísticas, mas, a escritora sobe bem mesclar o que ela queria mostrar com a narrativa dos seus personagens.

Katherine Boo mostrou como o capitalismo é capaz de destruir sonhos de pessoas; em pleno século 21 onde o consumismo dá as regras e o capitalismo faz com que as diferenças sociais cresçam ainda mais. Os personagens desse livro (que são pessoas reais), nos fazem vivenciar o sofrimento,o desejo de vencer, de deixar de ser pobre ; nos faz ver que todos esses sentimentos são derrubados pela corrupção que faz pobres derrotarem pobres em vez de todos se unirem contra os corruptos ricos. O livro tem partes que te faz rir, outras se sentir mal pelo rumo que a vida de alguns personagens tomam.
Eu recomendo sim esse livro.
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Lelê 30/05/2013

Resenha:
Não é por acaso que este livro foi o vencedor do prêmio Pulitzer.
Eu classifiquei "Em Busca de um Final Feliz" como um ficção-não-ficção e vou explicar porque.



Os personagens são fictícios, porém, Annawadi e sua miséria é verdadeira.

Aqui vamos conhecer Abdul e sua imensa família; sua mãe, uma mulher forte e guerreira, seu pai, um homem doente e um pouco acomodado, seus irmãos e sua terrível vizinha Fátima, mas conhecida como Perna Só.


"Abdul entendia que, numa cidade poliglota,
as pessoas se separariam e se juntariam do
mesmo modo como ele separava o
lixo, iguais com iguais."
Pag. 39


Tanto Abdul, quanto sua família e vizinhos vivem do lixo dos outros, eles são catadores.
Só que Abdul desenvolve uma maneira de ganhar um pouco mais que os outros com o lixo, e com isso ele e sua família sofrem demais com a inveja dos outros. E isso leva à corrupção. É uma tremenda boa de neve.


" - É fácil quebrar uma única vareta de
bambu, mas, quando você junta as
varetas, não consegue nem mesmo dobrá-las."
Pag. 107


Fátima nasceu com uma deformidade na perna esquerda, por isso o apelido Perna Só, porém ela usa suas muletas como uma arma, ela é agressiva e violenta. Perna Só realmente me tirou o sono.
Por ela ter nascido com essa deficiência, seu valor era menos que zero para sua família, e por isso ela cresceu trancada dentro de casa. Um dia apareceu um velho miserável disposto a desposá-la por um valor mínimo. Sua mãe prontamente a entrega ao velho pelo simples motivo que nunca ninguém iria querê-la, então qualquer valor é válido.
Ela se casa com o velho, e quando eu achei que ela se tornaria boa, ela se transformou em um monstro, coloca todo ódio pra fora e não poupa ninguém. Chega ao ponto de quase destruir completamente a família de Abdul, por pura inveja.

A narrativa de Katherine é incrível, super real mesmo. Ela consegue transportar o leitor para dentro de todo aquele lixo. As questões descritas da política local faz com que tenhamos ódio, um absurdo o quanto são corruptos, desde o simples soldado, passando pelo juiz, até chegar ao próprio governo.
Faz pensar muito nesse mundo que vivemos. Pessoas que vivem reclamando da vida, deveriam ler este livro.
Não conseguia para de pensar em como uma família que vive com menos de cinquenta centavos de dólar por dia consegue ainda ter esperança e buscar a felicidade.
Este livro é sim um tapa na cara de uma sociedade hipócrita e uma lição de vida.

A capa é perfeita, remete vem à realidade da história. A diagramação é simples, sem nada de diferente. A fonte usada é pequena, mas está bem espaçada.

Uma ótima leitura! Recomendo!!

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Núbia Esther 29/05/2013

“- Tudo ao nosso redor são rosas. – Era como o irmão caçula de Abdul, Mirchi, colocava as coisas. –E nós somos a bosta no meio disso.”

Do alto dos aviões, os tapumes que beiram o high-tech com seu brilho prateado não conseguem servir ao seu propósito. Annawadi e outros trinta assentamentos irregulares estão destinados a serem a primeira imagem na retina dos que chegam e a lembrança indesejada dos que deixam Mumbai pelo Aeroporto Internacional. A imagem que estava destinada a ser apenas isso, um retrato estático do encontro entre a opulência dos hotéis cinco estrelas e a miséria daqueles que vivem à sombra dos neons e do lixo gerado pelo consumo de luxo, ganha cor e escancara a vida borbulhante daqueles que lutam diariamente e buscam soluções as mais criativas o possível para se reinventar e criar um futuro que extrapole as fronteiras excludentes de Annawadi, que lhes permita vencer a barreira entre a pobreza e a vida levada pelos ricos.

Traduzir toda essa agitação em palavras para fazer um dos relatos mais detalhistas e reais da vida das castas mais baixas da Índia na era da globalização foi a tarefa que Katherine Boo, uma jornalista americana que passou mais de 20 anos fazendo reportagens dentro de comunidades pobres, tomou para si. Mas, mais do que narradora ela permitiu que os moradores de Annawadi contassem sua história e para isso de novembro de 2007 à março de 2011 ela vivenciou o dia-a-dia da comunidade e documentou a experiência dos moradores da favela, além de registros públicos conseguidos após várias petições. Foi assim que surgiu o livro Behind the Beautiful Forevers publicado em 2012 e traduzido e publicado pela Editora Novo Conceito este ano sob o título de Em Busca de um Final Feliz.

“É fácil quando se está a uma distância segura, deixar de lado o fato de que as áreas pobres dentro da cidade são governadas pela corrupção, onde pessoas exaustas rivalizam em um terreno limitado e onde é dolorosamente difícil ser bom. O grande espanto é que, na verdade, algumas pessoas são boas e que muitas tentam ser.”

Quando a Novo Conceito disponibilizou a lista de lançamentos para a solicitação de exemplares, de início não havia pedido Em Busca de um Final Feliz para resenhar. Tinha receios de que a história descambasse para a “glamorização” da pobreza como bem citado pelo Zeca Camargo no prefácio, mas, ao mesmo tempo me vi curiosa para conhecer mais profundamente a Índia pouco mostrada e citada de forma superficial nos romances que li que se passavam naquele país. Pedi o livro e comecei a leitura sem esperar muito da obra, mas de repente me peguei cativada pelo relato de Katherine e pelos moradores de Annawadi. Abdul e seu negócio rentável de reciclagem de lixo que mantém a família Husain acima da linha da miséria, mas que de uma hora para outra, vê sua vida explodir depois das ações desesperadoras de Fátima Perna-Só; Kamble e a impossibilidade de arranjar emprego por não ter como fazer uma cirurgia, paga pelo governo, mas cobrada por baixo dos panos pelos médicos; Asha e sua busca incessante pelo poder, ainda que para isso tenha que mergulhar na mais sórdida corrupção; Sunil e a esperança ingênua de conseguir ‘ser alguém’ catando lixo; Manju e a esperança de se tornar a primeira mulher de Annawadi a se formar na faculdade e a vontade de se dedicar à educação em um país no qual 60% dos professores da rede pública não tem formação superior.

Pegando como ponto de partida, a ação desmedida de Fátima Perna-Só de atear fogo ao próprio corpo e acusar o pai, a irmã e o próprio Abdul de levarem-na a tal ato. Trabalho esse facilitado pelo sistema jurídico altamente corrupto, que não perde tempo em tentar extorquir todo dinheiro que puder dos que caem em suas teias. Boo vai contando uma história que poderia se passar por um romance de ficção e dos bons, mas, infelizmente é a história nua e crua retratada aqui e o quadro não é nada bonito, ainda que a esperança sempre esteja presente como uma boia salva-vidas solitária na qual todos se agarram como podem.

[Blablabla Aleatório] - http://blablablaaleatorio.com/2013/05/28/em-busca-de-um-final-feliz-katherine-boo/
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Leandro 10/04/2013

Em busca de um final com esperança...
Katherine Boo tem uma estreia primorosa em seu livro "Em Busca de um final feliz"...

O Livro tem prefácio escrito por Zeca Camargo que faz um resumo de toda estória e todo contexto político e econômico da Índia entre 2007 e 2009 (período que se iniciou a grande crise global).

O Livro é uma ficção verídifica e Katherine relata a vida de diversos personagens, moradores da favela de Annawadi na Índia. A favela fica ao redor de um luxuoso aeroporto e hoteis e ela consegue retratar bem a diferença entre o lugar rico e o imprestável.

Interessante foi que a autora não quis glamourizar a favela e sim relatar com veêmencia o sofrimento de um povo que vive naquele lugar sujo e mal cheiroso, porque o que temos visto atualmente na TV são pessoas felizes vivendo em meio ao caos.

A história que mais me comoveu sem dúvida foi a da família Husain... o que alguém que praticamente convive junto, separados por uma parede, pode fazer contra outra, pela falta de perspectiva financeira e até de auto estima.

O livro te proporciona sentimentos de tristeza e de revolta: meu Deus, como um país emergente tem tanta desigualdade social? O relato da autora te dá a sensação que ninguém ali tem princípios éticos... tantos subornos, propinas, médicos, policiais, juízes... todos fazendo parte do mesmo saco de farinha... mas por outro lado percebe que a fé de pessoas tão "insignificantes" é capaz de fazer mudar os acontecimentos.

Adorei a leitura do livro. Como Economista, o livro também mostra uma realidade econômica da Índia que muitas vezes não é mostrada ao restante do mundo.

Vale a pena a leitura.

"Aquilo que você não quer estará sempre com você
Aquilo que você quer nunca estará com você
Você terá que ir aonde não quer ir
E quando achar que tem muito mais por viver, então você vai morrer" PG. 254

"Por algum tempo, eu tentei evitar que o gelo dentro de mim derretesse. Mas agora estou simplesmente me transformando em água suja, como todos os outros. Eu digo a Allah que eu O amo imensamente, imensamente. Mas também digo a Ele que não posso ser melhor, porque ele sabe como o mundo é." PG. 272

Uma salva de palmas para Boo.

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Nica 01/07/2013

Em Busca de um Final Feliz
Em Busca de um Final Feliz não é um romance, não é um documentário, não é um relatório de Sociologia, é um pouco de tudo isso. Katherine Boo, jornalista americana, passou quase quatro anos em Mumbai, na Índia, fazendo uma pesquisa social nas favelas daquela cidade, mas especificamente na favela Annawadi. Foi um longo, delicado e minucioso trabalho que rendeu um livro de não ficção, com fatos autenticamente verdadeiros, e personagens com seus nomes e relatos reais. Além de utilizar-se de registros e documentos públicos, Katherine Boo participa do dia-a-dia da favela, conheceu todos os personagens citados e através de seus relatos, fotos e gravações, pôde, no final, copilar tudo num relato emocionante. Porém, a jornalista permitiu que seu leitor pudesse confundir sua leitura com um comovente romance, ao utilizar argumentos na narrativa que por vezes induziam a conflitos e diálogos. Por fim temos um livro emocionante e perturbador. A vida como ela é no Século XXI.
Annawadi foi escolhida para seu trabalho pela localização. A favela está ao lado do aeroporto internacional de Mumbai e tem como vizinho um luxuoso hotel, no entanto, não é a maior ou a mais miserável daquele país. Annawadi choca por sua sujeira, abandono e por ter um convívio tão íntimo com uma sociedade domesticamente sadia. Classes sócias diferentes convivendo dentro do mesmo caldeirão. Os três mil moradores que formam esta favela trabalham basicamente na coleta de lixo daquela região e cada palmo do espaço de coleta é disputado com a vida. Mentira, promiscuidade, assassinatos, suicídios, corrupção, injustiça fazem parte do dia-a-dia de um povo que, entre o lixo e um rio poluído, deparam com enormes paredes de outdoors com anúncios de bens jamais alcançáveis. Mas o que importa em Annawadi é a sobrevivência. Para piorar qualquer problema que se possa imaginar, ainda existem as castras e as diferenças religiosas, pois os muçulmanos são discriminados onde quer que estejam, mas dentro de um país com a maioria hindu, a crise se torna inimagináveis. Apesar de todos os problemas que enfrentam, tanto os externos quanto os internos, a maioria do povo ainda conta com a esperança de um dia melhor.
Dentro desse microcosmo os problemas sociais e políticos são tão graves quanto os problemas da metrópole aos quais os annawadianos fazem parte. Eles são o lixo, a escória, o descarte de uma sociedade que cresce e se fortalece diante do mundo globalizado. Ante dessa imensidão, os annawadianos são refém da fome, da violência, da corrupção, da poluição, da falta de saúde, da escassez de escolas... você conhece esse tema? Bem parecido com os nossos! Sim, estamos em plena globalização e os problemas de alguns países parecem os mesmos. Assim como a Índia, o Brasil também tem seus problemas sociais seriíssimos e a gente tem que, antes de tudo, olhar para o próprio umbigo.

site: http://www.lereomelhorlazer.com/2013/06/em-busca-de-um-final-feliz-katherine-boo.html
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PorEssasPáginas 24/06/2013

Resenha Em Busca de um Feliz - Por Essas Páginas
Resenha original no blog Por Essas Páginas: http://poressaspaginas.com/resenha-em-busca-de-um-final-feliz

Quando decidi ler Em Busca de um Final Feliz, eu esperava um livro de não-ficção padrão, talvez na forma de relato jornalístico. Porém, o que encontrei foi um livro sensível, em que acompanhamos a vida de pessoas reais, seus pensamentos e aspirações, tudo isso tão bem descrito que a sensação é que estamos acompanhando um romance e seus personagens. Porém, em nenhum momento, devemos esquecer que essas pessoas – inclusive com seus nomes verdadeiros – são de carne e osso; elas realmente passaram – e passam – pelos tormentos de uma Índia miserável e corrupta que, muitas vezes, rouba-lhes as esperanças.

Devo dizer que encontrar um livro de não-ficção escrito dessa forma essa foi uma grata surpresa e tornou a leitura muito mais interessante.

Em outras resenhas eu já disse que acredito que alguns livros caem em nossas mãos para serem lidos na horas certas. Tive essa mesma sensação enquanto lia Em Busca de um Final Feliz. Esse livro mostra, de maneira sensível, porém objetiva, a realidade de uma das muitas favelas de Mumbai. A Índia é um país em franco desenvolvimento, que vende uma imagem maquiada de um país muito melhor do que é na verdade. O seu governo trata as favelas e seus habitantes miseráveis como um câncer em meio a um lugar maravilhoso, quando na realidade são eles que minam as oportunidades dessas pessoas. Para quem está bem, ou seja, tem uma casa decente para morar, está bem alimentado e tem realmente oportunidades, é muito fácil culpar essas pessoas pela sua própria má sorte. Porém, é muito diferente quando você está na pele dessa gente, sem chances de melhorar ou, ainda, com suas poucas chances sendo abatidas pelo sistema.

Sunil raramente ficava com raiva quando descobria as razões secretas por trás do comportamento das pessoas. Perceber como o mundo funcionava, além das mentiras, era para ele uma armadura.

É impossível não fazer uma conexão, em maior ou menos grau, dessa Índia maquiada com o nosso Brasil, principalmente no momento histórico em que vivemos. O quanto de gente, nesse exato minuto, pode estar sofrendo as privações semelhantes às das pessoas descritas nesse livro de Katherine Boo? Nós também temos favelas, falta de oportunidades, comunidades carentes e pessoas – não personagens, mas sim pessoas, vivas e reais – que passam fome, miséria, desesperança. É fácil e até natural identificar, nos “personagens” de Boo, pessoas que conhecemos ou que, um dia, deparamo-nos na televisão, nos jornais ou até mesmo nas esquinas.

Mas, em seu estado de espírito atual, pequenas afrontas adicionadas a grandes decepções tornariam-se uma provação.

Mas mesmo que não pensemos nessas pessoas – o que é impossível – com certeza qualquer leitor vai se identificar com um ou outro personagem de Annawadi e, apesar de seus defeitos – pois sim, o relato de Katherine Boo é incrivelmente fiel -, você também vai se pegar entendendo porque aquelas pessoas algumas vezes cometem erros. É pela sobrevivência, é para pura e simplesmente sobreviver em meio a um sistema cruel que não facilita para ninguém. De fato, você vai se pegar se apaixonando por essas pessoas, torcendo e chorando por elas. É de partir o coração acompanhar Abdul, um rapaz verdadeiramente honesto, ter aos poucos suas esperanças transformadas em menos que o lixo em que trabalha. É triste ver Sunil se corromper, Manju desistir de seus sonhos, Meena sucumbir perante a vida que lhe foi imposta. Nós acompanhamos Asha e certamente não concordamos com o que ela faz, mas entendemos. De fato, a única que eu não consegui sentir compaixão foi Fátima, a Perna Só, mas isso foi porque suas atitudes foram além de cruéis e mesquinhas; porém, sim, até ela é possível compreender. Eu poderia citar vários personagens aqui e o que senti ao acompanhá-los, mas acho que a melhor coisa que faço é insistir para leiam e vocês mesmos os conheçam, façam parte da sua vida, por meio desse livro.

Porém, os favelados raramente ficavam com raiva juntos, nem mesmo das autoridades aeroportuárias. (…) Ao contrário, indivíduos sem força culpavam outros indivíduos sem força por aquilo que não tinham. Às vezes, tentavam destruir uns aos outros. Algumas vezes, (…) destruíam a si mesmos no processo.

A frase acima é talvez a minha preferida no livro. Ela é extremamente verdadeira e nos faz refletir em inúmeros graus. Conversando com o meu pai sobre o livro – e meu pai já viveu essa realidade quando jovem -, ele confessou que sentia que vivendo no morro jamais conseguiria ser alguém. Havia essa energia negativa, essa raiva dos outros que impedia a ele e sua família de prosperarem, por mais que trabalhassem duro e se esforçassem. Ele me disse que as pessoas frequentemente culpam as pessoas erradas, geralmente outros tão fracos e sem oportunidades quanto eles, apenas porque essas pessoas tem alguma perspectiva melhor – ou porque você acha isso. É mais fácil culpar quem está mais próximo e é tão frágil quanto você. Culpar gente poderosa é difícil. E é assim, dessa maneira, com essa desunião, que essas pessoas não conseguem se ajudar, fazer algo por si e pelos demais. Como pode existir tanta gente pobre no mundo e essa gente não conseguir algo com tamanha vantagem numérica? A resposta é a desunião. E aí eu volto à reflexão sobre o momento que vivemos aqui no Brasil: somente unidos conseguiremos fazer algo de bom, não apenas para um, mas para todos. O que os grandes lá em cima, os poderosos e os governos querem é exatamente a falta de união de seu povo. Um povo que não é unido é pouco representativo; um apenas jamais conseguirá lutar sozinho.

Nesse livro, com pesar, descobrimos o quanto a sociedade pouco se importa com o ser humano. O livro s encerra com uma enorme ironia que, infelizmente, acontece diariamente. As pessoas, principalmente os pobres, os carentes, as minorias, são vistas pela sociedade e pelos governos como um mero estorvo, uma mancha impura e incômoda em um mar de perfeição. O ser humano é desvalorizado. E aí a gente percebe o quanto esse mundo ainda tem que melhorar. E, para que ele melhore, só há um lugar para começarmos: nós mesmos.
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Angela Grazi 21/06/2013

Em Busca de um Final Feliz #Pocket Libro
Esse livro é um relato real dos moradores de Annawadi, uma favela que fica ao lado do Aeroporto Internacional de Mumbai. O lugar formou-se pelas pessoas que construíram o Aeroporto, quando terminaram seu trabalho, decidiram fazer do resto daquele terreno, suas moradias. Annawadi cresceu e se tornou uma favela com mais de 3.000 moradores.

O livro gira em torno de Abdul Husain, um catador de lixo que sustenta toda sua família com seu trabalho, pois seu pai – Karam tem tuberculose e não pode ajudar a sustentar a família. Ele mora em um barraco com mais 9 pessoas, mas seu negocio com o lixo começa a prosperar na favela e ele consegue se destacar um pouco dos demais (Algo bem insignificante se você for colocar na balança).

Mas a paz da família tem seus dias contados, pois Fátima, conhecida como Perna Só acabou atirando fogo nela mesma e acusando a família Husain do crime. Agora a matriarca da família, Zehrunisa luta para tirá-los da cadeia e prova a inocência. Mas, os policiais pedem propina para retirar a acusação contra eles.

Paralelamente ao drama da família Husain a autora também introduz outros moradores da favela em sua narrativa e acaba contando um pouco de suas vidas. A autora Katherine Boo morou durante quatro anos em Annawadi e relata nesse livro o dia a dia das pessoas que lá vivem. Assim podemos perceber a realidade pobre e miserável da Índia, que chega a nos revoltar devido a tamanha desumanidade de corrupção. Ao decorrer da leitura, pode-se notar a tamanha desigualdade social, pois a favela se encontra ao lado do Aeroporto e é vizinha de grandes hotéis luxuosos. Um livro muito bom que nos faz olhar para outras realidades.

"Os eventos contados nas páginas anteriores são reais, assim como o são todos os nomes". p.279

http://www.pocketlibro.blogspot.com
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Anacris 19/06/2013

Escrito para me fazer chorar...
O livro retrata a história real de várias famílias que sobrevivem nas favelas de Mumbai e ao longo do livro eu percebi que Mumbai não fica tão distante assim de onde moro (infelizmente).

Katherine nos mostra de uma forma diferente como é a vida de pessoas que para a “sociedade” não deveriam existir; mas que batalham para criar seus filhos e sobreviver com o que vem do lixo e porque não dizer no lixo também?!

É impossível não se comover com Abdul que a meu ver se tornou um adulto com a responsabilidade de sustentar a família muito antes de ser criança.

Como não se revoltar com o esquema de corrupção que envolve todas as pessoas que tem poder e o usam para arrancar dinheiro dos mais pobres? Identifiquei centenas de Ashas e Fátimas que fazem parte do nosso dia a dia.

Em Busca de Um Final Feliz me fez pensar se a história realmente se passa em outro país, outro continente e não aqui no Brasil em uma favela qualquer.

Depois que eu li Em Busca de Um Final Feliz de Katherine Boo, lançado pela Editora Novo Conceito; eu chorei, chorei muito.
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Jaqueline 23/04/2013

Em busca de um final feliz é o livro de estreia de Katherine Boo. Neste livro ela relata a vida dos moradores da favela de Annawadi, na Índia.

Foi nessa favela que Boo passou três anos e quatro meses, ouvindo e registrando os relatos impressionantes dos moradores. Como é o caso de Abdul Husain, que aos 16 anos trabalha como catador de lixo para sustentar sua família de 11 pessoas; a estudante Manju que sonha em ser a primeira mulher em Annawadi a ter um diploma universitário, e Fátima uma prostituta que em meio ao desespero ateou fogo em seu próprio corpo.

Esse livro tem relatos bem marcantes, e é impressionante como milhares de pessoas moram em situação de extrema pobreza morando próximo ao Aeroporto Internacional de Mumbai, e rodeado de hotéis luxuosos. A desigualdade social é algo extremamente revoltante.

A história que mais mexeu comigo foi a da família dos Abdul, uma família vítima da falta de perspectiva financeira, e da corrupção.

O sistema de justiça criminal da Índia era um mercado, assim como o do lixo, Abdul entendia isso agora. A inocência e a culpa poderiam ser compradas e vendidas como um quilo de sacolas plásticas. Pág 137

Dizia-se que os fantasmas dos enforcados apareciam todas as noites. Embora Abdul tivesse medo de fantasmas, assim como a maioria dos meninos de Annawadi, essas histórias não o assustavam mais. Ser aterrorizado por seres vivos parecia ter diminuído seu pavor pelos mortos. Pág 154

Gostei muito da leitura, e indico a todos que leiam ao menos uma vez. Esse livro retrata a realidade econômica da Índia que em muitos lugares não é mostrada.

p.s: O prefácio desse livro foi escrito pelo Zeca Camargo.
San 21/05/2013minha estante
Pela sua resenha não entendi pq vc deu só 3 estrelinhas...




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